segunda-feira, 5 de agosto de 2019

Nossa História

Como disse em outro post anterior, Sandy e Junior acertaram em cheio ao perceberem que esse projeto de revival, não se trata apenas de alguns shows com músicas antigas, mas que grande parte do sucesso deste evento está em valorizar o significado que eles têm como parte integrante da história das pessoas. Mais do que isso, eles dão um tiro ainda mais certeiro quando dizem querer construir novas lembranças junto com o público.

O que muita gente não sacou é que a maior parte das lembranças não são construídas ali, nas 2h de música ao vivo (ali é um turbilhão de emoções muito doido que depois você não consegue nem explicar), mas principalmente em tudo aquilo que antecede o grande dia.

E como teve história essa Nossa História!

Quando o Extra anunciou a turnê em janeiro (aliás parabéns ao Extra que vem fazendo uma cobertura impecável sobre a turnê, com uma matéria por dia, pelo menos. Merecia o Pulitzer! Minha preferida é essa aqui), Sandy estava na Disney. Demorou uma semana pra eles finalmente se pronunciarem sobre o assunto, com o já icônico: “Vamos conversar em março?”. (Fico imaginando Sandy muito plena de férias recebendo várias ligações da produção com os cabelos em pé com a notícia que tinha vazado – fica aqui o meu “parabéns” pra todo mundo que conseguiu esconder a separação até o dia oficial mesmo lá em 2007 – respondendo apenas com uma mensagem: “Volto na segunda. Depois a gente resolve”.)

Desde então, 2019 tem sido uma loucura! E por isso mesmo, tão legal! Como comentei em um post anterior, Sandy e Junior salvaram um ano que seria só derrota nas redes sociais.

Fiz contagem regressiva para a coletiva, e me arrepiei toda no vídeo de abertura da coletiva (tanto que estava numa sala de reunião, e tive que sair pro banheiro porque vi que ir dar ruim). Não dava pra acreditar que aquilo tudo estava acontecendo. Fiz enquete no trabalho para descobrir quem tinha cartão Elo. Vivi a adrenalina pra comprar o ingresso e a decepção da pré-venda. No outro dia, comprei o que tinha pra BH, porque mesmo com os boatos de show extra, eu não era nem besta de arriscar perder esse trem! Na abertura do show extra, consegui não sei como um ingresso Pista Premium. Faltava um ainda pra minha irmã ir comigo, e começou a caça no Facebook. A garimpagem era diária, e foi preciso uma dose de contorcionismo para desviar dos golpistas, e uma ainda maior de sorte pra encontrar uma menina aparentemente honesta vendendo num comentário de outro post de venda que nem era dela. Pra pegar o ingresso, pedi ajuda de um cdt para fazer serviço de guarda-costas para evitar um possível sequestro. Que emoção tocar naquele tão sonhado ingresso! Agora era só aguardar o dia do show.

Teve gente noticiando Maracanã pro encerramento da turnê, e fiquei chateada que SP ficou com a data de 12/10 (a data do show de 2002). Na véspera do show, anunciaram encerramento no Parque Olímpico. Se eles não conseguiram data pro Maracanã, agora eles iam fazer o próprio Rock in Rio. Esses dois quando tão a fim não tem pra ninguém! Que delícia vê-los com vontade assim de novo! Que maravilhoso poder estender esse sentimento de empolgação até novembro! Definitivamente 2019 é deles!

Passei os dias que antecederam o show muito bem, obrigada. Mandei fazer minhas camisetas, e prometi usar a faixinha pro pessoal do trabalho, apesar de sempre achar um mico danado quando era menor. Decidi assumir mesmo meu lado fã hardcore, deixar a vergonha de lado, e viver a experiência por completo (só não fui ao hotel porque a vida é feita de escolhas, e eu escolhi ir ao show).

Acompanhei as imagens de preparação do show, e o sentimento de que a dupla realmente estava planejando algo histórico só aumentava. Assisti a pedaços da estreia de Recife por alguma live de alguém e me emocionei de casa mesmo. O setlist estava perfeito! Não faltava nada (só Power Rangers, no fundo alimentava a fantasia de um MegaZord gigantesco no meio do palco, mas tudo bem, hehe). Os telões, o balé, a empolgação dos dois, os figurinos que faziam referência a roupas que eles vestiram em turnês anteriores (por isso que eu gosto de Sandy e Junior, gente, porque eles não fazem as coisas pela metade)... Mal podia esperar pela minha vez.

