segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Gilmore Girls, uma metáfora de si mesma

Depois de maratonar o revival, e ficar sem dormir, e discutir incansavelmente os novos episódios, eu ainda não consegui superar Gilmore Girls. Porque eu sou nerd. E faço o dever de casa, como diz a Ju.

Fui ler todas as entrevistas dadas pelos criadores sobre série, e terminei encontrando essa daqui, da época que eles decidiram abandonar a série. Eu provavelmente já tinha lido essa entrevista há muito tempo. Mas nunca tinha reparado na similaridade que as falas de Amy e Dan refletem a série. A entrevista é incrivelmente dramática. Você sente a dor e a raiva pulsando nos dois. Você sente o desespero de Michael Ausiello (jornalista e fã assumido, tão fã que fez uma ponta no revival). Parece até um Friday Night Dinner. Tem falas que parecem ter sido roteirizadas para Gilmore Girls. Estão lá a irreverência da Lorelai, o extremismo da Paris, o sarcasmo da Emily.

Em outra entrevista que li, Dan Palladino chega a comentar como Lorelai compartilha muitas das características da própria Amy. Mas, me arrisco a dizer que Amy Sherman é muito mais Paris do que Lorelai, pelo menos no trabalho. A teimosia de querer que tudo seja do jeito (isso a Lorelai tem de sobra também), o jeito centralizador como conduzem a série e a decisão de largar um trabalho que você tanto ama, justamente pelo próprio bem do programa, baseada numa decisão 100% racional (vê se isso faz sentido pra vocês), são situações com o selo Paris Geller de resolução de problemas.

Pra você que não acompanhou a treta na época, vou fazer um resumo. Mas não deixe de ler a entrevista, porque o melhor dela, assim como Gilmore Girls, não está no conteúdo bruto, mas sim nos detalhes, nas entrelinhas, em tudo aquilo que talvez não tenha sido dito (e essa é uma das belezas desse final também, mas isso eu comento depois).

Os contratos dos showrunners eram renovados ano a ano. Então todo o ano, eles tinham que sentar numa mesa e negociar se a série ia continuar no ar ou não. Eram meados da 6ª temporada, e Amy e Dan queriam renovar por pelo menos mais dois anos, pra planejar melhor as histórias, saber como iam desenvolver os arcos, até de um eventual final. Outra reclamação era que eles estavam trabalhando demais. Faziam tudo na série (planejavam, escreviam, dirigiam, editavam...). Precisavam contratar mais gente pra delegar. Não dava mais pra continuar assim, sob pena de queda da qualidade da série. A Warner simplesmente ignorou os pedidos. Falou que ia renovar um ano só, e que não ia contratar mais ninguém. E aí Amy e Dan ficaram muito revoltados e largaram a série.

E eu fiquei pensando no quanto essa história não representa um pouco do que foi Gilmore Girls nas telas também. É uma história que é...complicada. Não tem certo e errado. Não tem decisão 100% racional. E apesar de serem “negócios”, tem muito amor envolvido. Os personagens são falhos. Fazem besteira. E se arrependem. E repetem exatamente os mesmos erros, porque ainda tem um monte de mágoa ali dentro.

O final desse behind-the-scenes você já conhece. A sétima temporada continuou sem eles e, por mais que não tenha sido uma temporada RUIM, nessa altura do campeonato, os espectadores não conseguiam separar a história mostrada na tela do drama ocorrido fora delas, e a audiência foi caindo, e a sensação geral era que era melhor terminar a série de uma vez. O último episódio, mesmo escrito e gravado sem saber que ia ser realmente o último, surpreendentemente, foi muito bom. Muita gente ficou com a sensação de que se fosse planejado, talvez não fosse tão legal. Uma festa de despedida para Rory, a cidade inteira reunida, Lorelai fazendo as pazes com a família e reconciliando com Luke. É um episódio lindo, amarradinho, extremamente satisfatório.

