terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Retrospectiva 2010

Então é Natal, e o que você fez? O ano termina e começa outra vez...

Bom, Simone, em 2010 eu fiz uma porção de coisas. Foi um ano bem movimentado. Não sei dizer se foi bom ou ruim. Foi... diferente. Foi um ano de primeiras vezes, de mudanças, de jogar fora um monte de coisa velha, de ficar cansada e de aprender um monte de coisas novas. E como toda as mudanças, elas são sofridas, mas também trazem o crescimento que não teríamos caso elas não acontecessem.

Chega de papo furado, é hora de encarar a câmera de segurança do Cefet (piada interna - pois é, apesar de todas as mudanças eu ainda continuo bem nostálgica) e apresentar a Retrospectiva 2010.

Em 2010 eu...

•    Arranjei um estágio
•    Renovei o estágio
•    Arranjei outro estágio
•    Fiquei em 10º lugar num concurso tendo estudado só 4 dias (infelizmente só eram 3 vagas e também não ia rolar de tomar posse porque ainda faltava 1 ano e meio pra acabar a faculdade. Agora falta só um).
•    Fiz aula à noite da faculdade pra fugir da doida de Moda
•    Tive aula com um professor totalmente caquético que corrigia as provas do jeito que ele bem entendia e calculava as médias da mesma maneira (isso já no outro período)
•    Tive que implorar ponto pra esse professor caquético pra não ir pra prova final, mesmo que esse ponto fosse meu de direito porque ele tinha me roubado antes.
•    Consegui manter o blog atualizado, mesmo com o tempo livre bastante reduzido.
•    Conheci pessoas legais por causa do blog e recebi meus primeiros selinhos
•    “Fiz” um amigo virar blogueiro.
•     Esse amigo “me fez” criar um Twitter, meio contra a minha vontade (junto com mais outros dois amigos de Cefet twitteiros que tem até fake. Pronto, Felipe, rs!).
•    Aprendi a gostar do Twitter
•    Re-econtrei um amigo que eu já não via havia, deixa eu fazer as contas, 7 anos!!!!! (Pronto, Douglas! rs)
•    Instalei tv a Cabo na minha casa
•    Assisti aos Jogos da Copa na praia de Copa (quando mostrou aquela multidão lá em Brasil e Coréia do Norte, e em Brasil e Portugal – eu tava lá no meio! Ôooooo!)
•    Quase não assisti a Brasil e Costa do Marfim porque uma estofaria pegou fogo aqui perto de casa e a Light cortou a luz das redondezas.
•    Comemorei os gols atrasados por causa do delay da TV a cabo. (Os vizinhos gritavam quando o Robinho ainda estava entrando na área, a gente já sabia que era gol).
•    Tive que ir trabalhar depois de ver o Brasil perder da Holanda.
•    Torci pro Uruguai no melhor jogo da Copa (2º tempo da prorrogação. Soarez tira a bola com a mão no último minuto. Pênalti para Gana. Gana PERDE o pênalti e a disputa vai para... os pênaltis. Loco Abreu de cavadinhaaaa!)
•    Fui ao Engenhão ver Botafogo x Palmeiras (0x0)
•    Ganhei um celular novo (o antigo já estava pedindo arrego)
•    Ganhei uma cama nova (a antiga também já estava pedindo arrego)
•    Ganhei uma cômoda nova (idem)
•    Acompanhei a última temporada de Lost “ao vivo” pela 1ª vez.
•    Me decepcionei com o final de Lost
•    Presenciei um acidente de carro diante dos meus olhos, enquanto esperava para atraverssar a rua
•    Chorei com os desenhos da Pixar
•    Terminei o curso de Espanhol
•    Experimentei a sensação de pagar as coisas com cartão
•    Votei e encontrei meus companheiros de mesa em 2008 (não fui chamada esse ano)
•    Tive que votar de novo no 2º turno
•    Sofri com as piadinhas da Eliza Samúdio
•    Fiquei ilhada no Rio de Janeiro e achei que não ia chegar em casa nunca mais (esse NÃO foi o dia da enchente histórica)
•    Voltei pra casa na boa no dia da enchente histórica. Só fui ficar sabendo da enchente no dia seguinte, quase chegando na faculdade. Aí eu tive que voltar de metrô cheio sentido Pavuna às 10 da manhã, brincando de Tetris Humano (o metrô nesse sentido nunca fica desse jeito) – foi recorde de passageiros do metrô. Eu estava lá!
•    Aprendi a pegar um monte de ônibus diferentes
•    Aprendi a andar no Centro do Rio
•    Aprendi a falar ao telefone com gente que eu nem conheço...

E a lista poderia continuar com muitas outras coisas insignificantes (ou não), mas eu vou parar por aqui.

O ano novo já está batendo na porta e eu não faço a mínima do que ele me reserva. Só sei que em 2011 tem Bienal do Livro (e pra manter a tradição é claro que eu vou) e Rock In Rio no Rio (e pra manter a tradição é claro que eu não vou) e no final do ano, se Deus quiser, estarei formada (pois é, passou rapidinho. Parece que foi ontem que tinha medo de trote e me fazia malabarismo de matérias do Cefet e da Uerj...). Ah, sim, e tem a Anne apresentando o Oscar também (de suma importância isso, como eu pude me esquecer?).

De resto, vamos ver. Não faço promessas de ano novo porque sei que não cumpro, mas se tem uma coisa que eu vou fazer apesar dos meus maiores medos é continuar escrevendo pra cá pro Inútil porque é algo que me faz bem à beça. E espero que faça bem pra quem o visita também.

Porque aí quando a Simone vier perguntar no final do ano que vem o que foi que eu fiz, eu vou poder responder que fiz a diferença na vida de alguém, mesmo que semanalmente e por alguns minutos enquanto a pessoa lia o post.

Feliz 2011 pra você!
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domingo, 19 de dezembro de 2010

Desabafo

Acho que já falei aqui que de não ter controle das coisas. Não gosto de ter que me adaptar a uma nova situação. Não gosto de não saber onde estou pisando e de não saber como agir.

Não gosto de ser a garota nova, nem de ficar fazendo média o tempo todo até descobrir qual é a da pessoa de verdade. Por isso também não gosto quando me tratam como melhor amiga 5 minutos depois de terem me conhecido, esperando o mesmo tratamento íntimo. Acho estranho e medonho.

Não gosto de não poder falar besteira com medo de ser mal interpretada. Não gosto de ser mal interpretada, aliás, e por isso não saio contando tudo da minha vida para qualquer um que apareça. Também por não gostar que me julguem errado, não gosto de julgar os outros. E por isso demoro um século até admitir que talvez aquela pessoa realmente não preste.

Não gosto da sensação de saber que alguém não presta porque não gosto de fingir que está tudo bem quando não está. Não gosto de não saber se eu estou certa sobre essa sensação ou se é tudo paranóia minha. Na maioria das vezes, prefiro ser amiga dos meninos do que das meninas. Eles são menos complicados.

Não gosto que falem de mim pelas costas. E também não gosto de falar mal dos outros pelas costas. Acho feio, mesquinho e covarde. Não gosto de fofoca, nem de ficar por fora das piadinhas internas dos outros, aliás. Não gosto gente que fica mandando indiretas, nem de gente que não sabe guardar a sua opinião pra si porque ela pode magoar alguém.

Não gosto que se metam na minha vida quando não pedi opinião. Não gosto de gente mentirosa. Não gosto de gente que fala mais do que escuta. Nem de gente que não tem senso de humor e não entende (ou finge que não entende) e pra tudo tem que arranjar um motivo para discutir. Não gosto de ficar doente.

Não gosto quando não gostam de mim, mesmo sabendo que é impossível agradar a todos. Não gosto de me sentir deslocada e sozinha.

Não gosto de ter de convencer as pessoas de quem eu sou em alguns minutos (como se isso fosse possível) e não gosto de ter de falar o que as pessoas querem ouvir se aquilo não é a verdade também. Não gosto quando elas fazem isso o tempo todo, aliás. Acho uma babaquice como esse tipo de comportamento é considerado imprescindível em determinadas situações.

Não gosto de ser culpada por algo que não fiz e nem de injustiças em geral. E detesto ficar no meio de um conflito com o qual eu não tenho nada a ver.

Não gosto que pensem que sei tudo, mas realmente às vezes me incomoda o fato de não o saber. Não gosto de não saber a resposta certa. Prefiro ser perguntada do que perguntar. Não me importo em estar errada, mas não suporto errar (se é que isso faz algum sentido).

Não gosto de depender dos outros para qualquer coisa e nem de ficar devendo favores. Detesto que me olhem com ar de desdém e quando não confiam em mim. E também não gosto de saber que não posso confiar em alguém.

Não gosto de gente que se acha melhor que os outros por qualquer motivo. Nem de gente que se aproveita para pisar nos outros porque aí ela pode se sentir melhor.

Não gosto da sensação de não gostar. Remói por dentro, dá trabalho e me faz mal. Preferia ser indiferente a tudo isso e não sofrer, mas nem sempre isso é possível ou demora demais pra acontecer.
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quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Tão Ontem

Capítulo Zero – Parece que foi ontem

Minha história com esse livro foi de amor à primeira vista. Porque um livro com um nome desses e com essa capa super bacana* para uma nostálgica como eu não tinha como causar outro sentimento.
*Até o autor ficou orgulhoso do trabalho do Fábio Lyra - o designer. Tem razão, seu Scott. A capa do Brasil dá de 10 na americana.

