segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Não é perfeito, mas quem se importa?

Há muito, muito tempo atrás, eu quis escrever um post sobre grupos a capella e como sou fascinada por esse tipo de coisa. A harmonia de vozes, os barulhos com a boca, a mágica que eles fazem ao tornarem músicas ruim em boas, e as boas em absolutamente irresistíveis... Logo quando Glee começou, achei um vídeo de um desses grupos cantando umas músicas do Jamie (o que eu mais gosto nesse vídeo são os gritinhos animados para os meninos que fazem o “a capella” do jeito mais tradicional, usam as roupas mais tradicionais e nem são tão bonitos assim), e um vídeo leva a outro, e o Youtube é um buraco negro e eu acabei descobrindo que lá nos EUA, eles levam esse tipo de coisa super a sério com direito a competição e tudo (como em Glee mesmo, só que na faculdade). 

O post não saiu por N motivos, mas cá estou falando exatamente o que eu queria falar há anos atrás porque assisti A Escolha Perfeita (que trata exatamente desse campeonato de “a capellas”) na TV e fiquei com a boca, os dedos e todo o resto do corpo coçando pra comentar. Fora a vontade louca de cantar, obviamente.

Tem um pedaço de DP2 (o livro) em que a Mia fala que seu filme favorito de todos os tempos era Dirty Dancing porque nele tem dança e filmes com dança são geralmente melhores que os outros porque a dança faz tudo ficar bom. Eu sou assim com música. Acho inclusive que se nessa vida tivesse mais música, muitas coisas iam ser melhores. Essa semana entrou no metrô um grupo de músicos chamado Mambembe composto por um cavaquinho, um violino e um pandeiro tocando clássicos do samba e da MPB. Uma delícia! Imagina só como as viagens não seriam melhores com 5 minutos de música boa desse nível?

A Escolha Perfeita (uma péssima tradução, diga-se de passagem, já que “Pitch Perfect” tem todo um trocadilho com afinação e o mote do filme não tem nada a ver com “escolha”. O título de PORTUGAL é melhor: Um ritmo perfeito) é repleto de clichês adolescentes, apesar de passado na faculdade (não fosse Glee, talvez se passasse numa escola mesmo), e tem um monte de coisas que não funcionam. O negócio é que as músicas a capella são muito boas e aliadas a performances espetacularmente coreografadas (uma fórmula que não tem como dar errado!) compensam todos os defeitos.

Uma coisa engraçada que notei é que praticamente todo mundo associou A Escolha Perfeita a Glee, por motivos óbvios, e até o filme tira sarro disso em alguns momentos, mas se você parar para pensar, A Escolha Perfeita, na verdade, tem muito mais a ver com... Mudança de Hábito! Quer dizer, um coral tradicional que tem que se reinventar e quebra todos os paradigmas com a chegada de uma novata que inicialmente tem suas ideias rechaçadas pelo grupo... Tem até a personagem gordinha que rouba todas as cenas! Se você já assistiu a continuação do filme com a Whoopi vai ver como é a cena final é muito, muito, muito parecida com a película do ano passado. 

Queria deixar aqui registrado o quanto adoro a tradução do título de Mudança de Hábito. 
Simplesmente genial!

E se o repertório super-atual às vezes traz músicas bobas e nem tão boas assim, o a capella faz a mágica de tornar até Party in the USA presença indispensável no player!!!! Agora você imagina só se as músicas fossem boas de verdade!!!

Além disso, com O Clube dos Cinco e Don’t You Forget About Me, o filme faz um mea culpa com a geração anterior, como quem diz: “Olha, fizemos o dever de casa, não somos um filme só pra vender músicas no iTunes, também temos coração e queremos emocionar as pessoas de verdade”.
* Li uma entrevista da Anna Kendrick (s2), em que ela comentava que na verdade, O Clube dos Cinco nem estava no roteiro original, e sim Digam o Que Quiserem. Como eu só vi o primeiro, também acho O Clube dos Cinco a melhor escolha.

(A título de comparação, homenagem por homenagem, acho que John Hughes ficaria mais orgulhoso com A Mentira do que com A Escolha Perfeita. E na minha humilde opinião, o filme podia ter alcançado esse patamar de AWESOMENESS de Easy A, caso estivesse na mão de um diretor mais inventivo e descolado, tipo o Will Gluck)


Outra coisa digna de nota é Anne Kendrick, que definitivamente está em busca do título de Queridinha da América. MEU DEUS DO CÉU! Como ela é boa!!!! A simpatia, o carisma, o sorriso, talento, a voz (que voz deliciosa!), a carinha de menina daquelas que você podia ser a melhor amiga... O que é a musiquinha do copo, por favor???? Por que ela não canta mais???? Pleaaase!!!!

Há exatos dois anos, quando assisti A Mentira, me apaixonei pela carismática Emma Stone. Simpática, esperta, bonita, boa atriz... Fiquei pensando cá com meus botões que, pra ela ficar no nível da Anne, só faltava cantar. Anna Kendrick canta. Uma pena a garota ter perdido tempo na “Saga” Crepúsculo (dava até dó dela, lá de coadjuvante da se graça Kristen Stewart) com tanto talento.


