sábado, 2 de setembro de 2023

Uma noite de terror

Uma viagem não é uma viagem se não tiver uma cilada, não é mesmo? Pois bem, preciso contar a última que aconteceu ontem porque é engraçado demais pra não contar.

Tô eu na minha Eurotrip, e tudo ia bem na parte em que fiquei em Barcelona. A Espanha é um país extremamente organizado. Organizado até demais. Tipo que as pessoas reclamam se você gritar em show. Mas ótima a cidade. Tudo funciona. Nada a reclamar. Daí parti para a minha aventura rumo a Monaco. Peguei o avião para Nice, na França (pois dormir em Monaco é muito caro), tudo direitinho e desembarquei. A França, ao contrário, da Espanha é uma bagunça só.

A primeira coisa que dá ruim é que você pede um uber no aeroporto e o motorista além de não vir até o local indicado, ainda se acha no direito de falar: "Mas eu te dei todas as instruções", como se você tivesse que saber todos os terminais de cor. Você percebe uma aura de hostilidade e desonestidade pelos cartazes orientando turistas a tomar cuidado com taxistas salafrários que não aceitam qualquer viagem ou não querem ligar o taxímetro (Ê, Brasil!). Pego um táxi. Mostro o endereço da casa que aluguei pro motorista e ele não reconhece. Red flag #1. Ele fala com um amigo que diz onde fica, e me acalma dizendo que é 10 minutos de carro do centro e que é uma região muito calma. Menos mal. Ligo para a dona da casa para dizer que estou chegando, pois já eram 22:00 e precisava me certificar que vou conseguir entrar na casa e ter onde dormir. Pergunto se quando eu chegar lá tem que apertar alguma campainha. A mulher responde: "Não se preocupe, o cachorro vai latir". O que esperar de um lugar que o dono diz que "o cachorro vai latir"? Acho pitoresco, né. Bem Brasil, pra falar a verdade.

Quando nos aproximamos do lugar, ele não acha a casa. Embica o carro para um bequinho, procura novamente o número. O cachorro late. É aqui.

A mulher vem me atender. E quando ela começa a contar os (não) atributos da casa, percebo que estou nas primeiras cenas de um filme de terror em que as regras são apresentadas, para então mostrar os protagonistas nas maiores enrascadas.

- Olá, seja bem-vinda, tudo bom? Você fala espanhol? O cachorro é espanhol, se quiser falar espanhol, ele vai entender.

- Haha, legal. Pode falar inglês ou espanhol, pra mim tanto faz.

- Então, a pior coisa da casa é o portão. Porque tem um macete pra abrir. Você tem que empurrar assim, desse jeito, senão, não abre.

- Tá.

- E pra fechar também tem um outro macete, tem que fazer assim. Mas se você não conseguir, pode fechar com esse cadeado de bicicleta. Outra coisa: não pode deixar o portão aberto, senão o cachorro foge. Deixa eu te mostrar a casa.

- Ok.

- Aqui é a sala, a cozinha, o quarto, o banheiro... A casa é muito ventilada, então você pode deixar as janelas abertas que fica fresquinha. Só não pode abrir essa daqui, porque o cheiro é horrível. Eu crio 50 gatos, aí vai empestiar a casa de cheiro de gato.

- Beleza, tem ar condicionado, ventilador?

(A casa tem mil lareiras e aquecedores)

- Ah não, porque geralmente não faz tanto calor aqui. (É a semana mais quente do ano, está batendo 35 graus na Europa). E a casa é muito fresquinha, é só deixar a janela aberta.

- E é seguro aqui?

- É sim, muito residencial, todo mundo dorme cedo. Muito tranquilo. Só tem eu, os cachorros, os gatos e as galinhas.

- Tá.

- A única coisa ruim é que depois entra mosquito pela janela.

- Okaaaaay.

A casa fede por causa dos gatos. A cozinha é cheia de moscas. Não tem wifi. Não tem televisão. Não tem micro-ondas. Nas redondezas não tem uma loja aberta de noite. Tento deixar a janela aberta, mas fico pensando que a qualquer momento um assassino (ou a própria velha) vai entrar e me matar com uma pá de obra. Com a janela fechada, parece que estou dentro de um forninho. Em certo momento, o cachorro, que tinha achado tão amigável, me encara pelo vidro da porta e rosna. Ele é um sheep dog grandão e só não pula a janela porque não quer. É, mais uma noite aqui não vai rolar.

Alugo um outro quarto de hotel para o dia seguinte na hora. Depois de um tempo, tomo coragem e vou dormir no quarto de janela aberta. Quando acordo está tudo bem. Tomo um banho, arrumo minhas coisas e dou no pé antes da velha acordar. O cachorro faz que vai atacar, mas fica de boa. Abro o portão com o macete. Pra fechar, coloco o cadeado de bicicleta. Não deixo o cachorro fugir. Uma legítima saída à francesa. Quando entro no novo hotel, outra parada. Muito chique. Sou bem atendida. A moça da recepção me dá dicas da cidade. E a diária só um pouco mais cara. Deixo as malas lá e vou em direção à estação de trem (5 minutos a pé). Antes de deixar Nice, piso num cocô de cachorro. Eu odeio a França.

sexta-feira, 15 de julho de 2022

Um Dia: 3a leitura

Feliz dia de São Swithin, meus amigos!

Hoje, 15/07, eu terminei de ler Um Dia pela 3a vez (confesso que dei uma roubada ontem, deixando as últimas 10 páginas pro dia seguinte). Pra quem não sabe Um Dia é um dos meus livros favoritos DA VIDA. E, de vez em quando, eu pego pra ler de novo. E toda vez ele me diz coisas diferentes, me aperta em lugares diferentes, me traz imagens diferentes... Até porque, mesmo sem querer, a cada releitura percebo que marquei mais uns pontos no bingo do tour europeu proposto por Nicholls (na 2a leitura, me situei um pouco melhor depois de ter ido a Londres e a Paris. Agora, reconheci os lugares de Roma. Pelas minhas contas agora só falta a Grécia).

E eu sei que o livro tem filme e tudo, mas a cada leitura percebo as semelhanças com outro gênero brasileiríssimo: as novelas do Maneco. Aqueles personagens endinheirados e sem preocupação que passam a vida viajando pela Europa (vide o parágrafo anterior) como quem fosse à, sei lá, Búzios, poderiam muito bem ter sido escritos pelo novelista brasileiro. E se você reparar bem, essas cenas na Europa lembram muito as primeiras fases dessas novelas do tempo em que o real era quase pareado com o dólar e a Globo bancava que parte da equipe passasse uns tempos na Europa, fazendo imagens fabulosas (bons tempos!). (Essa parte de sempre situar sua história ou pelo menos um pedaço delas, aliás, é quase uma marca registrada de Nicholls. Nós tem mais ou menos os mesmos maneirismos. E se você juntar esse com Um Dia e fizer uma comparação com Maneco, verá que as Helenas completaram o bingo muito antes de mim).

Mas, como ia dizendo, gosto de reler Um Dia porque é um livro que me traz sensações diferentes a cada releitura. E daí que eu estava numa fase em que percebi que era a própria Emma Morley, cansada de escutar as pessoas dizerem que deveria ir a Paris, foi lá passar um tempo mesmo! (Com a diferença, que, né, Brasil, não dá pra pegar um trem e chegar assim em Paris). Mas, o ponto é que percebi: "É, está na hora de ler esse livro de novo".

