quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

BBB, No Limite e a Guerra dos Cupcakes

Você deve ter acompanhado nas redes sociais a polêmica envolvendo comentários sobre o BBB. Uma galera defensora da inteligência iniciou uma campanha pelo fim dos comentários do BBB alegando que “é fútil, não acrescenta nada, é um programa aculturado, etc”, e ofendendo todos os seus espectadores mais fervorosos ao chamá-los de acerebrados e afins. Daí começou a briguinha do “Você não pode me proibir” e ainda “Gosto do BBB, mas isso não tem nada a ver. Também leio Marx, Kant, Nietzsche”. Zzzzzzzz

Realmente não gosto do BBB. Gostaria até de não encontrar minha TL cheia de comentários sobre. E também não consigo entender direito o que esse programa tem que deixa todo mundo louco de janeiro a abril. Mas é claro que não posso proibir você de comentar. E também não quer dizer que toda pessoa que goste do BBB tenha QI abaixo de 100. Blablablablá...

Mas se você tem o direito de comentar e adorar o BBB. Eu também tenho de dizer que odiar e dizer por quê.

Houve um tempo em que até assistia um pouco, por pura falta de opção. Mas depois que chegou a benção de TV paga aqui em casa e, graças a Deus, isso não se tornou mais necessário.

Eu podia engrossar o coro do pessoal que justifica a multiplicação dos realities como um fenômeno destrutivo que só serve para as TVs ganharem dinheiro fácil, uma vez que não precisam apostar em novas ideias de programas roteirizados legais, como bem falava a Tina Fey em um episódio de 30 Rock. Mas acontece que existem reality shows bons, e que realmente acrescentam alguma coisa mesmo. Vide SuperNanny, O Aprendiz, aquela série do Fantástico com lições de economia, etc.

Mas minha aversão ao BBB vai um pouco além do “é fútil, não acrescenta nada, é um programa aculturado, etc”.

Não gosto do Big Brother porque ele é big bobo. Trancam pouco mais de uma dezena de pessoas com corpos esculturais em uma casa para eles não fazerem absolutamente NADA!

Os caras têm tudo do bom e do melhor e passam o dia numa piscina deliciosa em pleno verão carioca! E depois o Bial ainda vem chamar essa galera de “heróis”!!! Herói é o brasileiro que acorda cedo, pega trem lotado, toma esporro no trabalho, volta pra casa cansado e ainda tem que assistir um programa desses.

E você aí na sua piscina 3000 litros tomando sol na laje...

Reality por reality, sou mais No Limite em que a gente pelo menos pode ver os outros em situações deploráveis, passando fome, comendo olho de cabra, e uma gordinha deixando pra trás as duas concorrentes magrelas, remando na canoa e depois tacando fogo numas toras com o nome do programa. Não quer 1 milhão? Vai ter que ralar!

É tipo uma supergincana no meio da selva em que os prêmios são mantimentos para a SOBREVIVÊNCIA!!!!! (Não à toa o nome do programa original se chama Survivor)

(Lost no início, aliás, antes de se tornar uma série muito louca com direito a viagens no tempo – que eu adoro –, laguinhos da Disney, realidades paralelas, e muita, muita luz, era praticamente um No Limite roteirizado com o Time da Praia, liderados pelo homem de fé, John Locke vs o Time da Caverna, liderados pelo homem da ciência, Jack Shepard)

Agora o que eles fazem o dia todo no BBB? NADA! Como já falei, ficam tomando sol na piscina o dia todo e ainda ganham uma festa toda semana para encher a cara e garantir algumas baixarias na TV. (Não consigo entender mesmo como tem gente que assina o PPV. Sério, gente, é muito chato!!!)

Tenho que dar os parabéns pros caras da edição (é Zeus, o nome agora, né?) porque transformar 24 horas de gente fazendo NADA em algo interessante no final do dia não deve ser fácil. Talvez seja esse o segredo do sucesso do BBB, e a razão pela qual A Fazenda não consegue decolar de jeito nenhum. A Record, por exemplo, não tem a manha de transformar um material superpobre em algo superdivertido. Aliás, a Record não sabe editar mesmo. Até o Ídolos deles é mais sem graça. (Mas tenho de tirar o chapéu para a edição ágil do Aprendiz – que em outras mãos podia ficar ruim à beça – e pro Troca de Família).

