quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Por trás das câmeras: Ela foi até o fim

Uma roteirista de sucesso que já contribuiu para vários filmes de ação que renderam milhões de bilheteria - ela até ganhou um Oscar! O problema é que seu namorado, o grande astro do filme, resolveu trocá-la pela estrela principal! E agora Lou terá que provar que conseguirá passar por tudo para esquecê-lo. O que ela não esperava é que esse "tudo" significasse atentados contra a sua vida e sobreviver numa montanha congelada com o homem que mais odeia na face da terra como único companheiro... Será que ela vai sobreviver a esta aventura? E será que, no final, encontrará o verdadeiro amor?

Você sabia que:
Meg quando começou a escrever seus ‘adultos contemporâneos’ assinava Meggin (seu nome de batismo), para diferir dos livros com público-alvo mais jovem?
Tá legal que tem um cachorro desses no livro, mas daí a colocar o bicho na capa já é um pouquinho demais... Frase sugestiva essa perto da cestinha, hein?

Ela foi até o fim, pelo menos em questão de lançamento, é o 2º livro adulto contemporâneo de Meg Cabot. Lançado originalmente em 2002 nos EUA, ele chega ao Brasil somente agora em 2010, com 8 anos de atraso.

E embora essa possa parecer uma informação inútil, acredite em mim, não é. Alguns podem se surpreender com as cenas mais calientes e narrativa em 3ª pessoa, mas acontece que antes de ficar famosa com Diário da Princesa, Dona Meg, quer dizer, sua gêmea do mal, Patricia (rs), assinava um monte de tórridos romances históricos (tenho que confessar que ainda estou em dívida com eles), todos com um narrador que não participava da história.

Você sabia que:
Ela foi até o fim era pra se chamar Todo Garoto Tem?

Mas a principal razão de saber que Ela foi até o fim é do início dos anos 2000 é porque, antes de tudo, o livro é uma grande sátira de Hollywood. E assim como fez com o seu mais recente Insatiable, Meg cifrou todas as referências. Trocou nomes, inventou histórias, e colocou realidade e ficção tudo numa panela só, confundindo até a leitora atenta aqui que já não sabia mais até que ponto aquilo era inventado, até que ponto era baseado em fatos reais. É essa é uma das razões pelas quais eu acho que a Record deve tentar apressar ao máximo o lançamento de Insatiable no Brasil: contexto histórico.

Porque se em Insatiable, desse ano, ficou fácil enxergar todas as referências, o atraso do lançamento em Ela foi até o fim dificultou a 'pesca' de algumas brincadeiras envolvendo os filmes, as celebridades, os sucessos da época, etc. Não que você não vá conseguir encarar o livro como se ele fosse de 2010.* Você vai entender a história todinha, mas vai perder metade das piadas-bônus sem nem perceber. Na verdade, tem que ser é muito viciado em cinema e ler os créditos dos filmes e ficar visitando o IMDb pra entender a maioria delas. Mas estar vivenciando o contexto já ajudava alguma coisa.
* Eu tenho pra mim que se o livro fosse pós-2008, Meg ia arranjar algum jeito de colocar Sarah Palin (ex-governadora do Canadá e candidata à vice-presidente do John McCain nas eleições passadas que roubou a cena e rendeu uma ótima sátira da sempre genial Tina Fey) e o Governator da Califórnia, Arnold Sjajhsdqwhelkej (esse daí tinha que entrar, porque o seu passado, sinceramente, tem ter tudo a ver).

Você sabia que:
Esse foi o livro que fez Cabot desistir de escrever qualquer coisa ambientada em algum lugar em que ela nunca esteve de verdade? Ela diz ter recebido um monte de reclamações dos moradores daquele estado americano que fica geograficamente separado do resto do país, dizendo que as descrições não tinham nada a ver.
Bizonha essa sandália pra um livro que se passa no Alaska, né? Pois é, nem a Meg deixou de zoar.