Fora as partes em que passei a reconhecer lugares que não conhecia, de fato, mais uma vez, o livro me trouxe sentimentos diferentes em partes diferentes. Não necessariamente por já ter vivido aquela situação exata, mas por... olha, sei lá, acho que vou ter que levar essas coisas pra terapia. Por exemplo, não chorei nenhuma lágrima no final dessa vez. Mas naquela cena da mãe doente e o Dexter carregando ela pela casa... Putz, acabou comigo. E minha mãe está ótima, só pra constar.

Outras coisas são bem mais óbvias: mais ou menos na mesma faixa etária, eu e Emma somos ainda mais parecidas do que "há 11 anos". O momento de vida com a vida amorosa pouco movimentada, o momento de carreira cheio de sucesso, a vocação para magistratura e mentoria, o reconhecimento dos mentorados xodozinhos... Até andar de bicicleta e praticar natação! Mas também um pouco da falta de esperança com o mundo. A percepção de que as coisas não são tão simples quanto parecem. O sentimento de que a nossa geração falhou. 

Achei engraçado que dessa vez as referências pop ou tecnológicas quase não fizeram cosquinha em mim. Talvez seja porque o truque anda meio batido nas produções atuais que querem apelar para a nostalgia. Talvez seja porque elas não foram óbvias demais...

Também foi esquisito perceber que 2007 agora parece um tempo muito distante. E eu mal me recordo da Elisa dessa época, ou do que acontecia no mundo naquele ano. Só sei que certamente ela era muito feliz, embora cheia de dúvidas sobre o futuro (tal qual Emma Morley), e que o mundo não era nem de longe esse lugar sombrio com neonazis no poder, do jeito que está hoje.

A única coisa que não muda a cada releitura, por incrível que pareça, é o quanto eu aprecio a escrita de Nicholls, especialmente a construção daquele final corajoso, que tem um balanço de vida, sem entregar o que estava por vir. Adoro o significado por trás daquela escolha. Adoro como o escritor é hábil o suficiente para não descambar para o melodrama total e dá um jeito de acabar com final feliz, com direito a beijo e tudo, mesmo depois de tudo. 

Gosto especialmente da poesia da cena da caixa de fotografias, com um flashback de todos os acontecimentos mostrados no livro, sintetizando toda a ideia por trás do livro (como o autor uma vez já contou). As pessoas são como fotografias. Elas podem estar com roupas diferentes, em momentos diferentes, penteados diferentes. Mas elas não mudam totalmente. E você consegue reconhecer pois sua essência permanece a mesma.

Então, acho que é isso. Acho que, no final, mesmo tendo mudado de endereço, trocado de emprego, e com mais carimbos no passaporte, eu também não mudei tanto assim.

Vamos ver o que acontece na próxima releitura!

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domingo, 10 de abril de 2022

Um maluco odeia o Cris

Em tempos em que cada vez é mais difícil emitir qualquer opinião sem que antes ela se torne uma polêmica absolutamente desnecessária, há umas duas semanas, o Oscar nos brindou com uma polêmica DE VERDADE.

Não vou mentir pra vocês. Eu não suporto mais esse assunto. Geralmente eu consigo desviar das brigas usuais da rede do passarinho, porque, ou são discussões inúteis que escalam para discussões ainda mais inúteis (vide o caso da coitada da menina que só tinha um pai legal e ganhou uns potinhos de Baccio de Latte), ou são discussões complexas demais para tomar algum partido sem o conhecimento adequado.

Mas essa daqui eu presenciei ao vivo. E tava me irritando profundamente ver pessoas sendo extremamente irresponsáveis nos seus comentários, sem nenhuma razoabilidade. Pela primeira vez na vida, usei a ferramenta de silenciar palavras no Twitter. Pois estava cansada de tentar embutir algum discernimento na cabeça de gente que só repercute o discurso “questionador”.

Mas daí eu lembrei que eu ainda tenho um blog. E que eu costumava discorrer muito bem por aqui sobre esses assuntos polêmicos, sem incitar a ira de ninguém. Porque é assim que a gente discorre sobre as coisas. Num texto de 3 páginas. E não num tweet de 280 caracteres.

Pra quem mora numa caverna ou não possui uma TV, segue um resumo da história:

Will Smith, mega estrela de Hollywood, na noite em que era favorito a ganhar a estatueta de melhor ator, ao escutar uma piada sem graça envolvendo o fato de sua esposa ser careca, simplesmente se levantou de seu lugar, arrumou os botões de seu terno, se dirigiu ao comediante Cris Rock e tacou-lhe um tapão no meio da fuça do sujeito.

Meme devidamente atualizado

Todo mundo demorou alguns minutos pra entender que aquilo tinha acontecido de verdade e não era uma esquete encenada da cerimônia. A mulher do Will Smith tem alopecia. Cris Rock já tinha feito piada com eles em 2016. Team Will x Team Cris Rock. As redes sociais estavam em polvorosa e dali até o final da premiação ninguém prestou atenção em mais nada.


Mais tarde, Will subiu ao palco para receber seu Oscar, fez um discurso emocionado em que se fez de vítima e não pediu desculpas para ninguém.

Essa é a parte que É VERDADE MESMO, e não há contestação porque todo mundo viu.

Mas nos dias que se seguiram, a imprensa nos bombardeou de notícias relacionadas, dentre as quais, nem todas parecem ser verdade. Não porque a imprensa esteja inventando. Mas porque os relações públicas de todas as partes envolvidas estavam no modo FULL gestão de crise (estilo empresários da Karol Conká no dia da eliminação dela do BBB21), cada um tentando salvar a sua pele. Segue a lista então do que descobrimos nos dias seguintes:

. A Academia tentou tirar o corpo fora dizendo que a piada não estava no script e que Cris Rock tinha improvisado da cabeça dele (altamente improvável).

. A Academia tentou tirar Will Smith da cerimônia, mas ele se recusou a sair (mais uma mentira que logo depois caiu por terra). Segundo fontes, de fato houve alguma negociação com os empresários do ator com a polícia, mas o pedido de retirada nunca chegou ao ator.

. Cris Rock se negou a prestar queixa na polícia

. Cris Rock disse que não sabia que a mulher do Will tinha alopecia (duvido).

. Após somente 2 dias, quando viu que o negócio estava ficando feio para o seu lado, Will Smith soltou um pedido de desculpas pelo seu ato inconsequente pelo Instagram.

. A Academia prometeu instaurar um processo administrativo interno para apurar o acontecido e decidir o que ia fazer com Will Smith.

. Will Smith, muito esperto, vendo que ia ser expulso da Academia, foi mais eficiente e ele mesmo pediu pra sair. O efeito de sair da Academia é mínimo: a pessoa só nunca mais pode votar nos indicados às premiações.

. Will Smith perde contratos por causa da polêmica.

. A Academia resolve banir Will Smith do Oscar por 10 anos. O que significa que ele não pode comparecer à festa por 10 anos. Seu Oscar continua em seu poder.

. No último golpe de misericórdia da equipe de RP de Will, eles noticiam que Will Smith vai para a rehab.

