segunda-feira, 8 de setembro de 2025

O Superman da Brene Brown

Acho que eu já contei aqui que eu fui uma adolescente quegostava de Smallville. Era sofrido gostar de Smallville naquela época, se você não tinha tv a cabo e dependia do SBT. Você tinha que se adequar aos horários imprevisíveis do Silvio Santos, comerciais infinitos, e não bastasse tudo isso, ainda tinha o Celso Portiolli atendendo ligações para distribuição de prêmios prolongando ainda mais os intervalos. Mas quando você tem 14 anos, e um ídolo teen pra chamar de seu, você aguenta qualquer coisa.

Se fosse hoje em dia, confesso que não teria a mínima paciência para uma série como Smallville, com o freak of the week, e 25 episódios mais ou menos com a mesma estrutura. Mas Smallville construiu o meu caráter e eu, sem querer, aprendi a gostar de séries, e criei um sentimento de muito carinho pelo Superman.

Mesmo que o elenco aparentasse ter pelo menos 10 anos a mais, o Tom Welling não fosse lá essas coisas como ator, e a série tivesse os efeitos especiais que cabiam no orçamento da CW, Smallville acertava em cheio na premissa de mostrar o herói descobrindo seus poderes ao mesmo tempo em que passava pela adolescência, essa época em que a gente também está descobrindo quem é e qual é o nosso lugar nesse planeta.

De lá pra cá, a DC passou uns belos 20 anos tentando fazer acontecer o seu universo cinematográfico, sem saber que, enquanto ela não acertasse no Superman, o DCU nunca ia funcionar. O Snyderverso era sombrio e realista, com um Superman carrancudo e que não usava a cueca por cima da calça, numa tentativa frustrada de aproximar o Superman no Batman, à época o herói mais popular da DC, pois, veja só (!): "o Batman é mais vulnerável, ele não tem poderes, e é muito mais interessante de assistir do que o Superman". Uma conversa fiadíssima de quem não conhece, nem entende verdadeiramente o Superman.

Se o Snyder assistisse Smallville, saberia que o Superman tem excelentes dilemas éticos e morais, justamente por ser tão poderoso e aparentemente invencível. E que uma das coisas mais legais do Superman era justamente ele tentando equilibrar sua dupla personalidade, e todos os conflitos de identidade que isso lhe causava. Se Snyder assistisse Smallville, saberia que o verdadeiro trunfo do Superman é a bondade do Clark Kent. E que ela muitas vezes é a verdadeira kryptonita.

Snyder podia até fazer um Superman forte e poderoso, mas falhava miseravelmente em mostrar que, no fundo, o Superman também era o Clark Kent. E é por isso que o seu Superman era horrível.

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Lá nos anos 2000, um Junior Lima com a voz hesitante cantava "Super Herói" como uma metáfora para o fardo de ser uma pessoa pública, e ter de lidar com as expectativas irreais da mídia, dos fãs e de quem mais fosse. Sempre achei um exagero a comparação e confesso que me faltava a empatia necessária para entender o porquê do dilema de algo tão intrinsicamente ligado à fama.

Mas, o tempo passou, e conforme a gente cresce, vai percebendo que "ser herói" não é nada fácil. Porque a gente quer ser perfeito, e se sente (eternamente) responsável "por aquilo que cativa", e sente o peso da capa e das expectativas das outras pessoas sobre a gente. E muitas vezes a gente se questiona se estamos fazendo tudo o que podemos, ou se estamos fazendo realmente o bem.

Os dilemas do super-herói passam a fazer muito mais sentido depois de uma certa idade. Especialmente se você está numa posição de liderança (seja ela qual for: no trabalho, na família, em algum projeto paralelo que seja). Porque você percebe que o famoso dito do Tio Ben é tão literal que chega a doer. Sim, “Com grandes poderes, vem grandes responsabilidades”. E os talentos que nos foram agraciados pela natureza (ou por alguma aranha radioativa) têm o seu preço. Estar sob os holofotes exige cuidado no agir e a consciência de que tudo o que você disser será usado contra você. Poder fazer a diferença na vida das pessoas é uma dádiva, mas que tira noites de sono, pensando se você eventualmente não cometeu uma injustiça. Ser líder é ser o exemplo, afinal de contas, e você precisa tentar se aproximar da perfeição, para corresponder àquilo que esperam de você.