Como eu sou uma leitora muito sagaz (e vidente às vezes também), ainda assim consegui catar várias dessas piadinhas internas. Não vou dizer que peguei todas porque estaria mentindo, mas desconfiei de um monte de coisa e depois apelei pro Google e confirmei muitas das outras suspeitas (é por isso que eu adoro o Google!).

Por exemplo:
Hidenburg, o filme que a protagonista escreveu, funciona como uma baita sátira de Titanic para quem está do lado de cá das páginas. Pois é! E se você ainda duvida, vamos aos fatos:

Primeiro, Hidenbuurg foi um zepelim que caiu! (Sim, eu fui procurar. O tal zepelim existiu mesmo) e Titanic, você está cansado de saber, um navio que afundou de verdade.

E depois, ambos ganharam todos os Oscar’s possíveis (ironicamente Titanic não foi nem indicado a melhor roteiro, Hidenburg levou o carequinha pra casa), arrecadaram um mundo de bilheteria, tinham uma musiquinha grudenta que fez um sucesso estrondoso (Lembra que My Heart Will Go On ficou tipo umas 60 semanas em 1º lugar das paradas? Nossa, cantei muito a versão em português na Kombi da Tia Sandra!  O encarte do cd ficou todo destroçado. Poooorr maaaaaais que eu teeeeente aceitar, não consiiiiigo a saudade ééé demaaaaisss) que também levou o Oscar, tiveram como diretor um megalomaníaco que antes dirigia filmes de ação (Muita gente não sabe, mas antes de Titanic e Avatar, James Cameron comandava mesmo era O Exterminador do Futuro)...

Ah, sim, o protagonista do livro se chama Jack*. (Haha! Muito boa, Meg! Não sei como ainda me surpreendo com esse tipo de coisa...)

Só que o Jack no livro não faz a linha Leonardo DiCaprio. Na verdade ele é uma mistura de George Clooney (hello, o cara interpretava um médico de sucesso na Tv, cabelo grisalho, solteiro convicto, não usa maquiagem...) e Mel Gibson (porque o personagem fez umas quatro seqüências de filmes de ação, e tem close do seu traseiro em várias de suas películas, e fez uma montagem de Hamlet pros cinemas também... Tudo tal qual Gibson).
*Para os desatentos, aquela parte no final em que a Lou grita "Jack! Jack!" foi dramática, mas enquanto eu lia, eu lembrava daquela cena já quase no final de Titanic, e, foi mal, mas eu ri à beça.

Deve ter até mais coisa, só que agora eu também não lembro de todas as fofocas das últimas 3 décadas. Até porque eu só tenho duas de vida.

Você sabia que:
A Lucy no Garota Americana 2 estava lendo esse livro?

A própria narrativa já dava um filme (coisa que eu torço para não acontecer. Quem leu o livro até o final sabe o motivo) e também funciona como uma brincadeira com os filmes de ação, no estilo Máquina Mortífera, Velocidade Máxima e True Lies (este último, uma mega-sátira do gênero - o avião que dá ré é o melhor! - dirigido pelo próprio Cameron).

Mas principalmente Máquina Mortífera por ter Mel Gibson de protagonista e 4 filmes na franquia. E olha só o que a gente não descobre com o Google: há rumores de que vai ter um Máquina Mortífera 5!

Você sabia que:
O apelido de infância da protagonista, Cenourinha, tem a maior cara de ser real? Em inglês, deve ser alguma coisa tipo Carrot!!!! (eu chequei agora, é Carrots). Ainda não sacou? Carrot /Cabot...

Ela foi até o fim não é sensacional, nem revolucionário, mas cumpre tudo o que promete. É aquela história de sempre do casal que vive às turras e que para se apaixonar é só questão de tempo. E isso não torna a leitura menos deliciosa. Muito pelo contrário. Mesmo sabendo disso, a gente não consegue largar o livro e torce loucamente para os dois ficarem logo juntos. E termina a última página com um sorriso de orelha a orelha. Como sempre.

