segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Não é perfeito, mas quem se importa?

Há muito, muito tempo atrás, eu quis escrever um post sobre grupos a capella e como sou fascinada por esse tipo de coisa. A harmonia de vozes, os barulhos com a boca, a mágica que eles fazem ao tornarem músicas ruim em boas, e as boas em absolutamente irresistíveis... Logo quando Glee começou, achei um vídeo de um desses grupos cantando umas músicas do Jamie (o que eu mais gosto nesse vídeo são os gritinhos animados para os meninos que fazem o “a capella” do jeito mais tradicional, usam as roupas mais tradicionais e nem são tão bonitos assim), e um vídeo leva a outro, e o Youtube é um buraco negro e eu acabei descobrindo que lá nos EUA, eles levam esse tipo de coisa super a sério com direito a competição e tudo (como em Glee mesmo, só que na faculdade). 

O post não saiu por N motivos, mas cá estou falando exatamente o que eu queria falar há anos atrás porque assisti A Escolha Perfeita (que trata exatamente desse campeonato de “a capellas”) na TV e fiquei com a boca, os dedos e todo o resto do corpo coçando pra comentar. Fora a vontade louca de cantar, obviamente.

Tem um pedaço de DP2 (o livro) em que a Mia fala que seu filme favorito de todos os tempos era Dirty Dancing porque nele tem dança e filmes com dança são geralmente melhores que os outros porque a dança faz tudo ficar bom. Eu sou assim com música. Acho inclusive que se nessa vida tivesse mais música, muitas coisas iam ser melhores. Essa semana entrou no metrô um grupo de músicos chamado Mambembe composto por um cavaquinho, um violino e um pandeiro tocando clássicos do samba e da MPB. Uma delícia! Imagina só como as viagens não seriam melhores com 5 minutos de música boa desse nível?

A Escolha Perfeita (uma péssima tradução, diga-se de passagem, já que “Pitch Perfect” tem todo um trocadilho com afinação e o mote do filme não tem nada a ver com “escolha”. O título de PORTUGAL é melhor: Um ritmo perfeito) é repleto de clichês adolescentes, apesar de passado na faculdade (não fosse Glee, talvez se passasse numa escola mesmo), e tem um monte de coisas que não funcionam. O negócio é que as músicas a capella são muito boas e aliadas a performances espetacularmente coreografadas (uma fórmula que não tem como dar errado!) compensam todos os defeitos.

Uma coisa engraçada que notei é que praticamente todo mundo associou A Escolha Perfeita a Glee, por motivos óbvios, e até o filme tira sarro disso em alguns momentos, mas se você parar para pensar, A Escolha Perfeita, na verdade, tem muito mais a ver com... Mudança de Hábito! Quer dizer, um coral tradicional que tem que se reinventar e quebra todos os paradigmas com a chegada de uma novata que inicialmente tem suas ideias rechaçadas pelo grupo... Tem até a personagem gordinha que rouba todas as cenas! Se você já assistiu a continuação do filme com a Whoopi vai ver como é a cena final é muito, muito, muito parecida com a película do ano passado. 

Queria deixar aqui registrado o quanto adoro a tradução do título de Mudança de Hábito. 
Simplesmente genial!

E se o repertório super-atual às vezes traz músicas bobas e nem tão boas assim, o a capella faz a mágica de tornar até Party in the USA presença indispensável no player!!!! Agora você imagina só se as músicas fossem boas de verdade!!!

Além disso, com O Clube dos Cinco e Don’t You Forget About Me, o filme faz um mea culpa com a geração anterior, como quem diz: “Olha, fizemos o dever de casa, não somos um filme só pra vender músicas no iTunes, também temos coração e queremos emocionar as pessoas de verdade”.
* Li uma entrevista da Anna Kendrick (s2), em que ela comentava que na verdade, O Clube dos Cinco nem estava no roteiro original, e sim Digam o Que Quiserem. Como eu só vi o primeiro, também acho O Clube dos Cinco a melhor escolha.

(A título de comparação, homenagem por homenagem, acho que John Hughes ficaria mais orgulhoso com A Mentira do que com A Escolha Perfeita. E na minha humilde opinião, o filme podia ter alcançado esse patamar de AWESOMENESS de Easy A, caso estivesse na mão de um diretor mais inventivo e descolado, tipo o Will Gluck)


Outra coisa digna de nota é Anne Kendrick, que definitivamente está em busca do título de Queridinha da América. MEU DEUS DO CÉU! Como ela é boa!!!! A simpatia, o carisma, o sorriso, talento, a voz (que voz deliciosa!), a carinha de menina daquelas que você podia ser a melhor amiga... O que é a musiquinha do copo, por favor???? Por que ela não canta mais???? Pleaaase!!!!

Há exatos dois anos, quando assisti A Mentira, me apaixonei pela carismática Emma Stone. Simpática, esperta, bonita, boa atriz... Fiquei pensando cá com meus botões que, pra ela ficar no nível da Anne, só faltava cantar. Anna Kendrick canta. Uma pena a garota ter perdido tempo na “Saga” Crepúsculo (dava até dó dela, lá de coadjuvante da se graça Kristen Stewart) com tanto talento.


E falando em Crepúsculo, acho que vale o comentário de que, Beca, pós-adolescente deslocada, rebelde, que não se enturma, não gosta de nada, nem de ninguém, lembra muito uma certa Bella Swan. Mas o final de Beca é exatamente o caminho que eu imaginei que Crepúsculo tomaria quando tive contato com a história pela primeira vez. E aí eu fico pensando o que Anna Kendrick não teria faria com a personagem... E depois dou graças a Deus por ela não ter sido a protagonista da saga dos vampiros brilhantes porque aí ela não queimou o filme dela com essa bomba que, sinceramente, não tinha salvação.

Ainda sobre isso, queria comentar sobre a cena do juramento em que associei as palavras Bellas (o nome do coral), “lobos”, a história de amor proibido e Anna Kendrick, que já esteve em Crepúsculo. Não tive outra saída senão soltar uma gargalhada, né? É isso aí, sou meio retardada mesmo.

Beca ataca de DJ

Ok, voltando às personagens, é bem difícil você realmente se “importar” com eles no início. Às vezes por culpa do roteiro, que não explica direito o porquê de suas atitudes ou o faz de um jeito meio bobo (quer dizer, por favor, tudo bem que a Beca é alternativa e talz, mas não gostar de filmes? Como assim? E o negócio de ela querer ser DJ? Affe! Se ao menos ela fizesse uns mash ups legais tipo esse... Mas aquele Bate-Tuntz dela, qualquer ex-BBB faz!), às vezes pela má escalação dos atores. 

Quer dizer, não dá pra levar a sério o romance dela com o carinha porque, além de o início ser meio mal explicado, o mocinho é muito sem graça, fora que ele é a cara do Christian do RBD!!!!!

- Menino, parece que eu te conheço de algum lugar!
- Eu cantava num grupo mexicano há alguns anos.

No entanto, além de todos os elogios do mundo para a linda da Anna Kendrick, outra surpresa foi ver Elizabeth Banks, que também é produtora do filme, arrebentando na comédia, num papel que, veja só, era pra ser da Kristen Wiig! Eu particularmente nem gosto da Elizabeth Banks. Acho-a uma atriz limitada e muito sem carisma, mas acontece que ela interpreta o tipo megera cômica muito bem (talvez por ela ser uma megera na vida real também). A narradora que tece comentários cheios de sacanagem (não necessariamente no melhor sentido da palavra) na verdade lembra muito a Avery de 30 Rock. (E se alguns dos diálogos non-sense te lembraram da série da Tina Fey é porque o filme foi escrito por Kay Cannon, umas das principais roteiristas do seriado.)

Rebel Wilson (talvez o Tracy Jordan do filme, com praticamente todas as falas improvisadas) e alguns outros personagens soam forçados no início, mas conforme a fita se desenrola, a gente aprende a gostar deles. 

E no final, tudo, tudo, tudo aquilo que estava meio esquisito, faz sentido. Os mash ups, a história da Beca ser DJ, a união das garotas, o punho cerrado do Judd Nelson... É redentor! É arrebatador!


Uma performance de arregalar os olhos e abrir bem os ouvidos! Além das mixagens espertas, atenção para as coreografias emulando vários clipes de sucesso como Smooth Criminal de Michael Jackson (na metade da fita, o Rei do Pop ainda contribui com Don’t Blame it on the Boogie, naquela apresentação do grupo eliminado, com direito a moonwalk, sim, obrigada!), Single Ladies (tem muitos movimentos de Single Ladies, aliás, me pergunto aqui, se a canção não estava incluída originalmente no medley final) entre outros...