Na verdade, também acho que os realities em que o público participa são muito menos interessantes. Em No Limite, por exemplo, era bacana acompanhar aquele povo sedento por dinheiro (e por água também) traçando alianças e pensando se deviam votar para tirar o melhor da competição para safar a própria pele e arriscar perder as provas seguintes ou deixá-lo na equipe para garantir as vitórias, e, sem se preocupar se o público ia gostar ou não.

Adoro como os caras do No Limite têm que votar escrevendo com um carvãozinho nesse papel pseudovelho. 
No BBB nunca que ia acontecer uma pérola dessas...

Com o voto do público, o programa fica muito previsível também. Você descobre quem vai ganhar 10 semanas antes de acabar, só de conversar com os seus amigos. Concentrar as decisões nas mãos de alguém do próprio formato do programa dificulta isso. O espectador fica na apreensão de saber se o jurado vai fazer alguma bobagem e eliminar o melhor, o seu favorito, etc. E ainda dá pra xingá-lo sem culpa no dia seguinte. (No primeiro caso, se o cara que você torce sai, a culpa é sua porque não votou o suficiente).

Sem contar que em No Limite, as pessoas queriam o prêmio. No BBB, como todos são lindos e loiros, o pessoal já entra pensando em como faturar mesmo sem levar a bolada principal, ao assombrar a mídia pelos próximos seis meses (taí outra coisa em que prefiro No Limite, depois de acabado o programa, seus participantes SOMEM da nossa vista!). Seja sendo capa da Playboy, da G Magazine, estrelando algum filme proibido (ou um quadro no Zorra Total), conseguindo participações especiais em programas da Lucina Gimenez ou cobrando para comparecer em eventos que vão desde festas de 15 anos a inaugurações de estabelecimentos.

Qual a graça de acompanhar uma competição em que os concorrentes não querem vencer?

É por causa da competição que é divertido acompanhar futebol. É por causa da competição que é divertido ver Ídolos toda temporada, mesmo sabendo que ganhar esses programas de calouros não significa porcaria nenhuma. É por causa da competição que Top Chef já está na, sei lá, décima temporada!!!! (Outro dia, lendo um infográfico sobre tipos de nerd, descobri que existe uma ramificação chamada “Nerd Culinário”. Talvez isso explique também)

E eu sempre me perguntei como um concurso de culinária fazia tanto sucesso. Aí, um dia, domingão, hora do almoço, aquele horário em que não tem NADA passando na TV, passamos pelo canal de viagens e lá estava um programa chamado A Guerra dos Cupcakes.

Cupcakes Nerds

A princípio pensei que fosse uma GUERRA mesmo em que os competidores atiravam cupcakes uns nos outros (uma ótima ideia de programa de TV, se você quer saber minha opinião). Infelizmente, era só uma competição tipo Top Chef, só que com cupcakes, cujo prêmio era fazer os bolinhos de algum evento especial a cada episódio.

Eu assistiria

Resolvemos assistir mesmo assim, só pra ver como era. Acontece que o negócio é tão absurdamente ruim, que acaba sendo bom. (Pois é, também como a Tina Fey, tem vezes que também não resisto a essas coisas indiscutivelmente ridículas.)

A dublagem totalmente fora de sincronia, o apresentador gritando: “Faltam 10 minutos! Vocês vão ter que se superar porque isso aqui é a Guerra dos Cupcakes!!!!!”, aquelas pessoas arrancando os cabelos por causa de um bolinho, os jurados fazendo cara de maus e dizendo coisas como “Você foi muito ousado com esse cupcake”, “Não consegui sentir o gosto do abricó porque ficou camuflado pela abóbora” e “Essa textura está divina, mas você não entendeu a proposta da prova” são coisas, no mínimo, engraçadas.

 "Achei essas borboletinhas muito MSN..."