Mas no dia do show mesmo eu não tava legal não. Acordei muiiiiiito ansiosa, e nem consegui comer direito. O refluxo atacou com vontade. No caminho para a arena era possível identificar os fãs definitivamente uniformizados com suas camisetas personalizadas (uma das minhas preferidas era a “Não vou pular hoje, porque com 30 anos NÃO DÁ!!!!”­). Comprei minha faixinha na entrada e tirei as fotos, avisando aos amigos que tinha chegado. Na empolgação da entrada, quase perco o ingresso do show (sim, aquele mesmo que eu tinha garimpado no Facebook!). Minha irmã jura que tinha me dado pra poder tirar as fotos, eu não lembro mesmo disso! A sorte é que os fãs de Sandy e Junior são muito maravilhosos, e logo uma menina apareceu perguntando se o ingresso que ela tinha achado era nosso. Minha irmã me dá um tapa e uma bronca pra eu prestar atenção nas coisas, e um cara da produção ameaça falar no megafone: “Não à violência”. Ufa! Vamos entrar.

Mas não antes de encarar a fila. E você sabe que eu curto demais esse momento da fila. É onde os fãs se conectam, a gente troca experiências, todo mundo conta um pouquinho da sua história, e a gente descobre que tem mais coisa em comum do que parece. Fora pequenos barracos de gente querendo passar a frente para encontrar com amigos que chegaram antes (teve um que encarou a gente falando que o ingresso estava no celular dele e que as pessoas não tinham O DIREITO de impedirem a amiga dele de passar. Ora, bolas! Se o ingresso estava no seu celular, envia pra era por email! Que esperteza!!!), a energia era muito boa. Um menino distribui bolas brancas e orienta as pessoas para a homenagem em Super Herói, ele também combina de cantarmos “A estrela que mais brilhar” no momento acústico. (Deu pra ver que grande parte das pessoas já até sabia desses preparativos. Eu AMO os fãs!!!!) O pessoal da produção passa para gravar as pessoas da fila e entoamos em uníssono “Não dá pra não pensar”, com todos os “ooooh” e “yeehs” que temos direito. É uma cena bonita demais de ver. Logo começa a ventar, e alguém puxa “Cai a Chuva”. Ali fica claro que nada vai atrapalhar aquele momento, e a galera está determinada a curtir cada segundo.

Um cara passa vendendo o copo oficial da turnê, e várias pessoas compram (inclusive eu) pra guardar de recordação. Um outro passa vendendo batata frita, e um menino atrás pergunta se é a batata oficial da turnê também, porque se for ele vai comprar. Rimos.

Quando abrem-se os portões, e as pessoas passam pela revista, elas saem correndo em direção à Arena para garantir o melhor lugar possível. Por dentro acho ridículo e sem necessidade, mas corro também, pois o importante é a experiência. Um parêntese: no hall de entrada da Arena, fotos de shows importantes que aconteceram ali. Dentre elas, o show do Maroon 5 em 2008 e... epa, eu tava aqui nesse dia!!!! “Vamos fazer história de novo hoje”, eu penso comigo mesma.

Ao chegar na Arena, colocamos nossa pulseirinha de “Pista Premium” e somos bombardeados de brindes dos patrocinadores para usar durante as músicas. Quando coloco os pés na pista e olho em volta, cai a ficha. EU CONSEGUIIIIII!!! EU VOU VER SANDY E JUNIOR DE NOVO AQUI NO RIO!!! E DE MUITO PERTO!!!!!!!  Eu estava MUITO perto!!!! Abro os braços, ainda sem acreditar. Finalmente sento pra descansar. Depois de 2h de viagem, 1h na fila e um sprint pra chegar na Arena, estou cansada e ofegante. Realmente não tinha a menor necessidade de correr, nem de brigar na fila. Qualquer lugar ali na Pista Premium ia ser muito bom. (Escuto uma menina atrás de mim, falando exatamente a mesma coisa. Fã é tudo igual!). Fico feliz de não ter dado aquela grana preta no Open Bar de Água. Ali, finalmente consigo comer alguma coisa e me recomponho.