Comprei-o na Bienal de 2007 e logo ele se tornou um dos meus livros preferidos. O engraçado é que da primeira vez que eu li, não entendi o final.  E isso nem fez muita diferença, porque continuei a gostar MUITO dele mesmo assim. (Pra você ver como o negócio é bom.). Aí a minha irmã leu e também não entendeu. Procurava alguém na Internet pra discutir o livro, alguma resenha interessante que contasse alguma coisa e NADA! Um absurdo um livro bom desses não ter a publicidade merecida.

A partir daí, passei a emprestá-lo para todo mundo por duas razões:
1) Era um livro unissex, inteligente, e que merecia que outras pessoas tomassem conhecimento dele, e
2) Pra ver se alguém entendia o final e me explicava o que tinha acontecido.

E é por isso também que ele já está meio desgastadinho, coitado.  É um dos meus livros mais rodados.

Capítulo Um – Tão Bom

A essa altura você deve estar se perguntando: “Mas que raios esse livro tem de Tão Especial? Por que você insiste tanto em dizer que ele é Tão Bom? Por que essa leitura é Tão Obrigatória?”. Bom, vamos deixar de papo fiado e falar um pouquinho do livro, então, né!

Hunter (do inglês, Caçador) é um Caçador de Tendências (Ha, valeu Scott!). Seu trabalho é observar as pessoas na rua e descobrir aquilo que tem potencial de se tornar a próxima moda. Num belo dia, ele conhece Jen, uma menina que amarrou os tênis de um jeito totalmente novo. Uma Inovadora, obviamente. A dupla é chamada para uma reunião misteriosa com Mandy, chefe de Hunter. Mas o encontro não acontece e tudo que descobrem é o celular de Mandy em um prédio abandonado. A partir daí, os dois vão enfrentar muitas confusões numa aventura imprevisível que dá um passeio pela cultura pop como a conhecemos.

Tão Ontem parece ser mais um livro juvenil, mas é muito mais que isso. É uma prova de que existe vida inteligente na adolescência e a equação perfeita entre diversão e informação. Pra começar, o livro é uma verdadeira aula de marketing. Todo aluno da disciplina devia ler, porque se aprende um monte* sobre coisas como a Pirâmide de Consumo, Pesquisas de Opinião, Regras de Negócios – e de um jeito absolutamente divertido.
* De verdade, durante as aulinhas de Marketing da faculdade eu lembrava de Tão Ontem direto.

Pra mostrar como eu aprendi direitinho, uma amostra grátis pra você experimentar:
Apesar disso, não se pode culpar o cliente por seguir a regra número um do consumismo: nunca dê aos consumidores o que eles realmente querem. Reduza o sonho a pedaços e espalhe-os como cinzas. Distribua promessas vazias. Embale as aspirações dos consumidores e lhes venda, assegurando-se de que elas acabem se desfazendo no ar.

Bacana, né?

Ironicamente, Scott Westerfeld não seguiu a regra número um do consumismo, e ao longo da narativa  encontramos de um pouco de tudo. O autor nos dá de uma só vez tudo aquilo que se pode esperar de uma excelente e envolvente história (aí a gente fica mal-acostumado...). Romance, mistério, ação, diálogos afiados, senso de humor, personagens legais e inusitados, uma boa reflexão sobre o mercado consumidor, e um bocado de conhecimentos gerais que vão de Fenícios a Franceses, de Pikachu a Pneumonia. Sabe aquilo que eu falei que ele ficou devendo em Feios? Tá tudo aqui...

Capítulo Dois – Missão Impossível

Mas voltando à minha história com Tão Ontem. Depois de anos, eu tomei vergonha na cara e resolvi relê-lo (porque quando eu emprestava o livro, ou ninguém entendia também, ou eu é que não lembrava mais da história e ficava sem base pra debater). E aí eu entendi TUDO! A emoção foi tanta que na época até enviei um email ao Felipe explicando tudo, porque:
1)    Ele também se perguntava o que tinha acontecido e
2)    Assim eu teria a explicação registrada para verificar a qualquer hora e poder discutir com alguém depois.

E a segunda leitura foi ainda mais legal que a primeira porque, além de eu ter entendido o final, pesquei algumas “piadas internas” (o toque do celular da Mandy e nomes de marcas sempre citadas como se fosse o "Leilão de Notas Musicais" daquele programa com o Silvio Santos em que os artistas testam seus conhecimentos de música popular, por exemplo) que só são possíveis de serem captadas depois de algum conhecimento de mundo.

É por isso que eu gosto de revisitar meus livros, filmes, músicas preferidos. Depois de grande, com outra cabeça, a gente percebe um monte de coisas que não tinha reparado antes. E é ainda mais legal quando a gente enxerga a mesma história com outros olhos.

Enfim, só para você não ficar com medo, Tão Ontem não é essa complicação toda. Ele explica tudo, só que tem de ter muita atenção no final (anota aí: VER CAPÍTULO 31!!!). E se você não entender, acredite em mim, a jornada é o que importa.
*Qualquer coisa, me passa um email que aí eu te encaminho a explicação, rs.

Capítulo Qualquer Coisa Muito Tempo Depois

Durante muito tempo fiquei imaginando como era o jeito Inovador de amarrar o cadarço da Jen. Aí um dia eu bem vi no metrô um menino com um cadarço amarrado de um jeito inovador. Fiquei com uma vontade imensa de pedir pra tirar uma foto do tênis da pessoa, mas me segurei. Pensei em disfarçar e tirar assim mesmo, mas achei que ia ficar muito na cara. As pessoas iam achar no mínimo que eu era doida.

E depois eu até CONHECI um Inovador que amarra o cadarço como se fosse um sol nascente (era assim o da Jen, né?). Quase fiz "O Gesto" quando vi.

Tão Ontem também teve seus direitos comprados para virar filme, mas desde 2006 não se tem notícias de a quantas anda a produção. Deve subir no telhado. Uma pena porque esse livro é daqueles que não precisa fazer nada. É só filmar.

O título do Tão Ontem em Francês ficou em inglês: Code Cool... A capa também ficou legal, mas a do Brasil ainda é mais cool.

Sério, gente, essa arte do livro não é apaixonante? 
Dá a maior vontade de brincar de dolls.
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quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Passaporte para palavras

É engraçado perceber como a cultura de cada povo se reflete na língua e no seu jeito de falar. E não precisa nem ir muito longe. Aqui mesmo, no nosso próprio país, vemos o baiano, que fala como se o tempo não existisse; o carioca, que se acha o ixperrrrto; o gaúcho, que mais parece estar cantando o tempo todo; e sem esquecer do mineiro, que de tão matuto come o final das palavras tudin’.

Atravessando as fronteiras, a gente vê a língua portuguesa com todas as suas regras, conjugações, acentos, concordâncias e um monte de nerdismos lingüísticos que na oralidade todo mundo ignora, mas nem por isso a língua fica menos gostosa e poética aos ouvidos. Não por acaso, dá até pra entender um bocado de coisa dita por nossos vizinhos hispanohablantes, afinal, o berço das duas línguas se deu dentro da mesma península – há quem diga até que o espanhol é o português mal falado.

Ali do lado da tal península encontramos os franceses, que se acham ‘tre chic’ e falam fazendo biquinho e os russos e alemães, que parecem sempre com raiva – talvez por culpa do frio - e qualquer palavra banal nos faz ter vontade de responder: “É a sua mãe, tá legal?”. Já os italianos, na verdade, falam é com as mãos, e, se amarrados, creio eu que sentiriam muita dificuldade de se expressar. (Imagino como deve ser difícil extrair qualquer informação de um mafioso italiano algemado. Vai ver é por isso que o Berlusconi está solto até hoje...).

E finalmente, a língua inglesa, que em qualquer lugar do mundo se destaca pela praticidade. É quase como comida congelada. As palavras curtinhas, quase sempre monossílabas (e eles ainda tem a coragem de abreviá-las!), a ausência da concordância de gêneros, praticamente nenhuma desinência verbal e, acima de tudo, a facilidade que se tem em transformar qualquer substantivo em verbo sem nenhum tipo de esforço ou modificação.

E se num passado não muito distante as pessoas e as palavras transitavam pelo mundo com muita dificuldade, hoje em dia, a interação entre as pessoas passou a um nível mundial e quantidade de informação, além de infinita, está a apenas um clique.

Ao contrário das pessoas, as palavras não precisam de passaporte, e nesse contexto, mais uma vez a tradução/adaptação se faz importante tanto por sua presença, quanto pela sua ausência, uma vez que parece que entramos numa Torre de Babel contemporânea. Engraçado notar que aquilo que serviria para unificar (a tal globalização) acaba por segregar e confundir as pessoas.

