sexta-feira, 20 de março de 2009

Jacks e Jecas

Jack Sparrow, pirata dono de um sarcasmo singular e que só pensa em si mesmo, levou milhões de pessoas ao cinema para assistirem seus filmes. Depois, ainda fez mais alguns milhões na venda de DVDs (originais).

Mas Jack ficaria espantado com os outros milhões que seus amigos falsários o impediram de ganhar. E esse é uma guerra perdida para Jack.

É bem verdade que Jack é um grande safado que cobra um baú de ouro por um único ingresso de cinema e mais outro baú um pouco mais pesado para que você leve suas aventuras para casa em definitivo.

Mas você não precisa ir até Jack ou comprá-lo para conhecê-lo. Sempre há uma locadora perto de casa em que você pode entregar apenas meio baú peso médio, bater um papo com ele e devolvê-lo no outro dia de um jeito bem legal(nos dois sentidos da palavra).

Perái, ‘há’? Havia!!!

No fim do ano passado, a locadora perto da minha casa, que existia desde antes de eu nascer, fechou. E as outras locadoras da redondeza, se já não afundaram, estão prestes a afundar.

Malditos Jecas! Que droga! Como pode a locadora que eu ia sempre fechar? Foi lá que eu aprendi a gostar de cinema e aluguei clássicos da Disney, entre outros filmes! Eu adorava ficar lá meia hora discutindo com a minha irmã até escolher um filme para levar. E a mulher já sabia até o meu nome e a forma de pagamento que a gente preferia! Onde é que eu vou arrumar os filmes agora?

“Ora!”, você me diz, “Por que alugar um filme 6 meses depois se você pode tê-lo para sempre por metade do preço hoje mesmo? Ou ainda melhor: por que alugar um filme 6 meses depois se você pode tê-lo para sempre DE GRAÇA?”

Por quê? Eu lhe respondo também:

Porque eu quero qualidade. Porque eu quero ver os extras do DVD. Porque eu quero desfrutar da qualidade de som e vídeo que o DVD proporciona. Porque eu quero ter a opção de trocar a legenda, que foi feita por um tradutor formado, além da opção de mudar a dublagem. E porque eu não quero ter o trabalho de ter que baixar e configurar o meu próprio DVD. O único trabalho que eu quero ter é abrir a caixinha do DVD, colocar no player e fazer a pipoca, para depois apreciar um trabalho bem feito de alguém.

E vamos combinar, né? Baixar filme na Internet é um saco! Primeiro você bota o negócio pra baixar, aí demora um tempão até concluir o download (às vezes mais, às vezes menos, dependendo da sua conexão), aí às vezes o filme vem dublado numa língua pra lá de absurda, tipo russo, ou com no idioma original, mas com legendas em russo. Então você tem que baixar de novo. E arranjar a legenda certa para então gravar o DVD. Aí o som até que está bom, mas lá no meio do filme você percebe alguém levantando do cinema para ir ao banheiro e que fica na frente da imagem, que por sinal, também não é das melhores. Se nada disso acontecer, com certeza a legenda ‘capenga’ que você arranjou na Internet vai dessincronizar em algum momento e você não vai entender bulhufas do que os caras estão falando. E claro que você não pode nem reclamar porque afinal de contas: “Cavalo dado não se olha os dentes”.

A única diferença de baixar para comprar no camelô é a parte de gravar, porque o problema da qualidade do DVD é o mesmo.

Aí você diz, “DVD? Mas agora o que vai mandar é o BlueRay, que vai revolucionar o mercado! 40GB e High Definition de imagem e som!”

Vai, vai sim! Mas o preço do BlueRay para variar, assim como todas as novas tecnologias, está elevadíssimo!

E aí o Jack, como não deveria fazer, afinal é o capitão da bagaça, abandona o navio e desiste do BlueRay, porque ninguém vai comprar e vai continuar baixando da Internet. E logo, logo, o BlueRay, assim como o CD há 10 anos, vai ser coisa do passado e todo mundo vai quer que dar uma de Jeca e fabricar o próprio produto. Um trabalho que é do Jack!!!

Mas talvez isso tudo não seja culpa nem do Jack nem do Jeca. È o tempo, a tecnologia, esse capitalismo sem pé nem cabeça em que a gente vive...

Mas eu ainda não me conformo e não sei se um dia vou me conformar que a minha querida locadora fechou. Não pode ser![criança fazendo birra] Não pode! Não pode! Não pode!

É por essas e outras que eu às vezes eu odeio a tecnologia. Affe!

Lembra?