E falando em Crepúsculo, acho que vale o comentário de que, Beca, pós-adolescente deslocada, rebelde, que não se enturma, não gosta de nada, nem de ninguém, lembra muito uma certa Bella Swan. Mas o final de Beca é exatamente o caminho que eu imaginei que Crepúsculo tomaria quando tive contato com a história pela primeira vez. E aí eu fico pensando o que Anna Kendrick não teria faria com a personagem... E depois dou graças a Deus por ela não ter sido a protagonista da saga dos vampiros brilhantes porque aí ela não queimou o filme dela com essa bomba que, sinceramente, não tinha salvação.

Ainda sobre isso, queria comentar sobre a cena do juramento em que associei as palavras Bellas (o nome do coral), “lobos”, a história de amor proibido e Anna Kendrick, que já esteve em Crepúsculo. Não tive outra saída senão soltar uma gargalhada, né? É isso aí, sou meio retardada mesmo.

Beca ataca de DJ

Ok, voltando às personagens, é bem difícil você realmente se “importar” com eles no início. Às vezes por culpa do roteiro, que não explica direito o porquê de suas atitudes ou o faz de um jeito meio bobo (quer dizer, por favor, tudo bem que a Beca é alternativa e talz, mas não gostar de filmes? Como assim? E o negócio de ela querer ser DJ? Affe! Se ao menos ela fizesse uns mash ups legais tipo esse... Mas aquele Bate-Tuntz dela, qualquer ex-BBB faz!), às vezes pela má escalação dos atores. 

Quer dizer, não dá pra levar a sério o romance dela com o carinha porque, além de o início ser meio mal explicado, o mocinho é muito sem graça, fora que ele é a cara do Christian do RBD!!!!!

- Menino, parece que eu te conheço de algum lugar!
- Eu cantava num grupo mexicano há alguns anos.

No entanto, além de todos os elogios do mundo para a linda da Anna Kendrick, outra surpresa foi ver Elizabeth Banks, que também é produtora do filme, arrebentando na comédia, num papel que, veja só, era pra ser da Kristen Wiig! Eu particularmente nem gosto da Elizabeth Banks. Acho-a uma atriz limitada e muito sem carisma, mas acontece que ela interpreta o tipo megera cômica muito bem (talvez por ela ser uma megera na vida real também). A narradora que tece comentários cheios de sacanagem (não necessariamente no melhor sentido da palavra) na verdade lembra muito a Avery de 30 Rock. (E se alguns dos diálogos non-sense te lembraram da série da Tina Fey é porque o filme foi escrito por Kay Cannon, umas das principais roteiristas do seriado.)

Rebel Wilson (talvez o Tracy Jordan do filme, com praticamente todas as falas improvisadas) e alguns outros personagens soam forçados no início, mas conforme a fita se desenrola, a gente aprende a gostar deles. 

E no final, tudo, tudo, tudo aquilo que estava meio esquisito, faz sentido. Os mash ups, a história da Beca ser DJ, a união das garotas, o punho cerrado do Judd Nelson... É redentor! É arrebatador!


Uma performance de arregalar os olhos e abrir bem os ouvidos! Além das mixagens espertas, atenção para as coreografias emulando vários clipes de sucesso como Smooth Criminal de Michael Jackson (na metade da fita, o Rei do Pop ainda contribui com Don’t Blame it on the Boogie, naquela apresentação do grupo eliminado, com direito a moonwalk, sim, obrigada!), Single Ladies (tem muitos movimentos de Single Ladies, aliás, me pergunto aqui, se a canção não estava incluída originalmente no medley final) entre outros...

A Escolha Perfeita não acerta todas as notas e desafina em alguns momentos, mas tem números musicais incríveis e material de sobra para povoar a internet com ótimas gifs nos próximos anos (fora os vídeos!). E no final, ah, os finais são sempre a melhor parte.. Ao contrário do que seu título possa sugerir, ele está longe da perfeição, mas, sinceramente... quem se importa?

Por favor, alguém me ajuda a descobrir de onde veio essa parte da dança? Tenho certeza que é de algum clipe, mas não consigo lembrar qual. Sério, não canso de assistir. Se você descobrir outros clipe escondido, vem aqui me contar, please! Preciso ver o filme com comentários, fato!

6 comentários:

  1. Lisa! Outro post divertidíssimo seu! Que surpresa.

    Acho que compartilhamos a opinião quanto a esse filme, porque eu adorei a parte da música, mas achei que ele passa bem longe de perfeito. Mas eu *realmente* adorei os mash-ups, baixei a trilha sonora e passei um tempão ouvindo (coisas tipo Right Round e Don't Stop the Music, como assim? (de Party in the USA eu gosto desde a primeira vez que ouvi, e olha que eu tinha muita preguiça da Miley Cyrus naquela época)). E, além de tudo, vi umas três vezes em uma semana porque estava de férias (porém não consigo superar coisas tipo aquela cena do vômito. Affe).
    Eu só não consigo gostar da Anna Kendrick. Não consigo. Até acho legal em Up in the Air, mas em geral tenho uma antipatia gratuita e inexplicável. Vai saber por quê.

