E eis que nos últimos dias se passaram duas datas de grande importância.
No dia 28/02 fez exatamente 10 anos da minha primeira aula do Cefet. Enquanto alguns dias depois, completei 25 anos de vida.
E aí é impossível não fazer a comparação sobre a visão de mundo que tinha aquela menina prestes a completar 15 anos que começava a tomar conta do próprio destino e descobrir quem ela era com a de 25 que, por mais que ainda carregue muito da menina de 15, já não tem os mesmos medos de 10 anos atrás e adquiriu outras preocupações.
Acho que não preciso falar muito sobre o quanto o Cefet significou na minha vida porque é assunto recorrente por aqui e vocês já estão carecas de saber. Foram os 4 anos mais incríveis que eu já vivenciei, com as pessoas mais legais que poderia conhecer. As pessoas de um modo geral têm uma relação de amor e ódio com a própria adolescência.
As que olham para essa época com uma boa dose de nostalgia, se lembram de um tempo em que as únicas preocupações eram se a Flavinha tinha ficado com o Beto ou passar na prova de matemática. As que não suportam só lembram das intrigas, das fofocas e de se sentir deslocado num mundo que parece não te entender.
Acho que é bem óbvio que faço parte do primeiro grupo. Mas tenho certeza que não seria a mesma coisa se o Cefet não entrado no meu caminho.
Porque eu vejo muita gente falando com nostalgia desses anos dourados. Mas...ainda assim, o carinho que os ex-cefetianos nutrem pela instituição e por esse tempo é diferente. É especial. E é unanimidade. Não tem uma viva alma que saia do Cefet sem se sentir totalmente transformado, ou com a sensação de que foram os melhores anos da sua vida.
Tem gente que diz que a adolescência começa aos 13, 12, alguns dizem começar até com 10 anos (acho exagero). E nessa época me lembro que detestava o rótulo etário.
Aos 15 eu começava a aceitar o fato de que ser adolescente não precisava ser uma fase ruim como muita gente fazia acreditar. E bom, acho que a mesma sensação sobre a vida adulta parece ter chegado agora aos 25.
Durante os primeiros anos da casa dos 20, as dúvidas sobre o que você quer ser, ou se você vai conseguir ainda são latentes. E assim como os primeiros anos da fase em que a gente passa a ter 2 dígitos na idade, outro sentimento que toma conta é o da negação.
Daí, pelo menos no meu caso, veio uma fase de adolescência tardia em que fica rebelde, e não quer ouvir conselhos e tenta descobrir quem você é, até finalmente chegar à fase de querer aproveitar cada minuto porque sente que a vida está passando muito rápido e ficar parado não vai ajudar em nada.
Mas aos 25 a gente finalmente entende que crescer não é uma escolha. A gente simplesmente tem que aceitar isso. O que não quer dizer que seja necessariamente ruim. É claro que o tempo passa a ser um recurso cada vez mais escasso e marcar de ver as pessoas que você gosta fica ainda mais difícil. Mas tem um monte de outras coisas legais sobre ser adulto também, como poder dirigir (não que eu tenha tido algum sucesso nessa parte), juntar dinheiro para viajar, ou ir naquele show daquele artista que você adora, e sem ter que pedir permissão para ninguém.
Aos 25 você sente vontade de viajar o mundo todo e visitar todos os lugares. E de repente a sua própria casa e a cidade em que viveu desde criança ficaram pequenas demais pra você.
Aos 25 a vontade de ter o seu próprio canto ultrapassa a comodidade de ficar na casa dos pais. E você começa a pensar seriamente que está na hora de abandonar o ninho. E descobre que sair de casa não é tão fácil quanto parece porque os aluguéis estão caríssimos e vão consumir todo o seu salário do mês. Daí surge a necessidade de começar a pensar na vida a pelo menos a médio prazo, se inteirar dos melhores investimentos e traçar novas metas até os 30 anos.
Aos 25, você começa a ser convidado para um monte de casamentos. E alguns dos seus amigos já têm filhos. E você percebe que está muito longe de realizar qualquer uma dessas coisas. E de repente você também passa a ser a pessoa de referência para aquele seu estagiário de 19 anos (e pensa que TEM MUITO TEMPO que você não tem 19 anos!).
Aos 25 você ainda é mais parecido com o adolescente de 15 que conheceu os melhores amigos há 10 anos do que imaginava. O que na verdade é uma coisa boa, porque isso significa que (i) você não foi um adolescente tão babaca quanto podia ser (ou talvez você continue a ser tão babaca quanto era, vai saber) e (ii) você ainda está transbordando jovialidade apesar das porradas da vida.
Aos 25 você ouve o Continuum do John Mayer e se identifica totalmente com as letras, e pensa como você pôde ser tão idiota de ter achado essa pérola do pop entediante aos 16. E se pega chorando em filmes com muito mais freqüência do que antigamente. E você se pega chorando de verdade em diversas outras situações com muito mais frequência do que antigamente. Porque tudo começa fazer mais sentido e o sentimento de empatia pelos problemas dos outros só aumenta.
Aos 25 a gente vai ficando um pouco mais amargo, um pouco menos paciente e ao mesmo tempo um pouco mais complacente. Prefere não brigar, mesmo que tenha razão, só pra evitar a fadiga, mas se pega bufando com a incompetência alheia muito mais vezes.
Mas acho que a principal mudança em se ter 25 anos é saber o significado da dor. A dor da saudade que bate quando lembra das pessoas queridas que nem sempre dá pra encontrar, a dor da responsabilidade que cai sobre os ombros, a dor que é entender o sentimento de perda, a dor de andar 3 horas no sol e não conseguir descer as escadas no dia seguinte (rs!).
Mas aos 25 a gente começa a superá-la mais rápido, e sabe que tudo vai ficar bem no final, afinal de contas, já passou por isso algumas vezes.
Mas aos 25 a gente começa a superá-la mais rápido, e sabe que tudo vai ficar bem no final, afinal de contas, já passou por isso algumas vezes.
Aos 25 a gente aprende meio na marra que, não importa que os filmes que você assistiu digam o contrário, a verdade é que não se pode ter tudo. Fazer escolhas não é uma opção. É uma necessidade. Por mais paradoxal que isso seja. Mas, não necessariamente isso é uma coisa ruim. Afinal de contas são as nossas escolhas que determinam quem somos. E aos 25, depois de fazer algumas escolhas decisivas, encara-las já não é tão assustador quanto há algum tempo atrás. Na verdade, elas mostram que a gente é que está no poder. E isso é muito bom.
Aos 25 você tem a sensação de que o mundo é muito grande, e a vida é muito curta e que o tempo está passando rápido demais. E acha um desperdício ficar em casa vendo Faustão no domingo. O que, vamos combinar, é uma bela de uma mudança de perspectiva.
Aos 25 você entende por que 10 entre 10 fãs do John Mayer têm essa música como preferida
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