Dito tudo isso, agora vem os meus dois centavos sobre o tema:

 1) A Academia é muito incompetente

Não é de hoje que os produtores do Oscar têm errado a mão nas premiações. A cada ano que passa, as reportagens de dia seguinte destacam como a audiência fica cada vez menor e como a cerimônia foi longa e chata. A culpa geralmente recai sobre os coitados dos apresentadores. Mas, o que pouca gente se lembra é que: TUDO AQUILO LÁ É ROTEIRIZADO!!!! (*) (Incrivelmente, mesmo nos piores anos, o Oscar continua ganhando Melhor Roteiro Especial de TV, se não me engano). O que significa que tirando uma coisa ou outra, todos os apresentadores contam piadas que foram APROVADAS por um time de produtores, e pelos próprios chefões da Academia. Então, pra quem tá querendo punição pro Cris Rock, foi mal, mas tem outras pessoas muito mais responsáveis do que ele nessa história. (E é por isso que a Academia não vai punir o Cris Rock, porque o Cris Rock FEZ O COMBINADO!!!!).

(*) Em pleno 2013, Seth MacFarlane cantou uma música inteira sobre como as mulheres indicadas a Melhor Atriz já tinham mostrado os peitos quando interpretavam algum personagem!!!

2) A piada não era racista, talvez fosse um pouco de mau gosto, mas o pior de tudo é que ela não era engraçada.

Pra quem já assiste o Oscar há algum tempo, sabe que algumas piadas são meio prontas e eles fazem praticamente todo ano: a piada de não conseguir ler o teleprompter, a parte que eles dão uma sacaneada nos indicados de documentário porque ninguém conhece eles, a parte em que o apresentador faz algum seguimento brincando com os seat fillers...

Enfim, geralmente piadas inofensivas e na maioria das vezes até meio sem graça mesmo. A piada de Cris Rock só falava que a mulher do Will poderia estrelar uma sequência de Até o Limite da Honra, porque a Demi Moore aparece de cabelo raspado nesse filme. O equivalente a falar que aquele careca gordinho e bigodudo do seu trabalho parece o Sgto Pincel, com a diferença de que o Sgto Pincel é um personagem muito mais legal, todo mundo o conhece, e por isso a piada é engraçada. A mulher pode ter se sentido meio chateada porque não lida muito bem com a calvície, mas em nenhum momento o cara ofendeu tremendamente sua honra (a personagem do filme é super badass até. Se parar pra pensar, foi até um elogio). Só atestou que era careca. Por uma certa ótica, talvez a piada tenha sido um pouco insensível, mas o principal é que não era engraçada mesmo.



3) 
Will errou. MUITO. FEIO. E não pode ficar impune.

Por mais que você ache que a piada foi imperdoável, acho que todos temos que concordar que Will Smith errou. Sua atitude foi absolutamente desproporcional e nunca deveria ter descambado para a violência.

Por mais que ele tivesse se sentido ofendido (e ele até tem direito de se sentir ofendido), ele poderia ter lidado com a situação de MILHARES de outras formas. Podia ter ido lá e pegado o microfone dele, estilo Suzana Vieira/Kanye West, e gritado umas atrocidades. Podia ter esperado seu Oscar, que certamente viria, e incorporado uma crítica no discurso. Podia ter soltado uma nota de repúdio depois no Twitter, estilo Rodrigo Maia. E se ele quisesse muito bater nele e sair ileso dessa, devia ao menos ter esperado a festa acabar.

Mas bater numa pessoa só porque ela fez uma piada sem graça na frente de BILHÕES de pessoas? Foi um mau exemplo ENORME!!!!!! E ele PRECISA lidar com as consequências agora. NÃO DÁ PRA DEIXAR ESSA PASSAR, foi mal. Não pun-lo é dizer que outras pessoas podem sair estapeando outras ao vivo no Oscar também. Não puni-lo é dizer que a violência, quando bem justificada, é aceitável.

Querendo ou não, Will Smith estava no ambiente de trabalho, e tá cansado de saber que, além de bater em pessoas ser errado, bater em pessoas no ambiente de trabalho (sem estar atuando) é MUITO ERRADO. Em qualquer lugar isso é demissão na hora.

É por isso que tanto no esporte, quanto no BBB, é motivo de expulsão. Me admira não terem arrancado ele de lá no meio da cerimônia mesmo.

No final, acho que está sofrendo as consequências justas: sair da Academia, banir da festa do Oscar, perder uns contratos... Pra quem tá achando que a carreira dele acabou, não sejam ingênuos. Ele vai passar um tempo na geladeira, mas vai dar uma entrevista chorando na Oprah e depois vai voltar. Will Smith tem muito carisma. Seria realmente injusto o cara ter toda a carreira arruinada por causa de um tapa. Mas que vai sofrer um tempinho, vai sim.

4) A militância em questão de afinidade cega as pessoas

Quando começaram a sair as notícias de que Will ia sofrer alguma consequência por ter dado um tapa em ambiente de trabalho na frente de bilhões de espectadores, algumas pessoas já começaram a trazer à tona alguns outros casos de celebridades brancas que também tinham se envolvido em polêmicas e estão aí alegremente até hoje. E bom, realmente existem casos de gente branca que faz coisa muito pior do que dar um tapa na outra e tá por aí de bobeira.

Mas para cada velho branco escroto que sai impune, tem muitos outros que, graças a Deus e ao movimento Me Too em 2018, se ferraram também. No contexto Oscar, Roman Polanski e Harley Weinsen foram expulsos da Academia recentemente. Em 2006, Zidane estava com a mão na taça de Melhor Jogador da Copa, encerrando a carreira, e deu uma cabeçada no italiano em plena final, depois do cara ter falado umas gracinhas sobre sua irmã (situação bem parecida com a de Will Smith), e, obviamente não levou o prêmio (foi a primeira vez na história que um zagueiro ganhou Melhor da Copa!). Mel Gibson deu umas declarações antissemitas e passou ANOS sem produzir um filme. A carreira do Kevin Spacey acabou. A Globo demitiu o José Mayer. A Nike descontinuou o contrato com o Neymar. Você só está vendo o Army Hammer em exibição nos cinemas esse mês porque Morte no Nilo ia sair em 2020 (!!!) e foi adiado por causa da pandemia. E o estúdio fez DE TUDO pra esconder ele nos pôsteres e na divulgação do filme depois que saíram notícias de que ele era canibal (pra esse aí acho que é fim da linha também).
 
É preciso salientar que algumas polêmicas são mais complexas que outras e demandam muita investigação e de fato julgamento no tribunal para gente saber onde a verdade está. Cancelar uma pessoa por causa de um boato algumas vezes pode causar danos irreversíveis na vida de alguém inocente. E outra coisa é que as marcas e os contratantes na verdade só querem ter seu nome longe de polêmicas. Não é racismo: são negócios!

Veja bem: o racismo EXISTE! Mas não justifica todas as situações, como muita gente gosta de bradar. Um cara com a popularidade do calibre do Will Smith está acima de qualquer questão racial. E o caso dele não tem nem discussão: FOI FLAGRANTE!!!! BILHÕES DE PESSOAS VIRAM! AO VIVO!!! Não tem como ele não sofrer punições pesadas!!!