Exemplo:
Em Contabilidade de Custos, temos 2 tipos de custeio: por ordem e por processo. O custeio por processo é feito de acordo com os processos pelos quais passa o produto e por ordem de acordo com os pedidos. Ora, se o custeio por processo é feito levando em conta, obviamente, os processos, por que diabos o custeio por ordem tem a ver com os pedidos e não com a ordem na linha de produção? Depois de muito tempo, percebi que o caso do custeio por ordem é igualmente óbvio, só que TALVEZ seja derivado de uma tradução preguiçosa, porque ORDER em inglês, nesse contexto significaria PEDIDO.

Em ambientes acadêmicos, esse tipo de coisa dificulta o entendimento e o aprendizado das coisas. E numa empresa em que o jargão corporativo (muita vezes também preguiçoso e até idiota) domina também é comum ver expressões como schedular, asap* (as soon as possible), entre outras, que podem causar um problema até maior de comunicação entre os empregados. Tudo porque a pessoa não quis escrever “agendar” e “o mais rápido possível”.
*Microsoft é mestre nessas abreviações. Uma vez vi uma palestra dela em que o cara dizia que lá eles abreviavam até o nome das pessoas, colocando a primeira letra do primeiro nome junto com o último sobrenome. Nesse dia eu e meus colegas ficamos pensando que alguém que se chamasse Alberto Rocha (A Rocha) ia sofrer por lá...

E mesmo fora dos lugares “obrigatórios”, é comum a prática por parte da população dita mais esclarecida desse tipo de adaptação besta e desnecessária ou mesmo a total importação de termos estrangeiros principalmente por culpa da Internet. Aí você põe aí na lista expressões como guilty pleasure, shame on me, cool, plot, flop, losers, ever, a.k.a., que não só têm substitutos totalmente aceitáveis em nossa língua materna (prazer com culpa, ai que vergonha, descolado, enredo, fracasso, manés/otários, de todos os tempos, ou) como às vezes são utilizados sem nem saber direito o que significam, ou sem se preocupar se o seu interlocutor sabe o que significa.

Isso quando não aparecem uns neologismos horrendos tipo beliviando, começam a utilizar uma palavra com sentido de outra - como no caso do order/pedido/ordem (que não está só nos livros e realmente faz parte de todas as relações comerciais) ou no caso do realizar usado com sentido de perceber (realize) -, abusam do gerundismo por causa do future continuous, e aí vai.
Obs.: Um das maiores culpados pelos estrangeirismos são os termos ligados à informática, geralmente órfãos de palavras que os definam, uma vez que quase sempre tratam de alguma novidade no mundo. Mas deletar, setar e restartar são palavras gringas que com alguma maquiagem ainda enganam de nacionais. Agora upar, printar, reloadear, deployar, downloadar, atachar (etc) são MUITO feios, pelo amor de Deus!

Pois é, eu sei que isso é fruto da dominação cultural-econômico-midiática estadunidense e que por vezes a língua inglesa é muito mais prática que a nossa (lembra que eu falei lá em cima que inglês é igual comida congelada?) e que às vezes as pessoas em seu dia-a-dia têm dificuldade de encontrar uma expressão similar assim de supetão durante uma conversa sobre aquele artigo maravilhoso que elas leram no New York Times (ou em qualquer outro veículo de comunicação), e até que a fonética de algumas delas pode alterar sua intensidade, mas, sinceramente, eu não estou nem aí.

Eu sou muito chata com essas coisas. Não vou dizer que não as use, mas as evito ao máximo. Acho essa história de “ah, mas eu penso em inglês” uma desculpa muito esfarrapada de gente prepotente e digna de Luciana Gimenez. E eu não sei você, mas eu acho que ser associado à Luciana Gimenez não é exatamente uma coisa tão in assim. Acho muito mais elegante buscar uma palavra no nosso próprio idioma, que cá pra nós tem vocábulos muito mais bonitos (fala aí, “vocábulo” é muito lindo, né não?), principalmente se a intenção for essa de “ficar por cima da carne seca”.

Então, fica a dica: toda vez que você estiver escrevendo e pensar num termo in ingrish, tente trocar para um nacional. Busque na memória, no dicionário ou no Google uma outra expressão com significado semelhante. E se ela, por acaso, for uma expressão antiga, caipira, fora de uso, ou um regionalismo, melhor ainda. O texto corre o risco de além de ficar mais bonito, ficar mais engraçado também. E se a intenção for parecer mais descontraído, a gente tem um monte de sufixos para adicionar nas palavras ditas sérias. Não precisa importar uma e colocar o nosso sufixo mesmo assim... Sei lá, fica muito artificial, sabe?

Mas o pior de tudo é que eu entendo que isso não é de hoje e que não temos para onde fugir. Se não fossem os estrangeirismos, não seríamos o país do futebol e sim do ludopédio. Um dia a língua considerada chique era o francês (aliás, chique deve vir francês também, né?) e dela pegamos emprestado os buquês, o abajur e o sutiã. E o que seria do português (do Brasil, pelo menos) sem a influência tupi do abacaxi (rimou!)? Aliás, até que ponto o português é português? Até que ponto ele não é latim, grego, galelo, sei lá? Até que ponto as palavras que a gente está acostumado a usar não são importadas de outros lugares? Até que ponto elas não são oriundas de alguma tradução miserável infeliz? Aliás, até ponto isso importa mesmo?

Essas são algumas das coisas que eu também fico me perguntando às vezes. Porque as palavras não precisam de passaporte. E apesar de todo esse texto, não sei dizer se isso é bom ou ruim. Acho que é bom, desde que elas se adequem a nós e não nós a elas. Pra variar é uma questão de costume. Só que tem coisas que eu não consigo me acostumar.
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quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

FMF3 e as 3 regras dos romances adolescentes

Fazendo Meu Filme 3 é o terceiro (dããã!) e penúltimo volume da quadrilogia – trilogia é para os fracos! - que conta a saga da mineirinha fissurada em cinema Fani Belluz e a paixão por seu melhor amigo Leo.

Quem gosta de livros/seriados adolescentes sabe, mesmo que inconscientemente, que existem alguns temas/regrinhas que devem ser considerados(as) à medida em que os personagens se aproximam da passagem para a vida adulta. Fazem parte do roteiro:

Regra nº1 - A Palavra com S (Sequiço!)
Estão lá as dúvidas, o desejo, as inseguranças, a espera, a dificuldade em lidar com o assunto e um pouquinho da aula de Educação Sexual também, porque tem gente que não tem mãe em casa e aí o livro tem que “ensinar” essas coisas.
Se FMF3 fosse realmente um filme, a classificação etária seria de uns 12 a 14 anos por Insinuação de Sexo. Mas se bobeasse, ganhava até uma censura livre, porque o assunto é tratado com a sutileza esperada de um livro juvenil.
Eu particularmente não gosto muito da Regra nº 1, porque quase sempre o assunto vem à tona de forma gratuita e dificilmente acrescenta algo à trama, sendo abordado na maioria das vezes apenas para cumprir tabela e fazer o papel dos pais ausentes  – Não é o caso de FMF3 - Mas continuemos.

Regra nº 2: Vestibular/Faculdade
Na terra do Tio Sam o problema é em qual universidade serão aceitos e se o amor do colegial sobreviverá à distância das faculdades, cada uma em um canto do país. Por aqui a crise mesmo é com a escolha do curso. Sempre o filho quer ser artista e o pai quer que seja administrador/advogado/farmacêutico... Nunca vi um conflito em que fosse o contrário. Quando o Seu Francisco mandava filho comer ovo cru, você não via o Zezé reclamando: "Não, pai! Eu não quero ser cantor! Eu quero ser ENGENHEIRO! Quero me matar de estudar física e matemática! Quero aprender limite, derivada e integral!!!!". Nunca é assim.

E nessas horas, me desculpa, eu meio que fico do lado dos pais. Porque muitas vezes as pessoas que seguem esse tipo de carreira NEM estudam e são as que se dão melhor na vida (simplesmente porque tem um rostinho bonito...). Na minha opinião, não é errado ter sonhos, mas não custa nada ter um plano B. Porque tudo bem que o filho tenha talento, mas nem sempre isso coloca o leite na mesa. De verdade. Por exemplo, a própria Paula escreve porque gosta. Porque se ela dependesse do que ganha com FMF, não pagava nem a viagem aqui pro Rio. Por isso a gente lançou a campanha: 
NÃO PEÇA LIVROS DE GRAÇA! COMPRE! 
AJUDE A PAULA A PAGAR A PASSAGEM PELO MENOS ATÉ A RODOVIÁRIA. 
Ela podia estar matando, ela podia estar roubando...

Regra nº 3 – O conflito
AVISO: Olha, eu pensei muito se devia escrever sobre a regra nº 3, com medo de dar algum Spoiler, mas o que eu vou falar não é nada do que aquela cartomante descarada já não tenha adiantado em plena metade do livro. Se você quiser, pode pular essa parte, mas eu acho que não tem nada demais.
A Regra nº3 diz que “Se você quer um final que seja relevante, deve criar um conflito de difícil resolução”. E por “difícil resolução”, leia-se: Tem de ser sofrido, tem de ser doído e tem de ser... complicado. De preferência deve ser uma situação em que quanto mais se pergunta “E se...?”, na tentativa de arranjar um culpado para tudo, mais se percebe que ambos na realidade são vítimas e o grande responsável não é um “quem” e sim um “quando”. O tempo é que na verdade acaba sendo o maior vilão no final das contas, por ter criado uma armadilha da qual não havia escapatória. E por mais dolorido que seja admitir, fez seu trabalho da melhor forma. E exatamente por isso, só o próprio tempo é que pode curar as feridas que ele fez questão de abrir.

