sábado, 24 de setembro de 2011

O prazer em comer

Sem dúvida alguma, comer está entre as melhores coisas da vida. Ao lado de dormir (e as duas atividades estão diretamente relacionadas porque, todo mundo sabe, Comer dá sono e Dormir dá fome), papar é uma das coisas sem as quais não dá pra viver sem.

Essa é talvez a principal razão pela qual não entra na minha cabeça aquela obsessão da Bella em tornar-se logo uma vampira. Ora, viver pra sempre sem poder desfrutar de um bom prato de macarronada e nem daquele soninho gostoso depois do almoço, enquanto começa o Vale a pena ver de novo! Por favor, isso não é vida! Eu prefiro morrer, numa boa.

Não sei você, mas eu fico mal humorada quando estou com fome. Insuportável mesmo. Nem eu me agüento. Sou alguém que PRECISA comer. Quando eu como, parece que todos os problemas desaparecem, e aí sim eu posso seguir com o meu dia.

E é por isso que não entendo as pessoas que fazem dieta também com aqueles pratos sem graça, cheios de saladinha que não tapam nem o buraco do dente.

Eu não estou falando que se alimentar. Eu estou falando de COMER.

Meu prato ideal

Estou falando de salivar com o cheiro do feijão ficando pronto (ah, sim, comida sem feijão pra mim também não é comida) ou do frango assado com farofa no forno.

Estou falando de saborear a lasanha derretendo na sua boca, de fazer “hmmmm” na primeira mordida do bife, de degustar os diferentes sabores do seu prato e raspá-lo até não sobrar mais nada pra contar a história.

Hmmm

Estou falando de comer aquele misto quente com suco de laranja na hora do lanche e de lamber os beiços com um pedaço de bolo de cenoura com cobertura de chocolate.

Estou falando de se deliciar com aquele brownie com uma bola de sorvete de creme por cima e de se lambuzar com brigadeiro de panela.

Não é o original, mas Bolo de Cenoura me lembra uma história ótima com a Carol no meio....

Essas coisas que dão prazer em comer só de falar (pode confessar, você ficou com água na boca agora, não ficou?).

Porém, talvez tão prazeroso quanto devorar qualquer delícia que estiver à mesa seja simplesmente o ato de sentar-se ao redor dela com alguém de quem se goste.

Ô saudade! Mó emoção ver essa foto, viu! 
A comida nem era das melhores, mas a companhia... 

 Foi nesse dia que a gente pediu o vale-batata???

De fato, se você parar para analisar a origem da palavra Comer, vai ver que o ato só faz sentido quando se está junto de alguém.

Comer, do latim comedere. Edere em latim é comer, comedere é comer na companhia de alguém, pela formação cum (com) edere (alimentar-se).

Ou seja, só se come de verdade quando se come com.

(Ironicamente, eu como menos quando estou com pessoas queridas até. Sei lá, acho que a presença supre. Fora que, sabe como é, o horário de almoço é curto e se tem pouco tempo pra conversar – olha o prefixo ‘Com’ aí de novo - , e aí ou come, ou fala, rs.)

Mas tem gente que come menos também porque perde a briga de quem vai ficar com o maior bife

E se comer só faz sentido se estivermos acompanhados, chama atenção notar que a origem da palavra Companhia também está associada à comida.

Companheiro é ninguém mais ninguém menos do que aquele com o qual se come o pão: cum (com), panis (pão).

Ou seja, companheiro é tipo o café, rs! Ou a manteiga...

Eu até nem ligo de almoçar sozinha (dependendo da companhia, é melhor ficar só mesmo). Mas existem algumas situações em que bate até uma certa depressão ninguém sentado do outro lado da mesa, como, por exemplo, restaurante a la carte em que a comida demora (é chatão ficar esperando sem nada pra fazer, ainda mais se não tiver TV no lugar) ou chegar tarde e com fome e todo mundo já foi dormir (não precisa me esperar pra comer, até porque eu não espero ninguém também, mas dá uma sensação de solidão, né?).

Olha que legal que eu achei!

E já que estamos falando tanto em comer e em comida, eu fiquei com fome e estão me gritando já pra eu descer, então, vocês me dão licença que vou lá jantar com a minha família.



Adorava isso!
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quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Vamos salvar o mundo das cáries!