A Escolha Perfeita não acerta todas as notas e desafina em alguns momentos, mas tem números musicais incríveis e material de sobra para povoar a internet com ótimas gifs nos próximos anos (fora os vídeos!). E no final, ah, os finais são sempre a melhor parte.. Ao contrário do que seu título possa sugerir, ele está longe da perfeição, mas, sinceramente... quem se importa?

Por favor, alguém me ajuda a descobrir de onde veio essa parte da dança? Tenho certeza que é de algum clipe, mas não consigo lembrar qual. Sério, não canso de assistir. Se você descobrir outros clipe escondido, vem aqui me contar, please! Preciso ver o filme com comentários, fato!
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terça-feira, 5 de novembro de 2013

Paixão adolescente

Nas últimas semanas não se falou em outra coisa senão a separação de Grazi e Cauã, uma espécie de Brad e Angelina brasileiros até então, tirando o fato de que a Angelina é que roubou o Brad e a Grazi teve o Cauã roubado (se bem que Dona Grazi está é pagando os pecados por pegar homem comprometido na época do BBB).

Mas a notícia que realmente mexeu comigo foi o divórcio de Tom Welling. Tom Wellling era minha paixão adolescente. Aquele por quem eu passava minhas manhãs de domingo ba-ban-do. O homem pelo qual eu aturava Celso Portiolli e os intermináveis comerciais do SBT (isso é que amor!). Uma vez descobri que umas professoras do ginásio também eram fãs de tamanha beleza (como não ser?) e coloquei até Tom na capa de um trabalho (sério!). Num tempo em que podia passar tardes e tardes na internet fazendo nada, gastava meu tempo procurando fotos de Tom Welling e admirando toda sua formosura. Um ótimo jeito de gastar o tempo, se você quer saber. Uma vez achei uma que, só podia ser mentira, tinha até Tom nu pulando num laguinho de Smallville (e eu nem estava procurando nada disso). Minha amiga Fernanda ficou horrorizada com a tal foto, me sacaneia até hoje, me chama de tarada, etc.

(Ai Deus, lembrei do Power Point que a Fe fez – Fernanda também sabia muito bem gastar o seu tempo – Big Brother Tom Welling ou Big Tom Welling Brasil, não lembro direito. A ideia era ótima! Trancar Tom Welling numa casa, deixá-lo sem camisa. Só. Precisa de mais alguma coisa? Cadê o E! pra investir nisso?????)

Pra falar a verdade, tem muito mais histórias envolvendo Tom Welling na minha adolescência, mas vou poupar vocês de todas elas, porque acho que não vem ao caso agora.

Pois então, nesse mês, a mulher de Tom Welling assinou o divórcio. E sempre odiei a mulher do Tom Welling pelo simples motivo dela ser casada com ele, que, como todo mundo sabe, devia ser patrimônio público. Acho sinceramente que o governo deveria lançar um programa social Bolsa Tom Welling que garantisse que todas tivessem um Tom Welling em sua vida.

Essa era uma das minhas preferidas

Mas, devo dizer que tem muito tempo que não fazia como antigamente e ia caçar coisas da vida de Tom. Primeiro porque tenho mais o que fazer. Depois porque parei de ver Smallville na metade (é, teve uma hora, que nem Tom Welling fazia valer aqueles episódios da sexta temporada pra lá, porque, tipo, basicamente, só sobrou ele pra contar a história, já que  Jonathan morreu, a Lana saiu, o Lex saiu, o Lionel morreu, e até a Chole foi embora! Na boa, mesmo à distância, quando eu vi que a Chloe – a Chloe!!! – tinha saído, nem fiz questão de voltar pra temporada de despedida!) e o próprio Tom também nem tinha nada interessante que pudesse ser procurado. Com o fim de Smallville, e com as tentativas frustradas de produzir outros seriados (pra quem não sabe: Hell Cats era uma legítima Tom Welling Productions), associadas ao talento dramático dele (que vamos combinar, era quase nenhum), parecia que o moço tinha sumido do mapa, então também nem tinha nada pra encontrar, mesmo que eu procurasse.

Devo dizer até que meu coração foi preenchido por outros galãs, com mais conteúdo e talento, e com igual nível de shirtless (Alô, Ryan Goslyn! Alô, Hugh Jackman!), além de outros Supermans (Por que foram mudar aquele outro moço Brandon Routh? Adorava ele! Por quê? Por quê?). Obviamente nada com a mesma intensidade que a paixão adolescente despertada por Tom Welling do alto dos meus 14 anos. Mas, ao contrário do que um dia eu pudesse imaginar, ouvir a essa altura da vida que ele estava se separando despertou um sentimento de: “Mas só agora, Tom? Se fosse há 10 anos, eu ficaria muito mais feliz com a notícia!”.

Não é nem (só) a beleza, é o borogodó!

Mesmo assim, entrei na página dele do IMDB pra ver como ele estava, se estava lidando bem com a separação, se tinha mais algo a acrescentar a notícia, se tinha uma declaração de amor pra mim (brincadeira!), se estava fazendo algum filme, etc. Não descobri nada da separação e também não tinha nenhuma declaração pra mim, mas vi que ele realmente estava estreando um filme. Um bom filme, aliás. Não era A Névoa (esse daí eu não consegui assistir, mesmo tendo o Tom de protagonista, quer dizer, o vilão é uma NÉVOA!)! Um filme sobre a morte do JF Kennedy, com Zac Efron (ai, Zac!), Paul Giamatti, Billy Bob Thorton e grande elenco, com cheiro de Oscar. Tudo bem, Tom Welling não aparece no trailer. E parece que quase não vai aparecer no filme também. Mas já é um começo pra quem está parado desde Smallville. E pelo menos já dá pra acompanhar umas fotinhas dele!

E aí eu fui ver as fotos, e realmente tinha umas da première do filme num festival importante aí. E lá estava Tom Welling, de terno, no tapete vermelho, sozinho e... grisalho! Com umas ruguinhas do lado dos olhos, com a barba por fazer, bem tiozão... Achei esquisito demais. Tipo, era o Tom Welling! Meu ídolo teen! Pra mim ele ainda era o Clark, com aquela carinha de bebê!

Daí ele me aparece todo maduro, sério, com cabelo branco... Não estava preparada. Achei até que ele estava magro, meio acabadinho (deve ser culpa do divórcio), ao passo que minha amiga Jami (que tinha me mandado a notícia) rebateu:  “Quem dera ter um acabadinho assim aqui em casa!”.

Para os fãs de Greys, li alguém falando que ele era a mistura perfeita entre o McDreamy e o McSteamy. Que ele seria o McBrother. Descrição exata! Taí, Tom Welling em Greys ia cair muito bem. Já to até imaginando ele de jaleco...

Fui passando para ver todas as fotos e aí encontrei uma dele sorrindo. Aí eu lembrei que o que eu mais gostava no Tom, não eram os olhos azuis, os braços, o peitoral, enfim. O que eu mais gostava era o sorriso de Tom Welling com aqueles dentinhos de criança. Ele ainda era o MEU Tom. E aí voltou tudo. Entrei no fansite pra recuperar o tempo perdido e ver TODAS AS FOTOS que eu ainda não tinha visto, ler as entrevistas, acompanhar as News...


E daí que ele estava grisalhinho, gente? Pra 36 anos, até que ele está superbem (com trocadilho, por favor!)! E tá bom que esse cabelo não está nos melhores dias, mas a gente dá um jeito, não tem problema! 

Na verdade, acho que o que o envelheceu foi essa roupa (vocês notaram o tamanho do sapato? Tem misericórdia!). Olha como de camiseta fica bem melhor:


Quer dizer, se é pra fazer a linha largadão, que faça direito, Tom! Da mesma forma que, se você vai ao Festival de Cannes, vestindo um smoking, faça o favor de se barbear, pentear o cabelo e tal... Não é porque agora que você separou que vai deixar de se cuidar. Muito pelo contrário! Agora você tem que ficar ainda mais bonito... PRA NÓS!!!! E vamos, combinar, que você nem precisa fazer muita força, né?

Mas, enfim, bom, não sei se exatamente por causa do Tom, ou se por uma combinação cósmica entre Tom + Dia das Crianças + uns tweets da @DayseD falando de Sandy e Jr + Horário de Verão + ENEM + Outras-coisas-que-não-lembro-agora, o negócio é que junto com Tom Welling, veio à tona um monte de outras paixões adolescentes que me deixaram numa nostalgia tremenda. 

Coloquei pra ouvir aqueles CDs que faziam a minha cabeça há 10 anos e cantei TODAS AS MÚSICAS a plenos pulmões, tive vontade de reler meus livros favoritos – que inevitavelmente também são mais ou menos da mesma época (pelo menos a maioria deles), os filmes que assistia sem parar, quis voltar a ir pro colégio e fazer prova e assinar camisas no último dia de aula só pra ter o prazer de entrar de férias em pleno novembro! Fiquei com saudade do Orkut, relembrei histórias incríveis, revivi um pouco dos tempos de MSN no FaceChat numa conversa com 4 pessoas, entrei no Facebook de gente que não via há tempos só pra ver como eles estavam agora...

