domingo, 28 de julho de 2024

O choro dos heróis

Outro dia estava assistindo o Esporte Espetacular, era uma reportagem do Galvão relembrando o ouro do César Cielo. E o Cesão assistia a sua prova narrada pelo Galvão, e se emocionava. E sem querer, eu me peguei chorando junto com o Cielo.

É muito legal pensar nos atletas olímpicos como super-heróis. É bacana ver um Michael Phelps, um Usain Bolt, esses caras realmente sobrenaturais que fazem tudo parecer fácil. Mas, na maior parte das vezes, a jornada até ali não foi nada fácil.

E o Cesão sempre falou muito sobre isso. Sobre esforço, foco, dor e abdicação. Os resultados extraordinários não são à toa. E é por isso que ele chora toda vez que vê.

Como eu estou muito olímpica, assisti também a série documental do Sportv sobre As Bicampeãs olímpicas do vôlei feminino. Primeiramente, se você não assistiu, por favor, veja. Uma série com qualidade incrível que traz curiosidades sobre aquela geração vitoriosa, mas também sobre a construção do esporte desde Barcelona 92 e o estigma de “amarelonas” que elas enfrentaram durante muitos anos até o momento da glória. E além de vibrar novamente com a vitória das meninas, também me peguei emocionada com aquela história de superação, união, tristezas e sorrisos. É a jornada do herói com todos os seus elementos.

No caso das meninas, mais do que atletas individuais de alto rendimento, a vitória só veio porque elas eram um time de alta performance. Um time que, assim como o Cesão, também abdicou de muitas coisas. Também suou, sangrou e sentiu dor. Mas que tinha um próposito e acreditou que, não só era possível, como valia a pena. É claro que nada disso foi fácil. Mas, dava pra ver ali também que aquelas meninas tinham uma cumplicidade que só quem estava ali vivendo aquelas emoções conseguem entender.

Mas gatilho também é uma coisa engraçada, porque mesmo eu não sendo atleta olímpica, nem nada, eu acho que eu meio que entendo o que esses atletas estão querendo dizer. Por isso essas entrevistas têm mexido tanto comigo.

Porque eu sei o que é abdicar de coisas por um propósito maior. E depois de chegar no topo, eu sei o que é olhar pra trás e lembrar do sofrimento, quase sem acreditar que foi capaz de superar e sobreviver a tudo aquilo pra chegar até ali.

Eu também sei o que é sofrer e não conseguir. Eu também entendo o choro da derrota. O sentimento de que toda aquela dor não serviu de nada.

E também sei que muitas vezes só quem vai te dar forças é o restante de um grupo que também está remando junto com você, mesmo que o seu esporte não seja remo.

E eu entendo tudo, tudo, tudo isso. Porque eu já chorei em todas essas situações. E é por isso que eu choro junto com eles toda vez que vejo um atleta emocionado.

As medalhas não são à toa e os atletas não são super-heróis. E mesmo se fossem, parece absurdo, mas é preciso lembrar que, como já cantava Junior Lima, os heróis também podem sangrar e chorar.

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