- Alô, amigo! Alô, amiga! Você que acompanha o Inútil Nostalgia de manhã, de tarde, ou de noite. Hoje eu vim aqui pra dar um recadinho pra você que já está cansado daqueles livrinhos indesejados, você que revira os olhos toda vez que vê um daqueles romances sobrenaturais vergonha alheia. Porque agora as prateleiras, e os canais e os cinemas estão cheios dele, né, Claudete? Vampiros, lobos, anjos, fadas, dragões, zumbis... Mas chega dessas coisas do mal. Vamos falar de coisa boa! Vamos falar de Overbite!

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Overbite é o 2º e último volume da série Insatiable de Meg Cabot (e quando eu falo Meg Cabot, você já sabe que eu estou falando de um produto de qualidade) e traz de volta toda a sagacidade e frenesi de seu antecessor. E embora ache muito sábia a decisão de não estendê-la além daqui - já que é uma série que daqui a uns 5 anos talvez soe anacrônica e as piadas não façam mais sentido – e que ela terminou de um jeito absolutamente satisfatório, também penso que as aventuras de Meena e Cia ainda rendem mais um caldo e não me importaria se Tia Meg um dia resolver escrever uma eventual seqüência daqui a alguns anos (eu mesma já tenho até alguns palpites de tramas que poderiam ser exploradas).

Como já vi que o título da continuação da saga de Meena está levantando dúvidas com relação a seu significado, acho que vale uma história e uma aulinha de odontologia. Overbite originalmente ia se chamar Craving (Desejo, Paixão) - título absolutamente irônico se você levar em conta que Meena era roteirista de novela e Paixão já foi nome de uma mexicana protagonizada por ninguém menos do que o eterno Carlos Daniel, Fernando Colunga. Não que a Meg tivesse consciência disso. Mas, sabe-se lá por que razão (na verdade, sei sim, mas isso eu conto daqui a pouco), acabou que o nome foi trocado para o título atual.

De acordo com o dicionário, Overbite significa Mordida Profunda [odontologia], o que não acrescenta muita coisa. Então, fui perguntar para meu amigo Douglas, que faz odonto, a solução de tal mistério. A 1ª reação dele ao receber a indagação foi: "PRA QUE VOCÊ QUER SABER ISSO?", afinal de contas não é todo dia que alguém lhe vem com uma dúvida dessas assim do nada (mas sério, pra que ter um amigo 50% dentista - ele ainda está na metade do curso - se você não puder fazer esse tipo de pergunta? rs). E depois ele explicou que era "a oclusão defeituosa em que os dentes incisivos e caninos superiores se projetam anormalmente sobre os inferiores”. Em bom português ortodôntico, quem tem mordida profunda é o popular “Dentuço". Esclarecido o mistério, deixo meu recado para a Galera Record não inventar moda na hora de escolher o título nacional. É "Mordida Profunda" NA VEIA!!!!

Aí eu fui procurar uma foto de aparelho e achei um site em que o nome do médico era Dr. Cullen, hahahaha!

- Overbite é COISA SÉRIA, gente! Você não vai acreditar, mas um dentista outro dia me ligou e me disse que recomenda Overbite pro pacientes e as pessoas ficam até com o sorriso mais bonito!

Em Insaciável, Tia Meg não só deu aula de Como fazer Vampirismo Clássico em séc. XXI, como sambou na cara da sociedade com uma trama muito bem estruturada que criticava toda essa infindável febre de um jeito irônico e inteligente.

Ficou até difícil de escolher o que era mais genial. O fato de existir uma novela sem fim numa história sobre criaturas que não morrem nunca (assim como o desejo do público por elas também), o inferninho do Dimitri (já comentado na resenha anterior), o fato de todos os vampiros da vida real, que de alguma forma sugavam a vida de Meena, eram vampiros mesmo, o vampiro-galã-canastra também ser vampiro de verdade, a revelação de que eles estavam por trás de toda a vampiromania, ou ver a crise financeira de 2008 mandando lembranças em diversos momentos desde o desemprego do Jon até as negociações da TransCarta (e se você não tinha associado a situação profissional do Jon com o momento econômico dos EUA até agora, Meg fez questão de escrever com todas as letras nesse último livro).