Mas a gente ficou sem saber as 4 últimas palavras. A gente ficou sem ver o casamento de Lorelai e Luke. A gente ficou sem o final original que Amy tanto alarmou que sempre soube qual seria. Por muito tempo a gente pediu um filme. A gente viu Veronica Mars fazer um com o dinheiro dos fãs, inclusive! Mas não, assim como muitos relacionamentos de Lorelai, ainda não era “o certo”.

E o tempo passou, e com a paciência de Luke, a gente esperou. E a série começou a passar em reprises na TV (tanto lá, quanto aqui!) e ganhar mais fãs. E surgiu o Netflix, que começou a passar as temporadas clássicas, e a série ficou mais popular do que qualquer um poderia imaginar naqueles tempos! A série envelheceu muito bem. Porque fala de relacionamentos e família e conflito de gerações. E ela mesma atravessou gerações nesse período! E a gente viu uma onda de revivals, em sua maioria totalmente desnecessários, tomarem conta tanto da TV tradicional, quanto das plataformas de streaming. E o único que realmente PRECISAVA acontecer...nada! E Amy falava que quando fosse a coisa certa ela ia fazer. E a gente, como Luke, esperou mais um pouco.

Até que veio a chance de retomar a série. 9 anos depois. 16 anos depois do primeiro episódio. Parecia mágico! “I smell snow!”, diria Lorelai. Olha tudo o que teve que acontecer com o mundo para que o revival saísse do papel! E praticamente todo mundo voltou, nem que fosse pra fazer uma ponta! E o revival foi liberado e... é lindo!

É poesia, é arte, é emoção e comédia e fanservice, tudo misturado. Como só Gilmore Girls poderia oferecer.

Não é perfeito. Ainda tem um certo ressentimento de Amy Sherman ali, tal qual o relacionamento de Emily e Lorelai, já que a showrunner fez questão de ignorar deliberadamente todas as decisões criativas tomadas durante a 7ª temporada. E muitos personagens secundários foram subaproveitados por causa desse formato de 4 episódios de 1h30. E algumas coisas que parecem que deveriam ter acontecido uns 5 anos antes. Muitos diálogos expositivos... Mas a história que deveria ter sido contada tá ali, intacta, por incrível que pareça.

Talvez uma das maiores mágoas desse revival ter demorado tanto foi a morte do Richard. Mas até sua ausência foi tão bem aproveitada que pareceu planejada. E de alguma forma, mesmo com todo esse tempo, tudo parecia muito certo, mesmo saindo tudo errado lá atrás, mais ou menos como a própria trajetória de Lorelai, grávida aos 16, mas uma mulher incrível aos 32. 

Tem gente que se preocupa muito com o final dos personagens. Tem gente que gosta de enxergar as coisas como um todo. Geralmente estou no segundo grupo (vide o final de Um Dia, que eu defendo à beça). E o final de Amy e Dan é lindo, apesar de em nada lembrar o que tivemos lá atrás (que eu também gosto muito, e fico feliz de ter existido, e nem tenho pretensão de escolher entre um dos dois). Ele não é amarradinho, e em alguns níveis, nada satisfatório. Ele deixa você pendurado, pensando, imaginando, refletindo. Não é um final fácil. É um final controverso. Pra caramba. Porque Gilmore Girls, por trás das loucuras de Stars Hollow e das referências a cultura pop, não é uma série fácil. E sempre foi controversa. Tem gente que se acha a própria Lorelai, tem gente que não entende como Lorelai pode ser tão...Lorelai(!). Tem gente que se inspira na Rory, tem gente que não suporta a Rory. Tem gente que torce pro Dean, pro Jess e pro Logan. 

