quinta-feira, 16 de junho de 2011

Viciados em Becky Bloom Anônimos

Becky Bloom é um daqueles livros que eu não posso ler em público. Eu rio tanto através das páginas da despirocada da protagonista que tenho certeza que as pessoas ao redor iriam pensar: “Tadinha, é maluca!”

Há muito tempo que eu vinha devendo um post sobre a Becky Bloom aqui no blog. Já cheguei até a esboçar alguma coisa, mas por alguma razão, sentia que ainda faltava alguma coisa no texto... E nesse último mês, acho que encontrei o que estava faltando: experiência pessoal. Mas, antes disso, vamos começar do começo.

Amor à 58413ª vista
Apesar de ser uma série e uma personagem apaixonantes, minha história com a Becky não foi de amor à primeira vista. Na verdade, sempre passei pelas livrarias e via algum novo lançamento da Shopaholic e nunca lhe dei a devida atenção porque sua capa e fonte do título pareciam demais com as de outra colega de chick-lit que todo mundo adora menos eu, Bridget Jones.

Foi só em 2009, com o lançamento do filme, que eu fui dar a atenção que a Srta. Bloom merece. Aquela história de uma jornalista financeira que dá conselhos de como os outros devem aplicar o dinheiro e ironicamente não sabe controlar os próprios gastos parecia boa demais. O trailer também era bem engraçado e além de tudo, o elenco tinha o fofo do Hugh Dancy (motivo pelo qual eu fiquei sabendo da existência do filme, aliás. Acho). Para variar, o filme não passou aqui por perto. Mas antes de assisti-lo*, preferi dar uma chance ao livro.
* Pra variar, o filme tomou um monte de liberdades criativas. Mas nem por isso deixa de ser ótimo. Isla Fischer nasceu pra ser Becky Bloom e há várias situações engraçadíssimas (tiradas do livro ou não). Eu recomendo.  

Quando o vi na livraria, agora com uma capa contendo a Isla Fischer e muito mais chamativa, resolvi dar uma olhada nas primeiras páginas e... MORRI DE RIR! Pronto, foi o suficiente para a Becky ganhar meu coração. Mas não levei o livro de uma vez. Fui pesquisar os preços, porque eu podia até ter adorado a Srta. Bloom, mas nunca tive esse desejo compulsivo por compras. Acho um saco ficar olhando vitrine, experimentando roupa e sapatos. A única coisa que me faz perder a cabeça são livros a 10 reais. Nem os de 5 pratas me atraem tanto. Fico louca mesmo é quando o preço é de 10 mangos.

E valeu a pena a espera porque depois apareceu uma promoção no Submarino em que vendia o livro por um preço de APENAS 20 reais. Não era 10, mas ainda ganhava UMA LINDA BOLSA EXCLUSIVA!!!! Aí sim, eu comprei, rs!


E pra quem diz que não dá pra tirar nada de bom dos livros da Becky, antes mesmo de lê-los eu já tinha aprendido uma lição valiosa: “Não julgue um livro pela capa”.

Porque a série da Srta. Bloom em nada lembra o outro sucesso da literatura feminina contemporânea de que eu não gosto. Becky é exatamente o tipo de heroína que eu adoro encontrar nas páginas de livros: absolutamente tresloucada, mas com o coração gigante e que no final faz tudo dar certo. Diferente da sua prima, Bridget Jones, Becky tem carisma e personalidade únicos que te fazem torcer por ela até a última página, mesmo fazendo burrada em cima de burrada. Isso sem contar os personagens secundários igualmente cativantes e situações que em todos os capítulos fazem a gente se estragar de rir (aquelas cartas pros gerentes de banco são óóóótimas. Principalmente aquelas em finlandês. HILÁAÁRIAAAS!).

Um é pouco, dois é bom, e quando o assunto é Becky, Nunca é demais
Em alguns meses, já tinha comprado todos os outros volumes. Mas de uma maneira muito consciente. Como os livros de Dona Sophie Kinsella quase sempre são verdadeiros tijolinhos*, os preços também são diretamente proporcionais à quantidade de páginas, e estão frequentemente na faixa dos 40, 50 reais (e sem nenhum brinde). Então, comprei tudo pela metade do preço (ou menos) nas feirinhas de livros usados que eu adoro.
*Acho até que se não fosse escritora e ex-jornalista-financeira-tal-qual-Becky, Sophie Kinsella deveria tentar a sorte mesmo era como pedreira, não só pelo formato de seus livros, mas pelo capricho como constrói suas histórias e personagens. E já que suas narrativas também são muito bem amarradas, também acho que a autora seria um sucesso no mercado da costura.