Em Overbite, como não podia deixar de ser, Cabot continua desafiando o leitor a estabelecer conexões subliminares. Já nas 10 primeiras páginas, Meena descobre que seu ex-namorado David, que por acaso é dentista (hahahaha! Boaaa, Meg!) e dirige - um doce de dentadura pra quem adivinhar qual o modelo do carro dele - um Volvo (palhaça até a morte essa mulher), acaba de virar vampiro (ex-namorados! Esses são os sanguessugas da pior espécie. Pior que eles, só as atuais deles!). Também há mais um par de referências a cenas da saga do vampiro brilhante, incluindo até uma frasezinha brega com leão no meio.

Entretanto, as brincadeiras com outros dentucinhos da ficção estão em volume bem menor. O que prova mais uma vez como Meg é uma escritora talentosa e consciente. Afinal, dar um bom desfecho para seus personagens é muito mais importante do que tirar onda com os personagens dos outros. É como se Meg dissesse: “Ok, chega de brincadeira. Essa história aqui é minha e eu vou terminar esse negócio com chave de ouro é agora!”.

Seis meses depois do alvoroço do final do livro anterior, encontramos nossos personagens tentando tocar suas vidas. Para o desprazer de Mary Lou, a novela de Meena foi cancelada, e, para o prazer de Alaric, agora ela trabalha para os Palatinos. E embora o caça-vampiros não se canse de reforçar que vampiro bom é vampiro morto, Meena tem uma teoria a la canção de Roberto Carlos de que “se o bem e o mal existem, você pode escolher” e seu trabalho pode estar além de acertar o coração desses coisas ruins. Acrescente aí um bando de turistas cujos corpos encontram-se desaparecidos em NY e um padre muito suspeito que veio do Brasil ajudar nas investigações (mais sobre ele depois) e acho que já te deixei com mais água na boca do que as receitas da iogurteira Top Therm.

- Mas deixa eu falar uma coisa. O Brasil quer saber, Aracy. A Meena fica com o Lucien ou com o Alaric?
- Ah, eu não posso contar, né, Claudete! Senão estraga o final!
- Mas aposto que você torce pro Alaric, não é, Aracy Wolf?
- Claro, né! Tenho que puxar a sardinha pra minha família!


O romance é outra ponta que permanece em segundo plano por aqui, justificando apenas as motivações dos personagens e deixando espaço para o ritmo frenético da ação mais uma vez alucinante (a busca pelo livro do Lucien lembra uma mistura de Anjos e Demônios com Piratas do Caribe, só pra você ter noção). Contudo, este é desenvolvido com muita coerência e em nenhum momento tive vontade de voar no pescoço da protagonista e dar-lhe uns tabefes pra ela deixar de ser besta. Meg não deixa brechas para dúvidas e se, por algum acaso, você ainda não está raciocinando direito e “torcendo para o time errado”, ela faz o favor de reforçar a todo instante que, enquanto o cara de que você gosta for mentalmente instável e possa te agredir a qualquer momento, esse relacionamento não será qualquer coisa além de destrutivo. (Devo acrescentar que a parte policial do jornal está cheia de casos assim).

Mas é interessante notar que, apesar do antagonismo das duas pontas do triângulo amoroso, os dois têm lá suas semelhanças. Já reparou que tanto Lucien quanto Alaric só consomem o que há de bom e de melhor, mas ao mesmo tempo são cheios de “dad issues”? (É tanto problema com os pais que os dois podiam muito bem fazer uma pontinha em Lost, se a série ainda estivesse no ar. Aliás, dava um ótimo crossover esse! Imagina só: vampiros em Lost! Viajando total na maionese aqui...)
 
- Mas deixa eu falar uma coisa que eu sei que vai deixar você de queixo caído agora. A Meg fala do Brasil nesse livro. E muito!


Na resenha anterior, eu me perguntava se as citações ao nosso país eram mais uma brincadeira com aquela série com nome de entardecer ou se eram uma homenagem ao povo daqui que tratou a Meg como diva durante sua estadia no país tropical. Por isso que, quando fiquei sabendo que estaríamos praticamente no centro das atenções nesse livro, ao ler uma entrevista da escritora alguns meses antes, eu tive ainda mais certeza de que precisava desse livro o mais rápido possível.