E na maioria das vezes fomos um pouco disso tudo durante essa jornada. Mudamos de ideia sobre nosso amor ou ódio aos personagens a cada episódio. Mudamos de ideia sobre nosso amor ou ódio aos personagens porque nós mesmos havíamos mudado, quando fomos assistir novamente. E dissecamos cada um deles. E inventamos mil teorias, e fomos um pouco psicólogos porque os personagens são ricos (alguns até no sentido literal), e complexos e essencialmente humanos. E mesmo com o final da série (de novo!), vamos fazer isso ao longo de muito tempo ainda. Porque Gilmore Girls sempre deixou as melhores coisas nas entrelinhas, apesar de possuir mais linhas do que qualquer outra série de TV.

Gosto especialmente da parte do livro, não só porque, das figuras de linguagem, a metalinguagem é a minha preferida. Mas porque ela se encaixa tão bem! E confirma minha teoria final de que Gilmore Girls, com todas as suas qualidades e defeitos, é uma metáfora de si mesma.

E quando mais eu penso no final, na jornada, no livro, nas 4 palavras, no ciclo se fechando, mais eu enxergo beleza e complexidade na série que é Gilmore Girls. Uma “série sobre pessoas”, como a gente gostava de falar nos idos anos 2000. Uma expressão que caiu em desuso, inclusive, porque nunca mais se fez “séries sobre pessoas” do jeito que se fazia. 

Não que já tenha existido alguma série que pelo menos se parecesse com Gilmore Girls. Não teve, e acho que nunca vai ter. E é isso o que a torna única.  É isso o que a torna... Gilmore.
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quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Jamie Cullum no Brasil, EU FUI! - pt 2

O caminho até o teatro em SP foi tranquilo. Desembarcamos em Congonhas umas 20:40, pegamos um táxi com um motorista bem comunicativo (quando eles não são, não é mesmo?) que foi nos mostrando os principais pontos da cidade e sabia de cor o quanto custou cada obra, inclusive as inacabadas, e chegamos ao Teatro Tom Brasil lá pras 21:30. O show era às 22:00.

Dividimos a mesa com um grupo de amigos mais velhos que ficaram atrás da gente e com duas outras meninas mais ou menos da nossa idade que ficaram com as cadeiras da frente. Uma era de SP, outra de Recife. Conversamos como tinha 10 anos que esperávamos por esse show, e como o Jamie era incrível e como tínhamos certeza que iríamos gritar muito durante o show. Esboçamos um plano de tentar entrar no camarim também quando o show acabasse.

Pensei que só fosse começar lá pras 22:30, mas quando nos encaminhamos para a mesa, já tocava o primeiro sinal. Pontualidade inglesa!

Só uma coisa preocupava. A onda de jornalistas que estava colada ao palco para tirar fotos. Se eles não saíssem logo dali, a o bagulho ia ficar tenso!!!!!

O show começou com Same Things e Jamie batucando naquele tambor louco dele, a plateia ainda esquentando, mas cantando todas as letras. Logo depois veio Get Your Way, com a clássica subida no piano seguida do salto lá de cima. O povo cantava lindamente o refrão. Eu tocava todos os instrumentos no ar (como sempre faço em casa e sempre soube que ia fazer no show).

Ao fim de Get Your Way, demos uma dura nos jornalistas, que prometeram ficar ali só as 3 primeiras músicas. Fiz questão de lembrar que já era a terceira agora. Ele cantou Don’t You Know me Babe, do Interlude, que sinceramente, ninguém liga, mas se era pra ele cantar uma música que ia ser atrapalhada pelos fotógrafos, que seja essa mesmo. Aproveitamos pra tirar fotos.


Daí os jornalistas saíram mesmo e o Jamie foi para o piano elétrico. Todo mundo achou que ele fosse tocar uma música mais nova e continuar na vibe jazz clássico quando ele entoou os primeiros versos do refrão de Mind Trick e a galera foi à loucura!!!!!!!

Ele começou bem lento, as pessoas acompanhando todas as sílabas, sem acreditar que aquilo estava acontecendo. ELE QUASE NÃO TOCA MIND TRICK NOS SHOWS!!!!! E essa música no Brasil fez um sucesso estrondoso. E é uma das minhas preferidas dele!!!!!!! Foi a que me apresentou ao seu trabalho, na verdade. Cheguei a pensar que ia ficar só nesse interlúdio mesmo, mas depois ele aumentou o ritmo e cantou a música no seu andamento original, com aquela pegada dançante que é UMA DELÍCIAAAAA!