Com o tempo, você também vai percebendo que a única certeza que existe é que você não vai acertar todas. Porque, mesmo com tudo isso, você ainda é só uma pessoa. Alguém tentando encontrar o seu lugar no mundo, e que acorda todos os dias e tenta fazer boas escolhas e dar o seu melhor. Alguém que também tem o direito de sangrar e de sonhar, como já cantava Junior Lima.

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E é aqui que o Superman do James Gunn voa alto, e com muito gosto. É um Superman que apanha tanto, mas tanto, que chega a sangrar. É um Super extremamente vulnerável, que chora e não tem vergonha dos sentimentos. Praticamente um ensaio da Brene Brown. Ele toma porrada de todos os lados: dos vilões, da mídia, do cachorro, do governo e da opinião pública. Em dado momento, sofre tanto com as expectativas que lhe foram impostas que chega a se questionar se realmente é o herói que ele acreditava que fosse.

E é por isso que o Superman do James Gunn me pegou de jeito. Mesmo sendo super, o Clark não pode estar em todos os lugares ao mesmo tempo. Mesmo sendo super, ele não consegue salvar todo mundo. Mesmo sendo super, ele também precisa de cuidado quando se machuca. Mesmo sendo super, ele também é uma pessoa, afinal de contas.

E daí quando ele faz aquele discurso pro Lex no final, eu chorei gostoso. Chorei não só porque o meu Superman da época de Smallville estava de volta, mas porque ele verbalizou tudo aquilo que o Junior cantava e que eu agora sentia na pele (e demorei tantos anos pra entender!). O discurso me emocionou ainda mais porque dias antes, eu tinha escrito uma carta para uma pessoa que estava pra começar num cargo de liderança praticamente com as mesmas palavras. Uma pessoa que, num determinado momento, também se esqueceu que eu era só uma pessoa (foi uma longa história!) e que também me fez questionar se eu era o herói que achei que fosse. E ver o Superman falando ali, sem vergonha nenhuma, que ser humano era o seu maior superpoder me pegou demais.

É claro que todos os dias você vai se questionar se está fazendo o suficiente. Mas, também como o Superman do James Gunn, com o tempo você vai percebendo que a vulnerabilidade é o verdadeiro superpoder. E daí a sua missão fica muito mais fácil de cumprir. Porque ser humano é uma meta perfeitamente alcançável. E a recompensa de fazer a diferença nesse mundo, usando os seus próprios superpoderes, é maior do que qualquer peso que a capa de herói pode ter.

PS. Precisamos falar aqui também como o novo Superman é um gostoso. E a cena da cozinha, olha, que inveja da Rachel Brosnel, viu!

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terça-feira, 20 de maio de 2025

Sophie Kinsella contra o BurnOut

Que Sophie Kinsella é uma das minhas autoras favoritas todo mundo já sabe, e não é segredo pra ninguém.

Compro seus livros às vezes sem nem ler a sinopse, pois já sei o que vou encontrar. Mocinhas atrapalhadas, personagens hilários, cenas de vergonha alheia, um romance bem gostosinho e uma representação razoavelmente fidedigna do ambiente corporativo.

Por isso, quando vi esse livro, com esse título, sabendo que era dela, tive certeza de que precisava ler. Porque ninguém melhor que Kinsella para escrever uma romcom sobre burnout.


Pois bem. Nossa mocinha da vez é Sascha, que trabalha numa start up de serviço de viagens, o Zooze. E como toda empresa modernosa, ela é muito preocupada com o bem estar dos funcionários, oferecendo diversas iniciativas para mantê-los felizes. Exceto contratar mais gente para que eles não fiquem sobrecarregados. A rotatividade dos funcionários é absurda e quando alguém reclama de estafa, o RH dá bronca e manda escrever os sentimentos num mural. O resultado num cenário desses é só um: burn out, o mal dos nossos tempos. Depois de um surto que envolve uma cena maravilhosa incluindo perseguição e freiras (essa cena é sensacional!), Sascha recebe uns dias de folga para cuidar do seu bem estar e resolve passar um tempo numa região onde geralmente passava os verões na infância. Seu plano de cura envolve sucos de noni e um aplicativo cuja fotografia tem uma Garota perfeita usando Neoprene e que promete transformar sua vida em 20 passos (ou 30, não lembro). Lá, ela conhece Finn, um grosso rabugento (ou será que não?) que também está afastado do emprego por ter batido a caneca na mesa e gritado com outros colegas.

