quarta-feira, 30 de junho de 2010

Uma Longa Queda e meu caso com Nick Hornby

Há muito, muito tempo que eu vinha paquerando Nick Hornby na livraria (metonimicamente falando, claro). A primeiríssima razão do início desse 'romance' é que eu simplesmente adoro a versão cinematográfica de Um Grande Garoto. Desde a primeira vez que eu assisti o filme, entrou na minha lista dos favoritos. Era meio dramático e tinha uma mensagem que facilmente poderia cair para o sentimentalismo barato, mas ao invés disso abordava o tema de forma extremamente divertida (Ex: "Todo homem é uma ilha. Eu sou Ibiza", rs).

Alguns anos depois, resolvi pesquisar mais sobre o autor que dado origem àquele filme bacanudo do Hugh Grant cantando Killing me Softly. E aí eu descobri que:

1) O cara é fissurado em cultura pop. É daqueles que, assim como você e eu, comenta de tudo. De música a filmes, de futebol a novela das oito. E se bobear, faz listinhas de Top 5 pros seus preferidos.
2) Acredita que os livros tem que ser legais, acima de tudo. Para ele, o bom livro é aquele que faz você ter vontade de desligar a TV durante o seu programa preferido.
3) Sua filosofia de vida é que: De perto, ninguém é normal. Se você observar bem, no fundo, todo mundo é um pouco ridículo.

Só a partir dessas 3 premissas, Nick Hornby já tinha me conquistado antes mesmo de eu ter lido qualquer coisa dele. Então, eu passei a procurá-lo nas livrarias e por muitos anos só trocamos olhares, já que o moço estava se fazendo de difícil (leia-se: o livro era muito caro pra quantidade de páginas que tem, e aí eu também ficava com pena do dinheiro). Nesse período de observação, acabei assistindo às adaptações do elogiadíssimo Alta Fidelidade, seu maior sucesso, e do criticadíssimo Amor em Jogo, livremente inspirado em Febre de Bola (Americano é muito besta e não dá a mínima pra futebol, por isso trocaram pra baseball no filme, affão pra eles).

Pensei em engatar uma conversa definitiva sobre Um Grande Garoto, afinal, seria a escolha mais sensata, uma vez que era o filme com dedo do Nick que eu mais tinha gostado. Mas acabou que um dia, no Submarino, um milagre aconteceu! Uma longa queda, a história de 4 pessoas que resolvem pular do mesmo prédio* na mesma noite de ano novo (não teve um especial da Globo, Os Amadores, com um tema parecido?), estava custando nada menos que 10 reais!!! Foi o sinal para eu partir pro ataque porque, você sabe, eu não resisto a livros a 10 reais.
*O Topper House era concorrido, viu! Uma especíe de Uerj de Londres.

O tema é cascudo, sim. Suicídio. Mas, como esperava, Hornby trata a melancolia - melancolia nada, DEPRESSÃO mesmo (como o próprio Nick gosta de dizer) - de um jeito leve e ao mesmo tempo profundo e (por que não?) bem humorado. Até porque, imagina só, um livro sobre depressão que também é deprimente... Ao invés de passar de uma mensagem de que isso vai passar, vai acabar dando mais motivos pras pessoas quererem se matar!

Com narrativa em 1ª pessoa fragmentada entre os 4 personagens - Martin, um apresentador de televisão que viu a carreira desabar depois de se envolver em um escândalo; Maureen, uma senhora solitária cuja vida se resume a cuidar do filho que há quase duas décadas se encontra em estado vegetativo; JJ, um músico americano fracassado que sobrevive entregando pizzas; e Jess, uma desequilibrada e passional filha de um ministro. - Hornby dá voz a todos eles de forma convincente, inclusive para a solitária Maureen, que depois eu fui descobrir ser inspirada no próprio Nick, o qual tem um filho autista e decora o seu quarto com adereços do Arsenal tal qual a senhorinha que não suporta palavrão (ah, sim, esqueci de dizer, ele é torcedor fanático do Arsenal. Quando eu ler Febre de Bola, comento mais).

Seus personagens estão longe de serem perfeitos, mas têm a perfeita noção de suas falhas e estão dispostos a melhorar como pessoas. Não espere contos-de-fadas aqui e por conta disso, talvez o final possa desapontar um pouco. Mas deu muita vontade de ler até o final, me divertiu e trouxe algumas reflexões sobre a vida durante a tal longa queda. E isso foi o bastante para eu querer marcar um segundo encontro com o autor, pra gente se conhecer melhor (Alta Fidelidade já está agendado aqui). Na mão de outro, o tema 'suicídio' e 'sentido da vida' poderia soar piegas, mas conhecendo as 3 premissas da filosofia hornbyiana ali de cima, sei que Nick faz tudo isso despretensiosamente - o que vier a mais que o entretenimento é lucro. E considerando que esse livro só me custou 10 reais, você imagina só o lucro que eu ganhei.

