quarta-feira, 20 de junho de 2012

Melhor que o filme do Pelé

Caro Nick Hornby,

Queria te dizer que li seu livro “Febre de Bola” e adorei.

Estou certa de que aqueles que ainda não tiveram contato com sua obra, mesmo eu fazendo a minha parte, devem fazê-lo através de Febre de Bola. JÁ!

Impossível não se identificar com o seu fanatismo futebolístico, mesmo não sendo uma torcedora fanática, porque até aqueles que não gostam de futebol certamente conhecem alguém que aprecie o esporte, nem que seja em época de Copa do Mundo.

Desculpe, esqueci-me de me apresentar. Sou Elisa, brasileira, 22 anos, natural do Rio de Janeiro, botafoguense. E eu sei que o futebol foi criado por vocês, ingleses, mas acho que ambos temos de concordar que nós, brasileiros, é que somos os melhores (desculpaê!). Aprimoramos o esporte de tal forma que nos apropriamos dele ao ponto de sermos conhecidos como “o país do futebol”. Aí estão as cinco Copas conquistadas pela Seleção Canarinha, que não me deixam mentir. No entanto, acho que no quesito “Paixão”, ingleses e brasileiros igualam o placar. Aí está o Febre de Bola que não me deixa mentir.

Sei que o seu livro é de 1992 (na época o Brasil ainda era tri), mas ele continua absolutamente atual. Até porque o ato de torcer – principalmente pelo futebol, um esporte tão imprevisível e mágico - é uma daquelas coisas capazes de unir pessoas de gostos, credos, cores, opções sexuais diferentes em prol de um único objetivo. E é claro que é capaz de desunir também na mesma proporção (que o diga o número de namoradas que você perdeu por causa da paixão pelo Arsenal, ora porque elas não aceitavam a sua relação com o clube, ora porque pareciam se apropriar dela de uma maneira, hmmm... injusta).

De certo modo, este livro é muito parecido com Alta Fidelidade, só que ao invés da música, o personagem principal é fanático por futebol, e o personagem ali na verdade não é um cara fictício, É VOCÊ! O que torna tudo ainda mais real!!!

Mas, como ia dizendo, sou brasileira e torço pelo Botafogo, um time que em muito se assemelha ao seu Arsenal. É um time que não joga bonito, não está acostumado a brigar por grandes títulos (houve um tempo em que o Bota ficou 21 ANOS sem ganhar um campeonato sequer!!!), chegou a cair para segunda divisão já (felizmente voltamos para a primeirona no ano seguinte) e, nos últimos anos, temos nos especializado em nadar, nadar e morrer na praia... Enfim, a torcida está até acostumada. Mas, fazer o quê se esse é o nosso time do coração? 

Mas não foi sempre assim. Houve um tempo em que o Botafogo foi a base da seleção brasileira com Didi, Garrincha, Nilton Santos, Jairzinho... Seleção essa que faturou as Copas de 58, 62 e finalmente foi tricampeã com aquele supertime em 1970. Sei que você viu esse povo todo jogar porque você bem chega a comentar como o futebol brasileiro, com Pelé servindo de ídolo, era imbatível e vistoso e mágico na época. (Engraçado que meu avô leu o seu livro antes de mim e ELE TAMBÉM VIU todos esses jogos do Brasil, e alguns do Porto, de que você falava! É, Nick, você tá velho, viu?)

E já que estamos falando de Pelé, você que o viu jogar e obviamente não precisa recorrer a seu filme (digo, o do Pelé) para saber o que o rapaz fazia com a “gorduchinha”, esclareça para nós uma dúvida: Quem foi melhor? Pelé ou Maradona? Não precisa responder. A gente sabe que foi Pelé. A pergunta foi retórica. (Ai de você se disser Maradona!)

Tudo bem, tudo bem. Eu sei que você não liga muito para as seleções, então, vamos voltar a falar do Arsenal, e do futebol de uma maneira geral.