IIIIIII missed the opportunity
Toooooo get to you babe to stay with me

A gente se segurava na cadeira, querendo levantar pra dançar, mas tinha que manter o protocolo. Logo depois vieram What a Difference a Day Made (cantada também a plenos pulmões) e Save Your Soul (AMO MUITO Save Your Soul! É uma música que tem um significado enorme, uma energia forte, e durante uma época da minha vida parecia traduzir exatamente aquilo que eu estava sentindo) com direito a plateia fazendo “Eeeeeeeeee” e “Ooooooooo” nas partes certas. No final ele pediu que a gente continuasse a capella e foi lindo, lindo, lindo! Vocês tinham que ver a carinha dele quando a gente cantava o “Eeeeeeeeee” e “Ooooooooo”, meio sem acreditar que o povo tinha vindo estudado e já sabia todas as nuances do show, meio sem acreditar que aquele povo sabia as músicas dele a tal ponto de decorar esse tipo de coisa!!!!!!

E então, mais uma surpresa: Everlasting Love!!!! (QUE ELE TAMBÉM QUASE NUNCA CANTA!!!!!) Talvez tenha sido a sequencia de Bridget Jones no cinema, na verdade. Mas assim, todo mundo AMA Everlasting Love, foi uma das primeiras músicas que eu gostei dele, e o povo tava cantando MUITO ALTO todas as letras pra variar! No meio dessa, ele ainda tocou trechos de Next Year (“I’m gonna teeeeeell yooooou, how I feeeeeeeeelllll”), que, nossa, é sempre a minha trilha de 31 de Dezembro, e, amo demais de paixão!!!! Sério, tava difícil de acreditar que ele tava cantando todas as músicas mais legais!

Spend less money on shoes...
Dá uma olhada no tênis dele!
Em I Get a Kick Out of You, ele faz um gesto no nariz na parte em que canta “I get no kick from cocaine”, como quem estivesse usando drogas. HA! Nem gosto muito dessa música, mas adoro quando ele faz isso. Ia ficar extremamente chateada se não fizesse.

De repente, silêncio. Ele começa a batucar o piano (um clássico da Cullumlogia!). E ele bate de um lado. “Ainda não tá bom”. E bate do outro, “Ainda não tá bom”, e bate mais um pouco... E emenda num beatbox maneiríssimo. A gente já sabe qual a música. “Love for Sale” em sua versão malvada, que só o Jamie sabe fazer. A gente vai cantando, acompanhando quando Jamie simplesmente resolve DESCER DO PALCO e IR PRO MEIO DO POVO. Isso tudo sem parar de cantar.

Um clássico

Ele para em frente a uma menina e canta toda a parte da ponte como se fosse pra ela, sortuda, que dá um abraço nele, claro. Nisso, está todo mundo enlouquecido em suas mesas tentando o acompanhar o que está acontecendo no meio da plateia, quando ele resolve voltar ao palco. Só que volta CHAMANDO TODO MUNDO PRA IR ATRÁS DELE!!!!!!! (Sério, ele fazia o gesto com a mão mesmo, tipo: “Vem, vem, pode vir!”).

Aí, meu irmão, não tem compostura que resista. Todo mundo vai pra frente. Eu deixo meu celular na mesa, sem nem pensar duas vezes. A menina da nossa mesa acha que ele tava chamando pra subir no palco e tenta escalar o palco (o segurança não deixa, óbvio). E então, o show, que já estava bom, FICA SENSACIONAL!!!!! Aquela energia contida nas cadeiras extravasa total e a gente curte o show como se não houvesse amanhã! São braços para o alto o tempo todo, inclusive tentando pegar na mão dele que passava ali de vez em quando, e fotos, e vídeos, e corpos dançando e vozes em uníssono entoando TODAS AS LETRAS!!!!