E de repente me senti feliz como há muito tempo! Feliz como criança mesmo! Daquelas bem bobonas que começam a rir de tudo e bem forte!

E daí que enquanto entoava essa música, que ficou na minha cabeça por tipo umas 2 semanas, mesmo já tendo sido gravada há uns 15 anos, percebi que eu ainda sabia a letra todinha, sem precisar de cola, mesmo fazendo uns 7 que eu não colocava o CD pra escutar. E o mesmo se aplica a todas as outras músicas da mesma época. 

Ao passo que, se eu fosse pegar qualquer uma que ouço com muito mais freqüência hoje, só consigo acompanhar no máximo o refrão. E mesmo que eu saiba a letra toda, não é a mesma coisa. No primeiro caso, a voz vem lá de dentro e sai com todo o vigor. O sentimento atrelado àquelas letras bobas de, sei lá, 10, 15 anos atrás, é muito maior. 


As músicas que sabemos de cor, os livros que não cansamos de reler, os filmes que recitamos as falas junto com os atores, os amigos que não queremos esquecer, as melhores histórias que não nunca ficam repetitivas... Por mais que apareçam outros amores, outras paixões, outras pessoas, até melhores, mais inteligentes, mais interessantes, até mais parecidas com nosso eu atual, são as paixões adolescentes que mexem com a gente de um jeito que não dá pra explicar. 

E sabemos tudo isso de cor, porque elas não ficaram guardadas somente na memória, mas dentro do coração. 

E Turu Turu é dessas que saem lá de dentro do “core” direto para ponta da língua, mesmo com uma letra grande e cheia das artimanhas...

PS.  Gente, PARA TUDO, achei um instagram do Tom Welling. Será que é ele mesmo? Vou seguir!
PS2. Ai, Deus! Lembrei de quando entrei no Orkut, só pra ficar amiga do Tom Welling (sério). Na época, eu acreditei que era ele de verdade. Depois eu vi que tinha muitos, e eram todos falsos. Droga!
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sábado, 26 de outubro de 2013

Carta a um blog abandonado

Oi, tudo bom?

Fico até meio sem graça de chegar assim como quem nunca esteve ausente, mas acho que não existe nenhuma maneira de tornar o reencontro menos constrangedor, não é?

Não falo com vocês tem quase dois meses e as razões são as mais diversas. Falta de tempo, excesso de problemas, cabeça cheia demais, e, até me dói admitir isso, mas pela primeira vez em quatro anos, acho que um dos motivos foi falta de vontade.

Pra quebrar o gelo, acho justo contar pra vocês um pouco do que aconteceu comigo nos últimos tempos. Minha vida mudou muito e mudanças por si só são coisas que mexem comigo. Não sei não saber o que virá no dia de amanhã. Fico tensa por antecipação. Passo mal. Até deixo de comer. Teve um cliente meu (na verdade, 3 pessoas desse cliente) que até comentou que estava bem mais magra desde a última visita.

Mas a vida esteve perto de mudar ainda mais. E eu falo com muito orgulho que só não mudou porque eu não quis. E é nessas horas que eu percebo como o nosso destino é a gente que faz. E isso é muito bom, na verdade.

Bom, deixa de conversa fiada. Vamos aos fatos. Primeiro de tudo, acho que tenho que contar que vai fazer dois meses que estou aprendendo a ser filha única. Minha irmã embarcou pra Espanha em meados de setembro, e desde então meu tempo livre tem se resumido a conversar com ela pela internet.

Queria ter escrito um post bonito de despedida, cheio de sentimento, falando sobre a lágrima que eu fui incapaz de conter na entrada do portão de embarque, e como passar a vida viajando deve ser bem esquisito, porque aeroportos são exatamente o oposto do que se chama de lar, e como quando eu já na volta pra casa, bem vi o avião de maninha decolando, indo para além mar, e como demorou até eu me acostumar com a ideia de que eu não tinha ninguém pra mandar dormir, tomar banho ou acordar.

Mas os perrengues que ela encontrou por lá não deram descanso para nenhum de nós. Logo no primeiro dia, já me ligou chorando porque não conseguia acesso à internet, pois o chip que tinha comprado lá não estava configurado direito (até ela descobrir isso demorou tipo umas duas semanas, e aí ela tinha que ficar igual àquela propaganda em que os clientes de uma pizzaria perguntam se a pizza é redonda).

E pra completar, deu um azar desgraçado com o quarto que alugou antecipadamente. A dona era simplesmente maluca e ficava invadindo o quarto dela, se metendo na arrumação, e chegou até a ameaçar expulsá-la. Pois é, a vida dela não estava fácil. Num belo dia, foi pedir pra safada assinar o contrato de aluguel (que ela já devia ter assinado), pois precisava pegar um documento na polícia federal de lá, e a VAGABUNDA não só falou que não ia assinar, como ainda tentou extorqui-la. Falou que só assinava se ela pagasse o dobro do preço!!!!!

Me deu vontade de largar tudo aqui e dar um soco nessa velha nojenta! FILHA DA P*TA! Querendo se aproveitar da minha irmã porque era estrangeira e novinha! Se tem uma coisa que me tira do sério é injustiça e desonestidade. Se fosse aqui no Brasil essa vaca já estaria na justiça faz tempo, mas estar no país dos outros é uma droga e tudo o que a gente menos procura é aborrecimento.

No fim da história, minha irmã saiu da casa da mulher (depois de alguma briga e intervenção do corretor), e foi morar com uma amiga do Brasil que conheceu na faculdade (num lugar que tem Wifi e TV, graças a Deus!) e agora está muito feliz, aproveitando à vera. Já foi no show de um cantor espanhol que ela adora, foi nesse jogo do Real que teve essa semana e já comprou ingresso pra ver o Jamie no fim de novembro (ô, inveja!), entre outras coisas.

Mas toda vez que ela ligava chorando era de arrancar o coração. Descobri que sou muito mais super-protetora do que imaginava. E ela descobriu que é muito mais independente do que imaginava. Acho que no fim das contas valeu a experiência e fica o aprendizado pra gente parar de reclamar do nosso país. Gente safada tem em todo lugar do mundo. Não é privilégio tupiniquim, não.

Enquanto isso tudo acontecia do outro lado do Atlântico, comecei minhas aulas de direção (finalmente!) e enfrentei uma maratona de entrevistas que quase me colocaram em outra direção. Disse quase porque depois de várias etapas de um processo seletivo que tinha prova e até apresentação em Power Point sobre um assunto técnico, a empresa até queria me contratar, mas eu decidi que não queria ir. Porque a gente tinha combinado um salário, e depois de tudo isso, a empresa veio com uma proposta bem abaixo do esperado. E eu nem tinha pedido nada astronômico, não! Foi só o valor mínimo do mercado (eu faço teste de folha de pagamento, então estou bem por dentro da média).

Essas empresas têm que entender que se elas fazem questão de um bom profissional (e se preocupam tanto com isso ao ponto de testá-lo incansavelmente) têm que pagar o que eles merecem, senão não vão conseguir atrair, nem reter os melhores. Simples assim. Esse papinho de gestor de RH de que falta mão-de-obra qualificada é a maior furada. Gente qualificada tem! É só oferecer um bom salário que elas aparecem.

Foi um pouco decepcionante para eles, mas também foi um pouco pra mim, que já tinha alimentado algumas esperanças e já estava até ensaiando a entrevista de desligamento.

No fim das contas, acho que, assim como o problema que minha irmã enfrentou, foi pro bem. Uma vez li num livro que emprego/profissão é igual casamento e as duas partes têm que estar alinhadas para que as coisas deem certo. Achei que se fosse pra começar decepcionada, com desconfiança, era melhor nem começar.

Ainda estou à procura de oportunidade perfeita, mas bem mais descrente de que ela exista. Mas se você souber de uma jeitosinha, legal, e bem humorada, pode me apresentar (o mesmo vale para relacionamentos).

Pronto, acho que contei tudo (pelo menos o que interessava e era novidade) nesses últimos meses e agora já podemos continuar de onde paramos.

Espero não demorar tanto,

Abs
Lisa
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domingo, 1 de setembro de 2013

O melhor e o pior da Bienal 2013

Já faz mais de dez anos que eu frequento a Bienal do Livro. Mas eu sempre me impressiono com a grandeza, a loucura e a delícia que é o evento. 