Quando vou ao banheiro, encontro uma ex-cdt que sabia que vinha ao show. Ela comenta que estava bem na frente da fila, que arrumou barraco com gente que queria passar na frente, e que pagou o maior mico correndo para arena quando abriu (ela está visivelmente suada da corrida, assim como eu). Digo que corri também, pela experiência de correr, e concordamos que não havia a menor necessidade, mas acrescento que não tenho vergonha nenhuma dessas coisas. Vergonha é não ser feliz, e hoje era o dia de extravasar tudo o que a gente tinha direito. A amiga dela diz que chegou a comprar um ingresso falso com os infames dizeres: “Livre Nation”, mas que depois arrumou um outro. Gostei de fã assim: determinado!

Volto pro meu lugar, e ouço uma gritaria atrás, e todo mundo olha para ver o que estava rolando. Era Fernanda Gentil, causando e gravando stories dos fãs cantando. Amo Fernanda Gentil, acho que ela representa demais o amor verdadeiro do fã de Sandy e Junior, mas não levanto do meu lugarzinho cativo de jeito NENHUM!!!!

Depois que começam as propagandas nos telões, os fãs se levantam e a gente começa a interagir mais. A emoção domina e a gente conversa coisas sobre a turnê, os ingressos, o aplicativo (mas são muito chiques esses irmãos), a falta de sinal do celular e como algumas músicas marcaram a nossa vida. De repente começa um vídeo dois bem pequeninhos dançando numa filmagem caseira, antes de tudo isso acontecer, e um cronômetro surge no telão marcando 30 minutos pro início do show. A galera fica ainda mais inquieta e o DJ coloca pra tocar I Want it That Way dos BSB pra delírio do restante da arena. O resto da playlist segue a linha sucessos teen do início dos anos 2000, mas o que a gente queria mesmo era fazer um esquenta pro show. Cantamos nossas preferidas, como Não Dá pra Não Pensar, Quando você Passa e Cai a Chuva, com direito ao saxofone no meio. Rimos aos montes.

É esse tipo de conexão que as pessoas têm dificuldade de entender dentro dos fandoms. Não é sobre os artistas. É sobre encontrar pessoas que são tão apaixonadas quanto você e são capazes de olhar com empatia, ao invés de desprezo, quando você comenta aqueles detalhes que só os fãs muito nerds sabem, ou aquelas loucuras que só os fãs muito loucos fazem. Essa semana fui chamada de nerd por saber as normas da profissão de cor. Encarei como um elogio, mas mal sabem essas pessoas que a minha nerdice em determinados assuntos não profissionais é bem maior. E sinceramente, se não for pra ser nerd e me jogar de cabeça nessas coisas, não tem a menor graça. Assim como Sandy e Junior, eu também não faço as coisas pela metade. Se for pra ser fã, vamos ser fãs direito. Senão devolve a carteirinha!

Durante a contagem regressiva, também aparecem palavras-chaves do cancioneiro da dupla com seu respectivo significado do dicionário, tal qual muitas camisetas da moda e que viraram camisetas específicas pro show também como: inesquecível, enroscar, imortal, etc. A cada 10 minutos, um ciclo de filmagem caseira, dicionário e contagem aparecem. (Os fãs com memória melhor disseram que essa brincadeira da contagem vinha da turnê do Identidade. Achei top!).

No último vídeo, uma montagem com os principais momentos da carreira que culmina nos dois pedaços de gente dando “Oi” para a plateia. Nem precisa dizer que a essa altura já tá todo mundo alucinado gritando a toda. O triângulo se parte, abrindo dois portões por onde os dois passam e dão as mãos numa silhueta linda pra qualquer fotografia. Se isso te lembrou do show do Maracanã, era pra lembrar mesmo. Sandy, inclusive, fez questão de usar o mesmo penteado aqui no Rio. Nada é por acaso (que graças a Deus também está no setlist!!!!) nessa turnê.


Sandy entoa o primeiro verso de “Não Dá pra Não Pensar em Você”. A plateia continua a letra ansiosa, mas só depois de alguns segundos Junior continua: “Tá cada vez mais difícil não poder te ver”, seguido de mais uma pausa, como se os dois fizessem questão de transmitir aquela mensagem. Assim como na última turnê, lá em 2007, cada verso aqui tem um significado especial, e eles sabem disso.

