quarta-feira, 10 de abril de 2013

Defina: Azar


Semana passada, mais uma tragédia tomou conta dos noticiários do Rio de Janeiro: um ônibus capotou de um viaduto, voou e caiu em plena Avenida Brasil. Sei que o ônibus caiu por causa da briga entre o motorista um passageiro, que o acidente matou 7 pessoas e só porque nessa semana que passou não tive tempo de assistir nenhum jornal, já que estava lá, no meio da rua, sofrendo com o resto do povo, tentando chegar em casa.

O acidente aconteceu na última terça-feira, dia 2 de abril, e como tinha saído no meio da tarde pra buscar o resultado de um exame, deixei o trabalho, por volta das 19h30. Peguei o metrô numa boa, desci na Central, e na maior tranqüilidade, entrei no meu Japera, sem problemas. Chovia um pouco e o trem logo saiu da estação. Uma mulher chegou até a elogiar:

- Hoje o trem tá rapidinho. Chega um, sai o outro, chega um sai o outro. Não podia ser assim sempre? Eles devem estar com um esquema de segurança por causa do acidente na Brasil. Você vê só como eles têm trens sobrando, né? Por que não colocam pra rodar? É uma safadeza essa Supervia.

Parecia que ela tinha premeditado, porque o trem andou uns 10 minutos, e na altura do Méier, no meio do caminho, ele parou. E lá continuou parado por mais 50 minutos!!!!

Pensei: “Não bastava ter o acidente na Brasil, tem que dar problema no trem também!”!

Ficamos todo esse tempo sem nenhum aviso por parte do maquinista (alguns achavam que ele tinha morrido), e eu só fui descobrir o motivo da paralisação porque entrei no Twitter da SuperVia (@SuperVia_trens) e vi eles respondendo os questionamentos dos passageiros em tempo real. Segundo eles, havia ocorrido uma queda de energia em Deodoro, o que paralisou praticamente todos os ramais. Parabéns, SuperVia! Nota Dez em interatividade na internet. Nota Zero em prestação de serviço e comunicação pelo alto-falante.

Quando o trem finalmente conseguiu estacionar em Eng. Dentro, percebi que daquele mato, não ia sair cachorro. Desci da estação. Isso já eram 21h da noite. E chovendo. Peguei um ônibus pra Cascadura, já com os pés todos molhados. Quando eu chegasse lá (coisa de 15 minutos), pegava um ônibus pra N. Iguaçu e se desse tudo certo, eu logo estaria em casa.

Não deu. Ao chegar ali na rodoviária de Cascadura, logo percebi que não tinha nenhum N. Iguaçu no ponto. E que tinha uma fila enorme ali esperando por ele. Saquei logo que aquilo não ia dar certo. A solução foi ir andando até Madureira, pra ver se pegava um ônibus por lá, já que mais à frente passam outros N. Iguaçus saídos de outros lugares.

Pensei: “Não bastava ter o acidente na Brasil, tem que dar problema no trem, estar chovendo e não ter ônibus pra pegar”!

E lá fui eu, andando, na chuva, na lama (só pra lembrar tem uma obra infinita por ali, o que torna tudo mais sujo e mais difícil), no meio da rua. Nisso já deviam ser umas 22h. Pensei em pegar um táxi, mas nesse tempo de chuva, com esse caos no trânsito, com todo mundo sofrendo pra chegar em casa, cadê que passava um vazio?

Passou um N. Iguaçu lotado (possivelmente saído de Cascadura) e ouvi um homem reclamar: “Mas não vai parar de passar N. Iguaçu lotado, não?”. É, a coisa estava pior do que eu pensava.

Vários ônibus escrito GARAGEM passavam. Algumas pessoas se questionavam: “A essa hora ainda tem trem?” Ao passo que eu tinha que responder: “Não vai contando com o trem, não! Saí de lá porque está tudo parado!”. E todos compartilhavam aquele olhar condescendente de “Classe Média Sofre, hein!”.

Milagrosamente, parou um ônibus saído da Praça Seca vazio, e pegou todo mundo que estava no ponto. Todo mundo mesmo. Ele ficou uns 15 minutos parado, e catou todo mundo. Nessa eu entrei. Fui em pé. Mas tenho de dar graças a Deus porque consegui entrar. E nem posso reclamar muito porque nem estava entupido de gente igual ao outro ônibus que tinha passado há pouco. E lá fomos nós.