Ao final de Overbite, fiquei com a sensação de que foi um pouquinho dos dois, porém, muito mais a segunda do que a primeira opção. Deu pra ver Tia Meg se esforçando pra mostrar o quanto ela aprendeu por aqui, mesmo ainda cometendo alguns erros típicos de gringos quando falam de nós. Se ela soubesse português, eu diria até que andou lendo o Inútil, porque, se eu fosse fazer uma trama com vampiros no Rio de Janeiro, olha, ia ser alguma coisa mais ou menos nesse nível.

Então, né, vocês não sabem mas minha inspiração veio mesmo depois de descobrir que aquela apresentadora loira que causou tumulto na Bienal na verdade tem ligações muito suspeitas com as criaturas das trevas.
(Mentira)

Henrique Mauricio (que nome mais novela mexicana? Mas gostei do nome, tendo em vista a profissão da Meena e já está melhor que Ramon Riveras*) é um padre da arquidiocese de São Sebastio (tá legal que se fala São Sebastião, mas valeu a pesquisa de colocar o padroeiro do Rio) e é recordista em mandar os vamps cariocas para a conta do papa. O clã de sanguessugas do RJ veio direto do coração da Amazônia (alô, Meg, aquela floresta que você viu perto do Pão de Açúcar era Mata Atlântica. Amazônia é lonjão do Rio, fica a dica) chama-se Lamir e domina a favela do Vidigal (porque traficante não deixa de ser um tipo de vampiro, né? Genial! UPP neles!!!).
* E já que estamos falando de DP, acho eu que Dona Meg já vinha querendo sacanear os vampiros há muito mais tempo. Tem uma passagem veladíssima em DP9 que tenho quase certeza ser direcionada à série em que vampiros têm bebês (corre lá, pág. 232), e num desses meus dias de tédio, estava lendo uma transcrição de chat dessa mesma época em que a Meg falava que quis escrever DP9 desse jeito para mostrar que depressão adolescente é normal, mas andava sendo retratada de um jeito muito esquisito (toma, Bella!). Ah, sim, só pra não perder o fio da meada, o sobrenome da melhor amiga da Meena, Leisha, é o mesmo da Lana.
** E já que estamos estabelecendo intertextualidades com outros livros de Meg, vale o destaque para a melhor amiga brasileira da Meena, também integrante dos Palatinos, Carolina de Silva (só conheço gente “da Silva”, mas, de novo, valeu o esforço, já está melhor que Ramon Riveras, e o sobrenome assim deixa os fãs da Mediadora felizes :P) de São Paulo.

Ó a Catedral de São SebastiÃO aí! Fica lá no Centro, atrás da Carioca.

Toda vez que o Brasil entrava em campo, a história ganhava tons de piada interna e um sorriso ocupava o meu rosto. E quando a Mary Lou falava que as pessoas do Brasil eram muito gentis, desculpa aí outros países, mas levei pro lado pessoal, rs! A única coisa que eu acrescentaria era desenvolver o negócio do Dimitri no Brasil, que pra mim seria dominar o país empresariando bandas de axé e organizando micaretas (um troço igualmente demoníaco, vamos combinar). Mas aí também ia ser piada interna demais (se bem que levando em consideração a historinha de New Jersey ser uma boca do inferno, acho até que seria justo).

- Overbite é light, é diet, faz bem pra saúde, pra pele, pro coração, pra mente e pro espírito! É QUALIDADE DE VIDA, gente! Melhor do que isso só Iogurte Top Therm, porque tem o dobro de lactobacilos vivos!


Só não digo que Overbite é tão bom quanto seu antecessor porque o outro é tão obra-prima, perfeição total, que chega até ser covardia comparar (mais ou menos como DP3 ou DP10 com o resto da série). Porém, o livro cumpre muito bem o seu papel de colocar os vampiros em seu devido lugar e encerra a série por cima (queria um final desses desde o primeiro volume, simplesmente porque era o único fim possível e coerente com a história que vinha sendo contada até ali) e com gostinho de quero mais.

Se você já leu o primeiro, aposto que agora não vê a hora de cair de boca nesse daqui. Se ainda não leu nenhum dos dois, não sabe o que está perdendo. E pra quem tem pavor de dentista, mas acha que vampiros brilhantes são inofensivos... Fica a dica, acho que você está com medo da pessoa errada.