Fazendo meu Filme 3 consegue numa tacada só arrebanhar os dramas de um vestibulando tanto à falta de tempo, quanto à escolha de curso e supreendentemente até quanto ao lugar onde estudar – coisa que não se vê muito aqui na nossa terrinha (Regra nº2). Mistura tudo com a Regra nº1 e, no final, ainda amarra toda a série com a Regra nº3 (e olha que isso não é um trabalho NADA fácil!).

E assim como em qualquer comédia romântica (ou “filmes de amorzinho”, como a Fani gosta de chamar), seguir a receita de bolo não é nenhum defeito. O que difere as boas histórias das ruins não é aquilo que acontece em si, mas o jeito de contá-las e a maneira como as coisas serão conduzidas até o final. Por mais esperado que seja o roteiro, as boas histórias são aquelas que nos "enganam" na medida certa, conseguindo assim nos surpreender e atender nossas expectativas ao mesmo tempo.

Felizmente, FMF3 faz parte do time das histórias boas. Em algumas horas você pode até ter a sensação de que "já viu esse filme”, mas em nenhum momento se sente desapontado com isso, porque mesmo assim parece um filme diferente, honesto, com suas próprias reviravoltas e sem a intenção de copiar as ideias alheias.

Os personagens continuam mineiros como sempre (e comendo todos os pronomes reflexivos) e a Internet continua a se fazer presente em seu cotidiano, assim como faz parte do nosso – adorei o blog da Fani, e me senti dentro da história com ele – e o melhor de tudo, trazendo conseqüências narrativas para o enredo. Estão de volta também os CDs, os filmes e inclusive aquelas coisas que me fazem pensar “Ai, Deus, só a Paula mesmo!”*. Agora o resto de "como" a história se desenrola, isso você vai ter que ler pra descobrir.

Extras:
Como todo DVD tem que ter comentários bônus, então lá vai:
- Pela madrugada que a Fani teve coragem de ver A incrível Jornada. Pior mesmo só pegasse pra ver aquele filme que passa na Sessão da Tarde do Cachorro Radiotivo (o cachorro, abandonado pela família, sofre um acidente nuclear e depois volta para se VINGAR!!!). Dica de filmes de cachorro legais: Bethoven (clássico!) e Perdido pra Cachorro (parece bobinho, mas tem umas boas tiradas, tipo a do Coiote que ajuda a ultrapassar a fronteira dos EUA).
- Falando em cachorro, Fani ganhando cachorro me lembra Chispita/Luz Clarita (seu remake), fato! Pensei que ela fosse ter que esconder o totó igual na novela...

- Aliás, achei muita injustiça ela levar o cachorro e deixa a tartaruga. Senti falta da Josefina no livro. Prontofalei.
- Adorei a parte que o Christian fala do Garry Marshall*. Adoro o jeito como o Garry dirige. Ele consegue transformar aquilo que podia ser vulgar em algo... doce! E adoro também como ele sempre coloca os próprios amigos/familiares nos filmes (nepotismo, haha!!!! Eu e minhas amigas apelidamos esse pessoal de “Amigos do Garry”, rs!), como ele faz um monte de piadinhas internas nos filmes, como ele fica fazendo festa nos sets de filmagem, como TODOS os atores gostam de ficar imitando ele (não à toa chamaram ele pra dublar O Galinho de Chicken Little)... Fala sério, ele tem a maior cara de vô legal! Assistir aos filmes do Garry é sempre um negócio engraçado. Primeiro porque a gente fica reconhecendo os Amigos do Garry, e depois porque dá pra ficar brincando de "Onde está Wally?", porque, anota aí, filme do Garry sempre tem Freiras, Beisebol e Malabares. Ah, e Hector Elizondo também. Pode procurar, de verdade. SEMPRE tem! Ele já falou que coloca de propósito! (Esse pessoal que fica lendo IMDb e assiste os filmes comentados não tem mais o que fazer mesmo... Hahaha!)
- Sr. e Sra. Smith é um filme maldito. Fato! Primeiro separou a Jen do Brad, e no FMF3, bom, aí você tem que ler.
- Ai, o Leo é tããão legal! Mandou flores pra Fani no Dia do Aniversário... Fani, ingrata, ficou reclamando, dizendo que ficou com vergonha. Da próxima vez o Leo devia mandar um carro de tele-mensagem pra ela ver o que é mico!
- O que foi a revista Rostos? Ri à beça. Christian amigo do Brad Pitt, encontrando com a Anne Hathaway.*.. Adooooro essas coisas!

- O livro não fala, mas o Leo queria vir pro Rio de verdade é porque o sonho de infância dele era trabalhar no Meia Hora, o jornal com as manchetes mais legais do país. Sério, trabalhar no Meia Hora deve ser diversão total! Vai nessa, Leo! (Brincadeira isso, viu gente! Só umas piadinhas pra descontrair).

E, mais uma vez, só pra não perder o hábito, um FAQzinho básico:
- Não, continuo não sendo a Elisa da página de agradecimentos.
- Sim, é óbvio que vai ter um FMF4.
- Sim, ele vai ser o último da série.
- Não, eu não tenho nem idéia do que a Paula preparou pro volume final, mas fica um aviso pra você que já leu o 3, e pra você que não leu também: Quando tiver uma parte que parece enrolação, mas na verdade é preparação, e um conflito dolorido assim, pode ter certeza de que o final está de arrebentar, porque quanto maior a dor, maior a redenção. Que venha o FMF4!
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quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Por trás das câmeras: Ela foi até o fim

Uma roteirista de sucesso que já contribuiu para vários filmes de ação que renderam milhões de bilheteria - ela até ganhou um Oscar! O problema é que seu namorado, o grande astro do filme, resolveu trocá-la pela estrela principal! E agora Lou terá que provar que conseguirá passar por tudo para esquecê-lo. O que ela não esperava é que esse "tudo" significasse atentados contra a sua vida e sobreviver numa montanha congelada com o homem que mais odeia na face da terra como único companheiro... Será que ela vai sobreviver a esta aventura? E será que, no final, encontrará o verdadeiro amor?

Você sabia que:
Meg quando começou a escrever seus ‘adultos contemporâneos’ assinava Meggin (seu nome de batismo), para diferir dos livros com público-alvo mais jovem?
Tá legal que tem um cachorro desses no livro, mas daí a colocar o bicho na capa já é um pouquinho demais... Frase sugestiva essa perto da cestinha, hein?

Ela foi até o fim, pelo menos em questão de lançamento, é o 2º livro adulto contemporâneo de Meg Cabot. Lançado originalmente em 2002 nos EUA, ele chega ao Brasil somente agora em 2010, com 8 anos de atraso.

E embora essa possa parecer uma informação inútil, acredite em mim, não é. Alguns podem se surpreender com as cenas mais calientes e narrativa em 3ª pessoa, mas acontece que antes de ficar famosa com Diário da Princesa, Dona Meg, quer dizer, sua gêmea do mal, Patricia (rs), assinava um monte de tórridos romances históricos (tenho que confessar que ainda estou em dívida com eles), todos com um narrador que não participava da história.

Você sabia que:
Ela foi até o fim era pra se chamar Todo Garoto Tem?

Mas a principal razão de saber que Ela foi até o fim é do início dos anos 2000 é porque, antes de tudo, o livro é uma grande sátira de Hollywood. E assim como fez com o seu mais recente Insatiable, Meg cifrou todas as referências. Trocou nomes, inventou histórias, e colocou realidade e ficção tudo numa panela só, confundindo até a leitora atenta aqui que já não sabia mais até que ponto aquilo era inventado, até que ponto era baseado em fatos reais. É essa é uma das razões pelas quais eu acho que a Record deve tentar apressar ao máximo o lançamento de Insatiable no Brasil: contexto histórico.

Porque se em Insatiable, desse ano, ficou fácil enxergar todas as referências, o atraso do lançamento em Ela foi até o fim dificultou a 'pesca' de algumas brincadeiras envolvendo os filmes, as celebridades, os sucessos da época, etc. Não que você não vá conseguir encarar o livro como se ele fosse de 2010.* Você vai entender a história todinha, mas vai perder metade das piadas-bônus sem nem perceber. Na verdade, tem que ser é muito viciado em cinema e ler os créditos dos filmes e ficar visitando o IMDb pra entender a maioria delas. Mas estar vivenciando o contexto já ajudava alguma coisa.
* Eu tenho pra mim que se o livro fosse pós-2008, Meg ia arranjar algum jeito de colocar Sarah Palin (ex-governadora do Canadá e candidata à vice-presidente do John McCain nas eleições passadas que roubou a cena e rendeu uma ótima sátira da sempre genial Tina Fey) e o Governator da Califórnia, Arnold Sjajhsdqwhelkej (esse daí tinha que entrar, porque o seu passado, sinceramente, tem ter tudo a ver).

