sábado, 25 de setembro de 2010

Alta Fidelidade

5 coisas que você deve saber sobre Rob Fleming

1.    Ele é meio egoísta
2.    E às vezes um pouco amargo
3.    Mas também sabe ser gentil quando quer
4.    Apesar de não saber viver sem cultura pop, e por isso,
5.    É certeza que você vai se identificar com ele

Segundo encontro com Nick Hornby, e o tiozão não fez feio. E apesar de a conta ter saído mais cara (eu paguei R$ 25 nesse aqui) que da primeira vez, o preço se justifica porque o passeio aqui foi bem mais legal. Não que o outro tivesse sido ruim, só que esse é o livro que, de fato, faz jus a toda a fama de pai da lad lit e da literatura pop que Hornby tem hoje.

Tinha visto o filme antes e embora não tenha gostado tanto, tive a impressão de que o livro ia ser muito mais legal. E antes de adentrar de vez no romance, façamos a pergunta que não quer calar quando se compara livro vs. filme.

É melhor? É melhor? É melhor?

Sim, claro, o livro é infinitamente melhor que o filme. E não pelo fato de não ser fiel ao mesmo. Seria até irônico se não fosse, uma vez que o título de ambos é Alta Fidelidade.

Acontece que o filme é fiel. Altamente fiel.* Irritantemente fiel. E por isso mesmo não funciona na tela. Os atores foram muito bem escolhidos (não consigo imaginar outro ator para fazer o Barry que não o Jack Black, por exemplo), mas a ironia e o estilo de Nick Hornby são coisas de difícil adaptação para a telona. O riso é daqueles de canto de boca (o tal do humor inglês), a prosa brinca com as palavras o tempo todo, a trama é reflexiva e segue até o final num ritmo de dia-a-dia quase sem clímax. E por ser uma história que necessita de tempo para digerir, o caminho de seus personagens parece não convencer numa fita de 2 horas.
* Altamente, mas não completamente, que fique claro.

Entretanto, é fácil perceber porque é o romance preferido entre os fãs do escritor. Embora seus personagens continuem ‘defeituosos’, não dá pra não gostar deles. Você já se pegou imaginando se havia uma música que descrevesse ‘aquele’ momento em que você está vivendo? Já olhou torto pra alguém que estampava uma camiseta ‘daquela’ banda que você odeia? Já gravou uma fita (coisa velha, troca pra CD, vai) como declaração de amor, ou mesmo só para que a pessoa pudesse ter a honra de escutar ‘aquela’ música que você acha perfeita? Se você respondeu sim a pelo menos uma dessas perguntas, pode encomendar o seu livro, porque corre um sério risco de se ver retratado ali.

Rob Fleming é dono de uma pequena loja de discos de vinil (o livro é 1995 e mesmo se não fosse, isso só daria mais charme a história do trintão), respira música e se diz um expert no assunto. Não perde a chance de gravar uma fita para educar outras pessoas que não tem o mesmo bom gosto que ele e faz listas de “As 5 melhores” para qualquer coisa o tempo todo. Rob é tão aficionado que não é capaz de pagar miséria por um disco considerado raridade (impagável essa cena). Coisas de fã.

(Imagino como Rob Fleming deve reagir a toda essa modernidade na hora de consumir música em 2010. Deve desprezar o iTunes e a USB-Mixtape. È provável que continue gravando as famosas fitas - porque são muito mais trabalhosas - e faz questão de ressaltar isso na hora de entregar o presente. Por isso, Mixtape ia entrar fácil no seu Top5. – Será que ele ia gostar do Jamie? Bem provável, ele já é inglês...- Entretanto, deve odiar a opção que coloca as músicas no aleatório dos atuais players também, mas deve ter pagado pelo menos 1 libra para ter, mesmo que digitalmente, as músicas do último CD do RadioHead. Não sei se ele gosta do RadioHead, mas é que eles fizeram uma política a la Casas Bahia de “Quer pagar quanto?”, e o Rob é muito ético nessas coisas. Não ia querer receber de graça.).

Só que agora ele está na fossa porque sua namorada o deixou e além de se perguntar “Eu ouvia música pop porque era infeliz, ou era infeliz porque ouvia música pop?”, resolve fazer uma lista dos “5 maiores foras” que ele já levou na vida.