Mãos ao alto!

Sério, galera, os fãs do Jamie são os melhores fãs. Dava pra sentir no ar como as pessoas estavam extremamente felizes, meio extasiadas até, vivendo aquele momento totalmente mágico de assistir o show do seu cantor favorito (definitivamente eram fãs, não tinha desavisado ali), depois de esperar 10 FREAKING anos!!!!!!!!

Depois de Love For Sale, ele conversa um pouco com a plateia, e pede desculpas por ter demorado tanto pra voltar. Ele pergunta “How do I look?”, porque desde então ganhou umas ruguinhas no rosto. Alguém da plateia diz: “You look best”, errando a gramática, mas ele entende, e agradece a generosidade. Ele elogia a performance do público e nos faz prometer que iremos dançar no restante do show (como se fosse necessário pedir).

Ele se dirige para o piano e conta uma historinha sobre um menino que era rejeitado pelas meninas na escola, e que promete que quando ele crescesse, ia virar um cantor muito famoso, e ia se vingar daquelas garotas metidas. Ele complementa que aquele menino, é claro, não é ele, como vocês já sabem (aham!). E a gente já sabe mesmo porque ele sempre conta essa história antes de começar When I Get Famous. E cantamos, e dançamos e pulamos muito durante a música, que é Jamie Cullum na sua essência! (Ah, sim, claro, ele pula do piano mais uma vez nessa, só pra não perder o costume)

A gente ainda estava se recuperando de When I Get Famous, quando ele resolveu começar o bombardeio de hits. Don’t Stop The Music transformou o Tom Brasil numa verdadeira balada, com a plateia cantando a plenos pulmões, experimentando à vera a letra da canção, e praticamente implorando para que o Jamie Cullum por favor não parasse a música. Logo depois, um cara grita “Jamie, I Love You!”, meio de sacanagem, e ele responde com uma voz estilo Barry White: “I love you too”, levando todo mundo aos risos, para então transformar o teatro num grande coral com All at Sea. Era de arrepiar!!!!!! A conexão entre o público, as músicas e o Jamie era quase tangível. Estávamos todos num imenso transe coletivo, e não fazíamos questão de acordar.

O povo ainda estava meio sem acreditar que aquilo estava acontecendo, o Jamie concentrado para a próxima música pedia um pouco de silêncio, e talvez o mesmo cara que declarou seu amor pelo Jamie (e foi correspondido) manda a real: “Deixa o mozão cantar!”. Seu pedido é prontamente atendido e Jamie começa High and Dry, que sempre é um grande momento do show. (Dessa vez não rolou aquela brincadeira de dividir a plateia, pra depois misturar, como ele geralmente faz, mas foi lindo do mesmo jeito!).

Se divertindo horrores!

Logo depois, ele veio pra frente do palco, junto com todos os membros da banda* e tocou Uptown Funk, com direito a uma dancinha superridícula no refrão (amo!!!!). Do lado de cá do palco, a galera dança junto e se diverte à vera, mesmo quando Jamie tenta fazer a gente cantar uma parte da letra que a gente não sabe.
* Nota: o baixista era extremamente simpático, posou para várias fotos! Inclusive, depois do show, tiramos fotos com ele, que elogiou nossa camisa, e disse que estava se divertindo muito no Brasil (ele estava no Rio desde o início da semana.

Durante o instrumental dessa música, ele avista alguém transmitindo o show via FaceTime no meio do povo e manda: “Ei, você que está no FaceTime, me dá seu celular”. E ele pega o celular e começa e filmar a si mesmo para a pessoa que estava na teleconferência, tira várias selfies, para depois deixar o celular no piano gravando tudo. E então, pega outro celular da plateia que tb está transmitindo o show ao vivo, e se diverte, colocando os dois celulares um na frente do outro! Um dos momentos mais legais do show!!!!!!