Adorei ler seus relatos de torcedor e concordo que nada é mais emocionante do que assistir a um jogo no estádio. Fazer a Ola, cantar junto, levantar da cadeira, fazer “Uhhh” quando a bola passa rente à trave...  O mundo realmente está esperando lá do lado de fora, assistindo o que acontece ali dentro, como se fosse um show de rock! E o que dizer da dúvida para qual time torcer quando estão em campo a sua equipe do coração quando num jogo contra o time da sua cidade? E se você escolher torcer para o seu time do ano todo ao invés do time local? Constrangimento define, como você mesmo narrou.

Outra coisa legal que você comentou foi o negócio da superstição. Pra você que não sabe, botafoguenses são conhecidos por serem extremamente supersticiosos. Recentemente, estreamos uma nova camisa mais diferente, apelidada de Pierrô, e como perdemos aquele jogo, a camisa nunca mais foi usada, só pra exemplificar.  (Aliás, é por causa disso também que a camisa do Brasil agora é amarela, sabia? Nosso uniforme era branco, mas depois daquela final em que perdemos para o Uruguai em pleno Maracanã – o chamado Maracanasso -, decidiram trocar. Parece que deu certo, né?) Mas, por aqui, de maneira geral a superstição atinge as maiores proporções mesmo em época de Copa. Aquelas coisas de sentar sempre no mesmo lugar, usar sempre a mesma cueca, realizar o mesmo ritual antes dos jogos... O povo aqui leva isso muito a sério. Mesmo.

Mas assunto sério de verdade foi quando você comentou a violência nos estádios e o racismo. Foi muito legal ver um relato sobre os hooligans vindo de um cara que vivenciou todo aquele terror. E como tudo isso tem a ver com o aspecto político do futebol que, de uns tempos pra cá, resolveu diminuir os estádios e aumentar o preço dos ingressos. Aliás, incrível aquela parte que você fala da tragédia em que foi parar no meio do campo porque o alambrado quebrou, e que se o estádio já tivesse passado por alguma reforma para dar mais segurança aos torcedores e jogadores, aí é que você teria morrido mesmo no dia.

Aqui no Brasil inclusive, houve um incidente desses em plena final do Brasileirão (nosso campeonato nacional) em 2000. O jogo era Vasco vs São Caetano e o alambrado caiu e deu a maior confusão. A partida teve de ser suspensa e o campeonato só foi decidido no início do ano seguinte. Só pra você saber, o Vasco ganhou naquele ano, apesar de todas as lendas que dizem que ele é “eternamente vice”. Anos antes, em 1992, numa outra final de Brasileiro, Flamengo e Botafogo (advinha só quem ficou levou a taça? Dica: O título nacional do Botafogo só veio em 1995) que a tragédia foi no próprio Maracanã. As grades que ficam no primeiro degrau das arquibancadas cederam e umas 90 pessoas caíram!!!!!


Bom, agora estamos num processo de preparação para Copa do Mundo também e realmente tudo aquilo que você já comentava em meados de 70 e 80 é o que anda regendo a administração do evento.

O Maracanã, que em 1950 abrigou 120.000 pessoas, está passando por um processo de modernização para proporcionar maior conforto ao torcedor e isso também quer dizer que agora ele só vai receber NO MÁXIMO 75.000 cabeças. É claro que aumentar o preço do ingresso visa atrair um público mais esclarecido, mais família, que vai consumir mais* dentro dos estádios, o que, claro, afasta os torcedores que provocam brigas durante as partidas.
* Só não pode bebida alcoólica, né? Quer dizer, na Copa pode! O jogo de interesses venceu aqui também, igualzinho você comentou que aconteceu aí na Inglaterra.

Mas por outro lado, faz com que a tarefa de encher os estádios fique bem mais difícil, já que esse público não vai querer sair de casa para ver o seu time perder. (O pessoal pega muito no pé do Bota porque dificilmente o Engenhão, nosso estádio, lota, mas isso é pura intriga da oposição flamenguista invejosa que não tem um estádio pra ela). 

Teoricamente isso tudo isso é para beneficiar o torcedor, dizem eles, mas ninguém fala que, assim como aí na Inglaterra, quem realmente manda nos horários dos jogos são as TVs e sair de casa pra assistir a um jogo no estádio às 22h é brincadeira!