    Outras coisas que queria comentar é que também acho Mudança de Hábito uma tradução genial. Fico aqui torcendo pra que tenha sido sugestão do tradutor. Quando a tradução é péssima, sempre fico aqui pensando que não tem nada a ver com ele hehehe E a última coisa é que O Clube dos Cinco é bem melhor do que Digam o que Quiserem, mas se você gosta desses filmes anos 80 (você gosta, né?), acho que vale a pena assistir. Nunca achei que poderia amar John Cusack, mas foi o caso. (E, bom, eu adoro Cameron Crowe).

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    1. Oi, Fernanda!

      Don't Stop the Music na voz da Rihanna é a pior coisa. Todas as outras pessoas que cantam que não são ela ficam melhores. Acho que é aquele arranjo eletrônico barango que estraga a música. Eu, particularmente, gosto muito da versão do Jamie Cullum (delícia demais!) e essa semana curti na voz da Fantine no The Voice Holanda (com direito a uns versinhos bem cretinos em português). Não aguento a letra ridícula de Party in the USA. Tipo, o gosto musical da menina é Britney e Jay-Z??? Não dá, simplesmente não dá. Preferia as músicas da Hannah Montana...rs

      Aaaaah, por que você não gosta dela? Não curti ela no Up in the Air, não, achei um pouco superestimada ali. Mas ela é bem simpática. Tava lendo uma entrevista dela no Collider, nossa, que delícia de entrevista, ela e o réporter no maior tricô...

      Sobre filmes dos anos 80, andou uma época que eu comecei a assistir um monte desses do John Hughes, e alguns eu acho até um pouco superestimados também. Quando assisti o próprio Clube dos Cinco, não consegui ter toda essa conexão que as pessoas tiveram, apesar de entender todo o seu mérito e tal. (Minha parte favorita do Clube dos Cinco é quando todo mundo começa a falar os seus segredos, aí a menina fala que é ninfomaníaca, aí todo mundo fica chocado, aí depois ela diz que na verdade é mentirosa compulsiva, hahaha) Meu preferido do John Hughes ainda é Esqueceram de Mim (rs!), com Curtindo a Vida Adoidado (os filmes do John Hughes quase nunca contaram com títulos tão geniais quando Mudança de Hábito, mas são tão clássicos, que nem dá pra reclamar). Mas eu PRECISO ver esse Digam o que Quiserem, porque, né, já está ficando feio só saber que o John Cusack levanta o rádio por cima da cabeça no final.

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  2. Eu assisti esse semana passada e quando passei aqui até me assustei com a coincidência! hahahah

    Gostei bastante do filme, na realidade é bem o "meu número". Adoro esses filmes com música e temática adolescente (ou, sei lá, young adult.. rs), amadurecer o gosto "filmístico" pra que, né?

    Achei a Anna Kendrick uma fofa e gostei do namoradinho dela, do RBD, a voz dele é linda. Assim como a voz do menino mágico que é, na minha opinião, o melhor dos cantores do filme inteiro, pelo menos entre os caras.

    É o típico filme previsível e tal, mas a maioria dos filmes atuais é, né? Pelo menos esses mais populares. Eu concordo com reservas nessa história que o final é a melhor parte, afinal o que são finais sem um contexto decente? Tem finais que não são dignos do caminho pra chegar até eles... rs

    Gostei muito da Elizabeth Banks no filme. Todas as falas dela e do co-apresentador são improvisadas. Achei genial e morri de rir com os comentários deles.

    O filme tem defeitos básicos mas o elenco é tão bom e as músicas tão, sei lá, bem cantadas, bem feitas e tudo mais, que nem me foquei mto em detalhes não. Gostei de verdade.

    Ah, e eu baixei esse filme porque uma amiga tinha mandado um link do Pentatonix (já viu? www.youtube.com/watch?v=3MteSlpxCpo) e disse que tinha esse filme sobre corais e tal. Nunca ouvi falar de nada semelhante aqui no Brasil, e nem procurei, mas achei esses grupos a capella incríveis.

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  3. Esqueci de falar. Outro dia, no metrô de Madrid da Cidade Universitária tinha um moço tocando as músicas da Disney no violino. Deu uma vontade de dar dinheiro para ele! Infelizmente, não tenho sobrando. Vale dizer que aqui para tocar na rua é que nem em Stars Hollow, tem de passar por uma audição, saiu até no jornal. Músico ruim NÃO toca em Madrid, apesar de ter visto alguns... E pensar que tem uns astros brasileiros que não passariam nem nos testes para tocar pelas avenidas madrileñas...

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  4. Me lembrou a coreografia de Say My Name, só que um pouco mais rápida:

    http://www.youtube.com/watch?v=sQgd6MccwZc

    O.o

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