E como eu disse, ele vai passar um tempo na geladeira, mas vai voltar. Parem de brigar por causa disso.

5) As pessoas são hipócritas pra caraca

Aí bastou essa polêmica toda pra galera do “tem que acabar o humor das piadas ácidas” começar a encher o saco. E, se você parar pra observar, são as mesmas pessoas que todo ano reclamam e pedem Ricky Gervais no Oscar. Ora bolas! Vocês precisam decidir o que vocês querem!!!! Ano passado tavam azucrinando que o BBB tava pesado demais, crucificaram a Karol Conká (não sem razão), reclamaram que só colocam gente com ficha na polícia pra dar audiência... Esse ano, na primeira semana do BBB22, não faltou gente saudosista: BBB bom era aquele da Mamacita, viu! A essa hora ela já tinha ido lá no quarto e falado que o Lucas não podia almoçar com o resto das pessoas! Karol Conká Rainha, o resto nadinha... E quanto mais o elenco desse ano se provava uma trupe avessa às tretas, mais a audiência reclamava: Onde já se viu um BBB em que as pessoas não querem brigar??? Boninho, faça alguma coisa!!!

Então, veja bem, as pessoas veem o BBB pra assistir outras pessoas brigando. Só que historicamente as pessoas que arrumam grandes confusões são logo eliminadas!!!!

Simplesmente a melhor de todas

Ano que vem, vão pegar um apresentador bem chapa branca, ou deixar sem apresentador mesmo o Oscar, daí vocês vão falar: Caraca, tinha que ter chamado era o Cris Rock, viu! Pelo menos a essa hora já tinha umas 10 piadas constrangedoras e a gente tava com medo de ele apanhar mais uma vez.

6) A gente não pode deixar de brincar, só porque alguém se sente ofendido 

Essa daqui entra dia, sai dia, eu reforço porque não é possível que a gente viva num mundo tão sem razoabilidade. As pessoas cada dia que passa se sentem mais e mais ofendidas por coisas cada vez menos ofensivas. É uma hiperleitura daquilo que é escrito ou dito que está INSUPORTÁVEL!!!!! Sério, gente, vocês tão precisando de uma louça pra lavar.


Existe um problema grave de interpretação de texto e uma pré-disposição a encontrar polêmicas em situações cotidianas, que ignoram a existência de qualquer nuance. Não há boa vontade em de fato ENTENDER aquilo que o outro está querendo dizer.

Esse é outro injustiçado, coitado. As pessoas perderam muito a noção.

E isso é ruim PRA CARACA. Porque a gente deixa de crescer, se para de escutar o outro lado. Muitas vezes você vê gente pedindo desculpa por atestar o óbvio. E se ela não pedir, ganha a pecha daquilo que foi acusada injustamente e pronto. (O moço do Diabo Veste Prada, com medo do cancelamento, tava concordando com os absurdos que as pessoas começaram a falar do personagem dele. Simplesmente, PAREM!!!!)

E se tá assim nas coisas mais estúpidas, aí fica difícil pro comediante mesmo, porque, fora a comédia física, o humor é ESSENCIALMENTE dependente da interpretação de texto e da boa vontade e conhecimento de mundo do receptor da piada. (Repara na quantidade de tirinhas que tem num livro de português, ou na prova do ENEM. Humor é teste de interpretação de texto NA VEIA!)

Quer dizer que o comediante pode fazer graça com tudo? Bom, depende. Tem um vídeo muito legal do Gregório Duvivier com um humorista português em que eles discutem exatamente isso, e ele conta a seguinte piada:


Ironicamente, o cara começa comentando uma outra piada do Cris Rock. Mas a piada que eu queria que vocês ouvissem mesmo começa em 27:00. A discussão é muito boa, de verdade. Vale a pena ver o vídeo. E é bem rápido, no minuto 30 eles já mudaram de assunto.

E aí? É ofensiva? Tem um tema espinhoso sim. Mas, a graça não está no machismo em si, mas na situação estúpida que está sendo contada. (*)
(*) Da mesma forma que a piada de 2016 sobre o casal Smith não é ofensiva porque diz que eles não foram convidados para a festa. Eles de fato não foram. Mas tem uma misoginia embutida ali no finalzinho sobre a calcinha da Rihanna, que não tinha nem nada a ver com a história que, putz, totalmente desnecessária.

Percebe a nuance? E a gente tem que aceitar que as pessoas e situações são complexas, e que, naturalmente, isso vai exigir que a gente observe as diversas camadas de cinza para temas que a maioria só enxerga “preto e branco”. Não dá pra colocar uma regra pra tudo. Não dá pra proibir todas as brincadeiras.


Além disso, as pessoas são seres humanos, e, por mais bem intencionadas que elas sejam, elas VÃO COMETER ERROS!!!!!

E ok, a gente pode e deve continuar brincando, a gente pode e deve tentar ficar de boa com as situações e a gente pode e deve dizer pro outro que não gostou da brincadeira quando aquilo de fato te ferir, mesmo sabendo que não teve a intenção. Daí o outro pede desculpa, para de fazer a gracinha e pronto, vida que segue.

É claro que vão ter situações que a gente não pode mais aceitar mesmo e são CRIME. Mas na maioria das vezes vão ser mal entendidos, ou situações cinzentas que vão precisar na nossa boa vontade pra seguir em frente.

E a gente realmente precisa querer ficar de boa, galera. Senão, ou a nossa vida vai virar o inferno da TL do Twitter ou o tédio do BBB do Amor. E ninguém quer uma coisa nem outra.

Imagina um Oscar sem zoar o fato do Leo DiCaprio só pegar novinha? Imagina não brincar com os colegas de trabalho na hora do café? Imagina viver num mundo sem nenhuma leveza? Não tem a menor condição.

E eu sei que vocês são melhores do isso. Vocês conseguem. É só querer.

Agora o que eu quero mesmo é um especial Will x Cris na Oprah, com os dois terminando o programa vestindo essa camisa aqui, pra enterrar esse assunto de vez. 


Tudo vai ficar bem, acreditem.
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sábado, 21 de agosto de 2021

Mônaco: Geografia, Diário da Princesa da vida real e Teste de DNA do Ratinho

Ah, as férias! Esse período do ano abençoado por Deus e concedido por Getúlio Vargas permite que o ser humano se desligue da realidade do trabalho e aproveite seus momentos de lazer para fazer aquilo que mais gosta! No meu caso, essa atividade seria viajar pra um país bem distante, mas na impossibilidade de bater perna em outro lugar, também fico extremamente satisfeita depois de um dia de pesquisa obsessiva na internet.

Pois bem, daí que estava aproveitando o meu ócio e resolvi verificar a extensão territorial de Monaco (juro pra você que tem uma razão pra isso). Só que aí Wikipedia e Google são um buraco negro, e, quando você vê, está totalmente investido em curiosidades sobre esse principado que serviu de inspiração para Genovia (pronto, taí a razão).

E daí que tem umas coisas muito interessantes mesmo que, como eu tô com tempo, resolvi compartilhar o conhecimento com vocês, porque esse tipo de curiosidade é muito útil quando você tá sem assunto, participando de um quiz show pra ganhar 1 milhão de reais ou em dúvida se é possível que um dia alguém bata na sua porta te contando que você é herdeira de um pequeno principado europeu (spoiler alert: totalmente possível, mas aí você vai ter que ler até o final pra entender!).