- Quando as locadoras alugavam fita de videogame e CDs?
- Quando a gente alugava Titatic e vinha com 2 fitas?
- Quando os artistas vendiam 1 milhão de cópias em 1 dia? E depois apareciam no Gugu para ganhar o disco de ouro?

Bons tempos aqueles!

PS. Será que eu vou ter que fundar um grupo tipo MSL - Movimento dos Sem Locadora? Por que, é sério, tá precária a situação! Ontem juntei as meninas aqui em casa para a gente praticar um pouco de nadismo e eu NÃO TINHA NENHUMA LOCADORA PRA PEGAR FILME!!! E a Jami, que até pouco tempo era associada a todas as 10 locadoras do bairro dela, ontem teve que andar um pedaço até chegar à locadora mais próxima, porque todas as outras FECHARAM! E a única remanescente ainda está aberta porque agregou uma lanchonete ao negócio. Estou quase lançando a campanha: Não compre Filme Pirata. Alugue, é mais legal. Você vai sentir falta quando a sua locadora fechar.
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sábado, 14 de março de 2009

Naum pressiza moodar

Ano passado, foi assinado o agora tão falado Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Dizem que as mudanças estavam sendo estudadas desde 1990. O que me levar a pensar que se eles tivessem sido um pouquinho mais rápidos, talvez eu já fosse alfabetizada de acordo com as regras novas e não estaria aqui escrevendo esse texto. Enfim... O tal acordo teoricamente visa a unificação da escrita do português do Brasil e do português de Portugal e tem levantado muita polêmica desde que foi noticiado que a partir do último mês de janeiro, ele entraria finalmente em vigor.

A maioria das pessoas, quando perguntadas sobre o que acham da reforma ortográfica, se posiciona do lado contra. Umas mais radicalmente, outras meio em cima do muro, mas ninguém fala: Adorei a reforma. Era disso que o português estava precisando. Mas, qual será a razão de tanta revolta?

A antenada UFF (Universidade Fofa Fluminense) em seu vestibular para os ingressantes no ano de 2008, ou seja, em suas provas realizadas em 2007, já abordava o tema em uma das provas específicas de português, que eu tive o prazer de fazer (parecia até que tia Talita que tinha preparado a prova). A prova continha dois textos acerca do tema: um do gramático, fã de chá e imortal da ABL, Bechara - defendendo a reforma - e outro de uma autora que tinha publicado um livro sobre a colonização do Brasil do ponto de vista dos brasileiros e pedido encarecidamente para não ‘traduzirem’ seu livro para o português da terrinha, quando o livro desembarcasse por lá, pedido esse que foi ignorado e por isso ela resolveu escrever o texto, mostrando sua indignação contra a ‘tradução’ e conseqüentemente contra a reforma.

E é aí que a provinha da UFF se mostra extremamente inteligente na abordagem do tema que é muito mais profundo do que a extinção de acentos ou colocação de hífens. O motivo do acordo é uma questão cultural. E o modo como ele foi assinado, vamos combinar, não foi dos mais democráticos.

Num mundo de globalização, onde a tendência é que o globo todo se torne um só, a unificação das ortografias cai como uma luva, uma vez que os livros de autores brasileiros e portugueses não precisariam mais serem submetidos à ‘tradução’. Será?

Será mesmo que depois do acordo entenderemos quando um portuga mandar a gente ‘entrar na bicha’? Podes crer que não. Mas também o que fazer? Será que o certo seria mesmo traduzir para ‘entrar na fila’? Será que não descaracterizaria o contexto?

Não há dúvidas de que existem diferenças entre nossas ‘línguas’. Mas será que o certo seria tentar tornar mais ‘igual’? Será que a gente deveria declarar independência da língua também? Será que isso importa mesmo?

Há aqueles nacionalistas radicais que, como Policarpo Quaresma, defendem o idioma Brasileiro ao invés do Português, uma vez que suas escritas (até 2008, pelo menos) e fonéticas são diferentes, e por isso constituiríamos um novo idioma. Outros dizem que isso enfraqueceria a língua no mundo cada vez mais dominado pelo inglês, correndo o risco de o ‘Brasileiro’ virar Latim. E os mais neoliberais dizem que esse negócio de diferenças culturais é uma palhaçada, que não sabem porque a gente ainda fala português se o mundo inteiro fala inglês mesmo, porque é muito mais simples, e que se fosse pra fazer uma reforma decente tinha que acabar logo com todas as conjugações, acentos e tantas outras coisas que fazem o português SER o português.

