segunda-feira, 30 de abril de 2018

Não era promo, era... Cilada!

Olá, amiguinhos, tudo bom? Tem tempo que não apareço por aqui, e já não faço mais questão de pedir desculpas por isso (perdi a vergonha mesmo), mas, mesmo assim, não me desfaço do blog porque é sempre bom ter um lugar para escrever histórias que não cabem num espaço de 140 280 caracteres. Eu sei que tem gente que posta fanfic, contos, promove debates no Twitter, mas, sinceramente, a plataforma não foi feita pra isso, e fico até com preguiça de ler quando a thread é muito longa. (A cada dia que passa fica mais difícil segurar essa barra que é a internet sem os fóruns ou sem o Orkut. Pois é, já falei que eu nunca vou superar!). Mas, resmungos à parte, vamos ao que interessa.

Desde que comprei o apê (pois é, contei o início da aventura em algum ponto do passado, e não voltei pra contar o final... Foi uma novela emocionante, cheia de reviravoltas, blefes e muito estresse, uma vilã pior que bruxa má da Disney... Mas, no final, deu tudo certo, e posso dizer que é bom demais ter um cantinho pra chamar de seu). Mas enfim, desde então, venho me empenhando no Projeto Decoração, que já colocou vários quadros e nichos nas paredes (outra coisa legal de ter casa própria é poder furar as paredes o quanto você quiser!) e recentemente, principalmente, depois de ter ganhado um porta-retratos lindíssimo de aniversário do pessoal do trabalho (ah, tem isso também, agora todas as datas comemorativas eu quero coisas de casa...), estava numa fase “Fotos”.


Como geralmente esse não é o tipo de coisa com o qual eu gaste normalmente, procurei no programa de pontos do Santander se eles tinham algum pacote de revelação de fotos. E tinha! O mínimo para revelar era um total de 200 fotos, e na verdade, eu só queria umas 20. Mas, como era de graça, fiquei meses selecionando as melhores fotos dos últimos anos. Ia ser legal fazer um álbum bem bacana com elas depois, como nos velhos tempos em que a gente revelava os filmes e depois se reunia para vê-las. Foi um processo gostoso e deu uma saudade danada das pessoas, dos lugares, de momentos que foram especiais.

Depois de muito garimpar, finalmente cheguei ao número exato de 200 fotos para revelar. Entrei no site do Santander Esfera, digitei “Revelação de fotos” na busca, selecionei o produto que me daria um voucher para revelar as 200 fotos, digitei o meu CEP e... “Não entregamos neste CEP”. COMO ASSIM VOCÊS NÃO ENTREGAM NESSE CEP???? Coloquei o CEP lá de Nilópolis. A mesma coisa. Entrei em contato com a loja responsável pela revelação e contei o que havia ocorrido. A loja respondeu dizendo que entregava normalmente. Obviamente era um bug no site (mais um, na verdade, eita sitezinho horroroso!!!!).

Podia começar dando um jeito nesse site do Esfera...

Comecei a procurar na internet outras lojas que faziam revelação e os preços eram bastante acessíveis, cerca de R$ 0,20 cada uma em alguns pacotes promocionais. O que encarecia era o frete, e mesmo assim, ainda ficava bem em conta. Encontrei um site, inclusive, que dava 30 fotos grátis na primeira compra! Pensei então, em revelar só umas 50, e com o desconto de 30 fotos, só pagaria 20 fotos mais o frete. Um excelente negócio, exclamei para mim mesma!

Já estava com essa ideia na cabeça, quando pensei: “E se eu procurasse essa outra loja, que tem essa promoção, no Esfera, pra ver se eles também têm convênio com o Esfera? Porque aí eu não ia precisar pagar NADA! E o serviço deles, na verdade, parece ser muito bom!”. Entrei novamente no site do Esfera e digitei o nome da loja. Para minha surpresa, o Esfera achou a loja, e um produto para troca: “Vale Revelação - Leve 150 fotos e pague 100”!!!!! A quantidade de pontos estava razoável, e as 100 fotos equivaliam a mais ou menos a um produto de 20 reais, com a proporção geralmente atribuída a esse sistema de trocas totalmente louco... E eu ainda ia poder usar o desconto das 30 fotos grátis, o que no final das contas, só me faria pagar por 20 fotos, como havia imaginado, mas levaria as 200 fotos que eu queria inicialmente!!! (quer dizer, que eu passei a querer, depois de achar que poderia trocar todas elas por pontos, e agora que eu tinha passado tanto tempo escolhendo, eu queria revelar todas elas mesmo!).