Vamos começar com um pouco de geografia:

1. Monaco só tem 2 Km²

Eu sempre achei que essa descrição de Genovia nos livros era exagero, mas, aparentemente, NÃO É NÃO! Gente, plmdds, 2 Km² são 5 ruas! A título de comparação, a cidade onde cresci, Nilópolis, é o menor município do Rio de Janeiro e tem 19 mil Km²! Com essa extensão minúscula, Monaco é o 2º menor país do mundo (só perde pro Vaticano, que também é basicamente só a Praça São Pedro) e, com 30.000 habitantes, é o país com a maior densidade demográfica do planeta (Nilópolis é o município com a maior densidade demográfica do Brasil também!).

Essa pequena extensão traz consequências como a maratona de Monaco ser a única que começa lá passa pela França, pela Italia, e depois volta. O que faz sentido, pois a maratona tem 42 Km, e se fosse pra ficar só ali, iam ser 42 voltas 7 voltas e os atletas provavelmente iam ficar tontos na metade da prova.

Outra curiosidade é que pra aumentar o território, eles fazem projetos de aterramento do mar!!!! O último projeto eles usaram pra fazer um conjunto habitacional (muito doido!).


2. Tem pobre em Monaco?

Essa pergunta realmente aparece como sugestão no Google, quando você procura sobre o país.

E a resposta é “Não!”.

Com um IDH de 1,074 (considerado muito alto*), Monaco tem um índice de pobreza baixíssimo. Seus habitantes não pagam imposto de renda (assim como Genovia) e a carga tributária das empresas também é baixíssima, o que torna Monaco um paraíso fiscal e explica sua população milionária que em sua maioria nem é de lá.

A economia é baseada em turismo (também como Genovia), cassinos, serviços financeiros (paraíso fiscal, lembra?) e limpeza de lixo eletrônico (inclusive do Brasil!).

Por razões óbvias, o agronegócio não tem vez por lá, então, a parte das azeitonas e das peras é um completo delírio coletivo (onde vai plantar essas coisas, gente?).

*Nilópolis tem um IDH de 0,753, que não é tão alto, mas também é bom.


3. Cassinos

Você já deve ter ouvido falar dos cassinos de Monte Carlo (um distrito de Monaco)*. Pois bem, aparentemente, depois de uma crise financeira, um governante falou que a economia de Monaco deveria ser outra fonte de renda. Daí ele passou a investir em cassinos. Só que tem um detalhe: os cassinos são só pra turistas, os moradores de Monaco não podem jogar! Na lógica dele, os moradores não podem perder o dinheiro em jogo pra depois o governo acudir (errado ele não tá!). Outra coisa legal é que a empresa que controla os cassinos tem como acionistas: a família real, o governo de Monaco e O POVO! Imagina tu receber dividendos do cassino sem fazer nada? Muito melhor que apostar!

*Como um lugar com 2 Km² ainda se subdivide em distritos ainda é um mistério pra mim.

Estamos chegando na minha parte favorita: fofocas históricas. Onde a arte imita a vida, e de vez em quando, a vida prega uma peça na gente e também imita a arte.


4. Lendas e Maldições

Pois bem. Se você se diverte com as lendas de Rosagunde, Alboin, Amelie e cia, vai gostar da lenda de fundação de Monaco (porque qualquer país europeu que remonte à época da idade média tem que ter uma lenda pra chamar de sua).

Reza a lenda que o surgimento de Monaco se deu quando Francesco Grimaldi armou um plano para invadir o castelo que estava ocupado por inimigos, se vestindo de FRADE, matando os primeiros guardas e deixando o caminho livre pro restante do exército adentrar o castelo. Aparentemente, o fantasma de Francesco ainda ronda pelo castelo até hoje (é muito sensacional).

Tio da Amelie, é você?

Da atualidade, dizem também que existe uma maldição sobre os Grimaldi, pois a Grace Kelly morreu num acidente de carro e depois o marido da filha dela morreu num acidente de jetski. Tem gente que diz que a maldição ainda está se manifestando sobre o Príncipe Albert (falaremos daqui a pouco) de outra forma, mas pra mim o que está acontecendo com ele tem outro nome.

E já que estamos falando de família real...


5. Princesa Charlotte, a primeira princesa ilegítima

Ok, agora as coisas começam a ficar muito legais mesmo. No início do século, o príncipe Louis II já tinha lá seus 50 anos e não tinha casado, correndo o risco de a sucessão ficar com uma parte distante e alemã da família (isso logo ali depois do fim da 1ª GM, realmente não ia prestar). Só que durante uma ida a Paris, ele conheceu Marie Juliette Louvet, que cantava nos cabarés do Montmartre (sim a região do Moulin Rouge mesmo) e... se apaixonou perdidamente (diz até que queria casar com a mulher). Desse relacionamento nasceu Charlotte, a primeira princesa ilegítima. Normalmente, a menina não ia herdar nada, mas como o cara não tinha outros filhos e eles estavam com medo do trono ir parar nas mãos do primo quase alemão (tão reconhecendo essa história de algum lugar?), rolou toda uma mobilização pra mudar a lei pra menina assumir o trono depois. De primeira a lei não era válida, daí depois fizeram um outro tratado com a França pra mudar uma outra coisa, e acabou que o pai adotou a própria filha e em seguida ela pode se tornar a herdeira.

Pois bem. Charlotte casou com um conde, que depois herdou o nome dela. Tiveram 2 filhos (Rainier III e Antoniette), mas o casamento não durou muito, pois aparentemente o conde era gay. Charlotte largou ele e foi morar com o amante italiano, que era médico dela. 3 anos depois o pai de Charlotte pediu pra ela se divorciar de verdade porque a situação já estava ridícula. Como qualquer criança que vivia na liberdade e depois caiu nessa armadilha de família real, Charlotte passou então a contar os dias para o aniversário de 21 anos de seu filho, para então assinar sua alforria dessa palhaçada toda. E assim o fez. Quando Rainier fez 21 anos, ela abdicou, e ele virou o herdeiro oficial. Ela foi morar bem longe num castelo na França com um outro amante francês, que por acaso era ex-ladrão. Não satisfeita ainda transformou o castelo num centro de reabilitação para ex-presidiários. 

Fiquei muito fã de Charlotte, essa era da pá virada mesmo. A realeza pirava. Cadê a Netflix pra fazer The Crown versão Monaco???? Muito mais babado que a britânica, e eu nem contei a melhor parte ainda!!!!


5. Príncipe Albert, o príncipe que talvez possa ser seu pai

Então, esse Rainier casou com a Grace Kelly (sim, a atriz de Janela Indiscreta do Hitchcock) e teve 3 filhos (Caroline, Albert e Stephanie). Vamos pular toda a parte da Grace Kelly, porque não tem graça nenhuma. Foco no Albert! E aqui realmente as coisas ficam muito engraçadas.

Abert é um bon-vivant. Esse careca sem vergonha, aos quase 50 anos também já preocupava seus parentes pois ainda não tinha arrumado uma esposa, apesar de engatar vários casos com modelos (essa descrição te lembrou alguém? Se sim, tudo bem, foi proposital mesmo. Mas guenta aí, que o que vem depois é pura ironia do destino). 