Acho que estou mais para o segundo grupo que não quer que mude e acha que está bom como está. Mas com certeza sou contra o último que quer mais é globalizar mesmo. Veja bem: não sou contra a globalização, tento aperfeiçoar meu inglês a cada dia que passa, mas acontece que a minha língua mãe é o português! Minha primeira palavra não foi ‘tuck’. Provavelmente foi ‘mamãe’ ou ‘papai’(checar isso com a mamãe depois).

Nossa colonização(a primeira) foi dos portugueses e por mais que agora os americanos colonizem a gente numa porção de coisas, é uma questão de HONRA mantermos PELO MENOS a língua que era nossa!

Aliás, por que tem tanta gente querendo colocar palavras estrangeiras onde já existem outras perfeitamente correspondentes no português? Outro dia vi um beliviando na internet que deu vontade de vomitar. Que coisa mais horrível!

E outra: outro dia passou no jornal que estão querendo mudar a grafia de Foz do Iguaçu para Foz do Iguassu porque os teclados estrangeiros não têm cedilha e fica difícil de procurar o lugar no Google! Quer saber? Eles que se virem pra achar. A gente se vira pra dizer ‘thank you’ com a língua entre os dentes! Por que eles também não podem se virar?

Ou você não sente uma pontinha de orgulho toda vez que um artista gringo vem ao Brasil e se mata pra falar português no show? Esse momento clássico dos shows internacionais é mágico porque VOCÊ está o tempo todo tentando se adaptar a língua DELE e naquela hora é ELE que tem que se esforçar pra dizer um simples ‘obrrrigado’. E aí é a NOSSA VEZ de zoar como eles falam. Enfim, viajei. Voltando...

Deixando a questão global um pouco de lado, o maior motivo da revolta das pessoas contra o acordo ortográfico é o sentimento de: Não acredito! A gente passa a vida todo tentando aprender como escreve certo e do nada, agora está errado e de olhar para toda uma prateleira de livros e pensar: É, tá tudo ultrapassado agora. Isso acontece principalmente porque, como já discutido aqui nesse blog, acho que a maioria das pessoas, assim como eu, tem aversão a mudanças.

Principalmente mudanças as quais não foram consultadas. Ou perguntaram algum dia pra você: "O que você prefere: com trema ou sem trema?”? Não!!!! Um grupo de velhos que tomam chazinho toda quinta-feira decidiram SOZINHOS uma questão que vai afetar toda a população! E a gente nem pode eleger esses velhos!!!!! Eles é que decidem quem pode entrar no seleto grupinho deles! Quer dizer, por que eles têm mais direito do que você ou eu? Somos falantes da mesma língua, certo? Será que eles são mais donos da Língua Portuguesa do que eu? A Língua Portuguesa tem algum dono???

Quer dizer, a gente tem sempre aquela visão de que a nossa língua é sempre a mesma. Como a matemática, 2 e 2 sempre vai ser 4. A língua não é assim. A língua é dinâmica. Mas quem dá o dinamismo a ela somos NÓS, falantes da língua.

Pra muita gente o acordo ortográfico devia regular isso aqui ó: OLah...migUxXxu...... tUDu BOM??!?! U Ki aCOnteCEu kUm VUxXxe??!?! pQ vuxXxe Naum ApareceU nAH fEsTAh??!?! Porque a língua tem que servir a nós, seu falantes, e não nós servirmos à língua!

Ok, acho exagero e errado os velhos regularem isso um dia, principalmente porque é ilegível. E teoricamente as reformas serviriam para FACILITAR a compreensão da língua e não o contrário.

E é aí que eu queria chegar desde o início. Têm umas novas regras que para mim ficaram indiferentes; outras coisas que eu só estranho, mas vou me acostumar; e outras que só estão DIFICULTANDO.

Confesso a você que nunca gravei as regras de acentuação, exceto a regra das proparoxítonas (adoro mesmo a regra das proparoxítonas. Aliás, a palavra proparoxítona, é uma proparoxítona! Ainda bem que não mudaram isso). Mas adoro os acentos. Acho eles muito úteis na hora da leitura. Quer dizer, lembra quando a tia passava aquele dever pra achar a sílaba tônica da palavra? Quando a palavra tinha acento era a maior felicidade! Era só marcar a sílaba com acento e a gente não precisava ficar ‘chamando’ a palavra como a tia mandava. Eu, particularmente, achava que esse negócio de ficar chamando a palavra muito constrangedor. 'Palavra', iu-huuu! E raramente me ajudava a achar a droga da sílaba tônica.

Segue abaixo o que eu acho das principais mudanças ortográficas.

• Hífens
Nunca aprendi mesmo a regra mesmo. Qualquer dúvida é só continuar procurando na versão atualizada do Pai dos Burros. Mas com a nova grafia tem umas palavras que ficaram muito FEIAS. Autorretrato? Micro-ondas? Re-escrever? Uma palavra: Eca!