Obs. Foi engraçado ler o JJ falando que queria pular com um exemplar de The Revolucionary Road pra quando noticiassem no jornal, as pessoas pudessem se interessar pelo livro, e que, inclusive, deveriam fazer um filme sobre ele (o livro). Primeiro porque isso é a cara do Nick. E depois porque, agora em 2010 (Uma Longa Queda é de 2005), já existe uma versão de "Foi Apenas um Sonho" (título em português) para cinema estrelando o casal de Titanic, Leonardo DiCaprio e Kate Winslet, indicada ao Oscar e tudo.
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quinta-feira, 24 de junho de 2010

Mágica em Manhattan

Eu não sou muito chegada a livros de fantasia. Não que haja nada errado com eles. Eu é que não consigo levar o livro até o final. Acho meio maçante aquelas narrativas detalhistas ao extremo e com uma história quase sempre pretensiosa que envolve alguma profecia, aquele papo de “escolhido”, uma grande batalha por trás, etc. Assisto os filmes e quase sempre não gosto. Sei lá, eles parecem sempre ter o objetivo de se tornar o próximo fenômeno literário que vai dominar o mundo...

Harry Potter é a exceção. Gostei desde a primeira vez por causa do Quadribol, principalmente. Na época, me identifiquei à beça com o Harry ser o caçula do time da escola e disputar os campeonatos e tal, porque eu também era uma das mais novas do time de handebol do colégio – só que ao contrário do time do Harry, o nosso era ruim e quase sempre perdia. De goleada ainda por cima. (Haha! Bons tempos!) Chegava até a fazer um pomo de ouro com saco de supermercado e subir em cima de uma vassoura pra imitar a cena do jogo.* (Nossa! Bons tempos mesmo!). Ainda assim, nunca tomei vergonha na cara e li os livros.
* E pra quem não sabe, existe campeonato de quadribol de verdade. Maneiríssimo! O pomo é um cara! Hahahaha! Depois dizem que os universitários do Brasil que não estudam...

Um belo dia (e isso já foi há dois anos), lá estava eu numa feira de livros usados e vi esse Feitiços e Sutiãs. Não sei o que me deu, mas fiquei com vontade de levá-lo pra casa. Geralmente eu pesquiso bastante, leio o primeiro capítulo, vejo umas resenhas pra ver se vale a pena... Mas nesse dia, eu li só a sinopse, que nem falava quase nada, e comprei o livro. Talvez tenha sido a capa, que lembrava um pouco A Feiticeira. Ou talvez tenha sido mágica mesmo, vai saber? Mas acho que o diferencial mesmo foi o preço. SÓ 10 REAIS!!! Por um livro de quase 400 páginas! Eu não resisti. Nem que fosse ruim, eu tinha que levar! Custava só 10 pratas!

E foram alguns dos 10 reais mais bem gastos da minha vida. Entrou fácil pra minha lista dos favoritos. Apesar de o tema principal ser a magia, e eu não curtir muito o assunto, é de um jeito leve, despretensioso e engraçado. Não é uma versão feminina de Potter. Na verdade, está mais para Sabrina, a bruxa adolescente – dos filmes e seriado. A Rachel tem até um gato! (Não que isso faça qualquer diferença, porque o gato aqui é só um felino de estimação mesmo e não fala igual o Salém).

Sinopse só por desencargo de consciência (e essa é das boas, não é aquela miséria da contra-capa do livro, não)
E se todos os seus desejos pudessem se tornar realidade? Pisque os olhos, beba uma poção rosa efervecente, e... puf! A vida é perfeita. É isso o que acontece com Rachel. Só que não é ela que de uma hora para outra tem poderes mágicos. É sua irmã mais nova. E, como Rachel diz, isso é o maior desperdício!

