Nesse último mês de Setembro, como já muito comentado aqui nesse blog, Meg Cabot fez sua visita ao Brasil. Puxa-saquismo à parte, a mulher é um fenômeno. Cabot fez praticamente uma turnê pelo país e visitou 4 capitais brasileiras. (Sim, ela já está conhecendo mais lugares do Brasil do que eu que nasci aqui). E todos os eventos simplesmente BOMBARAM! Foram 1300 autógrafos em 2 dias de Bienal do Livro no Rio, com direito a muita fila e gente inclusive de outros estados chegando super cedo pra garantir logo uma senha. Os 300 ingressos para o evento de Curitiba se esgotaram em, tipo, uma semana. Isso porque eles estavam distribuindo com um mês de antecedência. E nem estou contando os eventos de São Paulo e Salvador (sim, tia Meg também passou pelo Nordeste).
Pra você ter uma noção, o Maroon 5 esteve aqui no Brasil ano passado e só fez 3 shows em 3 capitais (Rio - eu fui!, São Paulo e BH.). E nenhum dos shows teve lotação máxima. Quer dizer, a moça está melhor que muito popstar por aí (guardando as devidas proporções, claro. Em questão de número, é óbvio que o M5 ganha).
E eu acho isso o máximo! A Meg mobilizar tanta gente assim para vê-la, quero dizer. Não por eu gostar dela (tá legal, tem um pouco-muito a ver com isso sim), mas por ela ser uma personalidade de um universo geralmente tão desprezado pelos jovens, como a literatura, estar fazendo com que eles gostem tanto de ler quanto de assistir a um show da sua banda favorita.
Eu só citei a Meg de início porque é o exemplo com o qual eu mais de identifico, mas ela não é a única que consegue essas proezas. JK Rowling encheu um estádio de futebol só para ser ouvida lendo umas passagens de Harry Potter *. O novo livro do Dan Brown vendeu não sei quantos milhões antes mesmo do lançamento. E nas terras tupiniquins, Thalita Rebouças também faz turnê pelo país, junta adolescentes na porta das livrarias para vê-la e estrela comercial de TV.
* JK fez muito mais que isso, eu sei. Mas eu só estou ilustrando aqui.
Está nascendo aí uma geração de fanáticos pela leitura, da mesma forma que existem fãs de Star Wars, Madonna e futebol. E junto com ela, a figura do escritor popstar.
E isso tudo é muito, muito, muito legal. Primeiro porque a leitura deixa de estar ligada a uma imagem negativa e chata. E depois porque a literatura se torna um elemento altamente pop, com tudo o que tem direito: trailer de livro, estratégia de divulgação, sessão de autógrafos disputada, convenção de fãs, sites na Internet, frenesi às vésperas do lançamento da obra, etc. E isso é muito maneiro, vai!
Uma vez eu fui a um evento do lançamento do HP7, mesmo sem ter lido HP, e adorei aquilo. Aquele povo todo fantasiado andando pelo shopping, as discussões sobre o que eles achavam que ia acontecer no final, maratona dos filmes, sorteio de brindes... Teve até uma entrevista com o dublador do Ronny! Me diverti naquele dia. E eu já falei à beça do quanto eu ADOREI a Bienal desse ano, né!
Os mais ortodoxos vão alegar que os escritores popstars estão prostituindo o gênero com suas obras descartáveis e desvirtuando a atenção do que realmente importa (os livros) para eles mesmos. Os céticos mais otimistas também vão criticá-los, mas argumentarão que, pelo menos, eles podem ser a porta de entrada dos jovens para clássicos como Machado de Assis.
O que esse pessoal se esquece é que livros foram feitos para serem lidos. PONTO FINAL! Não necessariamente eles precisam ter uma grande lição que vai mudar a sua vida, nem criticar alguma coisa da sociedade. Eles só têm que ser agradáveis e fazer com que nós tenhamos vontade de lê-los até o fim.
Se eles tiverem algo a mais, ótimo. Mas acho que o mais importante é que tenha uma história bacana e bem estruturada. Caso contrário, todo “rebuscamento”(existe essa palavra mesmo?) será em vão.
Veja bem, não estou negando o valor dos “livros cabeça”. Só estou dizendo que nem todo livro precisa marcar o pensamento de uma era. Da mesma forma que nem toda música precisa ser clássica, nem todo livro precisa ser um clássico.
E o leitor tem todo o direito de ter a opinião que quiser e ler o que lhe der na telha, sem ser criticado se aquela leitura é de “qualidade” ou não. Não é porque foi José de Alencar que escreveu que ele tem que gostar. E não é porque é um romance de banca que ele tem que desprezar.
E mais: quem é que disse que os livros pop de hoje não serão os livros clássicos de amanhã? O ser humano tem essa mania auto-depreciativa de se achar inferior sempre. Tantas obras por aí que só foram ter seu valor reconhecido depois de séculos... Às vezes a gente está com um futuro clássico dentro da bolsa e nem sabe. Aí daqui a um tempo, se realmente ele marcar época e começar a ser estudado, vamos nos sentir vanguardistas, olha só que legal. E senão, isso não faz a menor diferença! Como eu falei antes: “livros são feitos para serem lidos” e se eles forem lidos e a gente gostar deles, sua missão no mundo estará cumprida.