É incrível como eu vou passando pelos lugares e os momentos marcantes voltam tudo na memória. Eu na fila ansiosa pra conhecer a Meg, no estande da Record, com todo mundo louco ali também. Eu na fila, cheia de pressa pra entrar, naquele domingo super-quente, do dia 13/09/2009. Eu na fila, no sol, nervosa porque a Jami não chegava! Eu na fila, pegando os headphones, no meio da muvuca, pra ver a palestra. Eu na fila indiana-minhoca da Débora ali do lado de fora, na hora de ir embora, na Bienal 2003... (Engraçado como todos os momentos marcantes da Bienal envolvem filas...)

Vou confessar que nem estava dando muita bola pro evento esse ano. Mas foi só botar o pé no Rio Centro pro clima da Bienal tomar conta de mim. E Bienal é Bienal. A festa da literatura. O lugar onde ser maluco por livros é a coisa mais normal do mundo. O lugar onde você encontra amigos de internet e seus autores favoritos! O lugar onde escritores são tão aclamados quanto celebridades da Globo! O lugar onde você olha pra lado coisas MEGA ABSURDAS que às vezes nem tem nada a ver com livros! E simplesmente NÃO DÁ pra ficar indiferente a tudo isso. 

É preciso notar que o sábado do dia 31/08 estava bem concorrido. Um dia com Bienal, Mc Dia Feliz e Criança Esperança não é pra qualquer um. Há de se pontuar, inclusive, que esse ano quase não se viu propaganda da Bienal na TV. E não duvido que a Globo não estivesse noticiando a Bienal pra não ter concorrência com o CE. ESTAMOS DE OLHO! 

Mas, mesmo pra quem separou o dia, para curtir a Bienal, estava difícil aproveitar tudo o que a feira tinha de legal e só mesmo com o vira-tempo da Hermione pra estar em todos os lugares ao mesmo tempo. Por isso o ideal é ir à Bienal sempre acompanhado dos familiares e/ou amigos com interesses diversos dos seus. Pra poder obrigá-los a guardar lugar nas filas, pegar senhas de uma palestra enquanto você aguarda o autógrafo de um outro autor, trocar de lugar quando for a hora, trazer comida pra você, ficar na fila enquanto você vai ao banheiro, essas coisas.

Esse ano não comprei NADA na Bienal. Nem um pôster do One Direction (brinks!). Fiz um benchmark (um nome bonito pra “pesquisa de mercado”) na internet antes de ir e chegando lá, percebi que não valia a pena fazer COMPRAS na Bienal. As filas eram gigantes (tinha estande que tinha fila até PRA ENTRAR), os preços não compensavam e nem tinha nenhum brinde que ME atraísse (o estande da Record até que tinha bastante brinde, mas não pras coisas que eu queria comprar). 

Demos muito dinheiro foi pra barraquinha de doces portugueses que faturaram alto com a gente (meu pai teve um surto de Becky Bloom e resolveu que “E daí que é caro? A gente vai morrer e deixar o dinheiro todo aí mesmo!”). Dica: Os docinhos são gostosos, mas vão deixar você todo sujo, com bigode branco de tanto açúcar.

Mesmo assim deu pra aproveitar o evento, fui na palestra do moço do Lado Bom da Vida e eu me diverti à beça com o simples fato de estar na Bienal, no meio daquele bando de gente doida.

Separei os melhores momentos só pra vocês terem o gostinho de como foi:

- A fila IMENSA pra ver o Nicholas Sparks (hoje fiquei sabendo que a palestra foi cancelada, e ele assinou os livros freneticamente durante SEIS HORAS).
- Pessoas animadas, gritando para seus autores favoritos (principalmente Nicholas Sparks, a galera estava MUITO LOUCA!)
- Pessoas com camisetas de livros (adoro!)
- O Ancelmo Gois passando do lado da fila do Nicholas Sparks, com cara de surpresa-susto-aprovação.
- Uma menina dando duplo twist carpado ali naquele gramadinho do lado de fora. Tinha um outro moleque de circo, tentando competir com a menina, mas não tinha pra ninguém, a menina dava umas 3 ou 4 cambalhotas em sequência. Coisas de Bienal...
- O pôster super-ultra-mega-blaster que a Intrínseca fez pro John Green (eu nem li nenhum livro dele, mas gosto muito do John Green).
- Uma bagunça no estande da Capricho e uma menina dizendo que era porque a Selena Gomez estava lá. Hahahahaha! (Ainda não descobri quem era de verdade)
- O debate com Matthew, Flavio Carneiro e Socorro Aciolli. Muito legal!
- A hora em que o mediador falou que tinha chorado no final de O Lado Bom da Vida e teve vontade de abraçar o Matthew Quick, e aí o autor abriu os braços, todo pimpão, e todo mundo fez “ooowwww” (Ele parece ser muito gente boa!)
- O sotaque da Socorro Accioli (adoro sotaque do nordeste!) e a história da meta em vender livros pra comprar sonhada bicicleta rosa com cestinha na frente (dos 3 ela é que tinha as melhores histórias!) 
- Esse cara no estande da Record, já de noite:

Jacob, é você??? Tadinho, errou de estande. O da Intrínseca era ali pertinho...

Mas agora, sério, GENTE, O QUE É ISSO???????? 

UM HOMEM SEMI-NU, ASSIM, NA BIENAL DO LIVRO! Choquei quando vi. Muito. (Agora que eu fui ver, o descamisado estava fazendo propaganda de Um Belo Desastre. Ok, faz sentido. Mas, se era pra ser tão literal, podiam ter chamado o Belo pra cantar logo, né?)

(Aproveitando, queria deixar o link pra melhor matéria sobre a Bienal. Obrigada)

O pior
- O ingresso que agora eles rasgam todo na hora da entrada. Bons tempos aqueles em que a gente conseguia guardar o ingresso de lembrança, porque destacava um canhotinho e tal. Dica: Tirem a foto pro Instagram de vocês antes de entrar.
- O pessoal da Globo Livros que só deixava assinar o livro do Laurentino Gomes se fosse o novo e comprado na hora. Vai te catar!
- TRÂNSITO DE TRÊS HORAS PRA CHEGAR EM CASA. DUAS HORAS SÓ PRA SAIR DA BARRA! AGENTES DE TRÂNSITO IDIOTAS QUE ESTAVAM FECHANDO OS RETORNOS e aí foi uma hora pra andar 1 km até o primeiro retorno aberto e mais uma hora pra alcançar a saída do Recreio. É assim que eles vão fazer quando tiver Olimpíada? Porque o Parque Olímpico é por ali também e se eles forem resolver o problema fechando os retornos e empurrando o trânsito mais pra trás, SÓ VAI FAZER TUDO FICAR PIOR!!!! Vocês que vão pro Rock in Rio, que também é logo ali em frente, façam como a Anitta e PRE-PA-RA porque vai ser difícil.

Tchau, Bienal. Até 2015!
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quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Prelúdio de gente grande

Às vezes eu tenho vontade de ter uma máquina o tempo só pra matar a curiosidade de ver nossos pais, avós, professores, chefes, figuras de autoridade em geral mais novos. Vê-los inseguros, imaturos, irreconhecíveis. Ou ainda perceber como cada um deles não mudou absolutamente nada. 

É claro que a altura ia ser diferente. Talvez o corte de cabelo.  A ausência ou existência de espinhas. Um possível aparelho nos dentes. Mas muito provavelmente a personalidade continuaria a mesma. 

Queria ver o que o tempo conseguiu mexer e o que deixou intacto. Ver quando eles se tornaram essas pessoas responsáveis que admiramos ou tememos. Se sempre foram assim, se algo mudou tudo. Quando mudou tudo.


Queria ver se os professores colavam, os chefes ainda como estagiários, os pais tocando a campainha e correndo, só pra dizer que eles não têm moral pra falar nada. Queria saber se eram da turma do fundão ou se sentavam na primeira cadeira. Se eram caladões ou da turma dos populares. Se eram escolhidos por último na Ed. Física ou se eram os campeões dos Grandes Jogos por serem os últimos sobreviventes na queimada.

Por outro lado, deve ser uma sensação muito esquisita testemunhar tudo isso. Quase como se deparar com versões em miniatura de personagens já conhecidos como faziam Hanna Barbera e Warner Bros com Flintistones Kids e Baby Looney Tunes. Quase como assistir a um prelúdio de uma franquia de sucesso que conta a origem dos super-heróis e se pegar caçando detalhes de elementos agora míticos e como eles surgiram. Quase como desvendar um passado que antes parecia tão obscuro, mas não tem a menor necessidade de que seja desvendado para que se continue com o resto da história.

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Sabe quem tem o privilégio de assistir a esses prelúdios ao vivo todo dia? Professores.