Só por essa sinopse, já dá pra ver que Sophie Kinsella tinha acertado em cheio na representação do tema. Além da empresa supostamente preocupada, estão no livro também todos os sentimentos de quem já passou por isso: o óbvio cansaço, má alimentação, a sensação de que não há mais espaço na sua vida para qualquer coisa além do trabalho e até o desânimo de procurar outro emprego (porque mudanças consomem muito da nossa energia, e quem está com burn out já não tem disposição pra encarar nenhuma mudança! Eu sei, já estive lá, infelizmente). Mas não bastasse isso tudo, ela ainda aborda a pressão que a gente se coloca para ser saudável e serena. 

Isso tudo em meio a personagens secundários totalmente apaixonantes (impossível não se afeiçoar pelos funcionários do Rilston), um enemies-to-lovers muito bem construído e até dois mini mistérios sobre o passado do casal. 

Ou seja, uma romcom divertida, deliciosa, amarradinha, tipicamente Kinselesca. O que já é muita coisa.

Nos últimos tempos, no entanto, Kinsella tem me pegado de jeito por outro motivo: emoção. Não sei se tem a ver com o diagnóstico recente de tumor no cérebro que ela recebeu, mas já é a segunda vez que Dona Sophie aperta o meu coração todinho, enchendo meus olhos de lágrimas. E mais uma vez num livro mais curtinho, de menos de 400 páginas.

Tanto esse quanto o último que li dela, de alguma forma, falam sobre a dor da perda de pessoas queridas (mesmo que elas ainda estejam aqui). Sobre saudade da infância. Falam sobre memória e de legado. Toda as cenas envolvendo o Terry são lindas, lindas, lindas, lindas... E o final então, nem se fala.

Legal também pontuar como esse plot do Terry se conecta com o processo de cura que Sascha e Finn precisam passar. O mar como agente de reconexão da própria alma, mas não simplesmente por ser como é (muito embora o mar opere esse tipo de milagre mesmo), mas por representar as pessoas que eles eram no passado. E como os conselhos de sabedoria do Terry SEMPRE foram os melhores.

Quem já teve burn out sabe que não é uma questão somente de estar sobrecarregado. É sobre equilíbrio e estabelecer limites. Sobre se reconectar com a sua própria essência (e isso não tem nada a ver com sentir a terra debaixo dos seus pés ou meditar todos os dias). Sophie Kinsella não romantiza o processo. Não existe trabalho perfeito. Nem rotina perfeita. Sim, às vezes você vai ter que fazer hora extra. E alguns dias vão ser eletrizantes. E tudo bem. Mas não dá pra ser assim sempre. Senão as coisas perdem o sentido. A gente tem que trabalhar pra viver, e não o contrário.

O Burn Out, sem dúvida, é um dos meus livros preferidos da escritora. Se tivesse que dar uma nota, seria a mesma do Rilston. Cinco, Dez, TODAS AS ESTRELAS. 

PS. Eu não sei o que Hollywood está esperando pra fazer um filme disso aqui, porque o roteiro tá prontinho.

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sábado, 1 de março de 2025

Ódio a São Paulo

Tá pra sair uma música mais mentirosa que Sampa. Caetano que me desculpe, mas toda vez que desembarco em Congonhas, ou até um dia antes de ir pra lá, alguma coisa acontece no meu coração, mas não é um sentimento bom não. É aquela sensação de domingo à noite, logo depois do Fantástico, em que você se ressente da semana que virá e perde toda a vontade de viver.

Porque apesar de ser a cidade que nunca dorme, a impressão que fica é que a cidade não vive. No Rio de Janeiro, o trio: “Baía de Guanabara, Pão de Açúcar e Cristo Redentor” te dão Aquele Abraço assim que você chega. As calçadas de Copacabana te convidam a andar num ritmo mais ameno. A praia te chama pra jogar um futevôlei e tomar uma água de coco.

