quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Tão Ontem

Capítulo Zero – Parece que foi ontem

Minha história com esse livro foi de amor à primeira vista. Porque um livro com um nome desses e com essa capa super bacana* para uma nostálgica como eu não tinha como causar outro sentimento.
*Até o autor ficou orgulhoso do trabalho do Fábio Lyra - o designer. Tem razão, seu Scott. A capa do Brasil dá de 10 na americana.

Comprei-o na Bienal de 2007 e logo ele se tornou um dos meus livros preferidos. O engraçado é que da primeira vez que eu li, não entendi o final.  E isso nem fez muita diferença, porque continuei a gostar MUITO dele mesmo assim. (Pra você ver como o negócio é bom.). Aí a minha irmã leu e também não entendeu. Procurava alguém na Internet pra discutir o livro, alguma resenha interessante que contasse alguma coisa e NADA! Um absurdo um livro bom desses não ter a publicidade merecida.

A partir daí, passei a emprestá-lo para todo mundo por duas razões:
1) Era um livro unissex, inteligente, e que merecia que outras pessoas tomassem conhecimento dele, e
2) Pra ver se alguém entendia o final e me explicava o que tinha acontecido.

E é por isso também que ele já está meio desgastadinho, coitado.  É um dos meus livros mais rodados.

Capítulo Um – Tão Bom

A essa altura você deve estar se perguntando: “Mas que raios esse livro tem de Tão Especial? Por que você insiste tanto em dizer que ele é Tão Bom? Por que essa leitura é Tão Obrigatória?”. Bom, vamos deixar de papo fiado e falar um pouquinho do livro, então, né!

Hunter (do inglês, Caçador) é um Caçador de Tendências (Ha, valeu Scott!). Seu trabalho é observar as pessoas na rua e descobrir aquilo que tem potencial de se tornar a próxima moda. Num belo dia, ele conhece Jen, uma menina que amarrou os tênis de um jeito totalmente novo. Uma Inovadora, obviamente. A dupla é chamada para uma reunião misteriosa com Mandy, chefe de Hunter. Mas o encontro não acontece e tudo que descobrem é o celular de Mandy em um prédio abandonado. A partir daí, os dois vão enfrentar muitas confusões numa aventura imprevisível que dá um passeio pela cultura pop como a conhecemos.

Tão Ontem parece ser mais um livro juvenil, mas é muito mais que isso. É uma prova de que existe vida inteligente na adolescência e a equação perfeita entre diversão e informação. Pra começar, o livro é uma verdadeira aula de marketing. Todo aluno da disciplina devia ler, porque se aprende um monte* sobre coisas como a Pirâmide de Consumo, Pesquisas de Opinião, Regras de Negócios – e de um jeito absolutamente divertido.
* De verdade, durante as aulinhas de Marketing da faculdade eu lembrava de Tão Ontem direto.

Pra mostrar como eu aprendi direitinho, uma amostra grátis pra você experimentar:
Apesar disso, não se pode culpar o cliente por seguir a regra número um do consumismo: nunca dê aos consumidores o que eles realmente querem. Reduza o sonho a pedaços e espalhe-os como cinzas. Distribua promessas vazias. Embale as aspirações dos consumidores e lhes venda, assegurando-se de que elas acabem se desfazendo no ar.

Bacana, né?

Ironicamente, Scott Westerfeld não seguiu a regra número um do consumismo, e ao longo da narativa  encontramos de um pouco de tudo. O autor nos dá de uma só vez tudo aquilo que se pode esperar de uma excelente e envolvente história (aí a gente fica mal-acostumado...). Romance, mistério, ação, diálogos afiados, senso de humor, personagens legais e inusitados, uma boa reflexão sobre o mercado consumidor, e um bocado de conhecimentos gerais que vão de Fenícios a Franceses, de Pikachu a Pneumonia. Sabe aquilo que eu falei que ele ficou devendo em Feios? Tá tudo aqui...