Às vezes fico pensando em como a profissão deve ser gratificante. Não que eu queria ser professora. Acho que não tenho a menor vocação pra isso. Mas, por mais difícil e desgastante e sacrificante, penso que não deve existir prazer maior do que você comparar como um aluno era no início e no fim de um ano letivo; no começo e no final de um curso. Saber que pelo menos uma boa parte do que ele sabe tem um dedo seu. Poder contribuir diretamente na sua educação, não só no sentido acadêmico, como na formação de cidadãos melhores. Poder falar: “Tá vendo aquele Fulano lá? Eu que dei aula pra ele!”. E eventualmente encontrá-los “alguns anos depois”, após a passagem de tempo, morando numa casa de frente pra praia e constatar que o mestre foi superado por seu aprendiz.

Ou então se surpreender com o rumo que a vida dele tomou e nada do que você ensinou serviu, porque ele realizou seu verdadeiro sonho e entrou no BBB (true strory, já conheci uma professora que deu aula pra Carol do BBB5) ou largou tudo pra realizar seu sonho e virou sensação do pop-funk nacional. E a vergonha de ver um aluno famoso falando “Eu seje”, “ A gente somos”, “Menas quantidade”? É, nesses casos eu não sei se ia querer assistir a continuação do prelúdio, não...

Falando em continuação, X-Men Primeira Classe: Dias de um Futuro Esquecido vem aí
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quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Pelo direito de ser mulherzinha

Spoilers Mode ON

O primeiro volume da série Cabeça de Vento é um rom-com sci-fi teen salada, com alguns problemas de ritmo, algumas bizarrices, uma aura Disney Channel de ser, mas principalmente com uma mensagem bacana de valorização da beleza interior, e quebra de preconceitos contras os ricos e famosos.

O segundo, Sendo Nikki, que eu não resenhei por razões sei-lá (falta de tempo, falta de vontade, falta de assunto suficientes), é bem melhor do que o primeiro. A história, já com grande parte da premissa e dos personagens apresentados, ganha bom ritmo e fôlego, sem contar AQUELA cena com o Christopher que, OMG, talvez tenha sido uma das mais quentes entre os teens de Meg, afastando a série de vez da aura Disney Channel que havia apresentado no primeiro. 

(Christopher, aliás, virou um dos meus mocinhos preferidos não por sua aparente perfeição, mas justamente pelo seu excesso de defeitos. Nesse último, Na Passarela, ele chega a dar nos nervos com suas neuras sem sentido. Mesmo assim, não consegui parar de adorá-lo por um segundo.)

Ainda sobre isso, outra coisa fica clara em Sendo Nikki: Tia Meg não tem o menor talento para seguir com triângulos amorosos. O que é ÓTIMO! Com tanta história boa para contar, não faz o menor sentido ficar perdendo tempo com uma mocinha em dúvida sobre com quem ela deve ficar no final. Meg é dessas que escolhe um lado. E vai te convencer a ficar do lado dela a qualquer custo. E fico feliz porque sempre escolho o lado certo. :-) 

Entretanto no quesito subtexto, no segundo livro, Cabot dá um passo atrás ao novamente cair no estereótipo da modelo burra e sem coração, que havia ensaiado contestar no primeiro volume.

No terceiro e último volume da série, Na Passarela, Meg coloca novamente as discussões sobre beleza no centro das atenções, e vai em direção oposta ao que eu achei que ela ia fazer lá no início, passando até por uma crítica ao feminismo radical. Uma pena o discurso ter se perdido um pouco no meio de uma crise de relacionamento entre Em e Christopher, que acabou tornando-o um pouco confuso e controverso.

Em diversos momentos, a personagem parece passar justamente a mensagem oposta do famoso “a beleza interior é o que importa” e do girl empowerment, incentivando transformações de visual e joguinhos mentais com garotos.

No final das contas, o trauma com o assunto beleza que Em tem com a mãe deixa mais claro onde Meg queria chegar com essa história toda, que, eu vou arriscar, é uma campanha pelo direito de ser mulherzinha. Quer dizer, não há nada de errado em gostar de maquiagem ou pedir ajuda para um homem para trocar o pneu do carro. Isso não torna ninguém menos feminista. E tudo bem se a pessoa vive bem consigo mesma assim. Ser bonita não é só um estereótipo montado pela sociedade patriarcal, mas um estado de espírito e mais importante do que “ser bonita” é “se sentir bonita”, assim como prega aquela propaganda da Dove (eu só acho o seguinte: enquanto aquelas mulheres continuarem usando o shampoo da Dove, só com muita força de vontade mesmo).

Durante o irritante mimimi da crise de confiança do casal, Em insiste em se comparar com Mary Jane e Lois Lane, quando está claro que nessa história ela não é a donzela em perigo, mas, tendo sofrido a transformação e estando no centro de todos os problemas, Em está muito mais para Peter Parker ou Clark Kent. O próprio dilema de “pedir ou não ajuda” é tipicamente heroico e não donzelesco.

Todos nós temos nossas fragilidades e futilidades. E chamar por socorro às vezes não nos torna mais fracas, só mostra que somos humanas.

Só acho que, se era isso mesmo que ela queria passar com a série, podia ter sido mais enfática ou transmitido de um outro jeito. Porque por umas boas 100 páginas nesse mesmo volume, as mensagens que acabou passando foram outras que contradizem tudo o que sempre pregou em outras de suas obras, como se a própria autora é que tivesse sofrido o tal transplante de cérebro.

Como uma NY-fanática que sou, gostaria de destacar a importância da cidade como pano de fundo da história, o que já a torna mais interessante por natureza. E como brasileira que sou, gostaria de destacar também minha falta de fé na justiça contra os milionários, e por mais que eu tenha curtido o final com Robert Stark preso e tudo mais, duvido que ele tenha permanecido muito tempo na cadeia. 

(Nossa, será que isso é um sinal de que estou ficando velha demais para infanto-juvenis? Ou será que a impunidade crônica do nosso país é que é a culpada por eu não acreditar nas prisões dos vilões nem na ficção? Não é só pelos vinte centavos! É pela sensação de achar o final de um livro legal quando ele é legal mesmo, sem ficar pensando que o pior vai acontecer depois!!!!!) 

Aliás, já que estamos falando de coisas implausíveis, foi difícil de engolir o Brandon assumindo a empresa do pai e fazê-la mais valiosa do que antes. Não duvido da capacidade administrativa do menino, mas cadê a credibilidade que ele passa para os acionistas? Quer dizer, é tipo o Eike deixar o grupo X nas mãos do Thor. Ninguém vai levar a sério. (Aliás, o Thor é realmente diretor de alguma coisa nas empresas do pai. Não se sabia ainda de que ele era diretor, mas que ele tinha o cargo tinha. Agora me diz uma coisa: se ele não consegue dirigir nem o próprio carro, como é que vai dirigir uma empresa????)

Eu ia colocar uma foto do filho do Eike, mas achei melhor colocar uma do Chris, porque dá mais audiência ele é herói e tem mais a ver com a história

Mesmo com tudo isso, há de se destacar a capacidade narrativa de Cabot. Eu não conheço ninguém, eu disse NINGUÉM, capaz de transitar por entre gêneros tão bem e soar convincente e ainda fiel à própria identidade, mantendo o leitor interessado, virando páginas, com uma ação alucinante, sem esquecer o romance de deixar o coração na mão. O início de Na Passarela tem uma das melhores sequências de ação que eu já li. E o finalzinho, já no topo do prédio, com a bola de ano novo subindo é extremamente cinematográfico.

Com apenas 3 livros, Cabeça de Vento é acertadamente uma série curta. Sua premissa não permitiria que fosse muito além disso, o que não evitou que seu final ficasse um tiquinho corrido. 

Incomoda um pouco a necessidade de Meg em acertar todo mundo antes da última página. Não deixa de ser bonitinho ela querer um final feliz para todos os seus personagens. Se você parar para analisar, ela faz isso sempre. E não é que eu não quisesse que eles também tivessem o seu final feliz, mas quando 3 desses casais se formam nas últimas 100 páginas da série, soa forçado demais.

Além do mais, a correria do final impede que vários dilemas surgidos do início (ou acrescentados nesse mesmo último livro) sejam amarrados de maneira mais elegante, como a gente sabe que a autora é capaz de fazer.

Cabeça de Vento é uma série que não faz feio, mas podia ser melhor. Com uma história rocambolesca (estilo novelas da Gloria Perez), Dona Meg, tal qual a autora brasileira, acaba se perdendo no meio da salada que criou e não consegue desenvolver bem alguns personagens nem discutir vários temas que sugeriu no decorrer da série (como o consumismo e a campanha da real beleza). Mesmo assim, no quesito entretenimento, é diversão garantida. Os personagens são carismáticos e o ritmo narrativo da autora continua impecável. Como leitura “cabeça”, infelizmente, a série tem mais “vento” do que deveria e Tia Meg podia caprichar um pouco mais no subtexto, que acabou até um pouco controverso. 