Ah, sim, mas, voltando à questão das reformas, na outra obra que teve no Maraca (nosso apelido carinhoso com para com o estádio, Ha-ha-hu-hu, o Maraca é nosso!), em 2007, para o Panamericano, acabou com antiga “geral”, que abrigava aqueles torcedores mais esquisitos, fantasiados, que ouvem o jogo todo no radinho de pilha, sabe? (Aliás, ouvir o jogo no rádio é bem mais emocionante do que assistir na Tv mesmo!) O QUE ESSES CARAS ESTÃO FAZENDO COM O FUTEBOL??? Felizmente aqueles figuraças continuam firmes e fortes! Particularmente adoro os cartazes de “Filma nós, Galvão” (este último é o nosso locutor mais famoso, não se iluda com os gracildos do Twitter que dizem ser uma espécie de ave em extinção) e os caixões de times.

Adorei quando você comenta da vez que conheceu um desses personagens quase folclóricos das torcidas. E quando você fala das musiquinhas que embalam o time (aqui no Fogão a gente também tem umas bem legais, tipo essa e essa daqui), e sobre os requisitos para um jogo perfeito ou mais emocionante (adoro a parte em que você diz que um jogo com jogadores expulsos e alguma confusão dentro de campo é muito mais interessante do que os outros. Também sou contra violência no esporte, mas que o jogo fica mais animado, ah, isso fica! Só acrescentaria uma coisa à sua lista: animais invadindo o campo. Quando cachorros entram em campo e dão Olé nos jogadores, esses são os melhores jogos!)

Legal ver como o futebol afetava a sua vida desde a infância (nessa época tornando sua vida mais sociável ao trocar figurinhas), passando por um período de depressão numa época em que o clube não correspondia ao seu apreço, até a emoção do título vindo no último minuto (vibrei muito com você nessa parte!) e como tudo parecia conspirar para que sua vida evoluísse por causa disso (na verdade, isso não era tão legal assim). 

Mas, devo dizer, Nick, você é doido! E eu sei que você sabe! Namoradas, deixar de fazer coisas por causa de jogos, se deixar abater tanto por causa de uma partida! Uma vez eu fiquei assim também quando o Brasil perdeu a Copa de 98, mas eu só tinha 8 anos. E depois eu fiquei foi com raiva por causa da maneira como eles perderam e de como o técnico foi um idiota por ter deixado o Ronaldo jogar daquele jeito lesado e como ele continuava podre de rico mesmo assim. (Malditos franceses! Escutamos muito sobre aquele 3 a 0 em vários outros esportes depois!) Sério, Nick, não vale a pena! Viva a alegria do futebol, mas não deixe que ele tire a sua alegria de viver. Até porque esses desgraçados desses jogadores não estão nem aí se você assistiu todos os jogos do time em casa desde que se entende por gente, ou decorou sua casa com artefatos do clube, ou se já quase morreu numa partida! Infelizmente hoje em dia os caras não têm mais amor à camisa, só querem saber de (muito) dinheiro no bolso.

É impossível não perceber como o seu Arsenal serve de espelho para todos os outros clubes, sem exceção. Porque conforme o tempo passa, e os rostos nas figurinhas se renovam (os jogadores não jogam pra sempre, né?) e o Arsenal também passa por diversas fases, das mais tristonhas com um time de perebas, às mais vitoriosas com craques inesquecíveis. E qualquer outro time que hoje esteja por cima sempre tem um passado vergonhoso para que os rivais tirem um sarro também. Acho que essa é uma das coisas mais bacanas do futebol. Como ele é equilibrado e capaz de se reinventar e surpreender e emocionar SEMPRE. Quem não gosta de futebol não entende NA-DA!

Para terminar, deixo aqui o convite para você fazer uma visita ao Brasil na próxima Copa (relaxa, o Arsenal não vai jogar nesse tempo) e lhe envio uns livros para autógrafo (porque eu já saquei que não rola de você vir ao Brasil autografar, já que sua agenda é tomada pelos jogos do Arsenal) e uma camisa do Botafogo de presente, porque tenho certeza que esse seria o seu time, caso fosse brasileiro.


Abraços,
Elisa

PS Ainda não assisti à versão cinematográfica de Febre de Bola de 1997, só aquela outra, americana, de 2004. É legal, mas trocaram o futebol por beisebol. Americanos, affe!