É claro que o livro não é só isso, mas é que ele fala de tanta coisa, e os personagens são tão complexos, que não dava para colocar tudo de uma vez, além do que, eu não quero tirar a emoção de você ir descobrindo o resto sozinho. E se você não se convenceu ainda, continuemos com a resenha, mas eu prometo que não comprometo, ok?

Alta Fidelidade é um livro que mostra o lado masculino do término da relação, que os homens têm sentimento embora às vezes pareçam um pouco insensíveis, também é sobre crescer (mesmo que você já tenha 35 anos) e ainda sobre a relação das pessoas com outras pessoas, a relação das pessoas com a música, e a relação das pessoas com outras pessoas quando a música está no meio.

E é aí que está o diferencial de Alta Fidelidade. É que ele não utiliza a cultura pop e as famigeradas listinhas só como complemento da história. Em Alta Fidelidade, a cultura pop é a base de toda a narrativa. Ela não é o backing vocal da canção. É o cantor principal. Porque, por mais que se tente negar, essas coisas FAZEM PARTE da nossa vida. E isso não torna o livro mais fútil. Pelo contrário. Aquilo que nos torna por vezes ridículos não nos impede de ter problemas sérios. Hornby sabe balancear muito bem a leveza de algumas situações com a profundidade de outras, e o resultado é muito satisfatório.

Não vejo a hora do nosso próximo encontro. Não sei quando ou ‘onde’ vai ser dessa vez, mas espero que continuem tão legais quanto os dois primeiros, porque esse Nick Hornby tem uma lábia que eu vou te contar...
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quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Life is short, talk fast - parte final