Capítulo Dois – Missão Impossível

Mas voltando à minha história com Tão Ontem. Depois de anos, eu tomei vergonha na cara e resolvi relê-lo (porque quando eu emprestava o livro, ou ninguém entendia também, ou eu é que não lembrava mais da história e ficava sem base pra debater). E aí eu entendi TUDO! A emoção foi tanta que na época até enviei um email ao Felipe explicando tudo, porque:
1)    Ele também se perguntava o que tinha acontecido e
2)    Assim eu teria a explicação registrada para verificar a qualquer hora e poder discutir com alguém depois.

E a segunda leitura foi ainda mais legal que a primeira porque, além de eu ter entendido o final, pesquei algumas “piadas internas” (o toque do celular da Mandy e nomes de marcas sempre citadas como se fosse o "Leilão de Notas Musicais" daquele programa com o Silvio Santos em que os artistas testam seus conhecimentos de música popular, por exemplo) que só são possíveis de serem captadas depois de algum conhecimento de mundo.

É por isso que eu gosto de revisitar meus livros, filmes, músicas preferidos. Depois de grande, com outra cabeça, a gente percebe um monte de coisas que não tinha reparado antes. E é ainda mais legal quando a gente enxerga a mesma história com outros olhos.

Enfim, só para você não ficar com medo, Tão Ontem não é essa complicação toda. Ele explica tudo, só que tem de ter muita atenção no final (anota aí: VER CAPÍTULO 31!!!). E se você não entender, acredite em mim, a jornada é o que importa.
*Qualquer coisa, me passa um email que aí eu te encaminho a explicação, rs.

Capítulo Qualquer Coisa Muito Tempo Depois

Durante muito tempo fiquei imaginando como era o jeito Inovador de amarrar o cadarço da Jen. Aí um dia eu bem vi no metrô um menino com um cadarço amarrado de um jeito inovador. Fiquei com uma vontade imensa de pedir pra tirar uma foto do tênis da pessoa, mas me segurei. Pensei em disfarçar e tirar assim mesmo, mas achei que ia ficar muito na cara. As pessoas iam achar no mínimo que eu era doida.

E depois eu até CONHECI um Inovador que amarra o cadarço como se fosse um sol nascente (era assim o da Jen, né?). Quase fiz "O Gesto" quando vi.

Tão Ontem também teve seus direitos comprados para virar filme, mas desde 2006 não se tem notícias de a quantas anda a produção. Deve subir no telhado. Uma pena porque esse livro é daqueles que não precisa fazer nada. É só filmar.

O título do Tão Ontem em Francês ficou em inglês: Code Cool... A capa também ficou legal, mas a do Brasil ainda é mais cool.

Sério, gente, essa arte do livro não é apaixonante? 
Dá a maior vontade de brincar de dolls.

3 comentários:

  1. Adoro o Scott e seus livros, e já li tantos comentários bons de Tão Ontem, quero MUITO ler! E essa capa é linda mesmo. *-*

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  2. Tão Ontem é excelente, o livro é todo perfeito e sem exageros, de todos os livros que eu li, esse foi o que mais me empolgou e me divertiu. É o meu livro favorito, sem dúvidas.

    Adorei essa dele ser um livro unissex, podiam fazer mais YA books nesse estilo.

    As curiosidades que o Hunter contava eram muito interessantes. Acho que era o jeito dele contar e ligá-las à história. Não ficava chato ou maçante quando ele começava a divagar. Somou muito ao livro.

    Os personagens são todos incríveis, com uma característica própria e personalidades hilárias. Adorei todos.

    E a capa é muito legal tbm, realmente dá vontade de sair cortando tudo... tinha que vir com uma capa extra pra gente poder cortar. Eu achei a capa estrangeira tão feia, sem graça. Parece daqueles seriados estilo The Hills ou Laguna Beach. A do Brasil deu de 10 mesmo!

    Eu adoraria ver o Hunter e a Jen em uma outra história, bem que poderia ter uma continuação mas sem perder a qualidade.

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  3. Eu quero ler! Já quase comprei, mas só tinha um exemplar na Saraiva e ele estava TODO SUJO. Imagina, uma capa tão bacana e suja?! Não, obrigada!

    Realmente são poucas as resenhas desse livro que já li. É uma pena, porque parece ser muito bom mesmo. Eu ia ficar meio invocada se não entendesse, então quando ler já vou ficar esperta e prestar atenção em tudo, hehe.

    Beijos

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