PS2 Você podia entrar em contato com a Rocco pra ela dar um jeito de trocar essas capas dos seus livros? Essas daí em P&B não são nem um pouco atrativas ou criativas ou fazem jus ao tamanho da diversão encontrada por entre as páginas. Isso certamente prejudica as vendas, sabia? Olha só essa de um AUDIOBOOK (!!!!) que fizeram por aqui mesmo como é bem mais legal!
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quinta-feira, 14 de junho de 2012

Para Elisa (e De Elisa também)

Gosto do meu nome. É curto, bonito, fácil de escrever e é difícil você ver outras Elisas por aí.

Nos tempos de escola, já cheguei a estudar numa sala com 4 Camilas (com todas as suas variações de Ls, Cs e Ks), ou 3 Amandas, ou 3 Rafaéis (com todas as suas variações de Fs e PHs). Aí para diferenciar uns dos outros era preciso apelar para sobrenomes, apelidos, lugar onde moravam, cor de cabelo, números, etc.

Agora se alguém fala “Elisa!”, não há dúvidas de que a pessoa está falando comigo. Sem rodeios, sobrenome, lugar onde mora, cor de cabelo, números, ou qualquer coisa do tipo. Falou “Elisa!”, pronto. Sou eu.

Acho que por isso mesmo quando gritam qualquer nome com o final parecido como “Taíssa” ou “Maísa”, eu não hesito em olhar. E aí é claro que eu fico com cara de tacho depois, porque obviamente, o papo não era comigo.

Tinha uma garota no colégio que chamava Melissa. Ela não era nem da minha turma. Mas eu tinha um pouco de raiva do nome dela, porque suas amigas eram muito escandalosas e viviam gritando o nome da garota de longe a todo momento: “MELISSAAAAAAA”. E eu, toda vez, ficava procurando quem era a alma que estava me chamando para só depois de uns 3 segundos perceber que não era bem o meu nome que estava sendo gritado.

Queria ler esse livro, mas tenho mó preguiça de pegar o original. Alguém sabe se tem tradução?

Outra coisa legal é que nenhum cantor resolveu homenagear alguma Elisa, e por isso não tem músicas com o meu nome no título ou no refrão. O máximo que rola é “Para Elisa”, a música mais tocada nos caminhões de gás, mas ela é instrumental, e quase ninguém sabe o nome da música, então eu meio que estou salva. (Quando as pessoas querem ficar brincando com o meu nome têm de adaptar com outras canções de nome próprio, o que, observando a preciosidade que é o meu nome, não é muito difícil. Desse jeito Emilías, Camilas e Luízas rapidamente se transformam em mim.)

Mas como eu ia dizendo, tenho muito apreço pelo meu nome, porque ele é quase “único”. Acho que só conheci uma outra Elisa uma vez em toda a minha vida. Ela era irmã mais nova de uma colega minha, e aquilo gerava muita confusão na casa dela. (Ainda mais porque a Elisa de lá tinha uma amiga com o nome da própria irmã também). Por aqui não tinha problema porque a gente colocava o nome dela no diminutivo e ficava tudo certo.

Entretanto, outro dia, no trabalho tive meu dia de Jéssica (outro nome com densidade populacional elevada). Eu já sabia que ia ter de ligar para outra Elisa, mas não sabia que a tentativa de falar com a minha xará seria tão engraçada e envolveria uma quase xará no meio.

(Disco o número, o telefone chama e finalmente atendem a ligação.)

- Escritórios AlfaBetaGama Advogados, Elisabeth, bom dia!
- Oi, bom dia! Eu gostaria de falar com a Dra. Elisa Mnhgv, por favor.
- Quem deseja?
- É Elisa da empresa XYZ.
- Ok, Sra. Elisa. Vou chamar.
(Musiquinha de espera: "Para Elisa"*)
- Sra. Elisa?
- Oi!
- Estou tentando entrar em contato, mas parece que ela está em outro ramal, quer que eu tente novamente?
- Sim, por favor.
(Musiquinha de espera: "Para Elisa"*)
- Elisa?
- Sim, sou eu.
(Ooops, Elisa errada! 
Silêncio constrangedor ao perceber que dessa vez a verdadeira Elisa tinha atendido, e não a Elisabeth)
- Ah, oi! Bom dia! É que eu também sou Elisa. O que eu queria era....
* A música não era Para Elisa mesmo. Mas só faltava ser!