Por isso eu sou defensora da literatura pop. Aliás, eu sou uma defensora do pop em geral, mas essa é uma outra conversa. É claro que dentro do gênero haverá os exemplares bons e os ruins (como tudo na vida), mas quem decide isso, claro, é o leitor. Não um crítico metido à besta.
Livros também podem ser pop. Eu digo até mais: livros DEVEM ser pop. Porque pop deriva da palavra “popular” e os livros DEVEM ser populares – no sentido de “usual entre o povo”. Eles têm que fazer parte da vida das pessoas como música assobiada na ida pro trabalho, promover um certo frisson na sua época de lançamento como estréia de filme blockbuster e gerar discussões acaloradas como o lance de pênalti não marcado no jogo de domingo. Não importa se a discussão vai ser se Capitu traiu Bentinho ou se Harry deveria morrer ou não no final. O importante é que o gosto pela leitura esteja impregnado em nossas veias.
E se as pessoas gostarem tanto de uma obra que se disponham a fazer de tudo pelo autógrafo do seu autor favorito, deixem que elas sejam felizes! É um reflexo dos nossos tempos. Queremos estar perto dos nossos ídolos. E temos mais é que aproveitar enquanto eles e nós estamos vivos.
E se o ídolo for um escritor, que geralmente é uma figura que não está todo dia nas páginas de fofoca, isso tem é que ser comemorado porque quer dizer que ele está atraindo atenção por causa do seu trabalho. E é muito melhor admirar o real trabalho de alguém do que fazer fila pra ver mais um rostinho bonito recém-saído de um reality show que não deixou nada de bom para o mundo.
Duvido que se Jane Austen fosse viva e fizesse turnê, a Rory não ia lá ver.
PS. Quando eu falei da música assobiada na hora do trabalho, eu estava só fazendo uma comparação, mas você pode interpretar no sentido literal também.
Senhoras e senhores, eu lhes apresento Harry and the Potters cantando o seu hit Save Ginny Weasley From Dean Thomas.
Sim, é uma banda especializada em Harry Potter e eles já têm mais 3 CDs lançados. A energia da banda e dos fãs dá de 10 em muito artista que toca nas rádios. Save Ginny Weasley (é outra música essa) é praticamente um hino na hora do show. O povo fica num transe tal que parece até que está em concerto do U2. Olha só aqui. Masss, o mais legal é que eles não são os únicos que fazem essas coisas. Tem tanta banda do bruxinho, que o estilo ganhou o rótulo de Wizard Rock. É uma pra cada personagem. Draco and The Malfoys, Remus and the Lupins, The Moaning Myrtles - as Murtas que Gemem (não deixe de conferir o hit crossover Cedric; Absolutamente hilário! O melhor são os gritinhos e a interpretação da menina em versos tipo: "You can bite me if you want") e muito mais.
Demais, né não? Morro de rir com essas coisas. É simplesmente o ápice do pop literário isso! Ninguém pode acusar essas bandas de não terem conteúdo, vai!
Senhoras e senhores, eu lhes apresento Harry and the Potters cantando o seu hit Save Ginny Weasley From Dean Thomas.
Sim, é uma banda especializada em Harry Potter e eles já têm mais 3 CDs lançados. A energia da banda e dos fãs dá de 10 em muito artista que toca nas rádios. Save Ginny Weasley (é outra música essa) é praticamente um hino na hora do show. O povo fica num transe tal que parece até que está em concerto do U2. Olha só aqui. Masss, o mais legal é que eles não são os únicos que fazem essas coisas. Tem tanta banda do bruxinho, que o estilo ganhou o rótulo de Wizard Rock. É uma pra cada personagem. Draco and The Malfoys, Remus and the Lupins, The Moaning Myrtles - as Murtas que Gemem (não deixe de conferir o hit crossover Cedric; Absolutamente hilário! O melhor são os gritinhos e a interpretação da menina em versos tipo: "You can bite me if you want") e muito mais.
Demais, né não? Morro de rir com essas coisas. É simplesmente o ápice do pop literário isso! Ninguém pode acusar essas bandas de não terem conteúdo, vai!
Ótimo post!
ResponderExcluirÉ o que eu vivo dizendo pras pessoas: existe literatura de entretenimento - que, convenhamos, é bem mais atrativa, e a literatura literária mesmo - os clássicos e essas coisas. :D
Beijo.
Adorei o post.
ResponderExcluirEu sempre fui maluca por livros. Do tipo doida mesmo, de ler ao menos 3 por semana, sem parar.
E tenho um carinho especial por essa literatura mais popular, que cria fãs histéricos e realmente enfeitiça as pessoas.
Acho que é muito válida a tentativa de todos esses autores recentes, de trazer a galera mais jovem para o mundo dos livros e é uma pena que os pseudo-intelectuais dos dias atuais apenas consigam ver os dinossauros da literatura, descartando todo o resto como se fosse lixo.