Voltamos a apresentar
Life is short, talk fast

Lisa: Onde a gente parou, mesmo?
Esther: Deixa eu olhar... Personagens fofos, personagens loucos, Michel falando italiano...
Lisa: Ah, sim! Das coisas fofas que só Gilmore Girls tem a gente esqueceu de falar do Trovador...
Esther: Verdadeeeee! Eu adoro o Trovador de GG. Aquele episódio da guerra dos trovadores é muito bom. E depois o carinha volta como vendedor de frutas... Hahahahaha!
Lisa: Isso... Mas a gente também falou pouco do Kirk. É uma das melhores coisas da série.
Esther: Ai, tem tantos momentos bons do Kirk. Ele é de longe o personagem mais sem noção...  O mais legal é que cada episódio ele tem um emprego diferente.
Lisa: Tá disputando páreo-a-páreo ele e Luizão do Cefet. Hahahaha!
Esther: Hahahaha! Mas o Luizão já tem vários anos de vida, o Kirk tem no máximo uns 30. E umas 50 profissões. Carteiro, Instalador de Banda Larga, Entregador, Vendedor de várias coisas bizarras... Trabalha no cinema da cidade E produz seus próprios filmes também...
Lisa: Eu não agüento com o dia em que ele se veste de Luke e abre uma barraquinha, o Kirk’s... Hahaha!
Esther: Não há o que discutir: GG sem Kirk não é GG.
Lisa: Concordo. Mudando de assunto agora. Outra coisa legal de GG são os casais...
Esther: Ai, os casais de Gilmore Girls são tão fofos! As duas garotas Gilmore são muito sortudas. Só tiveram namorados legais.
Lisa: Fora o Jess, né? Porque vou te contar, o Jess era muito mala!
Esther: È verdade. O Jess era chato. Mas era legal porque ele e a Rory gostavam de ler...
Lisa: É, eu sei. Por isso que eles eram chamados de “Literatti” pelos fãs. Ah, e a Alexis Bledel namorou o Milo Ventimiglia na vida real um tempão!
Esther: Tô falando que essa menina estudou!
Lisa: Ai Jesus, lá vem você de novo!
Esther: Haha, brincadeirinha. Só pra descontrair. Mas sério, Gilmore Girls é a série mais literária da história.
Lisa: Verdade. Nunca vi uma série incentivar tanto a leitura.
Esther: É legal ver uma série em que os adolescentes não são um bando de descerebrados pra variar. Eles lêem, estudam... Essas coisas.
Lisa: É! E se você pegar a listinha dos livros CITADOS pela Rory dá pra mais de 100! Mas também dá umas ideias muito sem noção pros viciados em livros...
Esther: Como assim?
Lisa: Tipo, colocar livros na mochila quando vai pra festas, igual a Rory! Sai dessa vida, Esther! Até a Rory superou isso!
Esther: Palhaça!
Lisa: 1 a 1, hehe!
Esther: Enfim, mas do que é que a gente estava falando mesmo? Ah, sim! Dos pares da Rory. Fora o Jess, tem o Dean, muito fofo, e o Logan...
Lisa: Ai, o Dean era muito lindo. No início aquele cabelo dele não era dos melhores, mas depois... Ui! E o Logan também não era de se jogar fora, não! Aquele episódio do “You Jump, I Jump” é épico!
Esther: Pena o Dean ter ido pra Supernatural. Se ainda fosse outra série, a gente ainda podia assistir só pra admirar a sua beleza, mas Supernatural, só no MUTE.
Lisa: Mesmo que a gente quisesse ver, mamãe matava a gente. “Programa do demônio!”. Haha!
Esther: Verdade. E os pretendentes da Lorelai também. Só homem legal. Max, Christopher, Luke, o Jason...
Lisa: É, o Jason é mais café com leite, mas era gente boa. E teve aquele carinha que faz o pai da Bella também que apareceu basicamente pro Luke ensinar a Lorelai a pescar e ficar rolando aqueles momentos super fofos dos dois...Ai, ai, Lorelai e Luke me faz sentir...
Esther: Ai, mas eu também gostava do Max...
Lisa: Ah, eu gostava do Max também... Mas eles não iam ser felizes. O Max queria outras coisas na vida, era muito sério... Ele não ia se acostumar com aquela loucura que é morar em Stars Hollow...
Esther: Ia sim! Ele gostava de lá! E ele era romântico e culto e deu “a thousand yellow daises” pra Lorelai! *-*
Lisa: Eu sei, mas ele ficava muito deslocado lá... Não era o lugar dele! Torci pra ele ir embora, apesar de ele ser gente boa. Prontofalei.
Esther: Tá, deixa pra lá. Mas o Christopher também era muito legal. Essa Lorelai é muito sortuda, vou te contar!
Lisa: Pois é, o Christopher já era mais engraçado. E bonito. E depois ficou super rico.
Esther: Pois é. O homem perfeito.
Lisa: Mas você viu aqueles episódios com eles em Paris? “I love you”.“I love you too”. Nossa, mas que coisa chata!!!!
Esther: Eu nem acho tão ruim. E você fica aí falando essas coisas só porque você é Java Junkie e torce pro Luke.
Lisa: É claro! Sou Java Junkie desde criancinha. O Luke é perfeito pra ela. E eles se completam. Ele ALIMENTA ela. Quer coisa mais legal?
Esther: A sua visão de romantismo às vezes me assusta...
Lisa: Mas é sério. Ele se preocupa com a alimentação dela. Isso é romântico, sim! E se você não gostar dessa parte, tem um monte de outras coisas, tipo quando ele conserta a casa dela (tá bom, você não acha isso romântico), quando ele foi lá ver o Richard no hospital, quando guardou aquele cartãozinho dela por não sei quantos anos... Fala sério! O Luke esperou pela Lorelai a VIDA TODA! Acho que eles mereciam ser felizes!
Esther: Tá legal, eu gosto do Luke também. É só que eu prefiro os outros...
Lisa: E é tão bonitinho como ele é todo turrão, mas com ela mostra que no fundo é sensível! Bela e a Fera total, vai!
Esther: Elisa, você é doida. Suas associações são as mais absurdas.
Lisa: Esse é um dos motivos para eu gostar de Gilmore Girls. Eu e a Amy Sherman fazemos as conexões mais bizonhas. Hahaha! Mas como eu ia dizendo, Lorelai e Luke foram feitos um pro outro. E esse é um dos motivos pra 5ª temp. ser a minha preferida. Além de ter a melhor legenda, e os melhores episódios também, e a Lorelai estar com as melhores roupas, o melhor cabelo...