E eu, que geralmente reclamo que tudo podia ser resolvido com algumas páginas a menos, acho que valia a pena fazer um último livro mais parrudinho, a fim de dar conta de tudo, com um pouco mais de calma. Afinal, a ditadura da magreza com os livros adolescentes já acabou faz tempo!

PS1. Da série “Ironias da Vida que Fazem a minha Felicidade”, destaco a citação à Gisele Bunchen (que pra eles é só Gisele) e o desfile dos anjos da Stark com Gabriel Luna cantando para a Em/Nikki. Este último é bem profético até, porque anos depois, lá estava um certo galã pop* cantando Moves Like Jagger para a namorada que desfilava as lingeries da Victoria Secret.
*Vale destacar que Adam Levine já terminou com a tal modelo, arranjou outra e agora INVENTOU um noivado (com outra modelo). Sinceramente, é mais fácil levar a sério o casamento do Naldo do que o noivado do Adam, numa boa.
PS2. Da série “Sorrisos Fora de Hora que Só eu Dou”, fica a passagem em que Em comenta o filme pra TV que eu havia falado na resenha de Cabeça de Vento e que já era um velho conhecido das páginas de DP2.
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quarta-feira, 31 de julho de 2013

Sandy e os advérbios de afirmação

A carreira de Sandy Leah sempre foi marcada por advérbios de negação. Quando a resposta não era “Não falo sobre minha vida pessoal” certamente passava por “Não, vocês estão viajando na maionese, nós nunca vamos nos separar”, mesmo que fosse tudo verdade. 

No último CD da dupla, Sandy se negava a dizer SIM de qualquer jeito. Tinha até uma música em que reclamava aos quatro ventos: “Você não banca meu SIM”. Em outra canção, também revoltada, faz questão de que todo mundo saiba eu ela também ouve NÃO.

(Interessante perceber a horda de negatividade que permeia esse disco, aliás. Das 11 faixas - porque Último não conta, por favor – 7 delas tem a palavra “Não” em pleno refrão.  Tá bom, parei, isso não tem nada a ver, rs!)

Nos últimos anos, logo depois de ter lançado o introspectivo Manuscrito, Sandy parece ter se arrependido da imagem melancólica, delicada e assustada que a persegue desde... bom, desde sempre. E assim o Brasil viu Sandy, “que sempre foi da turma do ‘talvez’”, assumir uma nova filosofia de vida, muito parecida com aquele do filme do Jim Carrey e se jogar “sem paraquedas no SIM”.

Propaganda da Devassa? “Sim”. 
Apresentar UFC? “Sim” 
É possível ter prazer anal? “Sim”

E embora nem todas as respostas tenham causado um efeito realmente positivo sobre sua imagem, vida e carreira, é com muito prazer muito bons olhos que recebo esse novo CD, intitulado SIM.


Como já comentei em outras ocasiões, a gente que está acostumado a escutar Leah desde sempre sabia muito bem que construir uma carreira numa vibe 100% Manuscrito não só era contra-produtivo, como injusto e irreal. Ela podia mais do que isso. A gente sabia. Só faltava Sandy se dar conta disso e dizer SIM pro mundo, pros sonhos, pro inexplicável. Agora não falta mais.

Segundo Sandy, a justificativa para a escolha do advérbio se deve ao fato de SIM trazer uma ideia boa, de positividade e otimismo. E como manda o figurino (um figurino até menos conservador, diga-se de passagem), Sandy, que não entrou nessa de cantar ontem, vestiu a carapuça do SIM, abraçou a causa e mostra um outro lado seu, menos intimista, mais descontraído, mais pop, porém igualmente encantador.

Desde o lançamento do EP, era visível essa mudança de perspectiva na sonoridade e de atitude de Sandoca. Além da tal mudança de postura, agora muito mais leve e alto-astral, presente não somente na belíssima faixa-título como em alguns versos da já conhecida “Escolho Você” e da inédita Ninguém é perfeito (mais sobre ela depois), outro tema permeia o novo álbum da cantora: o tempo. As principais faixas que exploram essa temática já tinham inclusive vindo a público em Princípios, Meios e Fins, que já comentei à época.

Mas, gostaria de comentar aqui primeiro o dilema que hoje vive Leah, que cresceu aos olhos do público e hoje seu repertório reflete muito dos versos de Aquela dos 30 em que ela se diz “jovem pra ser velha, e velha pra ser jovem”. Em SIM, convivem harmoniosamente, canções com letras divertidíssimas e joviais como Ponto Final (daqui a pouco eu comento sobre ela) e melodias complexas e maduras como Saudade. Essa disparidade na verdade só acrescenta ao disco e mostra a versatilidade da cantora, mas também causa empatia imediata por seu público que cresceu junto com ela e continua a se identificar com suas músicas, tornando-as trilhas sonoras de suas próprias vidas.

Falo isso por mim mesma que ouço Dona Sandy antes até de me entender por gente e hoje me encanto com a beleza de músicas antigas (porque elas eram sim, muito boas!) e me peguei adotando versos de Segredo, Escolho Você e Aquela dos 30 para explicar momentos que estou vivendo e agradecendo por Sandy, sem querer, ainda ter a sensibilidade de cantar a trilha da minha vida, mesmo sem fazer a mínima ideia do que se passa nela. 

Ponto Final surpreende positivamente com letra divertida e afiada, além de bater o recorde de frases de efeitos por minuto. A performance animada no palco (porque com turnê estreando dois meses antes do disco, é claro que a gente já viu tudo no YouTube) com direito a megafone e tudo no final é de arrasar. Não via uma Sandy tão performática, abusada, engraçada no palco desde, desde, desde... Discutível Perfeição! E isso é ótimo!


Outra que flerta com os ditos populares é a perfeição em forma de pop Ninguém é Perfeito. A melodia solar, o refrão que gruda na cabeça, a sutil ironia na voz... Troco Olhos Meus por essa daqui fácil no show e já imagino a galera cantando a toda e apontando para Dona Leah: “Ninguém é Perfeito, mas você é a exceção que confirma a regra”. Queremos Ninguém é Perfeito no setlist JÁ!

Completam o disco a reciclada Refúgio, a belíssima Morada e a emocionante faixa-título SIM. Esta última, em especial, tem forte significado e, à medida em que a música cresce (o que é aquele piano no pré-refrão?), sobe também a vontade tomar as rédeas da própria vida, jogar fora os medos, os arrependimentos, as incertezas e dizer mais SIM também pra ver no que é que dá. A probabilidade de a vida se abrir é muito grande e acho que vale a pena arriscar um pouco mais. #SandyLiçãoDeVida

A única crítica fica por conta da economia na quantidade de canções, já que com 10 músicas não dá nem pra terminar de varrer a casa!

Houve um tempo (o tempo do vinil!) em que os discos só podiam ter no MÁXIMO 12 músicas, já que, ultrapassada essa quantidade, a qualidade sonora do álbum ficava comprometida. (Daí você tem histórias incríveis tipo o Zezé tendo que brigar pra colocar a então recém-composta, “É o Amor” num disco que já estava completo). Mas hoje já estamos em plena era digital, e a desculpa de que é melhor primar pela qualidade ao invés da quantidade não faz o menor sentido.

É CD, mas tem menos faixas do que o vinil

Dá muito bem pra fazer um disco de 12 faixas (por motivos que eu desconheço, o número padrão de faixas de um disco continua sendo 12. Com exceção das versões deluxe - ah, os deluxes! - que podem chegar a quase 20 faixas) muito bom e com a mesma qualidade (e agora eu não estou apenas falando da qualidade técnica do som) e tenho certeza que Dona Leah o faria se quisesse, porque talento ela tem de sobra e com um pouquinho mais de carinho, saíam e cabiam mais 2 músicas incríveis (porque ela pode e porque ela é) ali, SIM! Quem faz 10, faz 12, gente!

Aos que colocam a culpa na inspiração, sempre dou o exemplo dos autores, que produzem um trabalho tão artístico quanto e também precisam de dedicação e esforço para cumprirem seus prazos e entregar o trabalho pronto e bem feito. Se eles dependessem de inspiração, tão e somente, nenhum livro chegaria às prateleiras.

A discussão é boa, dá pano pra manga e na verdade já foi abordada aqui no blog em uma outra ocasião.

Só não misturem alhos com bugalhos. O disco está ruim? Claro que NÃO! Está incrível de bom! Podia ser mais e melhor? Com certeza SIM!

Sandy adota o lema da Perdigão pra sua vida e agora vai dizer SIM também pra mortadela, lasanha e pizza congelada.