Lá em meados dos anos 2000 (2003 - 2006), eis que descobrem que Albert tem um filho perdido com uma aeromoça com quem manteve um caso de 5 anos.* Ele faz o DNA e assume a paternidade. Até aí tudo bem. O que você não iria esperar era que nessa de futucar a história desse filho perdido, a imprensa achou OUTRA CRIANÇA! (Atenção agora!)

Jazmin, 14 anos, morava nos EUA, e estava sendo criada fora dos holofotes pois a mãe achou melhor ela ser criada fora da realeza. Eles planejavam apresentar a menina à sociedade só quando ela fizesse 18 anos.*

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Para tudo! Tá de sacanagem! Isso é o Diário da Princesa da vida real! Para tudo que que quero descer!!!!!!!! É muito ironia do destino! 

* Meg que não é boba nem nada, incorporou essa história dos filhos perdidos do príncipe de Monaco em algumas linhas durante a série como uma piscadela do tipo “quem pegar, pegou”. Não satisfeita, depois escreveu um livro todinho sobre.

Aparentemente, Jazmin é fruto de um relacionamento de verão, quando a mãe dela foi passar férias em Monaco e...

A mulher voltou pra California grávida, ele pediu pra abortar, ela disse que ia criar a criança sozinha, ele sumiu, um dia ele foi visitar e ela falou: "Tá vendo esse neném? É teu filho, safado!". Ele aparentemente assumiu a criança, e aí é O Diário da Princesa da vida real q eu já falei.

A título de curiosidade, Jazmin se formou em teatro e relações internacionais com ênfase em questões humanitárias numa faculdade não muito famosa de NY (não é Sarah Lawrence), e agora, além de se dedicar à filantropia, persegue também a carreira de atriz e cantora. A menina recentemente apareceu como figurante na 3a temporada de Mrs. Masel e tem umas músicas pra escutar no Spotify, a quem possa interessar.

Achou que tinha acabado??? Nada disso! Agora senta que vem A MELHOR PARTE DE TODAS!

Eis que no ano passado, Albert já estava casado, com duas crianças legítimas dentro do casamento, todo feliz, e... APARECE MAIS UMA FILHA PERDIDA DE 15 ANOS ALEGANDO QUE ELE É O PAI!!!!!

Ah, não, gente, por favor! Assim não dá! 3 crianças perdidas? Esse cara não nunca ouviu falar em camisinha não? Assim não tem condição! Quantos filhos ainda estarão perdidos por aí? Esse cara é tipo o Catra da Família Real! E a maior ironia é que as crianças aparecem tudo com 15 anos. Eu não consigo manter a compostura com uma história dessas. Sabe aquele meme de que a gente está esperando a nossa avó nos contar que somos herdeiras de um pequeno principado europeu? Sem brincadeira, as possibilidades de isso acontecer são maiores do que parece porque...

A FILHA DE 15 ANOS É BRASILEIRAAAAAAAA!!!!!!!!

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Aí eu perdi tudo, realmente. Eu achava que a história não tinha como ficar pior (ou melhor!), mas a mãe da menina agora tá dando entrevista direto pra Record, e, olha, é MUITO MAIS ABSURDA do que as outras. É praticamente um episódio do Casos de Família misturado com Ratinho.

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Segundo a mãe da criança, ela e o príncipe se conheceram numa discoteca famosa em Copacabana, e eles viveram um...affair de verão. Ele a levou pra viajar, fizeram um tour pela Europa. Eles foram à Monaco, inclusive. Coisa de conto de fadas. Só que...ele não contou pra ela que era príncipe!!!!!

Voltando pro Brasil, ela descobre que estava grávida, ele pede pra abortar, ela decide ter o neném sozinha, ele some (mesma ladainha). Ela tenta achar o cara na internet esses anos todos, mas não consegue, pois ele tinha dado pra ela um NOME FALSO! Daí que um dia ela estava com os amigos, um deles de Monaco, ela diz que já foi lá com o pai da criança. O cara fala de zoação (igualzinho eu acabei de fazer nas linhas acima): "Imagina só se o pai é o príncipe de Monaco, hein!". Ela procura "Príncipe de Monaco" no Google e pronto, ERA ELE MESMO!!!!!!

(Fala sério, essa da brasileira realmente superou todas!)

Daí agora ela tá acionando a justiça pra fazer DNA (Ratinhooooo!) e dizendo que aceita abdicar de qualquer dinheiro só pra menina conhecer o pai (MULHER, TOME TENÊNCIA, ESSE HOMEM É RICO! ATENTE PARA O FUTURO DA SUA FILHA! NADA DISSO DE ABDICAR DE HERANÇA NENHUMA NÃO!).


Apesar da manobra da época da Princesa Charlotte, por causa de uma lei aprovada pelo Príncipe Rainier só as crianças legítimas podem herdar o trono (aparentemente ele já devia antever que o filho não tinha qualquer noção de métodos contraceptivos). Então todas essas crianças perdidas tem direito à herança, mas não viram príncipes ou princesas de fato. Ou seja, O MELHOR DOS MUNDOS!!!! Você pode frequentar o palácio pra visitar seu pai, usufruir de toda a riqueza (tá legal, não toda, mas seu pai é rico, vai te dar uma mesada boa, ainda mais depois da culpa de não ter sido um pai presente durante toda a sua infância) e não precisa cumprir nenhum protocolo, nem se preocupar com o futuro da nação, acordos, tratados, economia, nada disso! Só vantagens! Muito melhor do que ser filho legítimo!

Princípe Harry chora vendo como essas crianças perdidas se deram bem

Então, é isso pessoal. Espero que esse post tenha sido edificante pra vocês (pelo menos a primeira parte eu sei que foi). Ficamos aí no aguardo do desfecho desse teste de DNA e que a Netflix compre os direitos pra produzir esse spin-off de The Crown. E fica aí a dica se você não conhecer o seu pai. Vai que, né!

Obs. Apesar da mulher do príncipe ser ex-nadadora do Zimbabue, Monaco não tem nenhuma medalha olímpica nas olimpíadas de verão. Ironicamente, tem uma das olimpíadas de inverno. (O príncipe já jogou futebol e fez bobsled tb).

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quinta-feira, 4 de março de 2021

De repente 31

Nunca comemorar aniversário foi tão literal. Mais um ano de vida. Numa pandemia com milhares de mortos todos os dias, completar mais 365 dias vivo realmente é uma conquista.

Agora em março estamos fazendo 1 ano de pandemia. 1 ano de isolamento social. 1 ano de álcool em gel na mão e sair só tomando todos os cuidados. 1 ano de homeoffice, videoconferência e "seu microfone tá no mudo". Temos vacina. Mas não temos. E eu já tô provisionando essa rotina até 2023.

Ironicamente, o último evento antes do "fim do mundo" foi o meu aniversário. E eu fico feliz de ter podido comemorar me divertindo a vera com meus amigos no karaokê. Já sabíamos que o negócio tava ruim e foi por pouco que o evento não foi cancelado, já que em poucos dias as coisas iam mudar pra sempre.