Você sabia que:
Esse foi o livro que fez Cabot desistir de escrever qualquer coisa ambientada em algum lugar em que ela nunca esteve de verdade? Ela diz ter recebido um monte de reclamações dos moradores daquele estado americano que fica geograficamente separado do resto do país, dizendo que as descrições não tinham nada a ver.
Bizonha essa sandália pra um livro que se passa no Alaska, né? Pois é, nem a Meg deixou de zoar.

Como eu sou uma leitora muito sagaz (e vidente às vezes também), ainda assim consegui catar várias dessas piadinhas internas. Não vou dizer que peguei todas porque estaria mentindo, mas desconfiei de um monte de coisa e depois apelei pro Google e confirmei muitas das outras suspeitas (é por isso que eu adoro o Google!).

Por exemplo:
Hidenburg, o filme que a protagonista escreveu, funciona como uma baita sátira de Titanic para quem está do lado de cá das páginas. Pois é! E se você ainda duvida, vamos aos fatos:

Primeiro, Hidenbuurg foi um zepelim que caiu! (Sim, eu fui procurar. O tal zepelim existiu mesmo) e Titanic, você está cansado de saber, um navio que afundou de verdade.

E depois, ambos ganharam todos os Oscar’s possíveis (ironicamente Titanic não foi nem indicado a melhor roteiro, Hidenburg levou o carequinha pra casa), arrecadaram um mundo de bilheteria, tinham uma musiquinha grudenta que fez um sucesso estrondoso (Lembra que My Heart Will Go On ficou tipo umas 60 semanas em 1º lugar das paradas? Nossa, cantei muito a versão em português na Kombi da Tia Sandra!  O encarte do cd ficou todo destroçado. Poooorr maaaaaais que eu teeeeente aceitar, não consiiiiigo a saudade ééé demaaaaisss) que também levou o Oscar, tiveram como diretor um megalomaníaco que antes dirigia filmes de ação (Muita gente não sabe, mas antes de Titanic e Avatar, James Cameron comandava mesmo era O Exterminador do Futuro)...

Ah, sim, o protagonista do livro se chama Jack*. (Haha! Muito boa, Meg! Não sei como ainda me surpreendo com esse tipo de coisa...)

Só que o Jack no livro não faz a linha Leonardo DiCaprio. Na verdade ele é uma mistura de George Clooney (hello, o cara interpretava um médico de sucesso na Tv, cabelo grisalho, solteiro convicto, não usa maquiagem...) e Mel Gibson (porque o personagem fez umas quatro seqüências de filmes de ação, e tem close do seu traseiro em várias de suas películas, e fez uma montagem de Hamlet pros cinemas também... Tudo tal qual Gibson).
*Para os desatentos, aquela parte no final em que a Lou grita "Jack! Jack!" foi dramática, mas enquanto eu lia, eu lembrava daquela cena já quase no final de Titanic, e, foi mal, mas eu ri à beça.

Deve ter até mais coisa, só que agora eu também não lembro de todas as fofocas das últimas 3 décadas. Até porque eu só tenho duas de vida.

Você sabia que:
A Lucy no Garota Americana 2 estava lendo esse livro?

A própria narrativa já dava um filme (coisa que eu torço para não acontecer. Quem leu o livro até o final sabe o motivo) e também funciona como uma brincadeira com os filmes de ação, no estilo Máquina Mortífera, Velocidade Máxima e True Lies (este último, uma mega-sátira do gênero - o avião que dá ré é o melhor! - dirigido pelo próprio Cameron).

Mas principalmente Máquina Mortífera por ter Mel Gibson de protagonista e 4 filmes na franquia. E olha só o que a gente não descobre com o Google: há rumores de que vai ter um Máquina Mortífera 5!

Você sabia que:
O apelido de infância da protagonista, Cenourinha, tem a maior cara de ser real? Em inglês, deve ser alguma coisa tipo Carrot!!!! (eu chequei agora, é Carrots). Ainda não sacou? Carrot /Cabot...

Ela foi até o fim não é sensacional, nem revolucionário, mas cumpre tudo o que promete. É aquela história de sempre do casal que vive às turras e que para se apaixonar é só questão de tempo. E isso não torna a leitura menos deliciosa. Muito pelo contrário. Mesmo sabendo disso, a gente não consegue largar o livro e torce loucamente para os dois ficarem logo juntos. E termina a última página com um sorriso de orelha a orelha. Como sempre.

Você sabia que:
Já é pelo menos a 2ª vez que aparece um casal Frank e Helen num dos romances de Cabot? O que isso quer dizer eu não faço a menor ideia, rs! E o que isso acrescenta na sua vida também não, hahaha! Tem mais dessas coisas inúteis, mas vou poupar você agora desses outros detalhes que só eu reparo porque realmente é muita bobagem para um post só.

O livro tem lá seus "deslizes": a ausência do romance paralelo não faria muita falta, algumas descrições às vezes são um pouquiiiinho repetitivas, as cenas quentes - apesar de bastante bem escritas - poderiam ser mais subentendidas* e o mistério não é lá essas coisas, porque o foco aqui é mesmo o romance. Mas, pra variar, nada que comprometa.

Meg Cabot escreve no piloto automático e mesmo quando o faz, faz bem. Esse livro tem a maior cara de ser fruto da combinação “não tinha mais nada pra fazer + não agüento mais essa onda do Titanic (sem trocadilhos) = vou escrever um livro pra desabafar”. Fazer o quê, né? Quem tem talento é outra coisa.

*Como o título sugere, a protagonista vai mesmo até o fim. Muitas vezes. Acho que a Meg estava possuída nesse livro. Deve ter sido a Patricia que escreveu. E aí, já viu, quando personalidade do mal de Cabot assume o controle, tirem as crianças da sala.
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quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Twilight - Versão Brasileira Herbert Richards

Certo dia, num desses encontros em que a gente assiste a um filme, come cachorro-quente e depois fica jogando conversa fora, o assunto em pauta era Traduções. Aí a Esther e a Adriana ficaram reclamando que a Lya Wyler, tradutora de Harry Potter, trocava uns nomes que não tinha nada a ver, e a gente falou das dublagens de Chaves que também trocavam tudo e a gente foi muito feliz mesmo assim e não sei como a discussão acabou em Crepúsculo (sério, era terrível. Por mais que eu já estivesse de saco cheio de discutir e de xingar e de falar sobre isso, sempre havia algo mais para acrescentar, e os assuntos, de alguma forma, sempre acabavam por desembocar na mesma esquina. Graças a Deus, isso passou).

Então, a gente começou a se perguntar como seriam os nomes dos personagens da saga do vampiro brilhante caso tivessem sido traduzidos de um jeito wyleriano e aí, como sempre acontece depois da mistura “cachorro-quente e Coca-cola” do lanche, a gente surtou. Pra não perder aqueles nomes supimpas, claro, a gente anotou tudo, porque, vou te contar, era um melhor que o outro.

Só que aí, muito tempo depois, eu fiquei rindo sozinha, lembrando disso pra escrever aqui pro blog, e, também em mais um desses acessos de criatividade loucura, pensei: “Mas e se além de traduzirem só os nomes, alguém fizesse uma versão totalmente tupiniquim dessa bagaça?”. O resultado desse surto, misturado ao outro de meeeeses atrás, você acompanha no post de hoje.

Twilight - Versão Brasileira Herbert Richards*
*Não que o Herbert Richards tenha alguma coisa a ver. O nome dele aí foi só pra chamar atenção mesmo.

Pra começar a versão brasileira de Twilight ia ser uma novela (sim, novela, porque brasileiro não tem dinheiro pra fazer filme, mas fazer novela é um negócio em que a gente semos bom).

Confira o elenco:

O trio principal

Eduardo Cunha (Edward Cullen): Fiuk

Ídolo Adolescente, já está acostumado à histeria das fãs e, ao contrário do intérprete americano, Fiuk adora paparicar as meninas. Se você notar bem, ele tem um ar meio vampiresco. Ia ser perfeito para o papel. Além de tudo, Fiuk é engraçado demais com aquele seus bracinhos de Tiranossauro Rex e ia dar muitos sustinhos na Bela, aparecendo do nada, igual seu pai fazia nos clipes. E se no original, Edward toca piano, Eduardo vai cantar "Demorei muito pra te encontrarr, agora eu quero só você" (tem tudo a ver, fala aí!).

Bella Cisne (Bella Swan): Sophia Abrahão
Sabe aquela mocinha que a gente não está nem aí e quer mais é que morra? A atriz que a interpreta tinha que ser uma menina bem sem graça pra dar veracidade à personagem. Eu acho até que ela é meio sebosa e parece fisicamente com a Kirsten Stewart também.

Jacó Preto (Jacob Black): Micael Borges
Se o Pasquim fosse 25 anos mais novo, não haveria dúvidas para a escolha do papel. Mas até que esse menino sem graça aí lembra o Taylor Lautner de longe e com cabelo comprido. Só tem que tomar uns anabolizantes que fica tudo certo.

Famílias Cunha/Cisne

Esmerada Cunha (Esme Cullen)- Bianca Castanho
Porque ela tem cara de Esmeralda e fez a Esmeralda do SBT.