- Ia ser bom se os dentistas começassem a colocar esse livro nos consultórios ao invés daquelas revistas velhas, né, Aracy?
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domingo, 11 de setembro de 2011

10 anos de 11/09

Eu não lembro bem o que estava fazendo durante o 11/09/2011. Provavelmente estava vendo desenho.

Só lembro que quando começaram todos aqueles plantões urgentes em todos os canais, achei tudo muito exagerado. E daí que teve um ataque terrorista nos EUA? Todo dia morre uma porção de gente, acontece um monte de tragédia e nem por isso eles fazem esse estardalhaço todo. Sério mesmo que eles vão deixar de passar Pokemon por causa dessa palhaçada?

Mal sabia eu que estávamos presenciando o evento que iria mudar o mundo nos últimos 10 anos. Era a História acontecendo diante dos nossos olhos. Ali. AO VIVO! E é por isso que as TVs tinham que PARAR TUDO para mostrar.

De lá pra cá assistimos a invasão ao Afeganistão numa busca por Osama Bin Laden, que só foi ser encontrado muito tempo depois, quando o bafão da coisa já tinha passado, no governo de um cara com ascendência árabe e com sobrenome muito parecido com o do terrorista mais famoso da história (ao contrário do que se acreditava, não estava escondido num barraco aqui no Brasil, rs), e outra ao Iraque que culminou na queda do ex-ditador Saddam Hussein (ao contrário do que se acreditava, ele não tinha armas de destruição em massa, justificativa usada por George W – de War – Bush para iniciar a tal guerra).

Lembro também dos meus colegas da escola comentando sobre as pessoas pulando da altura de 100 andares e caindo como folhas de papel (essas eram realmente as palavras deles). E outros comemorando porque “os EUA, aqueles idiotas que se acham os melhores em tudo, tinham mais é que se ferrar mesmo”.

E pois é, eu até concordo que eles são uns idiotas que se acham melhores em tudo. Mas as pessoas que estavam no avião e no prédio e nas redondezas das torres não tinham nada a ver com isso. Antes de serem estadunidenses-metidos-à-besta, elas eram pessoas inocentes, que estavam lá levando suas vidas, com trabalho, amigos e família como qualquer um. Diz pra mim: o que aquelas pessoas em específico fizeram para merecer passar por uma tragédia dessas?

Antes de sair atirando o seu anti-americanismo por aí, pense em como você se sentiria se um avião atingisse o prédio em que você (ou alguém que você gosta) trabalha. Será mesmo que milhares de cidadãos comuns mereciam pagar com as próprias vidas por causa de interesses políticos de uma meia dúzia?

O 11/09 foi traumático. Vários filmes com temática de terrorismo tiveram suas estreias adiadas, ou seus projetos cancelados. As torres gêmeas foram apagadas do pôster do Homem Aranha. E uma sequência inteira do filme em que o herói se dependurava nos prédios atingidos também. Até DP (livro) teve uma cena censurada!

É uma ferida que demorou para cicatrizar. Pra falar a verdade, é uma ferida que deixou uma baita cicatriz no mundo.

E é por isso que eu adoro História. Porque História é uma ciência “sobre pessoas”. E por ser sobre pessoas, o que acontece depois, é imprevisível. E por ser sobre pessoas, é algo que diz respeito a nós DIRETAMENTE. Quem ia imaginar que do nada dois aviões iam derrubar um dos principais cartões postais e símbolos de poder da nação mais poderosa do mundo ser destruído do jeito que foi e que ESSE DIA ia mudar o rumo de vida de tanta gente?

Vimos os EUA assustados e fragilizados. Vimos a nação mais poderosa do mundo completamente perplexa diante dos acontecimentos.

E agora, 10 anos depois, com após terem gastando tanto dinheiro com os conflitos militares, agora o que vemos é um EUA que anda patinando economicamente e sob ameaça de perder o título de “nação mais poderosa do planeta”.

E a gente VIVEU isso!

Testemunhamos o dia e acompanhamos as conseqüências do momento mais importante da História do século XXI (até agora)!

De alguma forma, somos todos coadjuvantes dos capítulos mais recentes dos livros de História Geral. E a História Geral serve de coadjuvante para aquele capítulo referente ao 11/09/2001 de cada um.