São Paulo não é uma cidade que te abraça. É uma cidade que te engole. Te sufoca. Sim, o transporte funciona e você chega muito mais longe em menos tempo. Mas tudo a base de viadutos horrendos. Você não vê o horizonte. Quase não vê árvores. Só prédios e construções cinzentas. Asfalto preto e cimento cinza. O metrô chega em qualquer lugar que você quiser. Mas as estações também cinzentas são tão tristes quanto um cemitério. O que custava uma corzinha, um cuidado, uma decoração? Até em NY as estações tem uns ladrilhos.

Dizem que SP é a NYC brasileira. Mas, ó, não é mesmo. Sim, NYC é uma loucura também, com arranha céus enormes, e trânsito e um monte de gente pra cima e pra baixo e rato no metrô (é tem isso, infelizmente), mas NYC, apesar de tudo isso, vive.

NYC é uma cidade pra se andar a pé. O skyline é incrível. Tem parque com pingue-pongue do lado da Times Square. Você vai comprar pão e flores na sua esquina. O nova-iorquino é progressista, faz questão da qualidade de vida. De fazer coisas legais.

Em SP tudo é longe. É uma cidade feita pros carros. Feia que dói. Muitos bairros dormitórios que você precisa andar 5 quarteirões (horríveis) pra achar um supermercado. É um pesadelo de urbanismo e paisagismo. Sim, o Ibira é top, o nosso Central Park deles. Mas, precisava ser de tão difícil acesso? Por que cargas d'água não tem uma estação de metrô do lado, sabe?

Mas, às vezes fico pensando que a cidade é assim por culpa do próprio paulistano / paulista. E aí vamos entrar num tópico a parte. Galera, paulista é um povo muito mané. Assim, a cidade é muito mais rica do que o Rio, dá pra ver. Mas o paulista é muito coxinha. Inclusive os pobres. Os ricos gostam de ostentar sua riqueza de todas as formas. Desde a roupinha da TracknField pra ir no Ibira, até os shoppings com banheiro de mármore e porta que abre com sensor de mão (taí uma coisa inútil). Tudo é uma desculpa pra torrar o dinheiro numa “experiência diferenciada”. De preferência num lugar que tenha fila pra entrar. Difícil achar um paulista que não defenda o mito do selfmade man. Bom, tá explicado por que os caras adoram um tucano de estimação, né?

A impressão que dá é que tudo é uma grande Barra da Tijuca, com aquele bando de condomínios cafonérrimos, sem nenhuma harmonia entre si. Com habitantes ainda mais pedantes, e sem a praia pra dar aquela amenizada.

Dizem que se come muito bem em SP. E é verdade. Restaurantes caros, com assinatura de grandes chefes, e novidades gastronômicas dificilmente chegam em terras cariocas. Mas se você quiser um PF de qualidade, vai ficar passando vontade. Pra começar, o feijão é aquele marronzinho (ironicamente chamado de carioca) e a feijoada é na quarta-feira (um claro exemplo do não entendimento da cozinha de reaproveitamento que é a feijoada). Para uma cidade que se vangloria de trabalhar muito, não me parece fazer sentido alocar o prato justo na quarta-feira, afinal, quem é que consegue realmente trabalhar depois de uma feijuca de respeito? Mas, de maneira geral, SP não sabe servir um pé sujinho saboroso. Por duas vezes pedi um PF e comi o pior arroz com feijão da minha vida. Fiquei fascinada como eles conseguem errar no arroz e feijão! E o que dizer do restante dos “pratos típicos” de São Paulo? Eles deviam se envergonhar de chamar “pão com mortadela” e “pastel” de culinária local. E eu ainda nem falei do horror que é o “vatapá paulista”! Um negócio que parece qualquer coisa menos comida.

O paulista tá sempre atrasado, e não aguenta esperar nem o tempo da escada rolante do metrô (se você acha que a estação General Osório distante da superfície, em Pinheiros o buraco é muito mais embaixo). O carioca caminha mais devagar, e, para as piores situações arranja um jeito de seguir em frente. Sempre de bermuda e chinelo, claro. Inclusive nos dias chuvosos. Pro carioca, 18ºC já está congelando. O paulista enfrenta todas as estações do ano num único dia. Por isso tem que andar com “blusa” na bolsa todo o tempo. (Acho muito estranho quando o paulista chama “casaco” de “blusa”).