E ligação terminou normalmente, comigo totalmente abestalhada pela quantidade de Elisas na conversa. Contando com a secretária, éramos 3!!!! Nunca pensei que fosse possível uma comunicação com tantas Elisas. E que ela fosse tão complicada.

Por isso que minha filha vai chamar Astrogilda e não se fala mais nisso.
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quarta-feira, 6 de junho de 2012

Roupa Nova

O Roupa Nova é um desses conjuntos que surgiu na década de 80 e voltou com tudo no ínicio dos anos 2000 cantando todos os sucessos antigos.

Suas canções românticas embalaram inúmeros casais de novela e, muito provavelmente, o namoro da sua mãe com o seu pai. Então, pense bem antes de falar mal do grupo, porque, pode ser que, sem o Roupa Nova, você nem estivesse aqui hoje.

Antes

Talvez o fato mais irônico da banda seja que, de uns tempos pra cá, eles não lançaram mais nenhum álbum de inéditas, apesar de o nome do grupo prometer alguma novidade. Olhando por esse prisma, acho até que o nome do conjunto devia mudar para Cabelo Novo, uma vez que, quase todos os seus integrantes, que um dia ostentaram aqueles penteados volumosos da década de 80, se não estão com cabelos curtos e grisalhos, agora ostentam uma bela careca.

Depois

Enrolei você até aqui para dizer na verdade que o Inútil Nostalgia está de roupa nova. E assim como os cantores de Dona, Anjo e Whisky-a-Go-Go, é praticamente só isso que mudou e a gente vai continuar falando de muita coisa velha (tipo as músicas do Roupa Nova) por aqui. Nem a roupa do Inútil está tão nova assim, uma vez que apenas adaptei algumas coisas do layout antigo.

Para quem não acompanha o blog desde o começo, a indumentária do blog não sempre foi essa com o fundo azul. O Inútil, nascido em 2009, ainda pegou os antigos layouts do Blogger, e no início nem tinha foto ali no cabeçalho. É uma pena eu não ter salvo uma amostra da primeira roupinha do meu bebê. No aniversário de 1 aninho dele, o blog ganhou um cabeçalho decente e logo após, com o lançamento da nova coleção Outono-Inverno do Blogger, o Inútil vestiu a beca que nos acompanhava até então.

Pra quem quiser matar as saudades

No mês passado eu havia incorporado a Jumpbreak Inteligente que a Cíntia colocou lá no cantinho dela, e, como não tinha nada pra fazer, até despertei o meu lado programadora, produzindo uma versão 2.0 do código. Eu, particularmente gostei muito do resultado e fiquei muito orgulhosa de mim mesma, rs! Tinha uma enquete ali do lado pra ver o que vocês acharam. E quem votou, votou. Quem não votou, não vota mais. E a jumpbreak fica por 2 a 1.

E eu sei que eu prometi que não ia mudar, mas não tinha nada pra fazer nas férias, e resolvi retocar a pintura das paredes e dar um tapa no visual do Inútil, adicionando algumas coisinhas úteis e outras bem inúteis por aqui.

Além da mudança de cores no tema (a ideia era incorporar o ar vintage-moderno também no plano de fundo e afins), o cabeçalho do blog também está repaginado. A foto atual (um relógio antigo plugado a um iPhone) traduz um pouco a filosofia do Inútil, que apesar de ter um pezinho nas antigas, não deixa de tratar de assuntos novos, e está sempre tentando fazer uma conexão entre passado e presente. Mas, guardei o reloginho de bolso como lembrança na nova (ou, pensando bem, não tão nova assim) Favicon do blog.