Carlão Cunha (Carlisle Cullen)- Cláudio Lins
Tinha que ser um cara gente boa, mas assim meio apagadinho, que não tivesse uma beleza estonteante pra não tirar o brilho do protagonista (haha, juro que foi sem querer). O mais bizarro é que o Claudio Lins toca piano de verdade. E muito bem. (Alô, o pai dele é o Ivan Lins!) E a melhor parte é que ele fez par com a Bianca Castanho em Esmeralda!

Alice Cunha (Alice Cullen) - Monique Alfradique
Fofa, é só fazer o que ela sempre faz que a gente se diverte. Na versão brasileira, Alice sonha em ser apresentadora do TV FAMA e contar em primeira mão não onde os famosos estiveram, mas onde eles estarão!

Gaspar Cunha (Jasper Cullen) – Rafael Almeida
Ah, sei lá! Pode ser qualquer um!

Emerson Cunha (Emmet Cullen)- Kleber Bambam 
e Rosalinda Cunha (Rosalie Cullen) – Thalia
Emerson e Rosalinda serão o núcleo cômico da novela. Sonham em formar uma banda que tocará em trios elétricos, quase como uma versão do Calypso. Rosalinda terá sotaque espanhol e vai cantar "Rosalinda, ai amor!", enquanto Emerson ficará responsável pelas coreografias. Ele ensinará o Rebolation, a dança do "onda-onda, olha a onda" e a sua música preferida: a Dança do Vampiro.*
*Haha! Não falei que ainda ia encaixar isso em algum lugar um dia? Moleza! Gente, sério, vampiro no Brasil que não sacaneia Dança do Vampiro é um desperdício de piada pronta! E desperdício de piada é uma coisa totalmente anti-ecológica.

Renata Cisne (Renne Swan): Vera Fisher
Fará uma pequena participação somente no início da novela. Casada com jogador de futebol, se muda para o exterior e deixa a filha com o pai,

Carlinhos Cisne (Charlie Swan): Andre Dibiasi ou Kadu Moliterno
Será salva-vidas ao invés de policial, daqui a pouco eu explico o porquê.
*Percebeu que o pai do Edu é Carlão e o da Bella é Carlinhos, né?

E sem esquecer, lógico, do anjinho...

Renesmeralda Cunha Cisne (Rennesmee Cullen-Swan): Maísa
Tinha que ser uma criança bem irritante. E mais irritante que a Maísa não tem, vamos combinar. Entra só na fase final da novela. Por causa de sua ascendência vampiresca, apesar de parecer ter apenas 8 anos, sua perspicácia é de uma jovem de 28. Por isso, Renesmeralda perde a paciência com os amiguinhos da escola, que, para ela, não estão suficientemente avançados intelectualmente. Também com um nome desses, qualquer criança fica complexada...

Só complementando:
Na versão brasileira de Crepúsculo, os vampiros vão morar no Leblon e, ao invés de beisebol, vão jogar frescobol e futvôlei, na praia (já imaginou que irado vai ser a cena do frescobol em câmera lenta? Nossa, muito bom!). Mas só à noite pra não dar na vista. No Carnaval, desfilarão todos na Sapucaí e aí vão poder brilhar à vontade porque todo mundo vai achar que é purpurina.

E Carlão será neurologista de um hospital particular (porque novela do Manoel Carlos sempre tem um neurologista num hospital chique) e sua mulher trabalhará numa clínica de estética (porque em qualquer novela tem que ter uma clínica de estética também para servir de desculpa pra encaixar merchandising de produto de beleza). Numa cena de flashback, mostrará Carlão como cafeicultor influente, muito amigo do imperador D. Pedro II, inclusive.

O conflito Eduardo X Jacó também significará uma coisa meio Morro vs. Asfalto, já que Jacó e os Lobos serão do núcleo pobre da novela, e morarão no Morro Dona Marta, que agora tem UPP e está na paz.

Vilões:
Lauro (Laurent) – Lázaro Ramos
Um vampiro baiano, cheio de molejo e sotaque. Adora o som da banda dos Cunha em segredo.

Vitória (Victoria) – Karina Bacchi 
 e Tiago (James) – João Velho
Se fosse novela das 8, iam ser tipo Laura Cachorra e Marcus de Celebridade. Mas como vai passar de tarde, a dupla mau caráter só vai armar uma porção de planos mirabolantes para separar o casal principal, incluindo aquele clássico de dopar o mocinho e arrumar um jeito de a mocinha vê-lo na cama com outra, mesmo que o coitado esteja totalmente desacordado.

Elenco de apoio:
Escola
Maicon (Mike)
Jéssica (Jéssica)
Ângela (Ângela)
Thales (Tayler)

Lobos
Hélio Chamada (Embry Call)
Sérgio Águalimpa (Seth Clearwater)
Emília Jovem (Emily Young)
Clara Jovem (Claire Young)
Raquel (Rachel)
Jairo (Jared)
Lea (Leah)
Paulo (Paul)
Samuca (Sam)

E o meu preferido:

Peninha (Quil)*
*Parece nada a ver, mas tem lógica. Quil lembra Quill, que quer dizer Pena, que lembra aquele compositor famoso. Ha!

Ah, sim, quase ia me esquecendo. Além de vampiros e lobos, a novela contará com a presença de figuras mitológicas do folclore brasileiro como Saci Pererê e Curupira, sem falar na participação especial de Chico Anísio interpretando seu amado personagem Bento Carneiro, o vampiro brasileiro.

E pra finalizar: Lembra da cena do baile? Pois é, como no Brasil a gente não tem baile na escola, vamos adaptar para uma Festa Junina. Imagina só todos os vampiros vestidos de caipira, dançando quadrilha, pulando na hora do “Olha a coooobraaaa! É mentiiiraaaa”... Vai ser demais!!! Mas a melhor parte mesmo vai ser vê-los com os caninos pintados de lápis preto!!!!! Caraca, essa novela tá muito boa, pode falar, vai!

Fiuk versão Anarriê/Tititi

Não perca a estréia da versão brasileira de Crepúsculo, a sua nova novela das 17h! O elenco é todo ex-Malhação, mas é certeza que você vai se divertir muito mais que a novelinha da Globo e a saga original do vampiro brilhante juntos!

Uma realização TV Rádio Legal em parceria com a CNT
Colaborador: Jonas Rocha*
*Você viu que o horário é às 17h, hein, Jonas! Não pode ficar colocando aquelas cenas Xica da Silva, não!


Edit1(Nov/2011): Primeiro a Globo faz aquela dublagem que muda Edward pra Eduardo, agora o Thiago Santiago diz que quer fazer uma novela inspirada em Crepúsculo. Alô, galera! Direitos autorais, JÁ!
Edit2 (22/11/2012): GENTE! QUE BAFÃO! Minha pulguinha me contou que viu os intérpretes de Bella Cisne e Jacó Preto no maior amasso num hospital da Barra da Tijuca. E como a arte imita a vida e a vida imita a arte, mas nossa novela não se contenta em ser mera cópia da obra de Stephanie Meyer, na versão brasileira de Crepúsculo, BELLA CISNE NÃO FICA COM EDUARDO CUNHA, e SIM COM JACÓ PRETO!!!!! CHUPA ESSA MANGA!!!!! Agora a pergunta que não quer calar: Por que Bela Cisne teria ido se consultar em outro hospital que não o do Dr. Carlão? Estaria Bella grávida de Jacó? Seria Renesmeralda fruto de adultério??? Iriam todos eles fazer teste de DNA no Programa do Ratinho? Aguarde as cenas dos próximos capítulos. Obs. Alice Cunha mandou avisar que Bella Cisne e Jacó Preto jogarão futvôlei na praia esse fim de semana (de manhã, porque à noite, a quadra é dos Cunha).
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quarta-feira, 10 de novembro de 2010

O nome da rosa

Conforme prometido, vamos continuar com a discussão do post anterior com um tema bombástico: Nomes/Títulos.

Você fica revoltado quando vê aqueles títulos que não tem nada a ver com o original, não fica? Tem vontade de voar no pescoço do tradutor que troca o nome de todos os personagens do seu livro favorito, não tem?

Bom, então, é bem capaz de você querer me matar pelo que eu vou falar daqui a pouco.

E como já vi que vou ser apedrejada e não sou boba, eu trouxe reforços. E não qualquer reforço, mas um Da Pesada (desculpa, gente, eu não resisti, rs). Porque, para William Shakeaspeare, o nome era um mero detalhe. Fala aí, Will (aquelas íntimas, haha!):

O que é que há, pois, num nome?  
Aquilo a que chamamos rosa, mesmo com outro nome, teria ainda o mesmo perfume

Pois é, como nosso amigo Shakeaspere já poetizou, trocar/traduzir um nome não é assim esse caso de polícia todo. Mas também não quer dizer que não deva ser investigado. O que eu dizendo é que, concordo com sir William, mas também temos que concordar que “há casos e casos”, e dentro desses casos ainda há outros casos até. É um negócio extremamente subjetivo. Tem mais a ver com hábito e cultura do que com regras propriamente ditas. (E a ver com dinheiro também - ele sempre está no meio, não tem como fugir- , como veremos mais a frente.)

Criança Feliz
Por exemplo, se for um desenho, uma coisa destinada ao público infantil, acho as traduções/adaptações muito válidas.