A lista continua com uma sequência matadora que tem Nada Vai me Sufocar, No fundo do coração e Estranho Jeito de Amar. O fã que esperou 12 anos por esse momento se descabela nos versos de “Então, volta pra mim, deixa o tempo curar esse Estranho Jeito de Amar”, na esperança de que eles mudem de ideia e voltem pra sempre, porque, veja só, o tempo NÃO CUROU NADA e continuamos aqui sem desistir, e sem superar Esse estranho jeito de amar...

Sem tempo de respirar continuamos com Olha o que o amor me faz e Nada é por acaso com Miltinho Neves no saxofone (que saudade do Miltinho!) e Sandy mandando aquele agudo no final. Amo muito Nada é Por Acaso, e acho que os versos de “Mas o sentimento quando é pra valer, cedo ou tarde faz o que era sonho acontecer”, nunca fizeram tanto sentido. O telão nessas primeiras músicas é uma coisa de louco e enche o palco com imagens dos dois bem coloridas feitas especialmente para essa turnê. Coisa que só se vê em show gringo. Aí está justificado o preço o ingresso.

A plateia continua muito louca em Love Never Fails, pulando descontroladamente, enquanto os dois dão um show naquela coreografia MA-RA-VI-LHO-SA! É um desperdício Juninho não dançar mais. É uma pena a pista premium ser tão apertadinha que não dê pra gente tentar acompanhar.

Em As quatro estações, o palco é tomado por projeções dos versos na letra de Sandy, tal qual no clipe, e a plateia levanta suas mandalas da Elo. A iluminação também ajuda a marcar as estações do ano.

Na primeira música solo de Junior, Aprender a Amar, a plateia manda aquela clássica: “Junior, eu te amo”, e ele fica todo envergonhado e diz que a gente “quebrou as pernas dele”. Ele fica tentando ajustar a jaqueta que trocou em algum momento antes dessa música, eu não me aguento e grito pra ele tirar logo essa jaqueta, Senhor! Totalmente desnecessária, meu Deus!

Em seguida, Sandy deixa todo mundo de queixo caído ao entoar AQUELA nota final de Imortal. Deu vontade de puxar aquele coro “PQP, é a melhor cantora do Brasil”.

Em seguida, os dizeres de Libertar enchem o telão. A gente tenta sincronizar o app, mas o sinal de internet estava muito ruim e não dá pra entender o que eles queriam ali naquela música. Sandy fica mais pra trás, só no backvocal e chega mais pra frente só no final pra cantar a sua parte. Sandy roda no seu próprio eixo, sem medo de ser feliz, simplesmente sentindo a liberdade pedida pela música. Amo vê-la assim, se jogando com tudo!

Eles saem pra trocar o figurino e os telões são preenchidos por uma sequência que mostra o grupo de Whatsapp da “Galerinha + ou –“, com uma troca de mensagens divertida do pessoal do seriado. No meio da animação, eles compartilham fotos antigas da galera junta na época, e a gente lembra exatamente os episódios em que foram tiradas. Começam a tocar os primeiros acordes de Eu Acho que Pirei, e a galera pira junto com imagens dos atores ao fundo. Que delícia ver a amizade desse pessoal celebrada na turnê! Na sequência um medley com direito a todas as coreografias clássicas de "Beijo é bom / Etc... e tal / Vai ter que rebolar / Dig-dig-joy / Eu quero mais". Apesar de serem poucos versos de cada, a gente se diverte a vera.

As luzes se apagam e Junior volta todo galã, sem a jaqueta, e sem o colete de antes (colete aliás que remete a essa outra turnê aqui), olhando diretamente para a câmera nos primeiros versos de Enrosca. É um belo número, tal qual todos nós nos lembrávamos, com menções à turnê de 2002 e ao clipe que dominou as paradas no ClipeMania. Não satisfeito em dar um show de dança, ele ainda emenda um solo de bateria animal bem na frente do palco. Nunca fui muito a favor dos solos de batera do Junior, por achar que eram por demais introspectivos e tiravam a energia do show, mas dessa vez... Uau! Como os projetos solo desse hiato fizeram bem a ele! O solo reverbera e conversa com a plateia. Confirmando sua veia de showman, Junior ainda faz a introdução para A gente Dá Certo, outro ponto alto do show, com muita coreografia e eu pulo demais nessa daí. Juninho fez até o dental floss dancing aqui. AMO!!!! Ao final, claro que estou mortinha da Silva. Poucas pessoas dão valor, mas acho A gente Dá Certo uma música que... dá muito certo em show! Fiquei feliz quando soube que estava no setlist.