Mas, bom, pelo menos eu comemorei, né. Pior é a menina do De repente 30, que tá LITERALMENTE a vida inteira esperando pra fazer uma festa com esse tema, reunindo todo o elenco agora com 30 anos também, e tirar uma foto com a Jenifer Garner pra mostrar como elas tão iguaizinhas, e nem vai poder fazer a festa dela (ela faz 30 esse ano).

Mas, então, ter 30 anos. Não vou mentir, durante essa pandemia, doeu. Em alguns momentos chorei como poucas vezes chorei na vida. E finalmente tomei coragem (ou seria vergonha na cara?) e comecei a fazer terapia. E, ah, sim, a Sandy estava certíssima. Como as costas doeram, viu? Não ter uma cadeira decente realmente acabou com a coluna. E o sedentarismo acabou com o exame de sangue também. Tenho que literalmente correr atrás desse prejuízo agora. 

Mas não ter mais 20 anos tem suas vantagens. Fora os efeitos desse "momento histórico", e o lance da atenção à saúde, ter 30 anos é bem melhor que ter 20. Aquela pressão* sobre tudo aquilo que esperam de você e que você espera de você mesmo é bem mais diluída, seja pela concretização dos sonhos, seja pela consciência de que não dá pra ter tudo nessa vida. E daí que você ainda não é tudo aquilo que você queria ser? E daí que aquele fulano não concorda com a maneira como você toca sua própria vida? E daí que você não se encaixa no esteriótipo? Ele por acaso paga os meus boletos?

* Eu não vou linkar, mas é só você dar uma passada nos posts de 10 anos atrás pra você ver como elas estavam todas lá.

Aos 20 anos, o jovem, inconscientemente, fica encantado com o ritual que envolve se organizar para pagar os seus boletos. E realmente, ele é um marco da vida adulta. Porque pagar boletos é o sinal de empoderamento que te faz ligar o f*da-se pra toda essa necessidade de aceitação externa.

Mas como ia dizendo, os dias que precederam os aniversários de 30 anos, e agora de 31, foram bem menos ansiosos do que os da última década. E ao invés da sensação de anos anteriores de que o tempo estava passando rápido demais, ou de que o planos não estavam dando certo, entre outras epifanias que começam a aparecer, o sentimento é de...paz.

Paz por entender que não dá pra brigar contra o tempo e que a única saída é viver um dia de cada vez. Paz por perceber que nada é pra sempre e tudo bem. Por ver as novas gerações repetindo os mesmos erros e cometendo os próprios, e perceber que eles VÃO apagar os nossos passos, quer a gente queira ou não. Porque agora que essa nossa galera começa a ocupar os espaços de ação e tomada de decisão, a gente vê como também cometeu os erros de outras gerações e apagou os passos de outras antes antes de nós. E tudo bem. Não existe esse negócio de "deixar a sua marca no mundo", como a gente fica tão preocupado às vezes quando mais novo. Mas existe sim fazer a sua parte e deixar a sua marca em algumas pessoas. E isso é suficiente.

Talvez um pouco dessa paz nesse ano, inclusive, venha da própria sensação de que, durante essa pandemia, não há muito mais o que fazer e que ter chegado vivo até aqui já é coisa à beça.

Ah, sim, apesar de pagar os boletos e liderar uma equipe e tal, ainda assim tem um monte de coisas que eu não sei resolver e preciso pedir ajuda pro meu pai, e meu passatempo favorito ultimamente é reler minha série de livros adolescente favorita pra acompanhar um podcast gringo. No final das contas, nossos pais também eram só pessoas tentando descobrir como resolver as coisas igualzinho a nós agora. E tudo bem. (Tá vendo como é reconfortante ter essa visão de uma geração completa? Isso e fazer terapia. Realmente ajuda, amigos.) 

Eu pensei em terminar o texto com uns versos de The Schyler Sisters de Hamilton, que falam sobre "History is happening" e principalmente "Look around, look around at how/Lucky we are to be alive right now!", mas agora no final percebo que não tem outra música senão essa daqui que toca em De repente 30 (13 Going to 30), que acaba comigo TODA A VEZ.

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E eu sei que eu tô fazendo 31, mas será mesmo que um ano que não se viveu, apenas se sobreviveu deve ser contado como inteiro? Além do mais, mas o que é 31 senão 13 ao contrário? 

PS. Bom, acho que vou deixar vocês com Stop this Train também porque acabei de brincar com os números pra parecer que a vida acabou de começar igualzinho o John Mayer.

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segunda-feira, 2 de novembro de 2020

A cena do celeiro

Em tempos de Netflix e maratona de uma temporada inteira, já é um fato que a linguagem televisiva das séries mudou. 

Saem os procedurais com uma leve premissa e casos da semana que aguentam 25 episódios por ano, entram as séries mais curtinhas, feitas para se consumir de uma só vez em que os episódios são “capítulos” de uma obra maior (e cada vez menos “episódicos”, como o antigo formato parecia sugerir). Se antes era possível perceber como os roteiros adequavam seus atos à realidade das paradas para os comerciais, com ganchos que deixavam o espectador “pendurado” até a volta das propagandas, agora os ganchos ficam reservados principalmente para o final dos episódios de forma que sigamos grudados na tela até o final da temporada. Aquele breve resumo de “nos episódios anteriores”, também deixam de fazer sentido nesse “novo jeito de assistir TV”.

Particularmente acho a maneira de acompanhar as séries introduzidas pela Netflix um tiro no pé. Os seriados quando têm seus episódios liberados todos de uma vez só tem relevância cultural de no máximo uma semana, ao passo que, ao liberar os episódios semanalmente, a presença nas redes sociais, na mente e na vida das pessoas se estende por meses. É o sentimento de comunidade, de todo mundo assistir junto (mesmo que não exatamente ao mesmo tempo), de marcar seu nome naquele pedaço de tempo que torna uma série inesquecível. E esse tipo de engajamento foi o que tornou Lost e Game of Thrones verdadeiros fenômenos culturais. Acredito que seja muito difícil que isso se repita daqui pra frente.

Mas nada faz mais falta nesses tempos de streaming do que “a cena do celeiro”. Calma, eu explico.

A estrutura de um episódio clássico de Smallville (e de outras séries pré-Netflix) consistia em:

1) Clark acorda de manhã, vai para o colégio, encontra Chloe e discutem no Mural do Esquisito a aparição de alguma criatura ou comportamento estranhos na cidade (o “Freak of the Week”)

2) Paralelamente tem uma outra trama envolvendo um personagem secundário que vai se cruzar com a história do “freak of the week”, e que possivelmente constituirá um dilema ético para Clark ou para o outro personagem. Nessa parte do episódio, eles tomam alguma decisão equivocada, os personagens brigam. Geralmente temos um discurso filosófico do Lex ou do pai do Lex.

3) Clark está discutindo alguma coisa com a Chole, e, durante a conversa, eles chegam à conclusão de que o vilão está para concluir seu plano maligno naquele segundo. Clark desaparece com sua supervelocidade, deixando a Chloe falando sozinha. Clark usa seus poderes e salva o dia.

Nesse ponto você já sabe que o episódio basicamente acabou, e falta só mais um bloco para o desfecho. Na época do Celso Portiolli no SBT, depois te ter aguentado comerciais de mais de 10 minutos, você sabe até que, se quiser pode mudar de canal, mas não troca porque logo em seguida vem, sim, ela mesma: “a cena do celeiro”.

