segunda-feira, 5 de abril de 2010

Pegando Fogo

*Aproveitando o a deixa do post do 1º de Abril, vou publicar essa resenha que já está escrita há um tempão.

Antes de falar sobre o livro em si, gostaria de comentar algumas histórias de bastidores sobre as capas do mesmo, se você me permite.

Lembro que, quando lançado no exterior, eu ri à beça do post sobre o livro no blog da Meg. O motivo era porque ela dizia que tinha adorado a capa e que agora finalmente ia conseguir realizar o seu sonho de ser censurada e lançava uma campanha pro pessoal colocar o livro bem perto das mães conservadoras e assim despertar sua ira para banir Pants on fire*. Segundo ela, só os autores legais são censurados, daí sua obsessão em entrar para o clube. Boba demais essa Meg.

Capa e contra-capa
Se eu apareço com um livro desse aqui em casa, acho que a Meg ia ser censurada no mesmo dia..Pelo menos aqui em casa...

*O título original é uma brincadeira com da riminha infantil Liar, liar, Pants on fire. Vale a pena conferir a origem da expressão. Achei legal porque mexe tanto com a questão da mentira e quanto com a sexulidade aflorada da Kate de uma vez só e isso tudo com uma frase boba do tipo “enganei um bobo na casca do ovo”(que não é o seu significado).

Já a capa do Brasil, assim como o título nacional, foi eleita por meio de votação dos leitores e num primeiro momento nem estava entre as concorrentes, só entrando depois na disputa por causa da insatisfação dos votantes para com as sugestões apresentadas (a que ganhou era de longe a melhor).

Lembro também de ter achado tanto a nossa quanto a capa de lá um pouco exageradas e com poucas semelhanças com o livro, a julgar pela sinopse e pelo fato de que apesar dos esforços, a Meg não atingiu seu objetivo de auto-censura. Aliás, soltei uma baita de uma gargalhada quando ela comentou a capa brasileira no blog, dizendo que quase não tinha adivinhado que livro era aquele.(tem umas capas estrangeiras tipo daqueles países escandinavos que são indecifráveis!).

Meg: "Mas que livro é esse? Eu não lembro de ter escrito isso não..."
"Ah, peraí. Fogo, fogo... Fire! Ah, sim! É Pants On Fire. Esse eu escrevi sim!"

Bom, falei disso tudo porque, depois de ter lido o livro, tenho que dizer: “UAU! Como eu estava errada!” As capas não podiam ser melhores e fazem jus ao conteúdo da obra completamente. Pegando Fogo é de longe o romance adolescente mais quente de Meg Cabot, talvez até por ter a protagonista mais velha. Mas não ao ponto se ser censurado. Foi mal, Meg. Você vai ter que se esforçar mais da próxima vez.

Ele também se diferencia de seus outros teen books por diversos motivos:

1-    Kate, a personagem principal, não é a nerd rejeitada e patinho feio típica dos contos-de-fada.
Ela tira 10 na escola, sim, mas também é bonita e tem um bocado de amigos. Na verdade, ela anda com a  turma dos populares! E isso nos leva ao próximo ponto:
2 – Definitivamente, Kate não é uma heroína convencional.
Eu diria até que ela é uma anti-heroína. Porque, vamos combinar que não dá pra chamar de exemplo alguém que trai o namorado e, como diria MC Leozinho, “só pensa em beijar, beijar, beijar”, né! (Aliás, imagino que se a Kate morasse no Brasil, ia se amarrar num pancadão, e aí sim ia ver que 25ºC não são nada comparados aos 40ºC que fazem por aqui no verão)
3-    Tommy Sullivan é RUIVO
Diz aí: quantos ruivos você vê por aí dando sopa na Tv ou no cinema? Quase nenhum! E segundo estudos: os ruivos vão se acabar em 50 anos! Isso é tão grave que eu nem consegui imaginar o Tommy hot daquele jeito e ainda ruivo de cabelo liso porque todo ruivo da TV é supernerd quase careca! Seria o ato de eles rasparem o cabelo uma tentativa de negarem suas origens? Ou seria isso puro preconceito dos produtores de mídias áudio-visuais para com aqueles de cabeça vermelha?... Isso tem que ser investigado! Acho que a minha monografia da faculdade vai ser: “O papel do homem ruivo no mercado elitista de Hollywood” (título by Felipe, meu amigo ruivo) rs

O calor de Pegando Fogo me lembrou muito The O.C. , não só pelas partes mais calientes, mas também por conta do ambiente. A menina andando de bicicleta no balneário, o que deu um dinamismo sem igual às cenas (ai que saudade do Seth Cohen!), as gaivotas voando, o sol, a praia, a lanchonete ali perto do porto, os garotos sarados passeando de bermuda por ali (ri à beça do “alerta-gato”)...