Eles, que não são bobos nem nada, a essa altura também já estão mortos, e emendam uma parte acústica sentadinhos na frente do palco. A plateia fica com muita inveja disso, pois estamos todos em pé há muito mais tempo. As pernas já estão sentindo.

Essa parte do show tem sido uma válvula de escape para antigos sucessos que há muito tempo eles não cantavam, e onde eles têm encaixado os pedidos especiais que têm surgido durante a turnê. Realmente não dá pra reclamar de setlist. Eles tão cantando tudo, nem que seja um pedacinho. Dentre as inesperadas, eles já tocaram “Ilusão”, “Vamos Construir” e “Dias e Noites” em outras cidades. E aqui fica muito explícito que o discurso deles de que essa turnê é um presente para os fãs é de verdade. Eles realmente querem agradar, e estão fazendo todas as nossas vontades. Eles chegam a comentar isso, e eu mando sem vergonha nenhuma: “VOLTA A DUPLA ENTÃO!!!!”. Não custa nada pedir, né? Aqui no Rio, ficamos com Inveja, Ilusão, Era uma Vez, Não ter e Replay (sinceramente não sei o que os fãs veem tanto em Replay, por mim essa ficava esquecida no churrasco, não me traz boas lembranças). Assim, como combinado, o público puxa A Estrela que Mais Brilhar, e a Sandy faz essa cara:




Com certeza tá stalkeando os fãs pra atender os pedidos, e deve ter sugerido pro Junior colocar no setlist do Rio e ele não escutou. Ela até acompanha um pouco, mas o Junior fica inseguro de continuar, pois não tinha ensaiado. Ele pede desculpas, pois não se lembra mais como toca e Sandy confirma que essa daí eles NUNCA tocaram em nenhuma turnê. Mas prometem que talvez no show do dia seguinte eles toquem. (E eles tocaram MESMO!!!!!).

A galera que acompanhou os outros setlists já está sentido falta de Inesquecível, e Sandy diz alguma coisa pra introduzir o momento mais emocionante do show. Eu tava de boa, mas aquela introdução, com as imagens de vários momentos da carreira, dispararam um gatilho dentro de mim, porque comecei a lembrar de um monte de coisa que aconteceu e confesso que deu uma balançada. Eles cantam essa música todinha com essa montagem ao fundo, e a canção ganha ares de um pedido quase desesperado dos fãs em “Não, não me deixe mais”. Vi muita gente em prantos nessa daqui. Foi de arrepiar. Mesmo. (A galera errou até a letra. Taí a explicação de por que colocaram partes do Pacaembu no DVD do Maracanã, hehe).

Entramos então na sequência final com Super-Herói (com aquela demonstração de carinho dos irmãos ao final e a homenagem das bolinhas - eu não aguento ficar com a minha até o final, e jogo pro alto no meio da música, eu preciso cantar essa música com todos os músculos do meu ser!), A Lenda (que coral, como gritei!) e Cai a Chuva (danço muito em Cai a Chuva, essa é outra que tem uma energia fenomenal!). Esta última com tudo o que tem direito: Miltinho no saxofone, balé, pirotecnia no palco e uma chuva de papel picado linda de morrer. Dá gosto de ver quando o show foi pensado pra você, né?

Eles saem do palco, e a plateia entoa um coro lindíssimo de Quando você passa. É lindo, lindo, lindo demais.

Começa um vídeo com um depoimento dos dois, contando por que eles resolveram fazer a turnê, como eles são gratos pelos fãs fiéis que eles têm, que nunca se desligaram de Sandy e Junior. Os dois muito emocionados levam o restante dos fãs às lágrimas.