40 reais, 50 reais... 35... 10 pratas! Vou levar!


Ao contrário de muitas séries por aí, Becky Bloom tem fim. Na verdade, tem fins. E o que geralmente eu consideraria um defeito e jogada de marketing, com a Becky, acho bacana e natural. E não é só porque eu sou completamente viciada na série da compradora compulsiva. Há aqueles que reclamam que a protagonista pouco amadurece com o passar dos livros, mas eu sou do time que acha que Becky Bloom sem Delírios de Consumo, não é Becky Bloom. Fiquei até com dó dela no final do 1º volume, quando tudo parecia perfeito e feliz.

Pra começar, a série funciona no estilo seriado americano em que cada volume tem uma historinha que sobrevive mais ou menos independente dos outros episódios. Sendo assim, o objetivo aqui não é fazer uma saga da Becky Bloom. É se aproveitar de todas as situações envolvendo aventuras consumistas que vão desde gôndolas de supermercados (Os Delírios de Consumo de Becky Bloom - vol.1), viagens (Delírios de Consumo na 5ª avenida – vol.2) e casamentos (As listas de Casamento da Becky Bloom – vol. 3) até compras pela internet* (A irmã da Becky Bloom – vol. 4**) e enxoval do bebê (O chá de bebê da Becky Bloom – vol. 5), e se divertir, pura e simplesmente. Sem se preocupar com um grande final, e sem amarrar o leitor durante anos à espera desse final também, porque aqui ele é o que menos importa.
* Uma coisa que não era tão popular assim quando a série começou e que É CLARO que tinha de ser abordada em algum momento.
**Fiz uma busca por Becky Bloom no meu email e achei uma resposta de Record contendo uma propaganda da Irmã da Becky Bloom e do, na época aguardado, Menino Encontra Menina, que virou Garoto Encontra Garota, haha! Nossa, nem sonhava com Becky nessa época!


E exatamente por fazer o estilo seriado americano, essa é uma coleção que anda sem pressa. Se tiver alguma coisa que faça valer a pena uma continuação, continua. Senão, deixa a personagem lá, feliz e em paz. Deixa eu fazer um histórico de como a Becky acabou com 6 volumes (até agora) então.


Como também acontece com muitas séries por aí, Becky Bloom não foi concebida inicialmente como série. Era só pra ser o Os Delírios de Consumo de Becky Bloom (2000), mas aí a autora e a editora (provavelmente) perceberam que a Becky era uma personagem muito legal pra ficar lá presa a um só livro. Daí vieram o segundo e o terceiro volumes, fechando o final feliz da Becky, claro, com um casamento. Porque final que se preze tem que ter um casamento! (Minha irmã, inclusive, achou essa decisão de mostrar o casamento da Becky muito acertada. Segundo ela, todas as séries deveriam mostrar suas protagonistas casando e tendo filhinhos)

Acontece que aí a autora ficou com saudades da Becky nesse meio tempo e calhou ainda de ficar grávida. Então ela teve uma recaída escreveu em sequência A irmã da Becky Bloom (que todo mundo diz que é o mais fraco, mas é o meu preferido das continuações. Depois do 1º, é o que tem a melhor trama e quando eu li, fiquei toda: “Como é que ela não pensou nisso antes? Genial essa personalidade da irmã da Becky!”) e mais um final com O Chá de bebê da Becky Bloom. Porque melhor que final com casamento, só final com nascimento!

E pois é, Becky Bloom estava lá feliz e em paz com a sua família desde 2007 quando o mundo inteiro passou por uma crise financeira no fim do ano seguinte. E aí tenho certeza que a autora teve aquele lapso de genialidade: “O que seria da Becky, uma viciada em compras e ex-jornalista financeira tendo que economizar em plena crise, hein?” e decidiu revisitar sua personagem favorita no sexto volume, ainda inédito no Brasil, Mini Shopaholic* (um belo de um trocadilho com o nome da filhinha, diga-se de passagem).

E eu achei ótima essa iniciativa, porque adoro essas intertextualidades na literatura e realmente me peguei pensando o que seria da Becky durante a crise. A gente acha que só os clássicos é que registraram momentos históricos da sociedade, mas olha aí a Becky Bloom sofrendo algo que talvez tenha mudado o rumo da economia mundial!
* A Record prometeu lançá-lo ainda esse ano. É um dos meus mais aguardados do ano.

Deu pra perceber que não é só uma questão de dinheiro, mas também de registro histórico daqueles personagens que a gente adora revisitar?