Sim, sim, claro que a paz mundial e a cura para doenças horríveis são importantes. Mas dançar sem parecer que está sendo eletrocutado, reconquistar a sua melhor amiga, parar o casamento de seu pai, e encontrar um par para o baile de primavera também.
Foi bacana encontrar um livro que fugisse daquele padrão “mundo fantástico+ profecia+ grande batalha” que vem vinha dominando as prateleiras nos últimos tempos (agora o romance sobrenatural é que está mandando). A narrativa é ágil, gostosa, os comentários são sem noção demais e as situações ainda mais absurdas de rachar de rir, os personagens fofos que só... Enfim, exatamente a receita de feitiço destinado a me conquistar. E Feitiços e Sutiãs ainda tem o bônus de apresentar uma protagonista normal que é boa em matemática. E isso é raríssimo de acontecer. Que eu me lembre, só a Tina Fey* mesmo pra colocar a Lilo em Meninas Malvadas falando no final que o limite não existe – o que por si só já criou uma certa expectativa para as aulas de cálculo da faculdade. Deu vontade de aprender limite só pra poder dizer: “O limite não existe" também, rs. Mas se você não gosta de matemática, pode ficar tranqüilo, ela não ocupa nenhum lugar de muito destaque na trama.
*Para os desavisados, além de atuar, ela também assina o roteiro do filme, assim como faz em sua série 30 Rock.

Não por acaso, na contra-capa do segundo volume da série, Sapos e Beijos (adquirido em outra feira de livros usados, só que dessa vez pelo dobro do preço do primeiro), há uma citação que diz que, com essa seqüência, Sarah Mlynowski (daqui pra frente vamos chamá-la só de Sarinha. Não que eu seja íntima nem nada, mas é que esse sobrenome é tão difícil de escrever quanto o do Governator da Califórnia) deixa claro que “é uma séria competidora pela coroa de Meg Cabot” (outra ‘comediante’ igual à Tina Fey, só que ruim demais de conta, rs). Eu não costumo concordar com essas comparações, mas essa daí até que faz sentido. Feitiços e Sutiãs realmente me lembrou os irresistíveis romances ‘cabotianos’.

Entretanto, a escrita da Sarinha tem estilo próprio com uma narrativa mais frenética, em tempo real, e se diferenciando da Tia Meg principalmente pelo assunto “família”. Se nos livros de Cabot, a família é quase sempre coadjuvante, aqui ela é protagonista em todos os volumes e rendem as melhores cenas.

A relação da Rachel com a Miri é hilária e se parece muito a que eu tenho com a minha irmã. (Eu falo uma besteira, aí a gente fica horas discutindo porque eu estou errada, e aí acabamos inventando alguma teoria bizarra. Ou então, eu tenho que sair, aí ela fica fazendo drama, dizendo que eu não gosto dela...) Parecia que a autora tinha passado uns dias aqui em casa pra se inspirar. Não duvido nada que ela tenha tido irmã mais nova.

E não só a relação das irmãs é destaque, mas também entre pais, filhos, tios, enteados... Tudo sem muito drama e tratado com a leveza de um girar de varinha. (apesar de que, aqui elas não usam varinhas. A graça fica por conta dos feitiços sempre rimados e da dificuldade em achar os ingredientes corretos para colocar no caldeirão)... Ah, sim, esqueci de falar que os irmãos do Raf, quando se juntam, também roubam a cena. Aquelas brincadeiras típicas de irmãos, sabe? Adoro!

Acho até que o tema principal da série nem é a história com a magia e sim as relações com a família. Dá pra ver que a autora se sente muito à vontade quando trata do assunto. É impossível não se identificar, mesmo que você não tenha irmã mais nova, porque todo mundo tem algum problema familiar mal resolvido. Acho que é por isso que eu gostei tanto da série. Porque a magia é só um pano de fundo para as histórias das pessoas. Não tem grande e novo universo. Só uma família muito unida, e também muito ouriçada, que briga por qualquer razão, mas acaba pedindo perdão...

Feitiços e Sutiãs (#1), apesar do enredo batido, é divertidíssimo e traz aquela lição já clássica de ‘não abandone seus verdadeiros amigos’, além de um gancho já nas últimas linhas para o segundo. Sua continuação, Sapos e Beijos (#2), é o meu preferido: o mais absurdo, com os comentários mais sem noção e com as cenas mais hilárias (eu me acabei de rir com as partes da Noviça Rebelde e da Rachel falando pra ‘seguir aquele táxi’, quando na verdade era um ônibus), muito amarradinho e ainda conta com o fator baile (eu adoro essas histórias de baile, rs). E em Férias e Encantos (#3), que era pra ser o último da série, temos um desenrolar de mais uma trama introduzida no finalzinho do 2º volume e de histórias até então pouco importantes no decorrer da mesma.