SENSACIONAL!!!!!

Em TwentySomething, ele apronta todas também, levanta a camisa na parte da música que fala do tanquinho (só faltou aquela corridinha clássica). Ele aproveita para descansar durante o instrumental da banda, e se hidratar, e dá até água para um cara da plateia que diz que está com sede. Ele estava claramente se divertindo muito! E a gente também estava se divertindo horrores. O que é a melhor coisa de um show!

Bom, ele tinha cantado praticamente todos os grandes hits, mas ainda faltava o grand finale. Uma ode à nostalgia em forma de canção que é impossível deixar alguém parado quando toca. A minha preferida de Jamie Cullum de todos os tempos. 

A música que eu sonhava em VIVER ao vivo. Porque, senhoras e senhores, Mixtape é mais do que uma música. É uma experiência sensorial quase adolescente em pleno show de jazz. Quando coloco pra ver os vídeos no Youtube, eu não me aguento, e me emociono, e canto e pulo, como se eu estivesse lá!!!!

E eu cantei. E eu dancei. E bati palma. E pulei, como há muito tempo em não pulava em um final de show (acho que desde Sandy e Jr, na verdade), mesmo antes de ele contar até quatro no final. E foi MÁGICO aquele uníssono entoando “Ôooooooooo”, mesmo com a música já encerrada, e o Jamie saindo do palco. E a gente continuou até que ele voltasse pro Bis, igualzinho no vídeo que tem aqui na barra lateral, exatamente como deveria ser (tô falando que os fãs do Jamie estudam!!!!!). O sorriso dele durante essa música era O MELHOR!!!! Parecia que ele não ele não estava acreditando, sabe?


OLHA A CARINHA DELEEEEE!!!!

Na volta pro Bis,ele improvisou um melodia com versos como “The only word I know in portuguese is Paralelepipedo” e “São Paulo, I made up this song for you because I love you....”, ao que, claro que as pessoas respondiam “I LOVE YOU TOO”, como se fosse preciso qualquer prova de que o sentimento era recíproco. Daí então teve These Are The Days com todo mundo cantando junto, inclusive o “pa-pa-pa-pa-pa”. E pra finalizar mesmo, uma performance emocionante da linda Gran Torino.

Sem dúvidas, o melhor show que eu já fui na vida! E a certeza de que Jamie Cullum é, de longe, o melhor artista em atividade. Ele prometeu não demorar tanto pra voltar da próxima vez. Espero que cumpra a promessa mesmo, porque agora estou mal acostumada.


Não gravei Mixtape por motivos óbvios, mas aqui tem o finalzinho com a gente cantando e eles se despedindo. Me arrepio toda vez que dou play!
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Jamie Cullum no Brasil, EU FUI! - pt 1

Você que acompanha esse blog há algum tempo já está cansado de saber que a trilha sonora da pessoa que vos fala tem a voz desse inglês baixinho, descabelado e imensamente talentoso que atende pelo nome de Jamie Cullum. Já teve vários posts aqui mesmo tentando aliciar muitos de vocês para o caminho da boa música entoada por Jamie, e contando de como eu acabei por ficar superfã do seu trabalho. Então, essa parte hoje, eu vou pular.

Acontece que, mesmo amando demais Mr. Cullum, nunca tinha tido a chance de ver um show dele. Simplesmente porque, desde seu estouro em 2005/2006, ele NUNCA MAIS veio ao Rio de Janeiro. Em 2001, chegou a ir a São Paulo, no Festival Natura, mas era interior, pra tocar só durante uma hora, e por mais que eu o amasse muito, muito, muito, não valia a pena a aventura. Já estava quase desistindo de vê-lo por aqui em terras brazucas, e pensando seriamente em escolher o destino das próximas viagens em função da agenda do moço, inclusive.