Esther: É verdade, o cabelo da Lorelai tem umas temporadas que misericórdia! Mas em questão de a temporada mais legal, eu gosto da 1ª também. E da 2ª.. E da 3ª...
Lisa: Esther, você gosta de todas!
Esther: Verdade, eu não consigo escolher.
Lisa: É uma pena a série ter acabado na 7ª temporada. Dava pra rolar mais 2 ou 3 anos de Gilmore Girls fácil.
Esther: Maldita Warner que não quis dar aumento pra Amy Sherman e pro Daniel Palladino!
Lisa: Pois é. A Warner, quer dizer, o CW é um safado! Não quiseram dar aumento pro Chad Michael Murray em One Tree Hill também, que por sinal fazia o Tristan em GG, e botaram ele na rua! E continuaram com a série!
Esther: Um absurdo! Tá certo que ele não é lá um grande ator, mas nada justifica isso!
Lisa: E tudo bem que a 7ª temp, já sem os criadores de GG, não estava no nível que a gente estava acostumado, mas...
Esther: Se não tivesse acabado em 2007, a última temporada podia ser mais ou menos agora em 2010...
Lisa: Isso! Tem vezes que eu fico pensando sobre diálogos que com certeza iriam entrar na série, caso ela durasse mais uns aninhos. Coisas que com certeza a Lorelai ia zoar, tipo... vampiros...
Esther: Nossa, com certeza. Eles iam zoar toda semana. Era capaz até de rolar um episódio especial...
Lisa: Twitter, Avatar, Eleição do Obama...
Esther: Verdade! A Rory tinha ido cobrir a candidatura dele! Tinha que entrar mesmo. Ela também seria uma grande adepta do Twitter com seus aparatos tecnológicos. E a Lorelai não resistiria à onda Avatar. Falaria até Naviii. Já imagino o Kirk dando óculos 3D pra elas usarem naquele cinema de Stars Hollow e aí quando começasse o “filme” na verdade era o próprio Kirk encenando lá na frente...
Lisa: Hahahah! Boaaaa! Continuando... Morte do Michael Jackson, Madonna e Jesus Luz, Lady Gaga e todos os ídolos teen dos últimos 3 anos...
Esther: Se a Lorelai fosse brasileira, podia zoar o Restart também...
Lisa: Hahahaha! Verdade. Mas ia ser melhor ainda se a LANE zoasse o Restart! Tá legal, agora a gente tá surtando.
Esther: Pois é. Mas é uma pena mesmo GG ter acabado tão cedo. A série ainda tinha muito pra render. E o pior é que a Amy Sherman disse que tinha o final planejadinho!
Lisa: E assim, o final que a série teve foi até legal, bonito, fechou um ciclo e tal... Mas a gente ficou sem ver o casamento da Lorelai e o Luke!
Esther: Nossa última esperança é que façam um filme de Gilmore Girls.
Lisa: E um filme de GG também é moleza de fazer.
Esther: Será?
Lisa: Claro, tipo, passava um tempo desde o final da série (porque passou um tempo na vida real também), e aí a Rory voltava lá da cobertura da eleição do Obama de férias comprometida de um jornalista que ela conheceu nesse meio tempo. Aí a Lorelai estava organizando o casamento dela com o Luke... Enquanto isso, Stars Hollow estaria em polvorosa por conta da gravação de um filme de terror na cidade...
Esther: Adorei a ideia do filme dentro do filme. Muito metalinguístico!!!
Lisa: Aí o Taylor ia convocar um monte de reuniões, o Luke ia ficar bravo porque estavam virando a cidade de cabeça pra baixo, o Michel também ia reclamar horrores, o Kirk ia tentar entrar no filme de qualquer jeito...
Esther: E daí já surgem um monte de piadas com os produtos sobrenaturais, Crepúsculo, etc.
Lisa: Isso, claro! E o tal do filme de terror teria como produtor, ou ator, ou diretor, sei lá, ninguém menos do que o Dean! Sacou a ironia? Um filme DE TERROR com o Dean, que quando saiu de GG foi fazer Supernatural! Ia ser uma super piada interna da Warner.
Esther: Booaaaaa! Piada pronta e a volta triunfante do Dean!!!!! Nunca engoli aquela saída dele porque “não tinha mais aspirações na vida”. Mas e o Logan, hein? Ele merecia aparecer também! Já sei! Caso o Jared não pudesse participar do filme, quem iria financiá-lo seria o Logan.
Lisa: O Dean TEM de participar.
Esther: Isso é só uma hipótese. Calma! Eu também quero que o Jared apareça nesse filme.
Lisa: Ok. Continuando. Aí o tal filme ia desviar a atenção do casamento da Lorelai e do Luke, a Emily podia tentar mudar tudo, a parte do romance ia ficar por conta da Rory e seja lá com quem ela ficasse...
Esther: E dá pra colocar todos os personagens com alguma boa participação nessa história também. Nem que cada um só tenha uma fala. Dava pra fazer um longa de 2h com tranquilidade porque tem um monte de histórias paralelas. E no final a Rory fica com o Dean (ou  com o Logan), a Lorelai casa com o Luke, a banda da Lane toca na festa e todo mundo fica feliz.
Lisa: Isso!!!! Ia ser um filme legal, homenageando a série, zoando tudo o que não conseguiu zoar, traria o Dean de volta (de um jeito absolutamente divertido), e ia mostrar o casamento da Lorelai e do Luke finalmente.
Esther: Acho que a gente tem que tentar vender essas ideias pra Hollywood. Estão muito boas.
Lisa: Também acho. Eu mesma já estou com vontade de assistir esse filme e ele não tem a menor possibilidade de sair do papel. Até porque ele nem entrou no papel ainda.
Esther: Eu só queria ver o tamanho do roteiro desse negócio. Acho que ia dar umas 1000 páginas.
Lisa: Haha! Pois é... Falando em tamanho, bom, acho que nosso tempo acabou.
Esther: Ah, mas já? Agora que estava ficando bom!
Lisa: É, mas acho que a gente já falou tudo o que tinha pra falar também. E eu estou ficando com fome.
Esther: Você sempre está ficando com fome!
Lisa: Engraçadinha, vamos lá tomar um café.
Esther: Eu até vou, mas só se for no Luke’s.
Lisa: Depois eu é que sou a maluca....