A GR lança o 4º ano que vem (esse sim é o último), mas eu estou louca mesmo é por um outro da Sarinha que saiu esses meses lá na terra do tio Sam, Gimme a Call. Já criei a maior expectativa em cima desse desde a primeira vez que vi um comentário sobre o mesmo numa entrevista da autora há muito tempo, porque um livro sobre uma menina que consegue se comunicar com ela mesma alguns anos antes através de um celular promete (tenho uma queda por essas histórias de viagem no tempo, e me identifico muito com esse mote de ‘encontrar com você mesmo’). Conhecendo o estilo da Sarinha, promete mais ainda. Promete tanto que antes mesmo de lançado, o livro já teve seus direitos adquiridos por Hollywood.

Ah se eu pudesse fazer um zapt pra aparecer todos os livros que quero aqui em casa! Não custa nada tentar:

Asa de morcego
Tromba de elefante
Que todos os livros que eu quero
Apareçam na minha estante


Droga, não funcionou! Vou ter que esperar mesmo... ¬¬

Obs. Pra não perder o hábito, um comentário sobre a tradução: como sempre, as traduções do Alves Calado são muito bem feitas. Nem parecem traduções, na verdade. Ele adapta aquilo que tem que adaptar (como os poeminhas) e não inventa onde não tem o que inventar. Pode ler sem medo ;)
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segunda-feira, 14 de junho de 2010

Vida ao Vivo Show

Você já assistiu a uma partida de futebol ou de qualquer coisa que seja? E eu estou falando de ir ao estádio/ginásio e levantar da cadeira e xingar o juiz e fazer “Uuuuuhh” quando a bola passar raspando na trave, não de ver um jogo pela televisão. Não é muito fã de esportes, né? Ok, mais uma chance.

Você já assistiu um show? E eu não estou falando de ver um DVD no sofá da sua casa, nem de ir ao cinema assistir à versão editada em 3D. Estou falando de ver ao vivo, a cores, se mexendo, em 3D sim, mas de verdade, sem óculos! De estar lá no meio da galera e cantar, e pular, e dançar bizonhamente e gritar “ô fulaninho, cadê você? Eu vim aqui só pra te ver” (rs). Estou falando de correr para perto do palco quando chega àquela parte do show que já está valendo tudo e que se danem os seguranças. De subir em cima da mesa e descer de lá quase desesperada porque se você continuar ali com certeza vai cair durante a última e mais animada música do concerto.

Se você nunca fez nada disso, não sabe o que está perdendo. Tá, a visão não é das melhores, e tem um monte de cabeças na frente, e o conforto é limitado e você fica espremido às vezes, mas a emoção de estar ali presenciando aquele momento que não vai se repetir nunca mais e, por isso mesmo, histórico (nem que seja só pra você) compensa todo o perrengue.

Sabe aquele papo de fã retardado que fica na fila dias e aí sai correndo quando abrem os portões e depois não vai ao banheiro para não perder a fila do gargarejo e ainda diz que se pudesse faria tudo de novo? Pois é. Parece idiota, mas esses caras até que têm um pouco de razão. Quando as luzes se apagam e o show começa, o seu corpo se esquece de toda a fome e sede e aperto e se concentra no espetáculo a sua frente. É um momento em que o ídolo e o público compartilham um transe quase espiritual em que nada mais importa. Só a emoção de estar ali aproveitando cada segundo... É oportunidade de despir-se das suas inibições e se permitir ser um pouco idiota também sem sentir culpa. (Eu me transformo totalmente nesse tipo de situação. Grito mesmo, falo bobagem, danço lá no escuro, faço air-qualquer-instrumento, faço piada sozinha... Não quero nem saber! Quem me vê, acha que é outra pessoa.)

E saber que ali se tem uma resposta imediata para tudo o que você faz e o que acontece ali fica ali (por isso num show você pode dançar como se ninguém pudesse te ver. Afinal, está escuro, e ninguém está vendo mesmo, rs. Fora que lá no meio da multidão tem muito mais gente agindo do mesmo jeito, e você meio que não se sente sozinho, servindo como uma espécie de atestado de liberdade condicional do mundo exterior durante quase 2h) é legal demais. E estar junto daquele povo todo unido fazendo a ola, prendendo a respiração, vibrando com um gol, já é metade da graça.