Na volta pro Bis, eles voltam com Turu Turu, todos trabalhados na emoção, com imagens da dupla que compartilham o telão com a letra da música, e é possível ver todo mundo cantando com os olhinhos fechados e a mão no coração. É a declaração de amor final de uma dupla que sabe o tamanho da paixão de seus fãs. Emendam Desperdiçou, se divertindo à vera, e terminam com Vamo Pulá. E como eu pulei, meus amigos. Pulei muito alto! Pulei como se ainda tivesse 10 anos. Pulei sem nem querer saber como ia ser a aterrissagem. Uma nova chuva de confetes e papel picado é lançada para a plateia. Os dois se abraçam e Junior vira de costas, destacando o símbolo dos triângulos brilhantes. Irmãos, acima de tudo. A plateia grita: “In-se-pa-rá-veis!!!! In-se-pa-rá-veis!!!! In-se-pa-rá-veis!!!!” Os dois vão em direção ao lugar onde começaram o show, dão as mãos e se abraçam deixando só silhueta para mais uma foto perfeita, remetendo agora aos últimos shows da turnê de 2007.

Foi lindo. Foi massa. E eu fui.

Olho em volta ainda sem entender o que acabou de acontecer. Fico tentando processar o poder que esses dois têm de entregar um show desse porte, com essa energia, com tamanha entrega. Que falta eles fazem na música pop! Que delícia poder viver isso de novo!

Na saída do show, o público se recusa a parar de cantar, e continuamos entoando Quando Você Passa em uníssono. Quando essa termina, emendamos com A Lenda e Desperdiçou. E quando finalmente alcançamos o pátio externo, percebemos que está chovendo. E qual o problema disso? Os ambulantes vendem capas de chuva, mas ninguém nem faz questão. Nada melhor do que Cai a Chuva, na chuva de verdade, pra encerrar esse dia histórico. Estamos de alma lavada. Literalmente. Que venha o Parque Olímpico (e o resfriado agora!).


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Aquela dos (quase) 30

Eu sei que você não aguenta mais me ouvir falar de Sandy e Junior. Mas o nome do blog é Inútil Nostalgia, e, ultimamente, graças ao retorno da dupla tenho me sentido com 15 anos de novo, tanto é que tá dando MUITA vontade de escrever. Então, é isso ou nada. Aceitem.

Antes de tudo, uma pequena recapitulação. Sandy e Junior começaram a carreira ainda bem pequenininhos, mas foi na adolescência que os dois realmente estouraram como fenômenos da música pop. Eles estavam em todos os lugares e ocupavam todos os “cargos” de importância deste cenário da época. Gravaram a versão brasileira pra música do Titanic, tinham um seriado na Globo, carreira internacional, 1os artistas brasileiros a lotarem sozinhos o Maracanã.... A lista de conquistas era infinita. E é de se admirar que com tanto sucesso, eles não tenham pirado na batatinha, como tantas estrelas mirins. 

Mas, depois dos 18 anos, Sandy e Junior não queriam mais ser um fenômeno pop. Eles queriam respeito, e sentiam a necessidade de se provar que eram mais do que ídolos adolescentes. Eles queriam ser valorizados como músicos talentosos que são. Daí em Identidade, assinaram a autoria das próprias músicas e tiraram o balé dos shows. No disco seguinte, o mais disruptivo talvez, tentaram se afastar ainda mais da imagem que haviam construído, com um CD sem nome, sem a logo oficial, sem nenhuma fonte que remetesse à dupla. Sandy e Junior pareciam ter vergonha de seu passado. Os fãs sentiram o baque. Acostumados a superproduções e uma campanha sempre milimetricamente calculada, os novos caminhos pareciam sinalizar que eles não eram mais a prioridade. Sandy e Junior tinham seus próprios sonhos. E esses sonhos talvez estivessem em descompasso com os anseios de seu público.

Durante muito tempo foi difícil entender o porquê da separação. Afinal, por que acabar algo tão legal que ainda dava um bom caldo? O fã egoísta não queria que acabasse. Mas a experiência própria me mostrou que ninguém merece ser infeliz, ou viver em função daquilo que os outros esperam de você, e durante uma fase difícil, Super-Herói passou a fazer pra mim todo o sentido que sempre teve pra eles. Eu, que sou pobre, tinha vontade de jogar tudo pro alto, mas aguentei até traçar outro caminho. Eles que são RYCOS não tinham a menor necessidade de aguentar tudo isso. E ninguém aguenta trabalhar naquele ritmo frenético pra sempre. Tinha um planejamento, não só de carreira, ali em 2007, mas de vida também. E, sinceramente, eles têm todo o direito.