Você sabia que:
Já é pelo menos a 2ª vez que aparece um casal Frank e Helen num dos romances de Cabot? O que isso quer dizer eu não faço a menor ideia, rs! E o que isso acrescenta na sua vida também não, hahaha! Tem mais dessas coisas inúteis, mas vou poupar você agora desses outros detalhes que só eu reparo porque realmente é muita bobagem para um post só.

O livro tem lá seus "deslizes": a ausência do romance paralelo não faria muita falta, algumas descrições às vezes são um pouquiiiinho repetitivas, as cenas quentes - apesar de bastante bem escritas - poderiam ser mais subentendidas* e o mistério não é lá essas coisas, porque o foco aqui é mesmo o romance. Mas, pra variar, nada que comprometa.

Meg Cabot escreve no piloto automático e mesmo quando o faz, faz bem. Esse livro tem a maior cara de ser fruto da combinação “não tinha mais nada pra fazer + não agüento mais essa onda do Titanic (sem trocadilhos) = vou escrever um livro pra desabafar”. Fazer o quê, né? Quem tem talento é outra coisa.

*Como o título sugere, a protagonista vai mesmo até o fim. Muitas vezes. Acho que a Meg estava possuída nesse livro. Deve ter sido a Patricia que escreveu. E aí, já viu, quando personalidade do mal de Cabot assume o controle, tirem as crianças da sala.

4 comentários:

  1. É, realmente, o fato de ter demorado tanto tempo pra lançar aqui no Brasil provavelmente dificultou o entendimento de algumas brincadeiras, porque até então eu não tinha lido nenhuma resenha que tivesse todas essas informações que você citou aqui.
    Ainda não o li, e nem tenho muito interesse em especial em Ela foi até o fim. Sei lá o motivo.

    :*

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  2. Tô imaginando você fuxicando a internet atrás de Meg Cabot e descobrindo um milhão de curiosidades sobre essa mulher!

    COMO ASSIM o livro ia se chamar "Todo garoto tem"? Queria entender essa obecessão dela por esse título. Mudou radicalmente rs

    Ela pelo menos aprendeu a lição para escrever livros mais verdadeiros, não sei como ela teve coragem de assumir isso! Hahah

    Com essa e outras resenhas que já li, esse livro não parece ser tão interessante, parece que foi um dos fracos da Meg, ou um do começo da carreira, sei lá. Pela sinopse, parece ser bem legal.

    Agora... Só você mesmo para notar que o tal casal aparece sei lá quantas vezes nos livros da Meg Cabot!

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  3. Na época que lançou eu quis comprar esse livro, mas acabei desanimando. Sei lá, me chamou a atenção, mas não taaaanto assim. E com certeza não vou entender nadica de nada das piadas-bônus. Se você que é boa nisso diz que dificultou, eu nem ia saber que elas existem, rsrs.

    O outro Helen/Frank é em DP, né? Mãe e professor da Mia. Ah, eu adoro esses detalhes que quase ninguém repara.

    Acho que vou voltar com esse livro pra lista de "vou ler". Ah nem, Lisa, pra quê você tem que fazer essas resenhas divertidas que eu adoro, hein??? kkkkkkkk

    Bjos

    PS: Queeeeeeemmmm vaaaaaai não voooolta jamais, então finjo esqueeeecer mas, o meu cooooraçã-ã-ão nãaaaaao.

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  4. Felipe, muitas dessas coisas não são nem de ficar fuxicando, mas frutos de anos de prática (algumas coisas ela comenta no blog, aí eu faço a conexão). Mas algumas delas realmente são de fruto do ócio e Google mesmo.

    O Jack desse livro parece um pouco com o Cal. Mas é obsessão mesmo. A editora não deixou nessa, aí tentou de novo com o verdadeiro Todo Garoto Tem, e aí passou.

    Cíntia, eu também não dava NADA por esse livro. Só comprei pq estava na metade do preço numa feirinha da vida. O livro em si não é dos melhores (o que vindo de quem vem não significa que seja ruim), mas as piadinhas fizeram TODA a diferença. Foi ali que ele me ganhou (e vc sabe como eu não resisto a essas coisas, né?)

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