Trema
Confesso a você que tem sido um alívio não ter que colocá-lo. Afinal todo mundo sabe que em tranquilo, consequência e linguiça, o U é pronunciado. Agora eu quero ver chegar para uma criança que acabou de ser alfabetizada de acordo com as novas regras e mandar ela pegar o livro de geografia e ler ‘aquífero’? Quer dizer, ao contrário do que se pensa, a reforma vai afetar SIM aqueles não chegaram a saber da existência do trema antes de aprender a ler. E apesar de ser um saco colocar o trema, acho que ele era útil para palavras como essa. Só para constar, em aquífero, o U é pronunciado.

• Acentos de idéia, assembléia, jibóia, jóia, etc
Particularmente acho esses acentos muito lindos. È, lindos mesmo! Dão um charme todo especial às palavras. Sério. Jóia sem acento está mais para bijuteria. E o acento de idéia é tipo aquela lâmpada que acende quando o personagem de desenho é abençoado por uma dose de inspiração. E a assembléia legislativa, se quando tinha acento já não tinha tanto glamour, agora sem acento é que vai virar uma zona mesmo.

Mas o problema mesmo é quando a gente pega as palavras do tipo apóio – agora apoio, que a gente não sabe mais se é verbo ou substantivo de cara se o sujeito for elíptico. Conversando sobre isso com a minha irmã um dia, a gente teve a seguinte conversa:

Esther: E quando a gente for escrever nóia(de paranóia)? E véia?

Elisa: Pois é. Vai ficar parecendo veia! Como é que a gente vai diferenciar se está falando de uma senhora idosa ou do problema cardiovascular dela?

Esther: Exato. E quando a gente estiver escrevendo sobre a ‘veia da véia’? Vai ficar muito estranho! Veia da veia...

(...)

Elisa: Bem, tecnicamente véia não é nem uma palavra. Velha sim, mas escrever na informalidade vai ficar bem mais difícil agora.

• Acentos de enjôo, vôo, zôo, etc
Mas um caso do tipo ‘acentos fofos’. São muito lindinhos eles! Num dia de sol, certamente agora será mais fácil ter enjoo, uma vez que deixaremos o chapeuzinho do vovô em casa. Coitado dos vovôs! Vão se sentir rejeitados agora que estão dispensando o chapeuzinho deles. Mas no final das contas, a gente vai se acostumar a não escrevê-los, já que eu acho que não tem muita dificuldade na leitura na ausência do chapeuzinho. Será que não podiam colocar um boné, então?

• Acentos diferenciativos tipo: pára e para, pêlo e pelo
São os que fazem mais falta! Outro dia li a manchete “Roubo sacode estúdio, mas não para a música”. Demorei uns 10 segundos para entender que o ‘para’ ali era verbo. Ok, antigamente, usava-se o acento diferenciativo para reconhecer cor(‘aprendi de cor’ – porque o cor ali vem de coração) e côr(‘de colorido mesmo’). Assim como almoço podia ser grafado almôço(substantivo, ou seja, a comida) ou almoço(verbo, ‘Eu almoço’). Mas, sei lá, acho que era mais fácil diferenciar mesmo sem acento os casos de antigamente do que os novos. Afinal, pelo e para são preposições e estão presentes em quase toda frase, além de serem seguidos por praticamente os mesmos tipos de palavras. Ao contrário dos outros exemplos citados.

Mas agora não adianta reclamar. O acordo foi assinado e querendo ou não, vamos ter que nos acostumar a ideias não tão brilhantes e ‘paras’ esquisitos. Assim como nossos ancestrais se acostumaram a tirar o acento da flor e substituir o ph da farmácia.

Mas que vai ser difícil pegar qualquer livro publicado até o ano passado e explicar para nossos filhos que sinal era aquele em cima do U de algumas palavras, do mesmo jeito que nossos pais nos ensinaram que o cruzado foi uma antiga moeda do Brasil, ah, com certeza vai! Eles estarão lá jogando na nossa cara quão velhos nós somos, toda vez que olharmos pra eles. E eu acho que é esse o maior motivo de tanta revolta em torno da reforma. Ninguém quer ser chamado de velho! Principalmente por uma palavra!