E aí é que só 3 décadas nas costas fazem a diferença. É claro que o peso do tempo faz as costas doerem (como bem cantou a própria Sandy), mas também traz uma leveza em relação a muitas coisas que antes eram um problema. É bom rir dos problemas e não ter mais a necessidade de se provar. É bom não sentir mais a necessidade de ser aquilo que você não é.

Outro dia saí com um grupo de novinhos, alguns meio escrotinhos, e pensei: "Como é bom ter quase 30 e poder dizer o que você pensa pra esses pirralhos que se acham". Ao mesmo tempo, em meio a essa comoção adolescente que tomou conta do país, também me peguei pensando: "Como é bom ter quase 30 e dizer sem a menor culpa que você está louca pra ir ao show de Sandy e Junior, né?".

Acho que é essa leveza que o Junior tanto fala. A de não ter vergonha de quem você é. E de rir de si mesmo. E se orgulhar do seu passado sim (a ponto de abraçar a causa e fazer o passinho do Dig Dig Joy na coletiva!). Fico feliz de ver Juninho, que sempre foi noiado com essas coisas, nesse nível de deboísmo.

Especialmente porque essa atitude faz os dois abraçarem a causa, e fazerem um show projetado especialmente para os fãs, com balé, e efeitos, e músicas que todo mundo quer escutar, tal qual os primeiros anos do século XXI.

Que venha a Nossa História!
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Quando (1+1) > 2

Quando Sandy e Junior terminaram a dupla em 2007, li um texto no blog do Zeca Camargo cobrindo a emoção do último show ever da dupla em que ele colocava que ali não era só uma questão de admiração e fanatismo, mas quase um ritual de passagem em que os fãs se despediam de um ícone que marcou uma geração e representava praticamente "a trilha sonora" dos ali presentes.

Como se nos consolasse, Zeca dizia que tudo foi muito intenso até ali, mas que o tempo ia lentamente fazer a chama se apagar. E todos íamos ficar bem. Um dia iríamos lembrar com carinho da época que passou, mas estaríamos em outra, que aquela paixão toda inevitavelmente se transformar em memória apenas. Pois bem, Zeca, gostaria de dizer que nesse ponto você estava terrivelmente enganado.

(Agora fui procurar o texto da época, e na verdade não tinha nada disso, mas juro que li em algum canto ele comentando algo parecido com relação a alguma fascinação dos tempos da adolescência. Tem um que ele comenta como ficou desolado com o fim dos Smiths enquanto discorre sobre o final de Harry Potter sobre a geração. Será que minha memória está fazendo mash up das coisas? Talvez. É a idade...)

Pois, 12 anos depois do final da dupla, bastou um anúncio no início de janeiro desse ano para que esse turu turu aqui dentro voltasse a bater com toda a força. (De verdade, o coração tem dado uns pulinhos muito estranhos desde que isso tudo começou). Tenho acordado feliz, sorrio sem motivo, rio à toa, me divirto nos fóruns, canto alto e sinto que tenho 15 anos (ou seria menos?) novamente. Mesmo que sejam só 10 shows*, está sendo extremamente gratificante viver todas essas emoções, compartilhar toda essa adrenalina que só o fã hardcore é capaz de sentir.
* que depois se tornaram muito mais!

(E olha que quando eu tinha essa idade aí eu era até bem normal, depois de velha é que eu fiquei retardada!)

E se a gente tá assim, é claro que pelo resto do Brasil o negócio tá muito doido! Não é preciso ser fã para entender o tamanho da comoção. Basta ter um mínimo de memória.