A não ser que... Sandy, no fundo esteja numa campanha oculta pela eficiência do trabalho doméstico! Quer dizer, imagina só se todo mundo começa a arrumar muito mais rápido só pra não precisar trocar o disco? Agora eu entendi tudo! As 10 faixas são uma resposta à PEC das domésticas, pra diminuir o tempo do serviço e não ter que pagar hora extra!

Estamos de olho, hein, Dona Sandy!

PS. No início do texto, fiz algumas brincadeiras com o nome do CD e uma retrospectiva da carreira da cantora, comentando inclusive a canção do disco de 2006 “Você não banca meu SIM”. O que eu não esperava era que a música fosse tão profética. Porque com 10 músicas, sendo vendido a 25 reais, já tem fã cantando que Sandoca não banca o nosso SIM mesmo e só vai comprar quando o CD estiver 10 pratas na promo das Lojas Americanas. É, galera, não é só por 20 centavos...
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segunda-feira, 29 de julho de 2013

Bluetooth de pensamento

Às vezes a gente tem a impressão de que se ficar calado e deixar os sentimentos trancafiados dentro da boca, as outras pessoas não vão saber o que se passa na nossa cabeça, o que tem dentro do nosso coração. Acontece que, como já diria uma música muito sábia de Chiquititas (que por sinal está volta num remake que substitui sua própria versão de Carrossel, numa clara estratégia do SBT em nos mostrar como estamos ficando velhos), “As palavras só te dizem um pouquinho da verdade/Os olhares nunca mentem falam com sinceridade/ Com as mãos, com cotovelos, com os braços e os pés/Com a boca, sem palavras/Adivinhe o que é”, e por mais que a gente tente esconder os sentimentos através do silêncio, o resto do corpo e de nossas ações nos entrega sem piedade. 

Engraçado pensar como depois de conhecer certas pessoas durante muito tempo a gente sabe exatamente o que elas estão pensando, sem necessidade de expelir um pio sequer. E como aquelas pessoas que num primeiro momento são tão diferentes de você, acabam por ser aquelas que mais dominam a tecnologia do bluetooth de pensamentos (como a gente costumava chamar essa sinergia no CEFET), justamente porque lá no fundo têm mais em comum do que a superficialidade de um primeiro encontro pode supor.

E eu, que sou dessas que prefere esconder os sentimentos, me surpreendo com minha própria incompetência quando defrontada com essas situações de gente que me conhece mais do que deveria. Mas, ao mesmo tempo, a todo momento em que uma camada de proteção se vai, também vem um alívio gostoso e a sensação de que, tudo bem, não é tão ruim assim ser desmascarada. Na verdade é bem bom descobrir que aquela pessoa é muito mais do que você esperava. E que agora tem mais alguém com quem contar.

Tem coisas que não precisam ser ditas. Nosso corpo fala. Nossas ações comprovam. Elas estão ali, subentendidas o tempo todo, sem que ninguém precise colocar em palavras. A gente sabe e pronto. Não tem necessidade de dizer.

Mas de vez em quando é bom externar tudo isso. Mesmo que não precise. Porque a sensação de libertação é incrível.

Essa semana tive uma dessas conversas francas sobre um assunto quase pessoal com alguém cuja relação é dessas que a gente fala mais com olhares do que imagina (tanto da parte dela, quanto da minha parte). Não foi nada premeditado, nem que fosse constranger ninguém, mas no meio da conversa, ao invés de fazer a cara pseudo-enigmática que faço quando quero evitar assuntos que não quero discutir, eu resolvi abrir o jogo. E de repente a gente estava lá falando tudo o que sempre pensou. A admiração, a insatisfação, os medos, os planos pro futuro... E foi bom.

Foi bom porque eu senti que não precisava mais esconder aquilo que estava me afligindo há meses. Foi bom porque a reação que obtive não foi de recriminação, mas de compreensão imediata. Foi bom porque eu descobri alguém mais com quem eu posso contar. E foi bom porque outras conversas no mesmo estilo surgiram depois, abrindo mais espaço para outros preconceitos e camadas de proteção caírem por terra.

E o mais engraçado dessas outras conversas é que muitas das coisas que a gente dizia vinham pontuadas com um “Eu sei” meio risonho, porque por mais que não tivéssemos efetivamente dito tudo aquilo antes, havíamos desenvolvido a tal tecnologia Bluetooth de Pensamento que só a convivência durante tanto tempo consegue explicar.

Depois eu fiquei pensando por que a gente não tinha tido essa conversa antes. Talvez tenha faltado oportunidade. Talvez eu não tenha quisto que a gente tivesse. Ou talvez a gente não precisasse ter mesmo, já que a maioria das coisas que falamos já estava dita em outros momentos, em forma de palavras ou não.

Mas também fiquei pensando em como a gente se deixa acomodar nos silêncios e perde a oportunidade de aprimorar as relações por orgulho, vergonha ou o que quer que seja. Em como a gente deixa de dizer “Eu te amo” às pessoas que gosta, por assumir que ela já saiba. Em como a gente fica preso nas próprias convicções e não demonstra o que sente, sem dar chance de que o outro também possa sair da própria redoma de proteção que coloca em volta de si próprio.

Não vou dizer “sempre”, mas “de vez em quando” é bom colocar pra fora tudo o que a gente pensa.

Porque nem sempre o Bluetooth de Pensamento funciona direito. E a vida é muito curta para depender da conectividade alheia. Daí um microfone em alto e bom som é muito mais eficaz.

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segunda-feira, 15 de julho de 2013

Vodka com água de coco

Poucos assuntos movimentaram mais a timeline, as mesas de bar e conversas de elevador quanto a raspagem de cabelo da Marina Ruy Barbosa nas últimas semanas. Um desses foi a união do casal apaixonado do funk: Naldo Benny e Ellen, mais conhecida como Moranguinho.

A festa teve direito até a reportagem no Fantástico em que a noiva deu detalhes de que não iria aceitar penetras e que não iria ter caviar, porque achava que seria muita ostentação e muita gente não gosta. As reportagens que se seguiram não deixam dúvidas: o enlace de Naldo e Moranguinho vai ser o casamento do ano.

Naldo e Moranguinho: Amor verdadeiro, amor eterno

Além do convite anti-penetra com uma essência exclusiva formada pelos perfumes preferidos do casal (QUEM VAI QUERER SENTIR O CHEIRO DO NALDO????), a festa ainda vai contar com bons drink especiais inspirados nas músicas do cantor (alguma dúvida de que vai ter um chamado “Vodka com água de coco”?) e de lembrança os convidados vão poder levar pra casa miniaturas de Naldo e Moranguinho feitas de biscuit. Moranguinho adiantou que os bonequinhos estarão em cima de uma cama tomando champagne, emulando o clipe do sucesso Chantilly (só espero que os bonecos estejam vestidos).

Ainda no quesito guarda-roupa, fontes garantem que Naldo vai casar de bermuda (tenha medo da roupa da noiva!)

E tudo bem, não vai ter caviar no cardápio, mas estão garantidos: bolo de cenoura com cobertura de chocolate, risoto de camarão e, é claro que não poderia faltar, a boa e velha coxinha!

A Val Mariochi veio à mídia botar defeito nas escolhas deles, falou que eram coisas de pobre, mas a Val que me desculpe. Acho as escolhas do casal muito coerentes.

Ok, tem coisas aí que são um pouquinho demais, tipo o lance do perfume (trocadilho não intencional, juro), mas apoio totalmente o direito do rapaz casar de bermuda. O que vocês queriam???? GENTE, É O CASAMENTO DO NALDO! Esquisito seria se ele fosse casar de terno!

 O que eu acho que a Morango devia falar pra Val

E tem mais: vocês estão aí criticando porque ele é um representante das camadas mais populares da nossa sociedade que conseguiu vencer na vida por causa do seu suor. Só porque o cara foi segurança do Mundial, ele não pode fazer uma festa de arromba? Garanto que se fosse o casamento da Angélica, vocês estariam aí puxando o saco, achando a ideia de ter bolo de cenoura a coisa mais legal do mundo.

Brega foi o Felipe Dylon que casou e deixou os convidados pagarem a consumação! Isso é que é pobreza! Boca livre caprichado é sinônimo de RIQUEZA, isso sim!

 Sou muito a favor do bolo de cenoura. 
Sério.

Pensando nisso, elaborei uma lista de coisas que não podem faltar no casório, porque se é pra fazer a maior festa de casamento dos últimos tempos, que façamos direito!

- Salgadinhos: Já que vai ter coxinha, obviamente, não vão poder faltar os outros salgados clássicos do cento: bolinha de queijo, kibe e risole de camarão. Se eu fosse a organizadora, comprava tudo na Art Pão, porque os salgados lá são bem gostosos.

- Outros itens-chave do cardápio: Estrogonofe com batata palha, salmão e ovo de codorna com molho rosê. Simplesmente clássicos! Tem que ter!