Só que aí, no meio de agosto, eu estava vivendo um outro sonho antigo, de visitar NY (só posso dizer que recomendo a todos, foram dias absolutamente mágicos, morro de saudades todos os dias), e recebi uma notificação no Twitter da Marcelle (que eu conheci há anos, da época do Orkut, da comunidade da Meg Cabot), falando que ia ter show dele no Brasil em Outubro. Em SP. Ia ser dia 21, uma sexta-feira. Ótimo! 2016 estava realmente de parabéns!

Aquele momento em que você tá fora do país e descobre que o Jamie Cullum vem ao Brasil
O dia era 16 de agosto, eu estava lá no meu apê alugado em Manhattan, me aprontando pra sair pra curtir o dia e surteeeeeeeiiiii. Já me imaginei pulando em Mixtape, fazendo “eeeee” em Save your Soul, curtindo horrores todas as outras músicas. São literalmente 10 anos esperando esse show! Não dava pra acreditar que ia ser real!!!!

Comprei o ingresso no mesmo dia. Primeira fila, bem de frente pro piano. O melhor uso da minha carteirinha de estudantes que eu já fiz (e tem gente que não entende quando se fala que educação não é despesa, é investimento!!!).
Não sabia direito como ia chegar, e nem tinha comprado a passagem ainda. Mas o ingresso já estava garantido.

E os dias foram passando, e eu resolvi detalhes de passagem e hospedagem, e fiz até uma camiseta especial para o dia (porque eu sempre disse que o dia que o Jamie viesse ao Brasil eu ia fazer uma camiseta personalizada. Pois é, sou dessas! Não que seja alguma novidade pra vocês a essa altura, na verdade).

Porque ele não é músico, é mágico!
Até que chegou. E eu já tinha toda uma agenda preparada. Ia sair do trabalho cedo, chegar ao aeroporto com antecedência, pegar o voo... Só que, é claro que, se não tiver emoção, não tem graça, e vivi uma verdadeira aventura pra chegar no aero no dia. Saca só.

Meu voo estava marcado para as 19:10. Eram 17:15, e eu já estava me preparando pra ir embora quando chega um menino com uma dúvida sobre uma operação incomum que fizemos no trimestre e como ela estava impactando as demonstrações financeiras. Já tínhamos discutido aquilo mais cedo durante aquele dia, o assunto era polêmico mesmo, e basicamente eu era a melhor pessoa pra debater o tema. Ele falava umas coisas meio sentido, a df já perto de liberar pra auditoria, eu não concordava muito com o que ele dizia no fundo, mas fingia que sim, como estratégia de que a discussão acabasse mais rápido. Até que em determinado momento, ele se deu por convencido de uma das suas teorias, e partiu pra fazer a alteração que achava necessária. Era a minha deixa. Pedi licença, disse que tinha um compromisso e meti o pé.

Nisso já eram 17:45, e eu já estava atrasada. Peguei um táxi na porta da empresa e pedi pro taxista tocar pro Santos Dumont o mais rápido que ele pudesse (eu trabalho relativamente perto, do lado prefeitura, era possível de chegar ainda). Ele ficou meio ressentido de pedir pressa, mas prometeu ajudar. Só que o trânsito estava UMA BOSTA! Ficamos parados praticamente um tempão só ali atrás, na rua embaixo do Paulo de Frontin. O táxi não deu nem a volta inteira no prédio da empresa. Chegou uma hora que eu não aguentei e desci do táxi. Era melhor arriscar pegar o metrô do que ficar ali parada. Eram 18:15.

SAI VOADA, CORRENDO, pra estação do Estácio e peguei o metrô. Minha irmã, já no aero, me perturbando no celular porque eu não tinha chegado. Morria de medo de perder o avião. Parecia cena de filme. Desci na Cinelândia e...nova corrida até o portão de embarque. Já estava super ofegante! Me embolei toda na hora de entregar o papel para o cara escanear. Eram 18:50 quando cheguei e, graças a Deus, o voo estava atrasado. Todo mundo ainda esperando pra embarcar.

Ufa, essa foi por pouco! Jamie Cullum aí vou eu!
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