Desde 2007, ídolos teen vieram e se foram, mas duvido que algum desses cause o nível de comoção causado pela volta de Sandy e Junior. Primeiro porque nenhum deles chegou perto do nível de alcance dos irmãos. Para quem não lembra, lá em 90, não existia música boa ou música ruim. Existia Sandy e Junior. Simples assim. Eles estavam em todos os lugares. Rádio, TV, cinema, revistas. Nas festas de aniversário, era só isso que tocava. Até quem não gostaaaaaava, tinha simpatia pela dupla. Você pode até não curtir, mas não pode negar os fatos. Eles são o maior fenômeno pop que esse país já viu. Fizeram parte da história de toda uma geração por quase 2 décadas, e isso é coisa pra caramba! (Aliás, extremamente feliz o nome da nova turnê). Aceitem isso.

É claro que existia todo um complexo midiático em volta dos dois. Mas quem acompanhou sabe que o talento dos dois é DE VERDADE. Tanto é que, musicalmente, também não apareceu mais nada igual. Boysband vem e vão, mas duplinha magia assim só Sandy e Junior, meus queridos. (Eu tive que ir buscar NO MÉXICO uma dupla de irmãos pop parecida, e mesmo assim não é a mesma coisa. O fator "trilha sonora da vida" conta muito nessa relação) As músicas, antes subestimadas, sobreviveram ao teste do tempo e envelheceram superbem. Ainda soam adolescentes? Talvez sim, mas também parecem extremamente bem produzidas (principalmente as da era de ouro 1999-2002) e absurdamente divertidas. Experimenta ouvir o 2001 de novo. Senhor do Céu, esse CD é um hino do início ao fim. E isso eu tô falando quase 20 anos depois!

Sandy e Junior desafiam a matemática. Com eles, 1+1 não é igual a 2. Os dois juntos são muito mais. É magia, é nostalgia, é muita emoção. Não dá pra explicar. A história de toda uma geração se confunde com a história da dupla, e a memória afetiva é um negócio poderoso demais.

Remexer no baú da história de Sandy e Junior é mexer nas memórias de toda uma geração e a produção da turnê foi extremamente feliz em perceber isso. Muitos dos fãs gostam de Sandy e Junior antes mesmo de se entenderem por gente. Tem fitas aqui em casa de uma Elisa bebezinha dançando ao som da k7 de Sábado à noite. Ver os vídeos antigos da carreira deles é lembrar de momentos importantes das nossas próprias vidas, pois, afinal de contas eles foram a trilha sonora perfeita para quem crescia ali nos anos 90 / 2000. O dia do último show no Rio (02/12/2007), por exemplo, foi o dia em que fiz prova de vestibular pra UERJ, e eu passei naquele vestibular e hoje sou uma profissional super realizada na área que escolhi. Vê-los mais novos nessas imagens é quase como um espelho que nos lembra que já fomos pedaços de gente também.

Por último, pode ser coisa de millenial, mas lidar com esse mundo de 2019 não está sendo fácil. E essa "fenda no tempo" sugerida pelos dois veio bem a calhar. A realidade tem batido com muita força, e está difícil aguentar um mundo tão sem compaixão, e sem esperança de solução no curto prazo. E dá vontade de voltar no tempo mesmo, para uma época mais simples, em que as únicas preocupações eram chegar na segunda-feira na escola e comentar o episódio do seriado que passou no dia anterior. Tem sido um verdadeiro alívio chegar em casa e acompanhar todo esse frenesi novamente e esquecer todas as outras tragédias que inundam o noticiário. O escapismo nostálgico não é só uma maneira de negar a realidade, mas tem sido a única solução para manter um mínimo de saúde mental. 

Sandy e Junior povoam o imaginário de muita gente com um significado que talvez só agora eles se deem conta: o amor. E a gente estava precisando disso. Desse amor fraternal representado no palco, desse amor puro da adolescência traduzido nas canções, desse afago no coração do fã que diz que vai retribuir um pouco desse amor e realizar todos os seus desejos... Já tem tanta coisa ruim acontecendo no mundo, sabe? A gente tava precisando de mais amor. Em doses cavalares. E eu só posso agradecer a dupla por injetar essa quantidade de amor nas nossas vidas esse ano.


E se a ideia era não só fazer uma homenagem, mas também gerar novas lembranças, o objetivo está sendo cumprido. Pois junto com todas as memórias de mais de duas décadas, agora se juntam as lembranças do tumulto que eles estão causando em 2019 com essa nova turnê. Eles estão fazendo história... de novo!
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