Being Becky
Então, né, como eu estava falando, adoro a Becky, mas ao contrário dela, acho um saco fazer compras de roupas e sapatos e nunca fui muito de gastar sem pensar. Quer dizer, nunca fui muito de gastar sem pensar até outro dia em que me senti A PRÓPRIA Becky Bloom.

Quando tenho algum bem em vista, fico namorando durante um tempão até o negócio entrar em promoção e ficar num preço mais acessível. Como disse, meu único fraco são livros a 10 reais. Mas deixa eu contar a história.

Numa de nossas conversas ao telefone, eu e Jamille chegamos à conclusão essa semana de que tínhamos que encontrar a 1ª edição de DP1 porque a que eu tenho, a quinta, já é pós-11 de setembro e veio com o capítulo final, que falava do WTC, cortado. Essa parte foi cortada em inglês também, inclusive, nas edições seguintes, para evitar de o livro ficar datado e tal.

(Pausa para você ficar chocado porque não sabia disso até hoje.

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Tudo bem, não se sinta mal. Eu também fiquei um bom tempo sem saber. Descobri, por acaso, numa dessas discussões de tradução no Orkut – isso foi mais ou menos na época do email perdido eu achei outro dia - e acabou que só quando a Paula foi escrever o “final verdadeiro” pra mim é que descobrimos razão do corte.)


Mas então, decidimos que tínhamos que encontrar essa bagaça também porque é muito legal procurar as primeiras edições das coisas, e todo romance que se preze tem uma história dessas de achar essas raridades e tal. Entrou para a nossa lista de Coisas a se Fazer na Vida:

1.    Encontrar com a Meg
2.    Encontrar com a Anne
3.    Ir a NY e visitar a Fundação Follieri
4.    Mandar um email para o Carlos Saldanha com as nossas sugestões para um roteiro de Rio 2
5.    Descobrir como é a voz do Adam
6.    Encontrar a 1ª edição de DP1

Umas duas semanas depois, eis que eu vejo um DP1 lá na feirinha e fui ver qual era a edição, só de brincadeira e... ERA A 1ª EDIÇÃO MESMO!!! Aí eu olhei atrás toda empolgada, vi um final alegre, eram 15 reais, eu só tinha 10 no bolso, minha Becky Bloom interior gritou, pedi pra fazer a 10, o moço deixou e aí liguei pra Jami:

- Jami, acho que a gente precisa arranjar outro sonho.
- Ai, Deus! O que houve?
- Eu estava aqui andando pela feirinha e achei o livro! E foram só 10 reais!
- Mas é o livro mesmo?
- É. É a 1ª edição. E eu olhei atrás. O final estava lá.

Continuamos o papo animadérrimas, já planejando agora mandar o email pro Carlos Saldanha, porque não duvidávamos mais de nada nessa vida, todas felizes. Quando eu estou descendo na estação do metrô, eu me lembro de olhar a última página de novo pra ver se o final era aquele que a gente queria. Não era.

- Jami, não é o livro.
- O quê?
- Não é. Eu olhei agora de novo. Pensei que tinha visto a parte que a gente queria, mas não. É igual ao que a gente tem.
- Mas não é a 1ª edição?
- Acho que é, mas não tem a parte especial. O que é que eu vou fazer com 2 desse em casa agora?
(Nessa hora já estávamos rindo de mim mesma por ser tão retardada)
- Ah, dá pra alguém de presente. Dá pra Fe.
- Pois é, né. Quem é que a próxima das meninas a fazer aniversário?
- A Esther! Dá pra Esther (rindo).
- Tá doida? A Esther vai me matar quando eu contar que comprei outro livro igual! Ainda mais nessas condições. Se ainda fosse a 1ª edição-raridade, eu ainda podia argumentar...

Fiquei me sentindo a própria Becky Bloom. Mas, pelo menos foram só 10 reais. E eu ainda consegui desconto, né! E também pelo menos a gente logo descobriu que o livro aqui no Brasil já saiu editado. Viu, gente, não adianta procurar! Pensei em fazer um sorteio dele aqui, mas como eu tenho uma política anti-sorteios, desculpa, gente, não vai rolar.

Escondi o livro quando cheguei em casa. Esther ainda não sabe q eu comprei (até hoje). Mas, um dia ela vai ter que descobrir porque acho que vou fazer uma surpresa e dar pra Fe de aniversário mesmo. Aí, acho que vão ser duas. Uma pra Fe, e outra pra minha irmã. Isso se nenhuma das duas ler isso aqui primeiro.

É, acho que agora o melhor a fazer é entrar pro clube:

-Oi, meu nome é Elisa.
- (Oi, Elisa!)
- E eu acabei de descobrir que além de viciada na Becky, também sou viciada em compras, e preciso de ajuda. Obrigada.