A Becky Bloom dentro de mim logo percebeu o que estava acontecendo. Eu, na verdade, estava ECONOMIZANDO! Por isso, troquei os pontos pelo voucher da loja dos mil descontos. Surpreendentemente o Esfera não deu pau, e a compra foi feita com sucesso. YES!


Fiz o upload das 200 fotos, mas coloquei pra revelar primeiro somente 50 fotos (coloquei as 50 primeiras da ordem que ele mesmo escolheu), porque o site não aceitava duas promoções ao mesmo tempo, e o desconto das 30 fotos só era válido na primeira compra. Depois selecionei as outras 150 fotos, ajustei todas as configurações de tamanhos, coloquei até mais algumas para imprimir em tamanhos um pouco maiores, ou menores, para caber nos porta-retratos que ainda tem aqui, e, finalmente, fui fechar o carrinho. Quando fui ver o total da compra, alguma coisa estava errada! Eu estava esperando pagar pelas 150 fotos mais ou menos uns 5 reais, ele estava me cobrando mais de R$ 50!!!!!

Ué, tem alguma coisa errada! Esse site está com problema, vou falar com eles para reclamar! Não é possível! Eu coloquei o número do voucher! Era pra ele estar me dando um desconto de 100% nas 150 fotos! O que será que está acontecendo?

Voltei ao site do Esfera e li novamente o que eu tinha comprado: “Vale Revelação - Leve 150 fotos e pague 100”. NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOOOOOOOOOOO!


A troca não era por um voucher que dava direito a 150 fotos. A troca era para um desconto de 50 fotos se você levasse 150!!!!!!!! Ele dizia que todos aqueles pontos eram equivalentes a um produto de 50 reais*! Só que o desconto equivalente só dava 23 reais!!!! EU GASTEI 3000 PONTOS, QUE, SEGUNDO ELE, ERAM IGUAIS A 50 REAIS, POR UM DESCONTO DE 23!!!!!!!

*(ATENÇÃO! Fique atento: o Esfera sempre dá a opção de você resgatar o produto só com pontos, ou com metade dos pontos, mais uma parcela em dinheiro. Só que, veja só, quando você escolhe a segunda opção, você ainda assim paga o valor integral do produto se comprasse em qualquer outra loja!)*

E o pior: QUALQUER OUTRA PROMOÇÃO NO PRÓPRIO SITE, OU UM OUTRO VOUCHER DO PRÓPRIO ESFERA (que eu só descobri depois) QUE DAVA 40% DE DESCONTO EM TODO SITE, DAVAM MAIS DESCONTO DO QUE ESSA CILADA EM QUE EU TINHA CAÍDO!!!!!


No final das contas, eu não estava mais economizando nada! Eu tinha perdido 3000 pontos (fora o dinheiro das primeiras 50 fotos) e estava pagando 15 reais a mais por 200 fotos que eu NEM QUERIA REVELAR DE VERDADE!!!!!!

Fui olhar se ao menos dava para cancelar a troca dos pontos. E é claro que era contra o regulamento.

Mais uma vez, me encontro na própria definição contábil de Contrato Oneroso.

Agora estou aqui desolada, me xingando de todos os nomes, e tentando pensar em uma saída para não sair tanto no prejuízo, mas já, talvez aceitando, que a melhor alternativa seja desistir dos pontos e revelar com o cupom da promoção de Dia das Mães, que vale mais a pena.

E a lição que fica hoje é o velho provérbio desse homem trabalhador:

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segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