Pelo lado bom, já tem gente comemorando porque até 2012 está ‘valendo tudo’. Qualquer coisa é culpa da reforma. Mesmo que a palavra não tenha sido alterada. E em forma de protesto continuarei com as regras antigas até que se exija o contrário. Parte por conta da revolta contras as novas regras, parte por causa do corretor do Word que não aderiu a reforma também. :p

PS. Hoje tem Soletrando com a Sandoca!
PS2. Já imaginou se tivesse reforma aritimética também? Ia ser um ótimo assunto nas aulas do Prof. Girafales. rs
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sexta-feira, 6 de março de 2009

Leblon ou Irajá, com os amigos em qualquer lugar

Sexta passada(28/02) eu tive um dia de cão. Me despenquei até a Tijuca pra fazer um trabalho da faculdade e no final o cara que marcou o trabalho NEM APARECEU. Um absurdo! Cheguei em casa muito cansada, revoltada e até deprimida com o rumo daquele dia horrorendo na presença de pessoas com as quais eu nem tenho intimidade. Minha raiva durou uns 3 dias.

Mas o dia de ontem superou e muito a última sexta. Foi muito bom e confirmou o que eu já tinha certeza há muito tempo: Quando a gente está com os amigos, sempre se diverte. E quando a gente se junta, a gente surta MUITO e faz umas coisas (saudáveis, tá) que ninguém acredita!

Quarta-feira foi meu aniversário e a gente(eu, minha irmã, Fernanda e Jamille) marcou de finalmente visitar o Starbucks e ver o filme novo da Anne, Noivas em Guerra, para ‘comemorar’ ontem na quinta. Na verdade o filme era uma mera desculpa para ir tomar o famoso café do Starbucks. Eu só não digo que os olhinhos da Jami brilharam quando eu contei que tinha aberto uma filial aqui no Rio, mais precisamente no shopping Leblon, porque eu contei por MSN, mas eu tenho quase certeza de que brilharam mesmo. Da mesma forma que os meus brilharam quando descobri o Starbucks naquele shopping. Na verdade, eu também não vi os meus olhos nesse momento, mas também sei que eles brilharam. Enfim...

Depois de uma semana estudando o cardápio para não fazer vergonha na hora do pedido e de olhar a versão digitalizada do Diabo Veste Prada – o livro e a razão pela nossa tara pelo Starbucks - para ver qual café a Andy tomava, o dia finalmente chegou.

Falei pra Jami para ela levar o CD da trilha sonora de Mulheres Apaixonadas dela para a gente ouvir no carro, porque não tem música melhor para se ouvir na zona sul do que as trilhas das novelas do Manoel Carlos, né? Vocês não imaginam a emoção de depois passar pela Lagoa ao som de Quando a luz dos olhos teus. Eu me senti um personagem das novelas do Maneco. Tá legal que eu já estava me sentindo um desde que saí de casa e coloquei no CD no player, mas a paisagem de Nilópolis não é exatamente tão inspiradora quanto aquela que aparece na TV.

Depois tivemos uma discussão muito importante sobre se nós estávamos de costas pro Cristo, ou se o Cristo estava de costas pra gente. Segue a conversa:

Jami: Estamos de costas pro Cristo.

Elisa: Na verdade, o Cristo que está de costas pra gente...

Jami: Ah, é claro que uma estátua vai virar de costas pra gente. Só pra gente, né Li?

Elisa: É. Só porque a gente é da baixada. [ironia mode on]

Fernanda: É. “Seus pobre da baixada, que que vocês tão fazendo aqui?”

Elisa e Jami: Ai, cruzes.

Elisa: Poxa, vida, é o Cristo! Jesus nunca ia desprezar os pobres. Vai contra todos os ensinamentos dele...

Jami: E até porque ele também era pobre.

Risos coletivos

(...)

Então, passando pelo Jardim de Alah, vimos um cachorro muito estranho e tivemos que zoar o cachorro, que parecia aqueles cachorros que só aparecem em filme. O cachorro era MUITO magricela e estranho. Se ele fosse gente, com certeza ia ser modelo, uma vez que era tão magro, esquisito e tinha as pernas fininhas, fininhas. Isso tudo em meio a altos papos sobre os testes do iGirl, os horóscopos de revistas adolescentes e sua linguagem horrenda que chamam os meninos de “gatinhos”(Meu Deus, existe alguém que realmente chama os caras disso?)

Quando chegamos ao shopping, faltavam 30 minutos para começar o filme, o que acabou com os nossos planos de tomar o café antes do filme, mas vimos uma pessoa passando com o copinho do Starbucks na escada rolante e já ficamos animadas.

Pegamos o elevador depois, porque se a gente fosse ficar procurando as escadas rolantes daquele shopping, ia demorar uma eternidade até chegar no último piso – elas são incrivelmente distantes umas das outras- e tinha uma mulher com um carrinho de neném reclamando da demora da porta para fechar. Queria ver se fechasse rápido em cima do bebê dela. Esse povo da zona sul é muito fresco mesmo.