Já que é pra criança, a intenção deve ser aproximar os personagens da realidade da criança e até facilitar a pronúncia dos pequenos. E o universo de fantasia dá uma certa liberdade em relação a nomes. Não está ligado a questões culturais fortíssimas, por exemplo. Coisas para crianças geralmente tendem a ser universais – acho que os autores fazem isso até meio que de propósito. Elas se passam na Rua do Limoeiro ou na Vila do Chaves, mas podiam muito bem passar na frente da sua casa. Nesse casos, a rosa do Romeu (que aliás era Romeo) podia ganhar o nome que fosse, porque ela cresce em qualquer lugar.

Pois é, não acho nada de absurdo Ginny virar Gina, e Ron virar Rony, entre outros (por mais sem critério que possa parecer) e menos absurdo ainda James virar Tiago, nem Bill virar Gui (porque tem uma explicação quase etimológica para tal).

 Monica, Jimmy Five, Smudge and Maggy
Adorei o nome do Cebolinha, uma homenagem aos seus eternos 5 fios de cabelo.

Mal acostumado você me deixou
Porque, como disse, muitas vezes o problema está mais relacionado a se acostumar com os nomes adaptados/não-adaptados do que propriamente a uma tradução bem feita, seguindo uma lógica.

Pega qualquer desenho da Disney aí que tá tudo mudado. E não faz a menor diferença. Ficou até melhor. Os Incríveis mesmo. Nossa! Assisti outro dia (dublado claro) e vi que trocaram Helen por Helena... Bob por Beto...Jack por Zezé. E ficou legal! Muito legal! Não ia ter nem graça se não tivessem mudado.

Ainda sobre a Disney, eles “nacionalizaram” muitos (Patinhas, Pardal, Huguinho, Zezinho e Luizinho, Pateta), traduziram outros (Margarida, Pato Donald) e mantiveram alguns no original (Mickey, Minnie).

E você já imaginou chamar o Frajola de Sylvester? Seu Madruga de Don Ramon? São coisas que já fazem parte do nosso dia-a-dia.

Assim como não conseguimos imaginar que um dia o Peter Parker já foi chamado de Pedro Prado e que em algum lugar do passado Bedrock já foi Rolapedra e Daphne, Welma e Salsicha (que no original seria Shaggy - “Cabeleira/Cabeludo”) já foram Diana, Vilma e Barbicha!

E é por isso que eu fico com a maior raiva quando trocaram Sininho pra Tinkerbell! (Viu, eu também fico revoltada, só que sempre ao contrário, rs!) Tinkerbell é o caramba! Sininho é o que há! Tinkerbell é grande e não tem nada a ver na hora de falar. Principalmente quando se trata de crianças!

CAMPANHA VOLTA SININHOOOOOO!

Curiosidade: Para evitar a cacofonia, em Star Wars, Conde Dooku virou Conde Dookan. Jedi Sypho Dias virou Sypho Vias. Taí um exemplo de tradução de nomes que foi extremamente necessária!

Títulos: Não culpe o tradutor
Eu sei que você fica xingando os tradutores quando vê os títulos das séries do SBT, e terrivelmente irritado quando vê que Dying Young virou Tudo Por Amor. Mas a culpa dos nomes dos filmes/livros/um monte de outras coisas não é deles.

Quem escolhe essas coisas é o departamento de marketing (ou o Silvio Santos). Eles fazem pesquisas para verem quais títulos atrairiam mais espectadores (no caso do Silvio, acho que nem pesquisa tem), e com base nisso os escolhem. Vocês estão xingando as pessoas erradas.

É por isso que quase nunca os títulos originais são mantidos. Porque não é só traduzir. Tem que fazer alguma piada, não deixá-lo com uma fonética pouco atraente... É todo um trabalho de aperfeiçoamento da função conativa da coisa...

E tudo bem, desde que façam um título nacional igualmente bacana. De vez em quando aparece um até mais legal que o original. Esqueceram de Mim, por exemplo, livrou a sequência do mico que pagamos quando adaptamos Meu Primeiro Amor*, porque o menino não está Sozinho em Casa no 2º filme.
* Quem ia adivinhar também que iam fazer uma seqüência desse filme? Deus, o garoto MORRE!

E mesmo que não seja tãããão legal, que seja alguma coisa que tenha o mínimo de criatividade, que fale mais ou menos do que é o filme, enfim... Você assistiria um filme que se chamasse Serrote? Agora Jogos Mortais você viu, né! Percebeu como as mudanças muitas das vezes são altamente necessárias? É o tipo de caso em que “o nome da rosa” (isso é nome de filme e de livro* também) faz toda a diferença, pelo menos na hora de comprá-la.
*Agora deram pra começar a deixar os títulos dos livros sem tradução/adaptação também. Baita sacanagem. Ninguém é obrigado a saber inglês não, viu, editoras! Mas, enfim, isso já foi discutido no post passado. Continuemos.

O que não pode é não dar nenhuma pista do que o filme se trata – ou passar a mensagem errada, deixar no “gerador de títulos aleatórios” (comédia romântica tem que ter “amor” no nome sempre, e os famosos “da pesada”, “do barulho” pra qualquer coisa, etc), enganar o espectador - Teen Wolf virou O Garoto do Futuro (tem o Michael J. Fox e ele estava em De Volta Para o Futuro, logo...), Bandslam (Batalha das Bandas – virou High School Band. Mesmo raciocínio. Tem a Vanessa Hudgens, e ela canta...), etc.

Mais casos bizonhos aqui. E uma tabelinha muito interessante aqui.

Obs.: Momento relaxa porque redondo é rir da vida: Outro dia na locadora, eu e Esther vimos como ficou o título nacional de Grace is Gone, em que o John Cusack tenta superar a morte da mulher: Minha Vida Sem Grace. Bacaninha o título, mas aí a gente começou a se perguntar se tivessem traduzido o nome dela: Minha Vida Sem Graça (haha!). Ou podia ser um título ainda mais esculachado, tipo, já que a vida está sem Graça, podia virar logo Minha Vida Desgraçada, Que Desgraça de Vida, enfim. Só uma brincadeirinha pra descontrair.

Que bonita a sua roupa!*
Ainda vale lembrar que quando “I can't take my eyes of you” vira “Não sei paraaaaaar de te olhar” na voz de Ana Carolina e o Seu Jorge é porque música também é o tipo de coisa que não se traduz assim ao pé da letra. Faz-se uma versão.

Só que existem as versões direitas** (hello, olha a Disney dando aula aí de novo em todos os filmes que marcaram nossa infância) e as avacalhadas, tipo “Eu sou Stephany no meu Crossfox” – um crássico do pop piauiense.

E ok, na maioria das vezes, as versões SÃO avacalhadas, mas a culpa é toda nossa que fica na Internet o dia todo e agora conhece as originais. Num passado não muito distante, a gente cantava essas coisas avacalhadas (não nesse nível ‘Stephany Absoluta’ porque também já é demais) feliz da vida e nem ligava.
*A música do Festival da Boa Vizinhança em Chaves na verdade era alguma coisa tipo "Que bonita vecindad, Es la vecindad del Chavo", mas não sei por que razão virou "Que bonita a sua roupa, Que roupinha mucho louca". Mas eu já disse, né? Em Chaves, essas coisas não são defeitos, são virtudes! Hehe! Viu como a Internet tira a nossa inocência?
**Geralmente as versões que os próprios artistas fazem pra tocar em mercado estrangeiro ficam legais. Eles não são bobos de SE esculacharem assim. Ah, sim, louvores também são ótimos exemplos de versões bem feitas.

Money, money, money, money

Só pra fechar o caixão e concluir de uma vez esse assunto, antigamente a tendência era a de traduzir o máximo possível. Personagens Históricos, e a própria Bíblia, tiveram todos os seus nomes traduzidos. E no caso da Bíblia, não só do inglês para o português, como lá no Aramaico, em primeiro lugar. É questão de costume.

Hoje em dia, o pessoal do marketing pensa que o ideal é padronizar os nomes para diminuir os custos (lembra que eu falei dos nomes das séries da TV paga?) e valorizar a marca. Tem vezes que eles se metem até nos nomes dos personagens também. Aí a gente tem casos como o da Sininho que virou Tinkerbell, Super-Homem só pode ser Superman, Star Wars que não pode ser grafado Guerra nas Estrelas, etc.

É o dinheiro falando mais alto de novo, fazer o quê? É, minha gente, há muito mais coisas entre os nomes, os títulos e as traduções em geral do que supõe a nossa vã filosofia...

Mas, sério, vamos ajudar na campanha da Sininho. A bichinha deve estar com crise de identidade a uma hora dessas. Anos e anos sendo chamada de um jeito, aí agora trocam o nome da coitada? Eu não sei você, mas eu ia ficar muito confusa.

 
Ser ou não ser? Eis a questão...