Todo mundo tem algo pra contar sobre aquele dia. Alguns têm histórias mais emocionantes. Outros ficaram sem entender por que Pokemon não ia passar.

E eu queria saber o que VOCÊ estava fazendo no 11 de Setembro de 2001. E pegando a onda de Um Dia, o que você estava fazendo nos anos seguintes? No de 2009 eu estava aqui. E se o de 2001, todo mundo quer esquecer. O de 2 anos atrás foi pra guardar na memória.

Abraços,
Lisa
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sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Encontros e Desencontros

Eu não sei você, mas adoro encontrar com gente legal que não vejo há muito tempo. Sempre que dá, arrumo uma desculpa para marcar um almoço, um lanche, um cinema, qualquer coisa em que a gente possa apreciar a companhia do amigo e lembrar de histórias antigas e compartilhar histórias novas e inventar outras coisas das quais vale a pena lembrar nos encontros vindouros.

A alegria toma conta do seu corpo com pela simples presença de alguém especial e da possibilidade de falar de tudo e rir de si mesmo e não precisar fingir ou esconder nada. É uma sensação ótima aquela de esperar inquietamente e sorrir ao ver o rosto conhecido (também sorrindo) aproximar-se do outro lado da rua.

Acontece que infelizmente a vida, seja pela falta de tempo, seja pela distância, seja por qualquer outra coisa, não deixa que esses eventos de confraternização ocorram na freqüência em que a gente gostaria. E mais infelizmente ainda, muitas vezes, mesmo com a gente marcando as coisas com a maior antecedência possível, sempre surge algum imprevisto ou alguém que fura e que coloca tudo por água abaixo. Aí, a gente fica sem encontrar as pessoas de que gosta, mesmo morrendo de saudades.

Ultimamente, a vida tem feito isso comigo. Ao mesmo tempo em que o trabalho (agora sempre itinerante) não permite que os encontros sejam marcados com muita certeza e às vezes faz com que eu os desmarque também, essa vida nômade me dá ainda mais vontade de me encontrar mais vezes com mais gente que eu sei que está por perto.

E se não dá pra marcar, bom, a vida também tem dado uns empurrõezinhos na hora de matar as saudades e nos últimos tempos tenho ficado muito com a impressão de que o mundo realmente é bem pequeno. Porque o que eu tenho esbarrado com gente em trens e metrôs e restaurantes não está no gibi. Teve uma semana que eu encontrei com umas 5 pessoas assim, sem combinar nada.

E aí você vai dizer que é a coisa mais normal do mundo se a outra pessoa sempre pega a condução naquela hora, e sempre está por aquelas redondezas, mas tem vezes que parece que o destino faz essas coisas só para que você se alegre por passar alguns minutinhos na companhia de alguém que você há muito não via.

Teve um dia em que eu ia pegar o Japeri (esse eu pego sempre) pra ir pra casa, mas estava cheio, minha mochila estava pesada, eu estava cansada e então resolvi pegar o parador pra ir sentadinha e acabar o livro que eu estava lendo. Eu me aproximava do trem quando anunciaram que o parador só ia sair os 4 carros da frente. Droga! Tenho que correr se quiser ir sentada agora. Aí apertei o passo, entrei no primeiro vagão com lugares vazios que vi e sentei com pressa sem olhar pros lados. Respirava aliviada por ter conseguido um lugarzinho quando escuto uma voz do meu lado:

- Não sabia que você pegava esse trem.

Olhei para o lado e aí sim reconheci a irmã de uma amiga minha dos tempos de colégio da qual sinto a maior falta.

- Oi! – ainda ofegante e sorrindo espantada – Na verdade não pego. Só que hoje eu estava com preguiça de encarar o Japeri lotado. Mas você também não pega esse trem!

- É, mas é que hoje teve um congresso lá na UFF e aí eu resolvi em cima da hora que ia dormir na casa de uma amiga no Méier.

E aí a gente foi conversando até que ela chegasse ao seu destino.

Só que tem vezes que esses encontros assim não programados não são o bastante, porque é sempre tudo muito corrido, com hora pra acabar (ou pra desembarcar), oi-oi-beijo-tchau. Ontem foi uma dessas vezes. Com a tarde ligeiramente de folga (coisa que eu não tinha há muito, muito tempo), me deu uma vontade danada de ver a minha patota.