Bateu uma nostalgia tremenda agora...
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quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Life is short, talk fast

Lost pode até ser a série mais bombante e comentada e viciante de todos os tempos, agora, o título do seriado com o melhor roteiro da TV, ah, esse daí é de Gilmore Gilrs e ninguém tasca. Eu pensei em fazer uma lista também, mas descobri que não ia conseguir organizar os pensamentos dessa forma. E como os diálogos sem noção são uma das coisas mais legais da série, o post de hoje será todo no estilo gilmore de ser.

O bate-papo abaixo entre mim e minha irmã é fictício, mas foi baseado em muitas conversas reais.

Esther: Você é muito cara-de-pau em fazer um post de Gilmore Girls pro seu blog, sabia?
Lisa: O que é que tem?
Esther: Eu é que sou a viciada em GG da casa, eu que assistia antigamente quando passava no SBT, eu que fiz pressão pra comprar os DVDs...Você antigamente nem gostava de nenhuma série!
Lisa: Você sempre tem que lembrar disso, né? O que importa é que agora eu gosto. Queria fazer um post especial pro blog, porque a série é muito boa...
Esther: Mas sou eu que já assisti os episódios zilhões de vezes e já decorei as falas em inglês e tudo!
Lisa: Tá bom, faz o post você, então! Eu não ligo. Você é mais conhecedora do assunto que eu mesmo.
Esther: Eu não, o blog é seu. É você que tem que trabalhar pra mantê-lo atualizado.
Lisa: Ok, posso contar com a sua ajuda então para fazer o post?
...
Esther: Tá bom, se eu deixar na sua mão, você vai acabar escrevendo um monte de besteiras, mesmo! Tenho eu que fiscalizar você...
Lisa: Ótimo.
Abertura
If you're out on the road
Feeling lonely, and so cold
All you have to do is call my name
And I'll be there on the next train

Where you lead, I will follow
Anywhere that you tell me to
If you need, you need me to be with you
I will follow where you lead