Quando estávamos chegando a Marechal, um engarrafamento enorme. Os veículos virando numa rua que não está no itinerário do ônibus para fugir do trânsito. Um pouco mais à frente, a explicação: TUDO ALAGADO!

Pensei: “FERROU! Não bastava ter o acidente na Brasil, tem que dar problema no trem, estar chovendo, não ter ônibus pra pegar e ficar preso no meio da rua! Não vou chegar em casa hoje! E eu já estou super-cansada porque fiquei em pé durante 1 hora e andei mais um bocado depois”!

Lembrei de um outro episódio, pelo qual passei por situação parecida, há uns 3 anos. Planejei o post para o blog. Porque a maratona estava longa e estava mais do que evidente que eu tinha material suficiente para um post.

Até que o motorista foi esperto e cortou caminho por Guadalupe. Entrou em umas ruas que eu nunca vi, mas foi rápido e felizmente, fugidos daquele pedaço de Marechal, mais à frente, encontramos pista seca. Se o alagamento persistisse até Deodoro, Anchieta, seria o fim.

Por volta de 23h30 eu consigo soltar perto de casa. (Isso aí! 4 horas pra chegar em casa!!!!!) Planejei o que iria fazer quando entrasse pelo meu portão.

Ufa! Cheguei! Vou jantar uma comida bem gostosa (estava com desejo de lasanha de microondas e muita, muita FOME), tomar um banho, me esparramar no sofá, (nem vou entrar na internet hoje que estou muito cansada), colocar o DVD de 30 Rock, dar umas risadas com Liz Lemon e dormir.

Mas ao chegar perto da minha rua, logo percebi que alguma coisa estava errada. O Habbibs estava aceso, mas logo à frente, as quadras estavam num breu sem fim.

Não pode ter faltado luz! Não pode ter faltado luz! Não pode ter faltado luz! Hoje, não! Por favor!

É. Estávamos sem luz.

Não bastava ter o acidente na Brasil, tem que dar problema no trem, estar chovendo, eu ter que ir andando até Madureira, enfrentar um pedaço do caminho alagado, estar cansada e com fome, quando eu finalmente chegar, a casa tem que estar sem luz!!!!!!!!

É isso aí! Quando a gente está com sorte, não tem jeito! E sabe o que é pior? É que só estavam sem luz umas 3 ou 4 quadras próximas à nossa. O resto da cidade, parecia normal.

Lá se foram meus planos de comer lasanha e ver 30 Rock

Minha mãe disse que a luz tinha caído lá pela hora do Jornal Nacional. Já eram mais de 23h. Legal, não ia voltar tão cedo.

Jantei fora naquela noite – no quintal. Um jantar à luz de lanterna, que ilumina mais. Minha irmã nem estava em casa pra eu desabafar com ela (não agüentei e liguei pra ela!) e contar da minha maratona.

Mas que isso sirva de lição pra vocês que quando você acha que nada mais pode dar errado, ah, colega, podes crer que ela é possível, sim!

Tanto é que nos outros dois dias seguintes, o trem deu problema de novo e descarrilou 2x no mesmo lugar. A minha sorte (uma hora ela ia ter que aparecer!) foi que quando descia do metrô na quarta, encontrei um amigo do trabalho, voltando do trem, me contando da bagunça que estava a estação (mesmo assim, bota aí mais 1 hora de metrô até a Pavuna, mais chuva e meia hora de ônibus na conta) e no outro meu pai me avisou e eu fui de bus do Centro mesmo.

Acho que acabou, mas essa semana foi dureza, viu!

4 comentários:

  1. Nossa Lisa, pega uma folha de arruda, um sal grosso, porque a história aí foi feia.

    Eu estava vendo a cobertura do acidente na minha casa, deitada no meu sofá e comendo alguma porcaria #fazendoinveja,rs.

    Bjins

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  2. Murphy trabalhou bastante pra você nessa semana, hein. O.o

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  3. que Odisséia,Homero ia fletar com essa história.

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