Liguei pra Jami de manhã perguntando se ela tinha alguma coisa pra fazer, ela disse que não, a Fe (aniversariante do mês de agosto e que troca de celular a cada ano só pra eu não conseguir ligar pra ela, rs) incrivelmente também concordou em ir e estávamos combinadas para 17h na minha casa. Eu, que tinha ganhado a tarde livre (só ia rolar um almoço de comemoração do fim do projeto), sairia de lá umas 15h e chegava em casa mais ou menos nessa hora pra rever minhas amigas. Oba!

Só que o negócio lá no almoço estava animado, e eu fiquei sem graça de sair às 15h, e fui adiando a despedida, e mandei uma mensagem avisando para chegarem às 18h ao invés do horário anteriormente combinado. Acabou que eu só consegui escapar 17h30 e já estava desesperada com as garotas que, depois que eu lembrei que minha mãe ia pra igreja e não ia estar em casa para atender a porta, deviam estar mofando lá na calçada na minha casa. Isso se não tivessem desistido e metido o pé. Eu já estava pensando: “Que droga! Tanta animação pra marcar e eu, que dei a idéia, não vou conseguir chegar!”.

Pensei em ir de trem/metrô a fim de evitar o trânsito, mas já que um táxi tinha parado bem na minha frente, achei melhor pegar, rezando pra não ter engarrafamento. Dali a pouco, umas 18h e tal, toca o meu celular. Era a Jami. E pelo falatório atrás, a Fe estava junto. Bom, tranqüilo, elas chegaram, minha mãe abriu a porta pra elas (provavelmente surpresa, porque eu não tinha falado nada que elas iam. Desculpa, eu pensei que ia conseguir chegar cedo), e agora elas estavam lá me esperando. Ou isso, ou estavam na rua ao relento, tocando a campainha juntas.

- Oi, Li! Onde você tá?
- Eu tô passando na Ilha agora. Só consegui sair de lá 17h30.
- É, agora é que eu fui as 3 mensagens que você mandou. Meu celular fica ligando e desligando feito doido.
- E onde é que vocês estão?
- A gente está aqui na sua casa. (rindo)
- Ah, a minha mãe abriu a porta pra vocês. Ufa!
- É, ela abriu e foi embora! Estamos sozinhas. Já abrimos a geladeira, vimos televisão... (rindo)
Eu ria descontroladamente também.
- Ai, gente, desculpa, eu pensei que ia conseguir chegar cedo. Mas aí a gerente tava empolgada lá, eu fiquei sem graça de sair.
- Não tem problema. Pelo menos a gente tem história pra contar. Se você quiser, quando você chegar a gente abre a porta pra você.
- Ai meu Deus! Só a gente mesmo! Deixa eu falar com a Fe.

- Oi, Li!
- Oi, Fe! E aí já exploraram a minha casa?
- Ah, já! A gente estava era procurando alguma coisa pra comer aqui, estamos com fome. Pensamos em comprar um hamburger ali na esquina e depois, quando você chegasse, a gente comia.
- Ah, faz isso, sim!
- Hahahaha! Ela falou pra ela fazer isso mesmo, hahahaha! Li, escuta, cadê a Té?
- Ah, ela foi pra faculdade. Já deve estar indo pra casa agora.
- Ela sabe que a gente vem?
- Não!
- Hahahahaha!
- Quando ela chegar, vocês dão um susto nela.
- A gente apaga a luz, finge que a casa está vazia... hahahahaha!

E assim eu fui pra casa mais tranqüila já, porque pelo menos minhas amigas não estavam dormindo no meio da rua e ia dar pra vê-las ainda.

Quando eu estava pagando o táxi (isso eram umas 19h), vejo que minha irmã estava chegando e falo pra ela tocar a campainha. Ela obviamente não entende nada. Acabou que eu mesma abri a porta e aí a Esther deu de cara com as meninas dentro da nossa casa, ainda sem entender nada. E a gente rindo toda vida.

Jami: Quando eu escutei a campainha, eu pensei: “Tá de sacanagem que ela não tem chave também?”
Eu: Era pra vocês abrirem a porta pra Esther!
Jami: Abrir como se a gente não tem chave? Era pra ela ter chegado antes e aberto sozinha!
Eu: Ih, é! Mas podia abrir ali no portão da garagem.