Lisa: Uma das coisas que eu mais gosto é GG é que ela é uma série muito simples e ao mesmo tempo única...
Esther: Pois é. É uma série tão família, tão fofa e ao mesmo tempo tão divertida! A Lorelai e a Rory juntas são muito engraçadas! Nem parecem mãe e filha!
Lisa: Ééééééé! E é engraçado também que os dramas familiares parecem tão reais...
Esther: Verdade. E os problemas vão se repetindo não só através das gerações como através de toda a série. Lorelai-Emily, Emily-Sogra, Emily-Rory...
Lisa: Depois tem a Sookie com todos aqueles bebês fofos! E o Luke e o Jess! E depois o Luke e a filha dele...
Esther: Aquela menina tinha que ter um seriado só pra ela.
Lisa: Também acho. E todo mundo tem um barraco na família. Não tem como não se identificar. Aqui em casa mesmo tem um monte de situações parecidas. Principalmente as da Lane-Mrs. Kim.
Esther: Nem me fale! Mas é melhor deixar isso quieto. Somos filhas legais. E aprendemos direitinho com a mamãe igual a Lane, mas tem coisas que é melhor deixar escondido mesmo pra não arranjar problema.
Lisa: Verdade. Mas você não acha o Richard igualzinho o vovô às vezes?
Esther: Claro! O Richard é demais! E o vovô também. Tem tudo a ver os dois.
Lisa: E tem os parentes/agregados do Luke também lá daquela feira da Renascença. Mas o mais legal ainda da série é que essas coisas estão todas subentendidas...
Esther: Pois é. Não é igual a nova série da Lorelai que joga na nossa cara que é sobre família – apesar de a série ser bem legal também.
Lisa: Aliás, Lorelai está pagando todos os pecados com essa nova filha dela, coitada!
Esther: Com certeza. Essa Rory da realidade paralela é muito mala. Parece o Jess de saias. Lorelai não merecia, tadinha! Mas então, em Gilmore Girls a gente vai acompanhando o crescimento da Rory, a realização profissional da Lorelai...
Lisa: Nossa, sempre choro nas formaturas da Rory. Fato!
Esther: Ai meu Deus!
Lisa: Dá licença, eu me identifico com o momento, tá legal?
Esther: Tá bom, deixa pra lá.
Lisa: Ah, qual é? É super emocionante, vai! Um ciclo que se fecha, outro que se abre... E quando ela está em dúvida do que fazer depois que sair da faculdade? Perfeito, todo jovem pensa isso!
Esther: After years of a expensive education. Rory tinha que ouvir TwentySomething!
Lisa: O mais irônico é que a atriz que faz a Rory depois fez um filme com o Santoro com mais ou menos o mesmo tema.
Esther: A gente tem que ver esse filme, para dar força pros ex-Gilmore Girls.
Lisa: Tem nada! Se a carreira deles estiver na pior, é mais fácil aceitarem entrar para Gilmore Girls - O Filme.
Esther: Ai, que maldade! Mas, enfim. Gilmore Girls tem um monte de outras coisas muito divertidas que tornam a série única na história da TV também.
Lisa: Exato. Tem até nome: Gilmorismos!
Esther: Gostei de ver. Andou estudando, hein?
Lisa: Palhaça! Às vezes eu que te conto umas fofocas da série. Deixa de ser ingrata!
Esther: Eu sei, tava só brincando...
Lisa: Mas eu fico impressionada como os atores conseguem falar aquele negócio tão rápido! No início da série nem era tanto, mas depois, vou te contar!
Esther: Também acho. Essa é uma das razões pelas quais eu acho muito injusto a Lorelai nunca ter ganhado um Emmy!
Lisa: Pois é. Ela é boa demais! Tem um tempo de comédia impressionante...
Esther: Ela imitando o Dean é impagável: “Ei, Rory...”.
Lisa: Hahahahaha! Muito bom!
Esther: E pra falar aqueles roteiros com o dobro do tamanho de qualquer outra série tem que ter um fôlego de mergulhador. Os atores devem fazer curso de apnéia.
Lisa: Haha! Verdade! Mas então... Os Gilmorismos! Outra coisa que eu gosto são as referências a cultura pop...
Esther: Você adora isso...
Lisa: Gosto mesmo! É muito hilário! No início eu não entendia nada daquelas referências do tempo do vovô, mas depois até que a série foi se atualizando... Nem o elenco entendia às vezes.
Esther: Eu gosto mais das velhas. Só entende quem assistiu essas coisas emboloradas. Gilmore Girls também é cultura, viu?! E são tão bem encaixadas... Nossa! O que foi a Lorelai chamando o pintinho “Steeeeellaaaa”?
Lisa: Tipo, foi muito “inventei toda essa história do pintinho só pra colocar essa frase”!  
Esther: Genial da parte da Amy Sherman! Muito louca aquela mulher.
Lisa: Certeza! Ela e o marido dela. Gênios dos roteiros!
Esther: Tem outra de Casablanca também que é muito boa. Lá pra frente da série já, a Paris namorando aquele professor velho, aí a Lorelai manda: “We’ll always have Paris”. A resposta da Rory é como se fossem os roteiristas desabafando, sabe? “Por quanto tempo você esperou pra disso?”! Muito legal!
Lisa: Adoro essas piadas internas que eles fazem! Lembra de quando o Adam Brody saiu da série pra fazer The O.C, aí o Zack fala que ele tinha ido “pra Califórnia”? Muito bom!
Esther: Verdade... Das referências atuais eu gosto do dia em que a Rory e a Lane ficam pensando em nomes de bebês e aí lembram dos nomes absurdos de filhos de famosos tipo: “Apple”, “Blanket”, “Pillow”...
Lisa: Eu gosto quando ela sacaneia Evanescence e Senhor dos Anéis. Sério, me realizo nas personagens.
Esther: E tem aqueles devaneios muito úteis para a sociedade também tipo “o que aconteceram com as bigornas?”, que só Gilmore Girls consegue incorporar aos diálogos. Ou aquelas situações tipo todo mundo correndo no meio da rua pro casamento da Lane porque não tem lugar na igreja!
Lisa: Foi muito engraçado esse dia do casamento da Lane! “Por que você está correndo?” “50 cadeiras, 66 coreanos!” “Ai meu Deus!”
Esther: Até a Xuxa eles já citaram uma vez! Ai, adoro essas coisas! São tão aleatórias!
Lisa: E o melhor é que não fica parecendo aquela coisa “quero ser descolado”, é mais “ei, a cultura pop faz parte da vida das pessoas”, porque em GG é tudo tão fofo!
Esther: É! Os personagens secundários são uma gracinha! A Sookie, o Jackson...
Lisa: Gracinhas e loucos, né? Kirk, Taylor, Paris, TJ – o cunhado do Luke, Babettte, Miss Patty...
Esther: Michel!!!! Nossa, como a gente quase esqueceu do Michel?
Lisa: O Michel é muito engraçado. Com aquele sotaque francês dele...
Esther: Na França, na dublagem ele é italiano, porque não ia fazer sentido, né?
Lisa: Pois é. A dublagem do Brasil no geral ficou muito estranha porque a nossa língua já é mais extensa por natureza e os dubladores não fizeram curso de apnéia também.
Esther: Lisa, esse negócio não tá muito grande, não?
Lisa: Também acho. O pessoal já deve estar cansado já. Melhor colocar um intervalo pro povo ir beber uma água, ir ao banheiro, essas coisas...
Esther: Melhor mesmo. A gente termina isso no próximo bloco.

