A análise combinatória é a parte da matemática que faz a contagem das coisas de acordo com as decisões a serem tomadas. Dizem ser a matéria mais difícil do Ensino Médio, porém fazer escolhas na vida real é muito mais complexo e nem sempre é útil saber de quantas maneiras diferentes dá pra pedir um hambúrger do Bob’s* (porque no Bob’s você tem escolha. Se você pedir sem pepino no Mc Donald’s a atendente só falta querer engolir VOCÊ vivo).
*Apesar de que o problema das empadas foi o que realmente caiu várias vezes nas minhas provas.
Por vivermos num mundo onde parece que impera filosofia do Bob’s, ficamos com a impressão de que podemos ter as coisas sempre do jeito que a gente quer. Entretanto, fora do balcão, as coisas são bem diferentes. Apesar de tudo o que dizem, não dá pra ter tudo o que se quer. E por isso, estamos o tempo todo fazendo escolhas. Dormir mais cinco minutinhos ou chegar na hora na faculdade? Ir de ônibus ou trem? Rapidez ou conforto?
Só que nem sempre as decisões são tão simples como “colocar bacon ou não”, porque cada escolha às vezes está atrelada a uma série de renúncias. E as mais difíceis são aquelas em que a gente não sabe quais as renúncias está fazendo ou qual o “prato surpresa” que virá daquele pedido.
E se der tudo errado? E se eu não gostar depois? E se eu quiser voltar atrás? Será que estarei perdendo tempo? E se do outro jeito for melhor?
Não dá pra colocar esse tipo de coisa na ponta do lápis. O máximo que dá para fazer é uma lista de prós e contras. Mesmo assim, é só uma ferramenta, não a resposta final para o problema.
Parece que quando éramos mais novos tudo era muito mais fácil. Nossos pais tomavam todas as decisões por nós e a gente não precisava se preocupar. E se depois, a gente não gostasse, pelo menos tínhamos o direito de ficar revoltados e colocar a culpa em alguém depois. Agora, quando uma grande decisão depende de nós, e somente de nós, com quem iremos reclamar depois?
E quando as opções são muitas, às vezes as escolhas também ficam mais difíceis. Seja porque todas elas parecem muito atraentes, seja porque todas têm suas vantagens e desvantagens. (Eu, por exemplo, me apavoro com aqueles “monte-seu-prato” do Spoletto.Além das milhares de possibilidades, não faço a mínima idéia do sabor dos ingredientes.) E em situações mais abstratas, é preciso ver quais delas tem mais peso, mas como pesá-las precisamente se ainda não inventaram esse tipo de balança?
Talvez fosse mais fácil se ensinassem esse tipo de coisa na escola ao invés de como calcular quantos tipos de sanduíche a gente pode pedir. Entretanto, cada um tem o seu hambúrguer preferido e nem sempre aquele que supre as necessidades de um será mesmo o melhor sanduba para outros. É por isso que existem as escolhas. E por mais dolorosas que elas possam parecer, depois de fazê-las, sendo certas ou erradas, se mostram essenciais no processo de crescimento e autoconhecimento.
E às vezes, quem sabe, escolhendo o caminho errado, talvez não se acabe no caminho certo? E às vezes, quem sabe, não se descubra que aquilo que não se quer é na verdade a melhor opção?
Não existe fórmula para esse tipo de coisa. E se tivesse, viver não ia ter a menor graça.