Mas passados 15 minutos você começa a se interessar pela competição e fica realmente torcendo e fazendo comentários sérios, como quem entende do assunto: “Viu só? Eu sabia que esse bolinho de abricó com abóbora não ia dar certo”.

Uma delícia crocante de programa, como já diria o pessoal dos Seriadores.

Vista você também essa camisa!

Não precisa muita coisa pra entregar entretenimento de qualidade (nem que seja de qualidade duvidosa). Mas pra isso é preciso que as pessoas façam alguma coisa que não se bronzear. E que elas queiram ganhar também. Porque senão aí não tem graça.

PS Mas a principal razão pela qual eu odeio o BBB é porque ele é responsável pela Globo não passar metade da cerimônia do Oscar. Ainda bem que saí dessa vida de TVAberta...

8 comentários:

  1. Ahhh, concordo com você! Gosto é gosto, não tem nada demais você não gostar de algo que eu gosto, mas o que me irrita é o fato de quem não gosta de achar superior. É tipo quem come jiló falar "Olha como eu sou maravilhoso, eu como jiló". Ou seja, sem sentido nenhum!

    ResponderExcluir
  2. Eu odeio esse programa mais do que consigo explicar. Sério, é mais forte do que eu. Queria simplesmente ignorar, mas não consigo. O máximo que posso fazer é colocar filtros no meu Tweet Deck em vez de sair xingando e bloqueando todo mundo que assiste a essa porcaria. E outra coisa que me irrita MUITO é esse negócio de ficarem jogando na cara de quem não gosta que "se acha superior". Cara, não é nada disso! Não se pode falar que não gosta de nada sem levar o rótulo de pseudo-qualquer-coisa. O negócio é que eu não entendo como alguém pode gostar (assim como muitos não entendem como eu posso gostar de, sei lá, futebol, por exemplo. Ou como leio um livro de física e me divirto tanto quanto com um da Meg). Esse povo anda muito dodóizinho pro meu gosto, não tenho paciência com gente assim.

    Eu até conseguia tolerar as conversas e tal, até o ano em que passou a minissérie do JK, e eu não pude assistir porque vinha depois do programa. As pessoas realmente preferem o vazio de um monte de retardados fazendo nada a alguma coisa que possa entreter de forma inteligente (porque se tem uma coisa que, na minha opinião, a globo faz muito bem, são as minisséries). Fico irritadíssima quando alguém comenta alguma coisa e acha que eu tô mentindo quando digo que não sei nem o nome dos idiotas que estão lá. É sério, só tomo conhecimento quando começam a falar muito de alguém no Twitter e eu vou pesquisar quem é pra colocar no filtro. Todo ano eu penso em fazer um post sobre isso, mas sou vencida pela determinação de não deixar meu nome/meu blog aparecer associado a isso nas buscas do Google. Quase desisti de comentar aqui por causa disso, rs.

    Acho que falei demais. Muito mais que o merecido por uma coisa que eu não suporto.

    Bjos

    ResponderExcluir
  3. PS: No Limite super me lembra Jogos Vorazes.

    ResponderExcluir
  4. Eu não gosto de BBB. Já assisti algumas semanas de algumas edições e na época do colégio eu sempre sabia tudo o que estava acontecendo porque esse era o assunto do dia. Esse ano, como entre pro jornalismo e lá quase todo mundo é muito cult pra quase tudo, ninguém conversava sobre o programa e não acompanhei nada - na hora em que começavam os comentários no twtter eu simplesmente saía e ia fazer outra coisa.
    Eu acho que você disse tudo. Big Brother é exatamente isso: pessoas lindas ou "polêmicas" sem fazer NADA o dia inteiro. Uma vez estava na casa de uma amiga e ela estava assistindo o PPV com toda a concentração do mundo e eu fiquei me perguntando O QUE, afinal, ela estava vendo. Uma hora a câmera até mudou pra um quarto com umas cinco pessoas dormindo. Por favor.
    Mas não acho que eu possa julgar quem assite. Não sou muito de reality shows, mas eu adorava assistir The Hills. Totalmente fútil e obviamente não serve nem para reality - com certeza tem roteiro naquilo. Mas eu gostava. Mais um nome na minha lista de coisas que odeio amar/amo odiar.