Lá, lá, lá, lá, lá, lá....
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sábado, 4 de setembro de 2010

Feios e o problema das sociedades distópicas

Lembra de quando o Michael do Diário da Princesa fez aquela matéria na faculdade em que tinha que assistir aqueles filmes bizarros de sociedades distópicas? Pois é, na época eu me acabei de rir, mesmo não entendendo direito o significado da palavra “distópica” e achei meio absurdo uma matéria só pra isso. Mas depois de ter lido Feios, mudei totalmente de idéia. O Michael super tinha que ter feito essa matéria e podia muito bem ter estudado Feios durante o semestre porque de acordo com a Wikipédia:
Uma Distopia ou Antiutopia é o pensamento, a filosofia ou o processo discursivo baseado numa ficção cujo valor representa a antítese da utópica ou promove a vivência em uma "utopia negativa". São geralmente caracterizadas pelo totalitarismo, autoritarismo bem como um opressivo controle da sociedade. Nelas, caem-se as cortinas, e a sociedade mostra-se corruptível; as normas criadas para o bem comum mostram-se flexíveis. Assim, a tecnologia é usada como ferramenta de controle, seja do Estado, de instituições ou mesmo de corporações.
Feios é o exemplo perfeito da sociedade distópica e em outros tempos seria chamado até de “subversivo”.

Em um futuro não muito distante todos os adolescentes esperam ansiosos o aniversário de 16 anos, pois então serão submetidos a uma cirurgia plástica obrigatória que corrigirá todas as suas imperfeições físicas, transformando-os em perfeitos. A tal cirurgia deixa todos com feições semelhantes, a fim de combater a desigualdade entre as pessoas. Afinal, se todo mundo tem “a mesma cara” não há motivos para preconceito. Só que como toda distopia não há nada de perfeito nessa sociedade e logo percebemos problemas como autoritarismo e falta de individualidade, dando um significado praticamente literal à expressão “ditadura da beleza”.

E não só as questões da aparência física e da cirurgia plástica na adolescência são abordadas como também diversas outras reflexões acerca de meio ambiente, engenharia genética, petróleo, o eterno confronto de homem vs. natureza, e principalmente aquele processo difícil, doloroso e estranho que é crescer.