Nesse bloco, Clark e seu pai, ou Clark e algum amigo com quem tenha tido uma conversa filosófica ou uma briga no meio, fazem o encerramento daquele episódio. Eles refletem, geralmente no celeiro, sobre como estavam sendo estúpidos ou como suas ansiedades não faziam sentido, pedem desculpas (os dois envolvidos!) e fazem as pazes. Os personagens tiram suas lições, sobe a música (geralmente de alguma banda pop-rock americana obscura, que você provavelmente nunca ouviu falar. Mas a música é boa e você depois vai baixa-la no eMule, após o final do episódio. Isso depois de descobrir quem tá cantando em algum portal especializado na série, claro), a câmera pega distância e pronto. Todos estão felizes de novo. O espectador está pronto para seguir com a sua vida, e semana que vem tem outro episódio pra gente assistir.

Vale ressaltar que a “cena do celeiro” é uma cena não só presente em Smallville, mas em diversas outras séries dos anos 2000, como The OC, House, Greys Anatomy, etc.

Pois bem, falei isso tudo porque gostaria de deixar registrado aqui como “a cena do celeiro” está fazendo falta, não só na TV, como nas nossas vidas.

Nessa loucura de redes sociais, a gente parece que perdeu a capacidade de CONVERSAR. De escutar o outro e ter EMPATIA para entender o outro lado. No meio desse caos que se transformou a internet, com gente do mal jogando iscas o tempo todo para que a gente brigue sem parar, a gente tá se esquecendo que as pessoas são HUMANAS e fatalmente VÃO COMETER ERROS! A gente tá precisando de mais “cenas do celeiro” em que a gente reflete um pouquinho sobre o que está acontecendo, e aprende com os erros e PEDE DESCULPAS e PERDOA os outros também. Tem muito dedo apontado. Muita militância, muito cancelamento. Pouca VONTADE de entender o que o outro de fato tá querendo dizer.

Esse extremismo sem conversa, em que tudo a gente quer “ganhar no grito” pra mostrar que TÁ ERRADO, às vezes se esquece de que tem situações em que realmente não são tão simples ou “preto no branco” quanto parecem. Tem alguns graus de cinza no meio que precisam ser considerados, sob pena de cairmos no mesmo discurso de censura que a gente tanto reclama.

Eu sei que é difícil, principalmente porque a nossa tolerância no passado recente parece ter dado brecha ao empoderamento de uma galera realmente do mal, que utiliza do argumento da liberdade de expressão pra espalhar discurso de ódio. Mas A GENTE TÁ PERDENDO O BOM SENSO!!!!!

A gente tá precisando RESPIRAR, e DESLIGAR um pouco, para REFLETIR de fato sobre o que está sendo dito. Essa era outra função essencial da “cena do celeiro”. Fala a verdade, tem umas séries hoje em dia que nem são boas, só são viciantes. Só que a gente não tem TEMPO de perceber isso, porque viu tudo de uma vez. A gente tá precisando de “menos timeline infinita”, e mais artigo de jornal e revista, mais livro, mais blog.

A gente tá precisando escutar uma música de uma banda pop-rock obscura e descobrir quem canta num portal especializado. A gente tá precisando gastar mais nossa energia em criar e acompanhar portais especializados e conhecer gente diferente que goste das mesmas coisas.

Até o Netflix sabe que deixar o streaming rolando o tempo todo direto é ruim, e depois de um tempo, ele dá uma parada e pergunta se você tá vivo, se não quer fazer outra coisa, ir comer, respirar um pouquinho.

A gente tá precisando do Celso Portiolli trazendo toda a sua simpatia e leveza para o meio das séries e das nossas vidas. Não, brincadeira, do Celso Portiolli a gente não tá precisando não.

Não dá pra acreditar que a Chloe hoje tá presa acusada por causa de uma seita em que rolava tráfico sexual.

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sábado, 24 de outubro de 2020

Erro de roteiro

Outro dia no Twitter, uma pergunta sobre características inusitadas viralizou no Twitter e por um ou dois dias só se falava em outra coisa.

A Juliana falou que apesar de amar samba, escolas de samba e ter um pagode inteirinho dedicado a fazê-la sambar, não sabe muito como fazer isso.

E eu queria muito entrar nessa corrente e compartilhar uma coisa que fosse extremamente curiosa sobre mim, algo que fosse realmente absurdo, que se o roteiro da minha vida parasse na mão de um revisor, ele com certeza iria mandar voltar e reescrever porque não fazia o menor sentido, mas a real é que não consegui achar nada que caracterizasse um erro de roteiro como a pergunta sugeria.

Não que eu não tenha lá minhas contradições. Tenho muitas, um montão.

Por trás da pessoa séria que constrói argumentos bem fundamentados, tem uma menina que ri dos memes mais idiotas. Por trás da pessoa que sabe todos os normativos da profissão de cor, tem uma menina que também possui um conhecimento interminável de futilidades e ama discutir as tretas dos famosos (o nível de comprometimento pra pesquisar e arquivar essas coisas na memória é o mesmo). Apesar da aparência quietinha e da rotina provinciana talvez, a pessoa que vos fala é capaz de comprar ingresso pra ver seu artista favorito em outro estado (quiçá outro país) e se transforma loucamente quando as luzes se apagam e o show começa. E apesar da paciência praticamente nula para rituais de beleza, gosto mesmo é de uma romcom bem gostosinha pra esquentar o coração e de um pop bem chiclete (geralmente as pessoas se surpreendem quando descobrem que não sou roqueira). Na época da escola, apesar das notas altas, mal podia esperar para a aula de Ed. Física e jogava handebol do time do colégio. Embora seja um pouco tímida, não tenho medo de fazer piada em público e rir de mim mesma. Embora seja um pouco mais fechada, amo abraçar as pessoas e estar em comunidade.

Mas acho que nada disso seria suficiente para caracterizar um erro de roteiro, ou um problema na construção do personagem. Na verdade, os bons personagens são justamente esses que não são 100% estereótipo o tempo todo. Ou, na verdade, tem muita coisa aí na lista que a própria contradição já virou um estereótipo em si. Quando paro pra pensar, acho até que eu daria uma excelente mocinha de romcom. Acho que ia gostar muito do meu personagem se estivesse lendo/assistindo.

Pra você que acompanha esse blog há um tempo, ou me segue nas redes sociais, nada disso que contei agora soará como surpresa. Talvez o que os surpreenda é que no trabalho eu me fantasio (ou me fantasiava, antes da pandemia) de executiva pra parecer mais séria, sou capaz de falar grosso com gente preguiçosa, e não tenho medo de brigar com quem está abaixo da performance esperada.

E isso também faz parte do personagem. Ou pelo menos faz parte dessa outra faceta do personagem. Na vida, a gente interpreta diversos papéis, diversas versões de nós mesmos, dependendo da situação. E nada disso se caracterizaria como erro de roteiro. Essas aparentes contradições é o que nos torna criaturas extremamente complexas, na verdade. Errado estaria se fosse ao contrário. Porque os roteiros com personagens sem nuances geralmente são roteiros que são ruins pra caramba.

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