    Ah, eu também ODIAVA quando queria assistir o Oscar e só passava metade porque tinha votação no BBB. Ainda mais porque o motivo de todo mundo era sempre "afinidade". Eca.

    ResponderExcluir
  5. Cíntia revoltada kkkkkk

    Lisa, você tem toda razão. O BBB não tem nada de mais, e o povo realmente não faz nada lá dentro...

    Mas eu AMO reality shows! Sério, qualquer coisa que tenha essa regra de eliminar um por vez me deixa louco. Eu sempre torço! rs
    Morri de rir com os comentários dessa guerra dos cupcakes kkkkk

    A graça que vejo no BBB são as votações e a edição realmente é muito boa. O ápice do programa são as intrigas, os barracos e as conspirações mesmo.

    O reality que mais gosto (agora) é o Aprendiz, por causa da IMENSA vergonha alheia que sinto naquela sala de reuniões. Muito bom! rs

    Já assisti tantos reality shows...

    - Tinha um que eu adorava, acho que era American Inventor, onde as pessoas tinham que inventar coisas e o melhor ganhava 50 mil. Tinha umas coisas muito birutas.

    - Teve um também que dava na multishow onde uma mulher que era bi tinha que escolher com quem ficaria no final num grupo de homens e mulheres o.O

    - Um que eu adorava e era super besta era o Beaty and Geeks. Era hilário ver as patricinhas instalarem um computador!

    - Outro favorito meu foi "A ilha dos desafios", que na verdade é um desenho animado. Já ouviu falar? É tipo um No Limite só que em desenho! Hilário rs
    Em inglês é Total Drama Island.

    ResponderExcluir
  6. @Cintia Estamos num mundo muito esquisito mesmo. Não se pode mais falar que não gosta do BBB. Não se pode mais falar que funk é um lixo. Não se pode dizer que fumar maconha é errada. E ai de vc se disser o contrário. Também tenho meus guilty pleasures, venho aqui no blog e posto sobre eles sem nenhuma vergonha, mas não fico arrumando briga com quem pensa diferente. E normalmente é assim mesmo, a gente escreve mais qd fala mal das coisas.

    @Felipe O Aprendiz é um dos melhores realities mesmo. Tem um tb que passa no Glitz q é pra escolher a melhor ideia para uma nova cadeia de restaurantes dos EUA. Esse Beauty and the Geeks era armado, não era possível! Já vi esse desenho, é bem nonsense. Mas já sabia que vc é viciado no formato de eliminar um por programa. Pensa q eu esqueci do Big Brother Bombom?

    Bjs a todos!

    ResponderExcluir
  7. A grande verdade é que o BBB, além de chato, já está há tempo demais no ar, acrescentando a mesma quantidade de novidades que o interesse de seus participantes: zero!
    Honestamente, se eu visse o BBB, socaria o Bial até que ele perdesse os dentes e aquele ar superior dele de tricolor. Essa raiva toda porque essa gente desocupada, que faz nada (literalmente, na piscina), receber o título de heroica e guerreira é algo que me enoja. Concordando com o que você disse, herói é o tonto que madruga, espera a boa vontade do maquinista, do motorista do ônibus para saber se pode trabalhar/estudar e ainda é roubado em impostos por outros desocupados; eles fazem mais do que somente mostrar os glúteos máximos e os peitos para uma câmera de TV. O que me surpreende é como essas mesmas pessoas que suam tanto a camisa todos os dias ainda acreditam no que o senhor boboca Bial tem a dizer. Deve ser o cansaço. Depois de um dia de cão, acho que qualquer amenidade já ajuda.

    ResponderExcluir
  8. Ri demais com a descrição de A guerra dos cupcakes, muito verdadeira! hahaha

    ResponderExcluir

Não seja covarde e dê a cara a tapa.
Anônimos não são bem-vindos.
O mesmo vale para os spammers malditos. Se você fizer spam nesse blog, eu vou perseguir você e acabar com a sua vida.
Estamos entendidos?