A repetição das palavras “feios” e “perfeitos” no início é intencional, mas não deixa de ser irritante. No entanto, é interessante notar como o autor utiliza o termo “feios” como metáfora para adolescência, aquela época a partir dos 12 anos em que a gente deixa de ser “bonitinho” e todo mundo se sente um pouco esquisito por causa de todas as espinhas e transformações no corpo, passa por momentos de rebeldia e anseia logo por tudo o que vida adulta (e “perfeita”) tem a oferecer.

A cirurgia aos 16 anos funciona como um rito de passagem, assim como qualquer festa de debutantes em que a menina troca a boneca pelo sapato alto (aqui a gente comemora com 15, lá nos EUA com 16), ou o ato de tirar a carteira de motorista (lá em alguns lugares com 16, aqui só com 18), ou simplesmente completar a maioridade e poder beber e entrar em todos aqueles lugares mais badalados e freqüentados por muito playboy da Zona Sul. O desejo de passar logo por essa fase chamada adolescência e soltar o grito de "independência ou morte" de uma vez não é privilégio dos personagens futurísticos do livro, mas é inerente em qualquer “feio” que você encontra pela rua nos dias de hoje mesmo.

E se crescer significa muitas vezes deixar a rebeldia para trás, no livro, o termo também carrega consigo o peso de não “envelhecer mais”. E nesse contexto, a Fumaça, onde se encontram os refugiados que não quiseram fazer a cirurgia, funciona ora como Terra do Nunca, ora como uma versão às avessas da mesma Terra de Peter Pan, uma vez que lá não se vive na alienação e no conformismo da vida adulta, mas por outro lado, terão seus rostos originais a mercê das armadilhas do tempo.

Scott Westerfeld dá um tapa na cara daqueles que têm preconceito com a literatura juvenil e prova mais uma vez que se pode sim fazer uma história inteligente para esse público. Curiosamente, o livro saiu com o novo selo da Galera Record, Galera, o qual é voltado especificamente para aqueles com mais 16 anos, embora qualquer “feio” possa encará-lo numa boa.

Entretanto, apesar de toda a reflexão e metáfora e distopia da trama, a narrativa se mostrou um tanto quanto travada. O início é bastante monótono e encontrei muitas partes No Limite, que foram quase uma tortura para eu continuar a leitura, uma vez que gente com fome, sede e frio e sozinha no meio do deserto é uma coisa muito chata de se assistir. Cheguei a entoar o tema do programa para ver se me alegrava um pouco (tã, nã, nãããã, tã, nã, nãããã...). E toda vez que a história parecia que ia engrenar e ficar animada, voltava à monotonia da parte do acampamento de novo, com mais críticas a nossa sociedade dos “enferrujados”.

Só não desisti do livro porque gosto à beça do Tão Ontem e sei que o autor é bom. No entanto, Feios ficou longe de ser tão legal quanto “meu primeiro encontro” com Westerfeld. E discordo de uma citação que acabei lendo depois que diz que o livro é um casamento entre 1984, de George Orwell, e Diário da Princesa, de Meg Cabot. A parte do George Orwell pode até ser, mas não tem nada do Diário no livro. A não ser que você force a barra e diga que o Michael podia estar lendo esse livro para aquela matéria da faculdade. Faltou ironia, alívio cômico e desenvolvimento dos personagens. Não sei se esse é mais um problema das sociedades distópicas, mas fiquei com a impressão de que apesar de um bom livro, Feios é muito sermão e pouca diversão.

Se o pessoal do livro soubesse como você fica depois de um monte de plástica...
 Vai ver é por isso mesmo que eles escondiam as revistas. 
Porque isso aí é de dar medo em qualquer um...

[OFF] Como qualquer livro juvenil atual, a série Feios também vai virar filme. Os produtores são os mesmos de Eragorn, e o estúdio é o de Querido John. No IMDB diz que o filme sai ano que vem (acho pouco provável), e parece que vai ser um resumo da trilogia. Tendo em vista que o primeiro volume é bem monótono, acho que essa foi a decisão mais acertada.
[SPOILER] Alguém aí acha mesmo que o pai do David morreu? Essas mortes sem corpo não me convencem. É tão óbvio que o cara vai voltar vivinho da Silva nos próximos volumes... E eu não li nenhuma sinopse deles. Estou só utilizando o meu poder de clarividência literária de novo.
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