- Sushi Bar: Porque casamento chique mesmo tem que servir comida japonesa! Os peixes serão tão frescos que os convidados vão poder escolhê-los direto do aquário.


(Muito se especulou sobre a montagem de um Espaço Caipira, em que o convidado, a exemplo do Sushi Bar, escolhia a galinha na hora. Mas ficou resolvido que não haverá esse espaço para evitar piadas de mau gosto com a noiva)

-Spoleto: O convidado monta o seu prato, escolhendo a massa e 8 ingredientes. Escolhendo a massa da promoção, o convidado leva um prato personalizado com a cara do casal. No final da festa, os pratos serão quebrados, seguindo a tradição grega.

- Churrasco: porque nada faz tanto a cabeça das pessoas quanto uma picanha bem passada!

- Buffet Vegetariano: porque tem gente que não come carne...

-Trenzinho da alegria: Porque já que vai ter bolo de cenoura, acho muito digno ter um trenzinho com guloseimas para as crianças. O trenzinho vai servir cachorro-quente, hambúrguer, mini-pizza, maçã do amor, algodão doce, etc. Só vai ter gelatina sabor Morango.

- Mesa do bolo: Além do tradicional bolo de cenoura com chocolate com altura de 8 andares, a mesa também vai contar com brigadeiro, cajuzinho, beijinho, quindim e doce de abóbora com coco. A mesa ficará sob vigilância durante toda a festa para evitar de os engraçadinhos roubarem o brigadeiro antes da hora.

- Gincana do buquê: Ao invés da tradicional guerra para pegar o buquê, em que as mulheres se atracam e puxam seus cabelos para levar para casa o desejado objeto, o momento mais aguardado da festa ganhará muito mais destaque e organização, sendo transformado numa GINCANA DO BUQUÊ! Dentre as brincadeiras estarão: Morto Vivo, Dança da Cadeira e Corrida do Ovo na Colher. As finalistas terão o direito à disputa do buquê.

- Valsa: Como já virou moda atualmente, a valsa passou a ser um momento de descontração dos noivos com os convidados. Naldo e Moranguinho vão começar a tradicional dança ao som da Valsa Danúbio Azul, porém no meio da música, no maior estilo flashmob, os dois, junto com os padrinhos, ensaiarão os passos de um medley com os maiores sucessos do pop nacional dos últimos tempos, como canções do próprio Naldo, Michel Teló e Anitta.

O boneco do Naldo vai ficar muito engraçado. Não dá pra errar muito nesse cavanhaque, né?

Diz se não ia ser o casamento não só do ano, como DO SÉCULO?????

E a história de o filho não ir na cerimônia do próprio pai porque é contra o relacionamento dos dois e diz que a madrasta o trai e só está interessada no seu dinheiro? E a história de que o Naldo era segurança do Mundial?? E a história de que, agora que ele é famoso, não quer pagar pensão pra ex-mulher? E a história de que o Naldo não é divorciado de verdade e por isso NÃO PODE CASAR????

Imagina só chega na hora do “Se alguém tem alguma coisa contra essa união, fale agora ou cale-se para sempre”, ai chega ou filho dele ou a ex-mulher e diz: “SIM! EU TENHO! ELE JÁ É CASADO!”. E todos ficam:

:O
:O 
:O  
:O  

Fiquem atentos! Esse casório ainda vai dar muito o que falar!

PS. Se você tem outras dicas de como incrementar ainda mais a festa de casamento do Naldo, mande aí nos comentários, porque em se tratando de Naldo, tudo isso ainda não é suficiente, e cada vez ele quer maaaaaais, cada vez ele quer maaaaaaais.
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domingo, 30 de junho de 2013

CV e RP

Passei os últimos meses pensando pra caramba. Pensei tanto que deve ter saído até fumacinha da minha cabeça. Coloquei algumas coisas na balança, fiz algumas projeções para o futuro e para todas as perguntas que fiz a mim mesma obtive “Não” como resposta. Relutei um pouco para admitir, mas decidi que do jeito que está não dá pra ficar.

Por um tempo foi legal, mas não dá pra viver refém do seu trabalho. Como se fosse a teoria mauthusiana, a responsabilidade cresce em progressão geométrica ao passo que a remuneração em progressão aritmética. E mesmo que o fosse, existem coisas na vida que o dinheiro não compra.

Senti que era hora de me mexer, e então lá fui eu atualizar meu currículo. E tive uma grata surpresa até. Lembro que quando fui preencher meu primeiro CV, tive muita dificuldade, afinal, o que escrever, quando não se tem experiência? Sempre achei essa história toda um bando de papo furado. E nunca soube mentir, o que torna situação ainda mais incômoda.

Mas com dois anos de auditoria, percebi que nenhuma das qualidades ali mencionadas era mentira. Fiquei feliz em saber como tinha evoluído desde então. E como agora já não é qualquer anúncio que desperta minha curiosidade.


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Até que uma dessas headhunters me ligou outro dia. Fez aquelas perguntas naturais de o que você faz, onde você está, pra onde você quer ir. Pra começar é difícil pra caramba explicar o que eu faço. Quem não é do meio não faz ideia do que seja. Dali em diante me arrependi das respostas. Podia ter falado a mesma coisa de outro jeito. Estava meio nervosa, fui pega de surpresa, com medo de falar alto e alguém ouvir. Ouvi a mulher rir do outro lado. Logo me arrependi do que disse. 

Tinha esquecido como esse processo de entrevistas e "marketing pessoal" era idiota. Falar com gente que não faz a mínima ideia de quem você é e muitas vezes também não faz a mínima ideia do que é preciso saber para determinada posição. De como nessas horas o "parecer" é muito mais importante do que o "ser". De ter que responder a questões estúpidas envolvendo animais da floresta e ficar à mercê da subjetividade de quem quer que esteja do outro lado.

Percebi que, por mais que muitas coisas daquilo que os avaliadores gostem de ouvir sejam de fato verdade, ainda é preciso muita conversa na frente do espelho pra treinar a lábia e eventuais mentiras. Ou pelo menos verdades menos assustadoras.

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No meio disso tudo, eu comecei a ler Obrigado por Fumar (já comentei do filme aqui). E sim, o livro é tão legal quanto o filme. Um pouco diferente também. O livro foca um pouco mais nos próprios personagens, na história do cigarro e acaba com um final um pouco moralista, até. O filme é muito mais sobre a capacidade de manipular a verdade e o poder de convencimento de um discurso bem feito do que sobre a indústria tabagista em si.

Acontece que, diante desse meu dilema, passei a prestar atenção nas técnicas que ele usava para defender a indústria do cigarro. E se ele consegue convencer as pessoas de que o cigarro não faz mal à saúde, com um pouquinho de convicção e cara de pau, é possível dobrar qualquer um em qualquer assunto.

Representante do tabaco que abraça crianças com câncer. Nick é desses.

Quer dizer, a propaganda é a alma do negócio. Quantas vezes você já não comprou alguma coisa no trem/ônibus só pelo carisma do vendedor? Esses caras são marketeiros populares. E dos bons! Porque o cara tem que ser muito bom pra discorrer as mil e uma utilidades da "caneta calendário". Não sei o que eles estão fazendo nos trens, sinceramente, quando deviam era estar dando cursos pra gerentes de multinacionais que não sabem nada sobre vendas.

E a bem da verdade é que todo executivo faz um cursinho desses com Nick Nalylor ou com um camelô de sucesso. Porque ao mesmo tempo em que o candidato floreia suas qualidades, quem contrata também enfeita ou esconde os defeitos do empregador para tornar aquela oportunidade mais apetitosa.

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E no meio disso tudo, tive uma dessas conversas sérias de feedback, conselhos, futuro com uma pessoa que eu admiro à beça. E enquanto ela falava, eu ria comigo mesma porque só corroborava aquilo que eu já tinha sacado algumas semanas antes, por causa do incidente mencionado ainda há pouco.

O conflito incoerente sobre o “ser” e o “parecer”. A sinceridade que em 99% das vezes é vista como qualidade, mas pode ser um empecilho nos outros 1%. A falta de jeito para fazer propaganda de si mesmo. A inabilidade de “fazer social” com gente que não tem nada a ver comigo.

Porque a bem da verdade eu nunca precisei dessa palhaçada toda. E não me fez falta. Porque sou o tipo de pessoa que os atos falam mais do que a boca. E quem me conhece sabe de tudo isso.

O problema é fazer com que as pessoas certas, que ainda não me conheçam, saibam também.

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Preciso de profissional de RP experiente em ensino de lábia e atenuações da verdade.Favor mandar CV para inutil@nostalgia.com.br 
Obrigada!

Taí, acho que vou contratar o Luke!
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