4 comentários:

  1. Senta que lá vem um dos meus comentários que só não são maiores que o post porque o post também é gigante...

    * No quarto livro, eu ri tanto que comecei a tossir e meu pai pensou que eu estava passando mal de verdade.

    * Também não gosto da Bridget Jones. Até assisti os filmes, mas não consegui terminar o primeiro capítulo do livro (e nem

    pretendo).

    * Assisti ao filme primeiro, nem lembrava que tinha livro. Tem muita coisa diferente, mas eu me diverti com ambos. Só não

    gosto do Hugh Dancy, mesmo tendo lido depois, o Luke que eu imagino é infinitamente mais charmoso do que ele.

    * Tô lendo um livro que se passa na Finlândia. A primeira palavra em finlandês que apareceu - kiitos = obrigado - eu

    me lembrei da Becky e comecei a rir.

    * Li tudo em e-book, por causa dos preços. Aí, no final do ano passado, lançaram o box e eu comprei na maior alegria. Bem

    que podiam lançar outro, com os três últimos.

    * Sério que o da irmã é o mais fraco? Eu acho que o "menos bom" é o segundo. Chorei de tanto rir com a irmã-há-muito-

    perdida-e-agora-encontrada entrando na papelaria pra pedir plástico bolha usado.

    * Não vejo a hora de ler Mini Shopaholic! Só não comprei em inglês porque sou chata e não gosto de ler continuações em

    outro idioma.

    * Sério que DP1 tinha um capítulo sobre o WTC??? É, eu realmente não sabia disso.

    * Tenho umas fases muito Becky Bloom e outras muito Jessica. Mas as fases Becky são sempre direcionadas. Ou livros, ou

    roupas, ou calçados, ou brincos, nunca tudo de uma vez, graças a Deus. Agora tô numa fase Becky depois do casamento,

    sabe? Querendo conhecer o mundo, haha.

    É, acho que comentei tudo.

    Bjos

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  2. Nunca comecei a série porque já tenho várias séries começadas e ainda não terminadas, MAS vi o filme e ri MUITOOO, então acho que o livro vai ser MARA.

    Essa história da Dp1 e torres gêmeas me deixou tão curiosa, tão curiosa que... deu vontade de procurar a primeira edição tb hehehehe

    Olha só! Vc quer vir a NY... Se precisar de 1 teto sobre a cabeça e eu ainda estiver por aqui é só avisar. Aceito livro como pagamento kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

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  3. Simplesmente AMEI a forma como você terminou o post, ficou perfeito!
    Então, é uma coisa triste eu ter que admitir que eu nunca li Becky Bloom. Nada. Já li Sophie (Lembra de mim? - e achei fraquinho), mas não li Becky, que é tipo a obra-prima dela, né?
    Vi o filme e ADOREI - fez muito sentido para mim e para minha mãe porque nós adoramos compras (mas não somos shopaholics, a gente ~ainda~ consegue se controlar haha), mas até meu pai, que odeia shopping e é homem, adorou o filme (sim, até meu pai viu. Eu e minha mãe víamos todas vez que passava na HBO).
    Pretendo ler, sim, mas preciso procurar em sebo onde é baratinho, porque pagar cinquenta reais em livro não é de Deus (viu, não sou shopaholic!).

    Eu não sabia dessa coisa de DP1. Na verdade, quando você falou eu fui correndo olhar a edição do meu. Mas daí foi meio frustrante, sabe, ver que era a décima terceira. De qualquer maneira, agora fiquei curiosa.

    Adorei seu post. Aumentou ainda mais minha vontade de ler Becky.

    Beijo!

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  4. Na verdade não é um capítulo SOBRE o WTC. São uns 3 ou 4 parágrafos a mais depois q o cara cego passa a mão na Gradmere em q a Mia leva ela pro terraço pra mostrar pra avó que NY é um lugar legal. Aí fica todo mundo admirando a paisagem do pôr do sol em NY, aquela coisa bem final de filme, com o WTC ao fundo. É um final bem mais poético do que o cortado, mas acho q eles fizeram bem em tirar. Se não cortassem, deviam ter editado as torres gêmeas dali pelo menos pra não ficar datado demais.

    Mas outro dia qd estava lendo o DP2 de novo e encontrei uma passagem com WTC de fundo tb q esqueceram de editar, mas era tipo uma linha, passa bem desapercebido. No caso do DP1 era bem mais importante.

    Quem quiser, eu até passo clandestinamente por email essa raridade do final desconhecido de DP1.

    Bjs
    Lisa

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