E falando neles, nunca se viu tantos garotos musculosos e descamisados num livro de Meg Cabot! Chegou um ponto em que nem a desculpa que eu dava para mim mesma de que a Kate era uma kissaholoc e que seria natural ela reparar mais nos meninos que as outras estava colando, porque o negócio estava deixando de ser The O.C. e virando novela do Carlos Lombardi!

A repetição de palavras e situações também foi algo que me irritou um pouco no livro. Em vários momentos, alguns adjetivos foram usados diversas vezes numa mesma página, e era comum encontrar passagens inteiras em que a anti-heróina fazia um balanço da sua “triste” história de vida e quão mentirosa e má era ela. Bom, de nada adiantou ela falar isso tantas vezes porque não a achei muito mentirosa e desde o primeiro momento dava pra ver que ela era super gente boa. Detesto quando escritor tenta ganhar no grito! Daria muito mais credibilidade se ela desse exemplos de outras mentiras que a meteram em enrascadas no passado.

Por causa disso e de toda aquela história dos quahogs, estava achando o livro todo meio estranho até a parte em que Tommy Sullivan sai do universo The O.C./ Novelas do Lombardi e incorpora outro personagem televisivo, Dr. House, desvendando toda psiquê de Kate. (Aliás, achei o Tommy muito House em vários outros aspectos também) O maior problema dela não era mentir para os outros e sim mentir para si mesma! Além dos beijos, Kate, no fundo, também era uma menina que não se conhecia direito e tinha medo da rejeição da sociedade. E toda essa análise psicológica, embora profunda demais, aliviou um pouco a minha inquietude com relação ao livro.

Com um enredo cheio de suspense, o livro reserva surpresas até a última página. Suspense esse, aliás, que talvez tenha sido até um pouco exagerado, visto que, por conta dele, os coadjuvantes ficaram só no rascunho (pena que a menina gótica quase não apareceu. Ela era a melhor do livro), e tudo girou excessivamente em volta da protagonista e seu passado obscuro (o que também pode ter sido motivo para as tais passagens lamentadoras e repetitivas comentadas anteriormente). Senti falta daquele personagem que rouba a cena e alivia a tensão, tipo o Boris em DP, a Stacy no Garoto da Casa ao Lado, ou ainda o Steve do Ídolo Teen.

E apesar de deixar algumas pontas soltas e uns personagens meio boiando no final, fiquei feliz com o desfecho de Pegando Fogo porque não houve glória para os bonzinhos, nem punição para os malvados. Porque na verdade, nesse livro, não há um vilão e nem mocinho.  Eles só são...diferentes. E eu ia ficar muito chateada se tudo se revelasse mais uma disputa boboca entre nerds legais e populares do mal. Se você parar para pensar: todo mundo tem atitudes que nos deixam um pouco irritados, mas nem por isso elas são más.

Em suma, Pegando Fogo é igualzinho a sua protagonista: bacana, mas cheio de defeitos. E tudo bem, porque ninguém é perfeito, mas se a gente aprender a se respeitar, dá pra conviver perfeitamente numa boa.

Obs. *SPOILER* Muita gente deve ter se perguntado qual a palavra que a Kate impediu de ser pichada no muro ao roubar o spray e escrever FREAK (ESQUISITO, como ficou em português). Pesquisei sobre e há duas teorias:
1)    F*cked – dispensa traduções; 
2) Faggot – a) Pessoa Intrometida. b)Uma gíria para gay. Em português, acho que seria algo como “viadinho”.
Eu acho que a segunda hipóteses se encaixa mais, entretanto, algo me diz que eles iam escrever o palavrão.

Obs2. *AINDA SPOILER* Depois eu fiquei pensando numa palavra em português que correspondesse ao "Freak", mas que mantivesse o suspense e o quase-trocadilho original e me surgiu um "Mala"... Não é das melhores, mas pelo menos, ao deixar somente a 1ª letra, ficava a sugestão de um palavão e de um forçado "maricas" para se equiparar às 2 possíveis pichações impedidas. Entretanto, achei a tradução do Rodrigo Alguma Coisa (não só aí, como no resto do livro) correta e sem inventividades. O moço não tinha a obrigação de saber uma coisa que só esse pessoal viciado nesses fóruns da vida penou para descobrir.

2 comentários:

  1. Esse foi o único livro da Meg que eu abandonei. Não fui com a cara da Kate, e não tava no clima pra ler esse livro e acabei não aguentando ir até o final. Um dia tento de novo. :)

    Bjs.

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  2. Eu gostei bastante do livro e ah! Obrigada por falar sobre a palavra que eles iam pichar, porque até hoje eu fiquei na dúvida. Eu gostei, mas queria mais... talvez se o livro fosse mais longo, ou a Meg não ficasse se repetindo... Enfim. Também adorei um personagem-ruivo-bonitão, acho que é a primeira vez que vejo! Os "mocinhos" são sempre loiros ou com olhos claros... Adorei sua resenha!! Parabéns!

    Beijos

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