Compramos os ingressos com os lugares marcados no meio da sala. Um trilhão de propagandas, notícias(a pessoa paga um ingresso pra FUGIR das notícias e elas perseguem a gente até dentro do CINEMA!!!!) e alguns trailers depois, o filme começou. Achei o final chato e filme meio bobo até, mas no fundo a gente já sabia que ia ser assim, e era o tipo de filme que a gente não vai ver pela história, só porque tinha a Anne mesmo. Mas não fez mal. O que a gente queria mesmo era tomar café, quer dizer, O café.

Descemos de elevador pela mesma razão pela qual subimos. Não adiantou nada estudar o cardápio. Ficamos uns 20 minutos só pra escolher o que a gente ia pedir. Demoramos tanto que depois tivemos que enfrentar uma fila básica, com duas bibas na frente. Enquanto comentávamos como era insano gastar 10 reais num café, sendo que a gente nem gostava tanto de café, as bibas pararam e ficaram olhando pra gente como se a gente estivesse falando deles. Esse povo da zona sul é muito fresco mesmo.[2] E aqui o fresco tem duplo sentido sim.

Graças a Deus a atendente era boazinha e estava explicando o cardápio para todo mundo. É muito café diferente e louco! Cada uma fez o seu pedido: a Fernanda pediu um Frappuccino Doce de Leite com um cheesecake, a Jami pediu um Frappuccino Mocha e um brownie meio-amargo, eu pedi o mesmo frappuccino que a Jami só que com pão de queijo(achei mais seguro pedir uma coisa que eu conhecia), e a Esther um Cappuccino com leite de soja e um muffin de blueberry. A atendente anotava o pedido com o nosso nome e até perguntou se o meu nome era com Z ou com S. O papelzinho do pedido depois era colado do copinho do café. A qualidade do atendimento pelo nome depois gerou o seguinte surto da Fe:

1ª ida ao Starbucks

Atendente fofa: Elisa com Z ou com S?

2ª ida ao Starbucks

Atendente fofa: Oi, Elisa, tudo bom? O que você vai querer hoje?

3ª ida ao Starbucks

Atendente fofa: Oi, Lisa. Quanto tempo! O de sempre né?

4ª ida ao Starbucks

Atendente fofa: Oi, Li! Tudo bom? Então...O meu casamento tá marcado pra semana que vem, tava pensando em chamar você pra ser madrinha...

Muitos, muitos risos coletivos

Pegamos os cafés nos copinhos e tiramos foto com eles, afinal era um momento histórico. A emoção tomava conta do nosso ser. Caraca, a gente estava tomando um legítimo Starbucks! Não dava para acreditar! Segue abaixo o acompanhamento dos nossos sentimentos com o passar do tempo:

1. Caramba! Não acredito! A gente vai tomar um café do Starbucks! A gente vai tomar um café do Starbucks!

2. Hmmm! É bonzão isso! Por isso que é mundialmente famoso.


3. Tá legal, isso aqui tá enjoando. Acho que não vou conseguir tomar tudo. Ainda bem que a gente pediu o tamanho menor.


4. Desisto! Não vou agüentar isso tudo. É por isso que as pessoas estão sempre andando com esse negócio no meio da rua. Porque elas simplesmente não agüentam tomar tudo! Como é que tem gente que pede aquele copão?

5. Devíamos ter ido no Bob’s.

E depois da gente tomar aquele café foi ladeira abaixo. Definitivamente tinha alguma coisa naquele negócio. A Fernanda não agüentava mais o gosto doce do cheesecake dela e queria roubar o meu pão de queijo. A Jamille também não queria mais olhar pro brownie (eu avisei a ela pra não pedir meio-amargo), e começou a colocar uns pedaços no prato da Fernanda. Daí, elas tiveram a idéia de colocar um canudo em cima do que restou do brownie da Jami pra fingir que era o meu bolo. Coloque aí mais um saco de risadas à receita e mais umas fotos pra registrar o momento de eu assoprando a “velinha”. É incrível como a gente consegue dar risada das situações mais absurdas!

No caminho de volta pro carro, eu chutei sem querer o pé da Fernanda e arrebentei a sandália dela. Aí ela ficou arrastando o pé, como se estivesse com a perna quebrada e desesperada com medo da gente deixar ela pra trás, principalmente numa hora que ela ficou parada em frente a uma casa com um jardim e tinha um cara ali parado no jardim. Gente, gente, me espera! Tinha um cara ali no meio do mato! Socorro! Depois de muito desespero, a Esther teve uma idéia genial, pegou a xuxinha dela e colocou no pé da Fe, como se fosse uma tala. Hahahaha! Não tem jeito, a gente quer largar a pobreza, mas a pobreza não larga do nosso pé. Do pé da Fernanda então, nem se fala. Hahahaha!