Em casa você pode até pausar a imagem e pegar uma pipoca e ir ao banheiro e depois voltar para o seu confortável sofá, mas nada se compara ao senso de comunidade e de compartilhar aquela energia que só sente quem vive. E essa é a diferença do 3D com óculos para o ‘ao vivo de verdade’. Nesse último você não só vê, você VIVE. A platéia interage, participa, tem um contato sem intermediários com o artista que está no palco ou em campo. E você quer mostrar que conhece as músicas, ou empurrar seu time para frente, a qualquer custo e por causa disso, nem liga de voltar para casa rouco depois.

Se você parar para pensar, é uma coisa bem patética, mas inegavelmente emocionante. O cara manda levantar a mão e todo mundo levanta. Manda tirar o pé do chão e todo mundo pula. Dá um “Boa noite” e você responde a plenos pulmões, crente que foi diretamente e especificamente pra você. Pede pra acender a luz do celular e num segundo o lugar que estava escuro fica todo “estrelado”.

Mas escutar aquela galera toda cantando numa só voz 'que ninguém cala esse nosso amor', ou o que quer que seja, é de arrepiar. Em parte, ela é que torna aquele momento único e memorável. Por isso não gosto de show com platéia quieta. Nem de torcida muda. Platéia tem que ter voz. Voz ativa! Fazer barulho! Porque ela, sozinha, já é um espetáculo à parte e sim, ela faz muita diferença.

Por isso é que gritar gol no Maracanã é totalmente diferente do que de frente para a Tv. Porque quando você grita junto com a torcida toda “ôooo, saca na Mari” nas semifinais da liga de vôlei, além de se sentir parte de algo maior, ainda vê na hora que o corinho desconcertante do qual participou fez efeito quando a jogadora manda uma banana pra tudo mundo e aí mesmo é que você canta com mais vontade. E aí depois você chega em casa cheio de história pra contar. Coisas que a TV não mostrou e só quem estava lá viveu. Coisas que só o prazer de 'viver ao vivo' dá.

Sim, parte da coisa pode até ser ensaiada e repetida, mas cada noite é diferente e coisas inesperadas podem acontecer, exigindo improviso daqueles que oferecem o espetáculo (quando o artista erra a letra, então, é o ápice da magia do ao vivo. Os fãs vão ao delírio! Acho que eles gostam mais quando os caras erram do que quando acertam às vezes, rs. Se sentem únicos e especiais, talvez. Ou mais espertos, porque o maluco errou a própria música, rs. Minto, quando ele escorrega ou tropeça em pleno palco, é ainda melhor do que quando erra a letra). E por isso muita gente paga o preço que for por um ingresso e aí se preocupa excessivamente em registrar o evento ao invés de curtir o presente. Talvez para poder provar aos amigos que aquilo realmente ocorreu, talvez para eternizar aquele momento já inesquecível.

Mas eu acho mesmo que melhor que gravar é assistir e vivenciar. Que interessa quem não foi? Esse tipo de coisa é para ser aproveitada na hora e não se deve desperdiçar aquele instante precioso em detrimento de uma foto. Até porque, se o objetivo de guardá-lo para sempre é poder ‘RE-viver’, é preciso que se viva uma vez primeiro.

Porque a vida é como um show assim ao vivo. Não tem tecla pause, rewind ou forward. Não dá pra acelerar, mas de vez em quando parece que está em slow motion. Não adianta ficar só olhando ela passar com esperanças de uma reprise. Você tem que participar, improvisar e enlouquecer às vezes. Fazer de tudo para que aqueles momentos em 3 dimensões e 1000 sensações fiquem ali registrados na sua memória. E se às vezes parece que é tudo muito desconfortável, quando se alcança o objetivo e se obtém a recompensa, nada mais importa. E quando isso acontece, o que os outros vão pensar depois não faz mínima diferença.

[OFF] Início de Copa. \o/ Um exemplo perfeito de situação que só interessa ser vivida ao vivo (sério, qual a graça de assistir o jogo depois?). O mundo unido numa só vibração, respirando futebol, festejando um gol... São poucas as situações em que se tem todo o planeta assim conectado pelo mesmo sentimento. E é bonito demais ver o esporte unindo as pessoas e libertando os povos dessas banalidades e rixas políticas por um tempo. E se você não curte futebol, tudo bem, mas pelo menos não torça contra o Brasil, porque se a gente não tivesse ganhado em 2002, estaríamos escutando “França 3, Brasil 0” dos descendentes de Napoleão até hoje em todos os esportes (sim, eles eram idiotas a esse ponto).

Adoro essa música. Letra bonita demais e uma energia contagiante.  
Agora se imagina lá no meio! Ôoooooooooo, Brasil!
 Ui, só de ver eu me arrepio...
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