Fora isso, ali na barra lateral, coloquei um formulário de contatos (particularmente acho que vocês podem comentar tudo nos “Comentários” mesmo, mas... Vamos ver onde isso vai dar! Se começarem a querer minha cabeça por alguma razão, eu tiro. #paranoia) e uma fita VHS (lembra delas?) que vai para uma página qualquer do blog (é a coisa mais inútil do mundo, mas é engraçado ficar apertando pra ver no que vai dar pra quem acredita em destino, é um prato feito). Quem ainda não tinha reparado, ali do lado na foto da baleia, tem um link que direciona para o meu endereço no Twitter. E se você assistiu a Free Willy vai entender a foto e o título do Gadget.

Rebobine, por favor

Fora isso, tudo continua na mesma por aqui. Posts grandes, bobildices, coisas sérias, coisas novas, coisas velhas e Whisky a Go Go na vitrola (VITROLA!).

Mas, já que não tem vitrola, a gente vai de You Tube mesmo.


Eu perguntava, do you wanna dance?
E te abraçava, do you wanna dance?
Lembrar você
Um sonho a mais não faz mal

(Eita música boa!)

Até a próxima!
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sexta-feira, 1 de junho de 2012

Nossa história vai virar cinema

ATENÇÃO! SPOILER ALERT! KEEP DISTANCE!

Quando li FMF há 3 anos, ainda com a capa antiga, comentei aqui mesmo a grata surpresa que era que encontrar nas prateleiras um livro adolescente nacional delicioso sem os típicos cacoetes que alguns autores têm de exagerar nas gírias e subestimar o seu público. Cheguei a comentar o apelido que a Paula (pra mim vai ser sempre só Paula, não tem jeito, rs!) vinha ganhando nas redes sociais de “A Meg Cabot brasileira” e o prazer que tinha em ler aqueles nomes que fazem massagem nos ouvidos quando lidos (ou comentados) em voz alta.

Hoje em dia nada mais disso é novidade. De fato, qualquer comentário que se utilize desse argumento “nacional” ou para descrever a série já nem fazem mais sentido. (Até porque, tendo em vista a quantidade de embarques e desembarques para o exterior, FMF é mais internacional do que qualquer coisa, rs!) Antes de focar nos adolescentes, FMF acerta porque fala com e sobre pessoas com sonhos e paixões como qualquer um. E antes de ser uma boa série nacional, FMF é uma ótima série. Ponto.

Já estamos com as orelhas devidamente educadas a fim de não estranhar mais personagens sendo chamados como nossos próprios colegas de sala, porque, afinal de contas, eles acabaram se tornando nossos amigos também ao longo desses quatro livros. Na verdade, os nomes estrangeiros agora é que são estranhados e viraram motivo de piada dentro do próprio livro (como uma certa Meredith Grey...)! E ao voltar para este volume final, reencontramos nossos amigos tão queridos feitos apenas de palavras e sentimentos.

Mas eles não são mais aquelas crianças que se apressavam por causa do adiantamento do toque de recolher no primeiro dia de horário de verão, dirigiam sem carteira e bebiam sem autorização. Estão mudados, crescidos, responsáveis pelos próprios narizes e agora já podem ficar na rua até tarde, dirigir e beber (rs!). [Mas claro que se forem dirigir, não bebem, né? #OperaçãoLeiSecaEuApoio]

E quando eu acho que eu já estou calejada e que nada mais vai me surpreender no gênero juvenil, uma vez que estou começando a entrar numa fase de achar que já passei dessa fase (rs!), eis que me aparece esse FMF4, com um salto temporal de 5 anos no tempo que coloca a Fani mais velha que eu (e pensar que quando a série começou, eu que era a mais velha das duas...) e provoca um aperto no coração que eu já não esperava sentir a essa altura.

Repare como, mesmo depois de um tempo tão longe, quando juntos, a gente percebe que no fundo os personagens ainda são os mesmos adolescentes lá do início, como se tempo algum houvesse passado. Acho incrível a química existente da turma toda reunida! Adorei ver a interação de Fani e Gabi, e, mesmo que rápido, o encontro da mesma com o Leo! É chato quando a vida nos separa de quem a gente gosta, né?

E essa passagem de tempo é responsável por algumas das maiores surpresas no livro. Como o destino dado à Josefina, minha personagem preferida (queria pensar que ela caía na privada e, depois de altas aventuras, encontrava com as tartarugas do Procurando Nemo e viveria feliz surfando nas correntes submarinas. Mas Minas não tem mar, então ia ficar meio difícil da Jojo conseguir uma pontinha em Procurando Nemo 2), ou a gravidez da Gabi (Comoassim?), ou o término do casal 20: Priscila e Rodrigo (Comoassim 2????).