O carioca tem uma intimidade e sinceridade que o paulista nunca vai entender. “Com todo o respeito”, manda o outro cometer os atos mais abomináveis, solta uns 3 ou 4 palavrões no meio das frases, mas dali a dois minutos já estão tomando cerveja juntos e marcando churrasco para uma data indeterminada, mesmo que tenham acabado de se conhecer. O carioca, assim como a cidade, te abraça sem vergonha de ser feliz. Ele tem uma leveza e informalidade no jeito de ser que é impossível de descrever.

Ali em cima me perguntei se a cidade é horrorosa por causa dos paulistas, mas sempre fico na dúvida se não é o contrário também: os paulistas são assim, malas, por causa da cidade horrorosa. Porque, realmente, é muito mais fácil você ser de bem com a vida quando olha pra cima e pá: “Cristo Redentor!, olha pro lado e pá: “Pão de Açucar”, caminha pra um lado e pow, tropeça no Arpoador. Agora São Paulo? É uma cidade que te deprime só de pensar nela. Como já diria Vinicius de Moraes: “O problema de São Paulo é que você anda, anda, anda e não chega em Ipanema”, e eu acho que ele tem razão nisso. Paulista acha que ponte estaiada é ponto turístico, vejam só!

Outro mito que precisa cair é o de que paulista trabalha muito. Pela minha experiência, o carioca trabalha muito mais. Mas reclama muito menos. A política do “valorization” impera em meio aos arranha céus da Faria Lima, justamente pela abundância de ofertas do mercado de trabalho. E depois a gente que leva a fama de ter vida mansa e trabalhar da praia. (Galera, vamos colocar uma coisa na cabeça de vocês: Vocês acham que tem alguma condição de a gente trabalhar da praia? Alguém com certeza ia levar o nosso computador! #brinks). Aliás, taí uma coisa que o carioca devia melhorar no seu branding. O do carioca que vira noite trabalhando, e ainda levanta sorrindo no outro dia. Se bem que, sinceramente, quem é que quer um branding desses, né? Podem ficar com essa pecha de workaholic pra vocês.

Aliás, já que falamos de violência: sim, existe uma sensação de segurança maior em São Paulo. Mas é uma sensação meio falsa, pois o bandido do Rio geralmente só mete o mãozão (quando não tá armado) quando a janela do carro tá aberta, o de SP vai lá e quebra o vidro mesmo, f*da-se. E depois que importaram um governador carioca, eles aperfeiçoaram a experiência do arrastão para assalto em bando com bicicleta também.

Outro dia um casal de amigos cariocas que ia passar um fim de semana em São Paulo quais os lugares que eles não poderiam deixar de visitar. Parei pra pensar um pouco e respondi: “Nada”. Porque apesar de ser uma cidade que tem tudo, não é nada que deva estar da sua lista de lugares para visitar antes de morrer. O Ibirapuera é um parque muito legal, mas definitivamente é um parque. A Paulista aos domingos tem uma energia bacana, mas no final das contas é só uma rua. Sim, tem muitas exposições e museus, mas quantos desses não tem no Rio de Janeiro também e a gente faz todos os planos de não ir? Se você não vier com um destino específico (uma exposição legal, um restaurante temático, uma peça de teatro que queira ver), ou estiver na vibe de conhecer só por conhecer, acho difícil encontrar algo que valha um perrengue, tipo o Cristo ou a Torre Eiffel.

Algumas listas de pontos turísticos vão incluir uns prédios para apreciar a “vista incrível” de São Paulo, que inclui, veja só, um monte de prédios horríveis. É bem verdade que estou com má vontade aqui, e, de fato, existem muitas atividades para se fazer em São Paulo, mas você entendeu o meu ponto. Pra não dizer que eu só reclamo de tudo, gosto de ver a cidade toda iluminada à noite. A cidade das luzes ofuscantes, os prédios brilhando, os logos coloridos... A essa hora do dia, São Paulo de fato parece NYC.

Eu poderia ficar horas e horas aqui falando mal de São Paulo (meu mais novo hobby), mas vou parar por aqui. O dia está bonito, o sol brilhando e eu tenho uma praia pra pegar. Com todo o respeito, eita cidade bonita da p#rra.

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