Pra terminar, no carro, se na ida a trilha foi novelas do Manoel Carlos, na volta, a gente cheia de café na idéia, avacalhou. Fizemos coro para ‘clássicos’ da música pop como Kelly Key (é surpreendente como a gente lembrava de TODAS as músicas INTEIRAS dela! Também pudera! Na época, toda festa infantil tocava isso e nas Lojas Americanas também era todo dia), Latino, Molejo, outros pagodes velhos, etc.

Cheguei em casa morta de cansada, mas ao contrário da sexta passada, ontem eu estava extremamente feliz. Satisfeita mesmo com o meu dia. Eu tinha passado o dia todo com as minhas amigas, assisti ao filme da Anne, tomei o café do Starbucks, surtei horrores, cantei Kelly Key... Fala sério, o que mais eu podia querer? E isso não tem nada a ver com o lugar onde a gente estava porque quando elas estão aqui em casa é a mesma coisa. E não importa o quão ruim a situação esteja, a gente sempre arruma um jeito de dar risada de tudo. Nós fazemos nossa própria diversão. E isso simplesmente é tão bom que faz a gente esquecer de todos os dias ruins que a gente já teve.

Musiquinha de hoje: Vida de Marola – Sandy e Junior
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domingo, 1 de março de 2009

Y soy careta

Na edição de Janeiro de 2009, a SuperInteressante dedicou algumas páginas de sua revista aos atuais fenômenos infanto-juvenis, prometendo desvendar todo o pensamento maquiavélico por trás dos mesmos. Dentre eles, a revista destacou:
• High School Musical
• Hannah Montana
• Jonas Brothers
• Harry Potter
• O Diário da Princesa
• Crepúsculo

A reportagem dava bastante ênfase ao fato de que esses fenômenos tinham em comum a ausência de sexualidade ou o incentivo à abstinência, assim como o hype ao politicamente correto, porque esses é o tipo de produto que qualquer pai gostaria que seu filho ficasse fã e, por isso, esse pai estaria disposto a gastar barbaridades por qualquer quinquilharia com a marca do ídolo teen (o que ficaria muio mais difícil se o “produto” pregasse valores de rebeldia, etc). Isso tudo fora o baixo custo das produções, que geram um rendimento absurdamente maior.

A Época também tem criticado bastante a moda do politicamente correto em suas reportagens ultimamente. Só nos últimos 6 meses foram pelo menos 3 reportagens sobre assuntos diferentes (HSM, Crepúsculo e rock contemporâneo), que no fim chegavam a mesma conclusão de que “não se fazem mais jovens como antigamente”.

A Super não está de todo errada. Quer dizer, o argumento deles faz até bastante sentido, e podem ser mesmo verdade algumas discussões levantadas pela reportagem. Mas eles esqueceram de analisar alguns outros fatos:

• Mais da metade dos exemplos que ela dá são produtos Disney
E lá vou eu defender a Disney de novo. Eu estou seriamente voltando a levar em consideração aquela idéia de fazer Direito e depois pedir pra Disney me contratar, porque o que eu defendo a Disney não está no gibi!!!!

O que é que eles queriam? A Disney tradicionalmente apóia veementemente o policamente correto em suas produções. É a marca da Disney! Você NUNCA vai ver cenas de sexo, nem drogas, nem nada muito pesado num filme da Disney. Sabe por quê? Alô! É uma marca destinada às CRIANÇAS!!!!! As produções Disney são aquelas que os pais podem pensar: “Ok, é Disney. Toda a família pode assistir” ou então “Ok, é Disney. Fica aí vendo a TV, filhinho, que eu vou ali lavar a louça”. * Não dá pra ficar colocando assuntos polêmicos em coisas da Disney! E mais: a Disney SEMPRE se aproveitou de suas produções para lançar com elas uma tonelada de produtos licenciados. Então para mim é o seguinte: falar mal da Hannah Montana e de HSM porque são “puros demais” ou porque são “armadilhas comerciais” é falar mal do Rei Leão, da Bela e a Fera e do Aladdin. Porque nenhum deles tem sexo no meio e venderam seus produtos igual água na época me que foram lançados e até hoje, por sinal.
* E não me venha com aquele papo de mensagens subliminares, por favor! Eu estou falando das coisas normais. Não dessas doideras.