Engraçado perceber como, de um certo modo, o amadurecimento dos personagens parece refletir um pouco as mudanças que ocorreram do lado de cá das páginas também. Assim como os personagens cresceram, o número de páginas cresceu (com mais de 600, Paula agora não quer ser mais a Meg brasileira, e sim a J.K. Rowling tupiniquim, rs!), o sucesso da série cresceu (e agora eu não preciso mais ficar de fotógrafa da Paula, porque já vem alguém da editora dando toda a força pra isso, rs!), a escrita da Paula cresceu e... EU cresci também.
* E já que estamos falando em HP, talvez esse seja o livro da série com mais citações do bruxinho. Eu sei que em determinado momento chega a ser explicado que a fixação com HP é por causa da visita aos estúdios da Warner, mas não pude deixar de associar também à estréia do último filme da franquia, no ano passado.

Em determinados momentos de FMF4, eu não senti saudades só dos personagens. Mas também senti saudades de mim. Da Elisa livre de responsabilidades que podia fazer o que desse na telha. Da Elisa que ria o dia todo na presença dos amigos do peito, sem se preocupar se o que ela dizia ia ser mal-interpretado. Da Elisa que não chegava em casa tarde e sim DE TARDE e ainda tirava aquela soneca depois do VideoShow.

Mas, como ia dizendo, estamos de volta com FMF4, 5 anos (!!!!) de onde paramos no último volume. E para preencher essa lacuna, eis que somos apresentados ao recurso narrativo do flashback, utilizado aqui de forma muito parecida com o que era feito num dos seriados mais legais de todos os tempos: Lost*.
* O mesmo recurso é utilizado na nova Once Upon a Time, que, não por acaso, foi criada por ex-roteiristas de Lost. Crocantíssima essa série. Fica a dica.
** Eu sei que a Priscila é que gosta deles, e pensei até em trocar a referência para Três Vezes Amor – filme 5 estrelinhas de onde foram tiradas as citações de abertura e outra já quase no final deste volume, mas já que o filme da Fani vai virar seriado mesmo – AÍ TEM, VIU! Estamos de olho! – vamos continuar com Lost, que é o paralelo perfeito).

Tal qual o seriado da ilha perdida, o livro se alterna entre cenas do presente e outras do passado, de forma que as diferentes linhas narrativas se complementem de imediato (há quem diga que Lost é a única série da TV com linguagem literária justamente por causa disso). No caso de FMF4, o livro ainda foi dividido em 3 partes, para que contássemos pela primeira vez com a presença do ponto de vista narrativo do Leo.

E aí eu devo confessar pra você que, quando terminei a parte da Fani, que estava num momento crucial, e vi que logo após havia mais 200 páginas do Leo, eu fiquei meio revoltada. Fiquei com raiva! Me senti TRAÍDA como leitora! “Poxa vida! Voltou tudo logo na parte boa pra contar essa parte do 3º volume DE NOVO!!! ISSO AÍ É REPETECO!!! De um jeito ou de outro eu JÁ VIIIII!!!!”. Demorou umas 100 páginas pra passar a birra da narrativa do Leo. Deu vontade de apertar o flashfoward e ir passando as cenas até chegar logo na parte 3. Mas, fazer o quê? O jeito foi virar as páginas loucamente até chegar finalmente à Terra Prometida (o apê da Fani).

Mas, depois de ter passeado por lá, também devo confessar que eu queimei minha língua de leitora impaciente, porque, da maneira como as coisas foram se desenvolvendo, acho que não tinha como ser do outro jeito, sem passar pelos 40 dias no deserto.

E já que estamos falando do final, se o fim de Lost teve direito a muita luz, é claro que o final de FMF ia ter muita Luz... Câmera e Ação! Porque se as duas primeiras partes me deixaram em banho-maria, a terceira veio QUENTE, fervendo!