Você, Tonya

Desde que ouvi falar desse filme pela primeira vez, me perguntei por que seu título começava com a primeira pessoa do singular do pronome pessoal do caso reto. Não seria mais fácil ser só “Tonya”, afinal? Terminada a sessão, penso que o “Eu” no título se deva à alta capacidade de identificação gerada pela personagem.
Durante vários momentos do filme, me peguei pensando: “Eu sou Tonya Harding”. O relacionamento conturbado com a mãe, o cabelo desgrenhado, a rebeldia em tentar se encaixar, a raiva do não reconhecimento porque sabe que tecnicamente é a melhor, a vontade de mudar o sistema... Em certos momentos, a tela parecia se transformar em espelho, tamanha a identificação com a protagonista.
Tonya Harding era uma patinadora de gelo que representou os EUA nas Olimpíadas de Inverno duas vezes. Foi a primeira americana a executar o Triplo Axel numa competição (diz que é um salto muito, muito difícil). Mas teve sua carreira interrompida graças a um incidente controverso (não vou dizer qual é, caso você não saiba, embora basta um Google para você descobrir) em que nunca foi lhe dada a oportunidade de contar a sua versão.
É um filme com altas doses de feminismo, sem em nenhum momento pronunciar a palavra, ou fazer campanha. Com temas que vão desde relacionamentos abusivos, padrões sociais altamente questionáveis, passando pelo tribunal antecipado da mídia (alô, você aí da internet que fica fazendo textão, sem ler as coisas, essa é pra você mesmo!), é o filme certo na hora certa.
Existe uma cena em que Tonya está com o rosto sangrando, sendo levada a força pelo marido, quando o carro é parado pela polícia. O policial VÊ que o rosto dela está sangrando, abre o porta-malas e encontra bebidas e duas escopetas, e DEIXA TUDO SEGUIR. Aconteceu numa cidadezinha dos EUA nos anos 80, mas podia ter sido aqui durante essa semana mesmo.
E nem por isso é um filme chato. Muito pelo contrário. Eu, Tonya te prende do início ao fim, e puxa suspiros e surpresas em diversos momentos.
Absolutamente bem executado, Eu, Tonya tira sarro da tragédia, com um humor auto-depreciativo, e uma montagem que intercala o acontecimento dos fatos com entrevistas dela e daqueles que fizeram parte da vida de Tonya. Sua narrativa, com múltiplos pontos de vista, nunca condena ou vitimiza qualquer dos personagens, muito embora alguns deles pareçam ter saído diretamente de um desenho animado, como o gordinho atrapalhado e a mãe que dá entrevista com um periquito no ombro (você pode achar que essas coisas mais absurdas são exagero do filme. Não são).
A edição às vezes videoclíptica, com direito a cortes rápidos e planos sequências espertos ao som dos maiores sucessos dos anos 70, 80 e 90, o roteiro que quebra a 4ª parede diversas vezes, e a câmera que acompanha Tonya toda vez que entra no rinque de patinação completam o serviço de trazer o espectador para dentro da tela.

Embora o trabalho de cabelo e maquiagem seja tenebroso, fazendo Margot Robbie parecer bem mais velha (e mais estragada) do que a personagem título (a verdade é que Margot já parece ter mais anos do que realmente tem, e o filme não fez nada para ajudar nesse ponto), a atriz faz um trabalho incrível, de entrega total. E eu que nunca dei nada por ela, fiquei de queixo caído.
Não é uma personagem fácil. Tonya era uma mulher que apanhou a vida toda (apanhou da mãe, do marido, dos juízes, da mídia, das pessoas...), e exatamente por isso nunca se fez de vítima. Era uma lutadora, que não desistia nunca. Mas também era amarga, orgulhosa, revoltada, com morais questionáveis, fruto de seu meio disfuncional, tanto para o bem, quanto para o mal. São de encher de orgulho as cenas em que Margot explode de felicidade ao executar os movimentos no rinque, como se ali tudo finalmente fizesse sentido. É de cortar o coração a cena em que o tribunal decide por bani-la do esporte que, literalmente, era sua vida. (Muito embora eu concorde que não houve injustiça ali. Uma atitude desportiva dessas, tinha que banir mesmo). E chega a ser emblemático que a última cena seja justamente ela levantando de um ringue de boxe.
Com tantos atributos, é de se espantar que o filme não tenha conseguido nenhuma indicação a melhor roteiro, ou a melhor filme. Mas, talvez, como a própria Tonya, sua biografia descolada e desbocada não se encaixe no perfil esperado pela Academia. Até quando?

PS. Depois de assistir o filme, faça o dever de casa e assista aos vídeos de Tonya nas competições no YouTube. A alegria dela é contagiante!
PS2. Essa semana estão rolando as Olimpíadas de Inverno e Mirai Nagasu acabou se se tornar a 3ª mulher a executar o Triple Axel em olimpíadas. \o/
PS3. Li alguns comentários de que o filme levantou polêmica por não levar a sério o problema da violência doméstica, e MEU DEUS, VOCÊS ASSISTIRAM O MESMO FILME QUE EU??? PORQUE A MULHER LITERALMENTE PERDEU O QUE PODERIA TER SIDO UMA CARREIRA DE SUCESSO EXATAMENTE PORQUE SOFREU ABUSO A VIDA TODA!!!!! Só porque o filme não mostra uma mulher sofrida e chorando o tempo todo, não quer dizer que não tenha sido grave. A cada diz que passa, vejo que está faltando interpretação de texto no mundo
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