• O mercado de quinquilharias é muito mais amplo
E não são só os filmes adolescentes/infantis que vendem bonequinhos dos personagens. Ou alguém aí se esquece do quão loucos são os fãs de ficção científica/HQ/Mangás?
E nem por isso você vê comentários maldosos sobre Star Wars, Super Homem, ou sei lá, não conheço muito de mangá, mas você entendeu.

• O custo de produção desses hits infanto-juvenis nem sempre é mínimo
Bom, na maioria das vezes é mesmo. “O diário de uma Princesa”(Por que é que eles NUNCA conseguem colocar o nome certo? É até mais fácil: O diário da Princesa! Viu? Uma palavra a menos!) e o 1º HSM custaram uma barganha se comparados ao que arrecadaram. Mas convenhamos que nenhum desses filmes tem grandes atores consagrados há anos(alô! São atores jovens! Pra eles já serem conhecidos há anos iam ter que começar fazendo muito sucesso desde nenéns igual às gêmeas Olsen), nem altos efeitos especiais pra gastar mais de 100 milhões de dólares. Então, 40 milhões pra um filme desses é bastante coisa até.

Mas e quanto a Nárnia, Harry Potter, Bússola de Ouro e Eragorn? O custo dessas produções é bem alto e ninguém fala nada. No caso de HP, o retorno é garantido, agora quanto às outras... São produções de alto risco, se você for analisar, visto que não possuem tantos fiéis seguidores quanto o menino-bruxo e algumas delas foram até fiascos de bilheteria, tipo a Bússola.

• Nem tudo o que faz sucesso hoje em dia é por causa da pureza da história
Só na nossa década, a gente encontra diversos exemplos de sucessos que nem toda mãe iria aprovar tão de cara.

A começar por Gossip Girl. Não li os livros. Não assisto à série. Mas já li algumas coisas a respeito do conteúdo. Dizem que os livros transbordam sexualidade e tratam de temas até bem pesados como estupro, fora bulimia e drogas, etc.

Na coleção de livros do Diário da Princesa, o sexo não é exatamente ignorado e apesar de não conter nada demais, o assunto só na idéia é até bem importante no desenvolvimento da história. E olha só que estranho: os livros em que esse tema é o principal, são os que as próprias leitoras, em sua maioria adolescentes, menos gostam.

Crepúsculo eu também não li, mas tenho certeza de que os outros livros não são tão castos assim.[Edit: Depois de ler o primeiro volume, eu tive a impressão justamente oposta. Os livros podem até ser castos, mas de bom exemplo, eles não dão nada!]

E quanto a OC e Rebelde? Fizeram um sucesso estrondoso até pouco tempo e ambas as produções tinham temas bastante polêmicos como homossexualismo, drogas, sexo também, violência, etc.

Só pra lembrar: As obras que eu acabei de citar são destinadas ao público ADOLESCENTE. E não ao público infantil, como as produções Disney ou Harry Potter. Deu pra entender aonde eu quero chegar?

E por fim...

• Por que é que todo adolescente tem que ser rebelde e politicamente incorreto?
As pessoas tem uma mania de achar que todo adolescente é besta e revoltado e não tem nada na cabeça! Qual é o problema em ser um adolescente careta que não bebe, não fuma, gosta de estudar, se dá bem com os pais...?
Por que é que a TV, o cinema e a literatura só podem mostrar jovens idiotas que picham muros e batem em empregadas? Por que é que esse tipo de comportamento tem que ser considerado mais legal do que respeitar os outros, o próprio corpo e essas coisas?

É como na escola: o cara que estuda é sempre o otário e o cara que faz bagunça é sempre o esperto. Como se estudar fosse uma coisa errada!

Qual o problema dos atuais ídolos dos jovens pregarem um pouco mais de paz no mundo? Por que tudo hoje em dia tem que ser modernoso e descolado? Qual o problema dos ‘caretas’ estarem em alta? Também existem pessoas assim no mundo!

As pessoas falam tanto em respeitar as diferenças e as minorias, mas na hora que algo diferente desse tipo aparece, o resto do mundo cai de pau.

E eu não vejo problema nenhum se eles tornassem maioria. Assim como não vejo problema nenhum em um pouquinho mais de inocência na mente suja das pessoas. Ou o mundo não seria melhor se elas de fato respeitassem umas as outras ao invés de ficar arrumando arruaça por aí?

Pra terminar, deixo vocês com uma linda canção da minha mais nova paixão musical, Jason Mraz. O nome da música é Love for a Child.

What about taking this empty cup and filling it up
With a little bit more of innocence
I haven't had enough, it's probably because when you're young
It's okay to be easily ignored
I like to believe it was all about love for a child

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