É óbvio que a Fani ia ficar o Leo. É óbvio que ele ia entrevistá-la em algum momento. É óbvio que o acerto definitivo dos dois TINHA que ser num aeroporto (cenário sempre presente na história dos nossos mocinhos aéreos. E taí mais uma semelhança com Lost, que vira e mexe sempre revisitava o portão de embarque da Oceanic). É óbvio que a cena de despedida TINHA que ser no casamento da Natália (e é óbvio que mais “alguém” poderia sair comprometido daquela festa). Mas, quem disse que o caminho até lá ia ser fácil? Foram 200 páginas de puro frenesi e muita maldade do destino para cima de Fani e Leo!!!! Como é que duas pessoas podem ser tão teimosas? Como é que pode duas pessoas se desencontrarem TANTO????

Na verdade eu sei, sim. O “destino” dos dois tem nome e sobrenome (com aliteração nos dois) de uma autora muito talentosa: Paula Pimenta.

E acho que o maior elogio que eu poderia fazer é que a Paula não é a Meg Cabot brasileira (e eu posso falar isso com toda a propriedade porque sou doutorada em Meg Cabot :P). Ao fim de FMF4 (seu quinto livro de ficção), percebi que, apesar de lisonjeiro, o rótulo não lhe faz jus, porque o estilo da mineirinha é dela. O modo de narrar, o jeito de conduzir a história, os fatos sempre muito intrincados, a delicadeza dos personagens... É tudo dela e de mais ninguém!

E ela está ficando cada vez mais abusada, senhoras e senhores! Além de deixar o leitor de molho durante páginas e mais páginas, deixando-os enlouquecidos capítulo após capítulo, agora deu pra ficar mandando indiretas, dando piscadelas cheias de segundas intenções através das páginas! Vê se pode um negócio desses!?

Vê se pode a pessoa colocar o nome da produtora da Fani de Film Movie Factory SÓ pra sigla ficar FMF? Vê se pode a entrevista da Fani ser praticamente uma “cópia” daquelas dadas pela própria Paula por aí (Fala a verdade, Paula! Você trocou só as palavras “livros” por “filmes", né? Rs!)? Vê se pode ela ficar fazendo alusão aos 4 livros da série, como na hora em que a Fani fica dizendo que o filme dela era dividido em 4 partes ou quando a Cecília sugere que o Leo ia levar 4 livros até seu próprio final feliz? Vê se pode uma “amiga” do Leo (Aham, sei! Saquei desde o início onde isso ia dar!) “adaptar” a história deles pra uma série de livros?

Isso também tem nome, senhoras e senhores! Chama-se metalinguagem, e eu aplaudo DE PÉ quando encontro qualquer resquício dela por aí. Sinal de inteligência de quem escreve, confiando na inteligência de quem lê.

E enquanto sobem os créditos, acho que o aplauso para FMF é mais do que merecido.

Ah, mas toda comédia romântica que se preze tem que terminar com música, né?



Pronto. Pode subir as letrinhas agora, vai!

Créditos
Resenhas anteriores
FMF1 e FMF2
FMF3

Agradecimentos
Paula Pimenta
Mãe
Pai
Tio
Cachorro
Papagaio
Caravana de Nilópolis
E especialmente para Xuxa!

Músicas
Destinos
Pointless nostalgic
Coisa de cinema

Referências
Procurando Nemo
VideoShow
Lost
Once Upon a Time

In Memoriam
Josefina, para sempre em nossos corações s2


Cena pós-créditos (já que a Paula está criando seu próprio Universo Marvel, nada mais justo do que a resenha ganhar uma gracinha pós-créditos)

- Tinha tempos que eu queria fazer uma piada com o nome do Leo e um funk carioca que fez sucesso em 2008 (ainda mais que andou uns tempos aqui no Rio), mas desisti. Não adianta insistir que eu não vou dizer que ia substituir o nome dele no refrão, igual a gente fez com uma menina da nossa turma no Ensino Médio. Isso não ia ter a mínima graça.
- Quando eu lia o nome do Alejandro, sempre lembrava que minha irmã estudou com um Diego Alerrandro (a mãe dele era muito fã do Zorro). Muito pior que Meredith, fala sério!


Tá, agora acabou mesmo!
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