Putz, acabei de descobrir que antes de Sininho, ela era chamada de "Tilim-Tim" – nome horrível de pronúncia igualmente difícil, por sinal - na primeira dublagem de Peter Pan. E agora é que eu fiquei com ainda mais pena da Sininho. Finalmente tinha conseguido um apelido simpático, e trocaram DE NOVO! Ela deve estar muito traumatizada, sério! Fica assim não, Sininho, apesar de terem trocado o seu nome, a gente ainda acredita em você!
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terça-feira, 2 de novembro de 2010

Lost in Translation

Antes de tudo, deixa eu só deixar claro uma coisinha. Eu não sou tradutora. Não fiz, não faço e não tenho a menor intenção de fazer faculdade de Letras, nem de me especializar no assunto. Sou apenas uma curiosa que conhece um pouco de uma língua estrangeira e gosta de aumentar o seu vocabulário.

Eu procuro saber o que está escrito no original antes e qual alternativa eu daria para uma possível inventividade. Só critico se for muito absurdo e alterar completamente o sentido das coisas. Porque às vezes tem questões dão no mesmo e outras que o tradutor tem que dar o seu jeito e aí faz o melhor que pode. E outras em que ele não ia ter que fazer mais nada além de prestar atenção no contexto e traduzir, sem mais mistérios. Essa última é imperdoável.

E se tem uma coisa que me irrita mais do que esse tipo de erro grotesco (e mesmo assim, dependendo do caso, nem me irrita tanto), é gente que é assim “apenas mais um curioso” igual a mim e fica inventando moda dizendo que tudo está errado e que devia deixar logo tudo no original de uma vez.

Traduzir é preciso, viver não é preciso
Admito. Tenho uma comunidade no orkut que critica as traduções da Ana Ban, e sempre fico com vontade de comparar os originais. Mas não só para ver se tem alguma coisa errada, mas também para adicionar umas expressões novas no meu vocabulário. E mais: só reporto lá aquilo que é absolutamente absurdo. E sou a primeira a defendê-la quando alguém levanta uma questão em que a Banana na verdade acertou.

E mais: gente, eu reli os livros tem pouco tempo e tenho que dar o braço a torcer: apesar de tudo, a tradução da Banana ainda é melhor do que as de antes. Tinha muita expressão grotesca nos livros anteriores. Questão de sintaxe, má escolha de palavras, problemas com medidas, personagem que troca de sexo, salame que vira gafanhoto e muito mais bobagens que eu ainda estou pra descobrir. Mas, o mais engraçado, é que eu confio mais nas outras capengas do que na da Banana. É psicológico, acho hehe.

Pois então, antigamente as traduções eram bem piores. Pega só um episódio dos Flintstones ou algum filme de 20 anos atrás só pra você ver. São umas coisas bizonhas. Have fun = ter diversão, Have sex= ter sexo... O pessoal de Chaves fazendo massa de bolo e na dublagem aparecer que eles estão fazendo pastel... Esse tipo de coisa bem tosca.

Eu nem sei se eles alteraram os sabores dos sucos também
Acho que era Gromerindo, né? A mistura de Groselha com Tamarindo!
Ai, ai, Chaves é o ápice!

Mas naquela época não tinha Google e ficava muito mais difícil procurar significado de uma gíria, por exemplo, então ninguém nem notava.

O problema é que hoje todo mundo fala, ou acha que sabe falar inglês. Aí não só temos traduções profissionais com currículo de amadores, como amadores que se acham profissionais.

É preciso entender que a gente mora no Brasil, nossa língua é o português e por isso a tradução é um instrumento muito necessário. Nem todo mundo tem obrigação de falar outra língua. O país é pobre. A gente não sabemos nem falar português! E mesmo que todos falássemos inglês fluentemente, não temos que saber todas as suas palavras. E nem a obrigação de decorar todo o dicionário da nossa língua materna. Porque além de tudo, a língua ainda varia de região em região! E tem os jargões de cada profissão também, o dialeto de cada “tribo” jovem, enfim!

E deixar aquele bando de séries da TV a cabo com título original já se tornou até comum e todo mundo acha legal porque os nomes que o SBT inventa tem vezes que ninguém merece, mas você sabe por que os canais da TV a cabo não trocam os nomes? A resposta é PREGUIÇA!!!

Sim, amigo, PREGUIÇA! Eles têm apenas uma central para toda a América Latina, e aí para não terem que ficar fazendo um negócio em Espanhol, outro em Português, deixam logo tudo na língua original mesmo. Eles já traduzem as coisas para passar nas intermináveis chamadas do canal em português muito a contra-gosto. E é por isso que de vez em quando a gente vê uns absurdos do tipo comerciais com legendas hispânicas, um locutor falando castelhano, etc.

É muito fácil defender esse tipo de coisa quando se tem um domínio mesmo que básico de inglês, que é uma coisa que meio que já faz parte do nosso dia-a-dia (muito embora, mais uma vez repito, se o trabalho da pessoa não exigir esse tipo de conhecimento, ela não tem a menor obrigação de aprender a língua). Eu quero ver só começar a deixar sem tradução os desenhos japoneses, os filmes iranianos, o discurso de um presidente africano. Vai lá! Lê aqueles símbolos todos estranhos, vai!

 É a mãe!

Sabe aquela história do “em latim é mais engraçado”? Pois é.
Uma coisa é você ler/escutar e encaixar um sentido na sua cabeça. Outra coisa é você ter que arrumar esse sentido em palavras que se encaixem o mais perfeitamente possível a esse sentido numa frase coesa.

Tradutor sofre. Dá-lhe neologismos, aliterações, assonâncias, rimas, trocadilhos, cadências, piadinhas. Às vezes eu acho que os coitados encontram umas situações em que a vontade é sentar e chorar. Tem que ter uma criatividade incrível para se livrar de algumas situações e adaptar, sem deixar o sentido original se perder.

Então, antes de criticar o coitado do tradutor, pesquise se aquilo está errado mesmo, pense se realmente fez diferença ou se você tem uma alternativa melhor... Se não tiver, acho que você não tem o direito de reclamar.

O Franklin sim! Esse pode reclamar sempre!

Mídia impressa x Legenda x Dublagem
Outra coisa interessante a ressaltar é que a tradução não só pode como deve variar de acordo com o meio de comunicação.

Na mídia impressa (livros, jornais, revistas, etc) é mais fácil deixar o texto na íntegra porque se tem espaço pra isso. O cara pode até colocar um asterisco (*) e lá no rodapé pôr uma nota do tradutor para algo que não ficar bem explicado, porque o leitor não tem obrigação de saber tudo. Esse trabalho de mediação ‘cultural’ também é obrigação do tradutor.

O trabalho do ‘legender’ já é um pouco mais complicado e é meio Se Vira Nos 30. Ele tem que transmitir a mensagem num espaço curto de caracteres. E aí, a preocupação não vai ser em explicar tudo tim-tim-por-tim-tim. A idéia é o mais importante e a simplicidade é a regra geral. A pessoa escuta o original e meio que faz as associações. Porque, ou você fica lendo a legenda, ou assiste o resto do filme.

E o trabalho de dublagem, além de tudo isso que faz o ‘legender’, ainda tem que encaixar a tradução na fala. E aí o trabalho tem de ser muito mais minucioso porque aí o espectador também não vai ter acesso ao original imediatamente. Geralmente, aqui é que entram aquelas adaptações com piadas que certamente só fazem sentido pra quem mora no Brasil. Bom, eu não sei se isso é muito certo, mas, na maioria das vezes, à primeira vista funciona e eu rio, então, leigamente falando, sei lá, é questão de opinião.

Eu só não acho certo trocar o nome dos lugares, tipo Acapulco que virou Guarujá, mas também, o que seria de Chaves sem essas coisas? É um negócio histórico e ninguém morreu por causa disso, apesar de ter causado uma bela de uma confusão na mente das crianças!*
*Sério, apesar desses deslizes, a dublagem de Chaves tem umas sacadas ótimas! É tanta coisa que dava pra fazer um post só disso. Até quando os caras erram, eles acertam de tão bons, haha!

Obs. Para quem ODEIA filme dublado: dublagem também é importante porque às vezes a gente quer assistir um negócio enquanto se arruma pra sair, passa uma roupa, esquenta a comida, sei lá, e não tem como ficar prestando atenção na Tv, então, nessas horas, filme dublado é uma mão na roda.

Outra coisa: Os responsáveis pela dublagem são as pessoas do estúdio de dublagem (aquele negócio de Versão Brasileira Hebert Richards é isso. A marca do Estúdio de Dublagem, viu!), não as emissoras de TV. A não ser que o estúdio de dublagem pertença ao canal. É ele quem encomenda e pode até dar alguma diretriz de como quer o trabalho, mas geralmente fica por conta dos dubladores mesmo. As coisas se profissionalizaram, gente! Não é mais igual à dublagem de Chaves em que os caras chamaram qualquer pessoa que estava passando no corredor, não! Então, quando você ver uma dublagem absurda, não culpe o Silvio Santos! Culpe o Herbert Richards! Hehe!

Obs. O título do post faz alusão ao premiado filme de Sofia Coppola sobre a dificuldade de adaptação de um ator a cultura do Oriente. Ironicamente o título original ficou perdido na tradução tanto aqui (Encontros e Desencontros), quanto em Portugal (O amor é um lugar estranho).

Mas como o assunto “Nomes /Títulos” é uma questão super-hiper-mega-polêmica, a gente conversa sobre isso na próxima semana. Até mais!

PS. Como disse, não sou profissional da área, então, se eu equivoquei em algum fato, pode avisar que eu faço questão de editar.
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