A Esther queria que explicassem pra ela o que estava acontecendo, e aí foi aquele falatório de sempre quando junta todo mundo, até que a Jami falou:

- Mas você não quer explicar isso no caminho, não? A gente está morrendo de fome!
- Ué, mas vocês não iam comprar o hamburger?
- É, mas aí a gente pensou: “Ok, a gente até sai pelo portão da garagem, mas depois como é que a gente vai entrar de novo?”

Tinha esquecido desse pequeno detalhe de que elas não tinham chave. A parte engraçada é que eu estava o tempo todo preocupada de elas irem embora antes de eu chegar, mas nessas circunstâncias, elas não podiam ir a LUGAR NENHUM! O que as tornava meio que prisioneiras na minha própria casa, mais ou menos igual ao dia em que minha mãe trancou a porta da cozinha e eu fiquei presa do lado de fora, no quintal, e quase que não fui pra escola. Elas ainda estavam melhores porque tinham TV, banheiro e comida.

Depois a gente foi conversando e rindo alto como sempre e eu fui descobrindo que não era pra elas terem entrado MESMO.

Eu: Vocês deram sorte que minha mãe estava em casa pra atender a porta. Um pouquinho mais tarde ela estaria na igreja.
Fe: Mas ela não estava em casa quando eu cheguei.
Eu: Ai meu Deus! Vocês ficaram tocando a campainha eternamente então?
Fe: Eu fiquei um pouco, ninguém atendeu, estava indo embora, aí na esquina encontrei com a Jamille. Aí logo depois sua mãe chegou em casa, voltando da igreja, porque tinha esquecido não sei o quê, abriu a porta pra gente e FOI EMBORA!

Eu pedi desculpas novamente pela confusão e mais uma vez elas falaram para eu relaxar, riram e se divertiram com situação. E aí a Fe contou de que ela também ia chegar às 17h, mas acabou chegando às 18h porque tinha chegado atrasada no curso de japonês e pegou o trem lotado na volta e ele ainda ficou parado um tempão em Deodoro, e aí as pessoas começaram a sair do trem pra pegar outro que tinha estacionado, e ela tinha ficado do lado de dentro e como dali a alguns minutinhos o trem em que ela estava trancou a porta e saiu enquanto que o outro trem é que começou a ser vistoriado e as pessoas ficaram a ver navios (ou melhor, a ver trens) e as outras ficaram dando tchauzinhos de lá de dentro zoando o povo do lado de fora.

A gente deu o DP1 (aquele pseudoraridade) pra Fe e descobriu que ela JÁ TINHA, e contamos a história da compra do livro. Discutimos se daríamos o livro para qualquer pessoa a fim de viciá-la na série também ou para outra menina no grupo. Decidimos por dar para outra amiga nossa que já gosta de DP e a Fe queria entregar pra ela logo na segunda, na faculdade. Mas resolvemos que ela ia ter que aguardar até o aniversário dela (só no ano que vem) pra ganhar o livro, porque aí a gente ia contar a história de como ele foi comprado e de como a gente achou que a Fe não tinha o livro, mas já tinha, sim.

Conversamos mais um monte de coisas, e a Fe deu aulinha de japonês, e rimos mais um monte também. Fiquei feliz como sempre fico quando encontro com gente bacana. Mais feliz ainda quando essa gente não é só bacana, mas minhas melhores amigas. Parecia até que a gente tinha 15 anos de novo e não tínhamos nem problemas, nem responsabilidades, nem mais nada pra fazer.

Com a vida que todo mundo leva, momentos como esses são raros. Mas às vezes o destino dá uma forcinha e acaba que a gente se encontra no meio dos desencontros.

PS. Ah, sim! Amanhã eu vou à Bienal! E espero ficar feliz de novo ao encontrar uma galera bacana que acabei conhecendo aqui por meio do Inútil. Essa será A Bienal dos Encontros.
PS2. Aliás, Setembro inteiro, eu espero, vai ser o mês dos encontros. Semana que vem tem um do povo do Cefet (ansiosa pra ver aquele pessoal todo de novo por um pouco mais que uns minutinhos no trem!) e na outra estou indo pra Sampa (quem quiser me encontrar, dá um alô que eu vou ficar super feliz!) Bjs, Lisa.
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