domingo, 16 de fevereiro de 2020

NY, I love you

Desde criança sempre tive o sonho de conhecer Nova York. É a cidade que nunca dorme, onde tudo o que há de interessante acontece. Os outdoors iluminados da Times Square, os teatros da Broadway, os prédios com a escada de incêndio do lado de fora. Meus livros e séries e filmes preferidos possuem Nova York como pano de fundo. E não à toa, pois nessas obras, geralmente Nova York é quase um personagem.

Tive a chance de realizar esse sonho em 2016, quando visitei a cidade no verão. O calor estava de matar. 40 graus. Mesmo. O bom de visitar cidade grande é que você pode se refrescar no ar condicionado das lojas. Foi uma viagem incrível. Fiquei com vontade de voltar. Ainda queria ver a cidade enfeitada de Natal. Porque Nova York é especial de qualquer jeito, mas ainda mais icônica no Natal. E fiz isso ano passado.

Não estava nem a fim de viajar no fim do ano, mas trabalhei muito e decidi que merecia esse presente para mim mesma. E eu adoro viajar, mas odeio planejar viagem, então, Nova York, que eu já conhecia, só que em preparação para as festas era a pedida perfeita.

E foi incrível novamente. A cidade realmente respira Natal e eu me senti o Macaulay Culkin em Esqueceram de Mim 2. Os rinques de patinação, o pessoal do Salvation Army, as lojas com suas vitrines decoradas, o desfile da Macys... Dessa vez estava bem frio. O bom de visitar cidade grande é que você pode se esquentar no aquecedor das lojas. Fiquei novamente com vontade de voltar.

Quando falei que ia a Nova York de novo, no ano passado, meu pai estranhou a repetição do destino. “Mas por que vocês gostam tanto de Nova York? O que vocês veem tanto nesse lugar?”, ele perguntava. Na cabeça dele, a cidade tem pouco a oferecer em termos de história e cultura, comparada com outros lugares da Europa, ou da América Latina, por exemplo.

Mas a resposta para essa pergunta tem muito mais a ver com o modo com a cidade de organiza do que com os pontos turísticos em si.

Pra começar as ruas são todas numeradas, e é quase impossível se perder. Acho muito prático.

Mas acho que o motivo principal para Nova York despertar um pulinho no meu coração toda vez que vejo uma foto é justamente o fato de que quando estou em Nova York, por incrível que pareça, eu me sinto em casa.

Acho que a grande virtude da cidade é que, como toda metrópole, ela consegue ser várias cidades em uma só. Em determinado ponto, é a cidade das luzes ofuscantes com todo mundo tirando fotos e carregando sacolas. Em outro logo atrás, tem um parque em que as pessoas relaxam e jogam pingue-pongue no meio da selva de pedra. E no meio de tudo um baita trabalho de urbanismo que oferece quadras de tênis e campos de quadribol. É uma cidade onde as pessoas vivem. E eu adoro ver as pessoas viverem. Na verdade, eu adoro VIVER como aquelas pessoas quando estou lá.

A multietnicidade é o que torna a cidade tão especial. Em Nova York, é impossível apontar que é turista e quem não é. E aí não tem aquela cultura arraigada de tentar enganar o turista, como em Roma. E quando você anda pelas ruas, você é só mais um na multidão querendo chegar em algum lugar. É uma cidade que não só está acostumada com estrangeiros, mas foi construída por estrangeiros. Realmente é o ápice da cultura globalizada.

Come-se muito bem em Nova York. De todos os lugares que já visitei, Nova York é onde saio mais satisfeita no quesito gastronomia. E de novo, o caldeirão de culturas é a chave do sucesso. Em Nova York, como o melhor da comida italiana (melhor que na Itália) e da francesa. Tem barraquinhas com representantes da comida árabe e só procurar no Google para encontrar restaurantes gregos, turcos ou japoneses. Em Nova York, eu como salada e fast-food mexicano. E se quiser muito ainda descolo uma churrascaria brasileira. Os mercados são cheios de opções saudáveis e dá pra ver que o nova-iorquino que diz que só come besteira, o faz porque quer.

Não é uma cidade perfeita. Muito pelo contrário. A maior cidade do planeta convive com muitos problemas enfrentados aqui no Brasil. O metrô tem ratos, às vezes vem ser ar e obriga os passageiros a descerem por causa da avaria. E a desigualdade dentro da própria cidade se manifesta se você começar a percorrê-la de norte a sul. Você vê claramente os bairros ricos, os bairros pobres, a classe média pegando o lotadão para atravessar a ponte. Mas funciona. Na minha opinião, acho que até bem demais, se você considerar o tamanho da cidade. E talvez esse seja mais um motivo para que eu me sinta tão bem lá. Quer dizer, caramba, é a cidade mais incrível do planeta e sofre com muitas das mazelas que rolam aqui na esquina na minha casa, sabe? Em Nova York, não rola complexo de vira-lata, embora às vezes dê vontade de fazer um estudo de caso. Cidade grande, grandes problemas, grandes soluções.

Fico em dúvida quando alguém me pergunta se teria vontade de morar lá. Por um lado, tem todas as coisas legais dos filmes e séries e livros, e os teatros e inúmeros eventos acontecendo na cidade (eu adoro morar onde as coisas acontecem). Por outro tem todos os problemas daqui potencializados por uma população ainda maior. Não sei depois de um tempo ainda ia achar tão legal assim. Mas que dá vontade de voltar todo ano pra passar uns dias, desligar a cabeça e curtir NY como um nova-iorquino, ah isso dá!
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