sábado, 13 de fevereiro de 2010

CEO (Coisas que a Esther Odeia) #01: Carnaval

Oi.

Apesar do que a dona deste blog alega junto de todas as nossas amigas, eu não odeio tudo. Talvez eu simplesmente não seja predisposta aos mais ou menos. É claro que eu gosto um pouquinho de uma porção de coisas, mas, na maioria das vezes, não gosto, ou se preferirem: odeio. Seguindo esses caminhos extremos, eu me reservo a gostar realmente de poucas coisas, entretanto, não apenas “gosto”, amo.

Amo ler. Aliás, essa é uma das atividades que menos gera comentários do tipo “EU ODEIO”. Costumo valorizar bastante o trabalho do escritor; até mesmo me considero uma leitora fiel (daquelas que percebem o quão ruim o livro é, mas segue lendo-o para simplesmente terminá-lo), característica a qual não é compartilhada pela minha irmã. Se ela não gosta, não gosta; larga o livro em qualquer canto e nem se importa em ler seu final.

De qualquer forma, o fato é: eu odeio uma quantidade enorme de coisas, sejam elas programas televisivos, pessoas famosas e suas atitudes, músicas... Então é melhor seguir o roteiro e dissertar sobre uma delas. Proposta é proposta. Não há como fugir dela. Minha editora/irmã provavelmente espera que eu siga o meu contrato.
   
    Eis o tema do meu primeiro post: Eu odeio carnaval.
    Só para esclarecer: Eu não odeio o Chris nem amo o Raymond.

Não se enganem! Eu adoro feriados. Não fazer absolutamente nada é um dos meus hobbies. Mas tudo que envolve o carnaval não me agrada, ou melhor, me enoja. Quando digo que odeio carnaval, refiro-me ao do Rio de Janeiro. Desconheço-o nos outros estados e simplesmente não posso julgá-los. Assim, o objeto de minha análise é o carnaval carioca. 

À primeira vista, tudo parece tão colorido e feliz que odiá-lo definitivamente é apenas um motivo mesquinho de criticar a festa mais popular do Brasil. O que me obriga a explicar: essa beleza para mim é questionável, na verdade, chega ao status de repulsa quando paro e reflito um pouco sobre ela. 

Provavelmente meus termos podem soar fortes e até ofensivos, mas gostaria de dizer que as pessoas as quais gostam de carnaval têm total direito de discordar. Não escrevo para impedir ou forçar que desgostem do que gostam, apenas para reforçar o quanto não gosto. Assim finalizando essa saturação do verbo usado incontáveis vezes nesse mesmo parágrafo.

Odeio a também saturação de propaganda na televisão sobre escolas de samba. Noite e dia só é possível escutar os estrondos dos instrumentos de percussão e os berros dos tais puxadores. Em sua grande maioria, gordos, movidos a altas doses de cerveja ou qualquer outra bebida alcoólica. È irritante como logo após o Natal, tudo gira ao redor disso. O motivo: a alegria barata das massas. Sim. Porque existe forma mais fácil de enganar quase 190 milhões de pessoas do que promovendo festas?

Certamente não. Mas fingir que todos se importam 24 horas com a corrupção e os problemas nacionais é hipocrisia. Eu mesma me incluo nesse grupo gigantesco de pessoas que cansaram de assistir aos jornais. A impunidade tornou-se mais uma ala indispensável no grande carnaval que vivemos durante todo o ano.

Entretanto, para mim, parece animalesco demais todo esse propósito persistente até a quarta-feira de cinzas. Pessoas embebidas de suor e álcool saltando dizendo divertir-se não é a minha definição de satisfação. Obviamente ela não necessariamente precisa restringir-se a livros e teatro, ou à cultura aristocrática. Ir ao cinema e assistir a um blockbuster é divertido e não tenho nada contra. Assistir ao Rob Schneider dizendo bobagens não me irrita, apenas não é lá muito engraçado. Se ele suprir o seu, prossiga! O mesmo vale para o Adam Sandler, Dwayne “The Rock” Johnson, Ben Stiller... 

O segundo fator que mais me ultraja é o completo vazio das tais letras culturais dos sambas-enredo das escolas. Por Deus! Dizer “Ô Ô, Abraça-Flor é amor” não é rima, muito menos se assemelha ao mínimo que se pode exigir de uma poesia ou letra de música. Fingir que o seu tema é vasto em possibilidades de mostrar o quanto a literatura brasileira é rica é intragável. Temas repetidos e batidos como o descobrimento do Brasil preenchem os ouvidos em uma forma falsa de “culturar” um dos prazeres menos racionais que o homem inventou.

O ideal sempre manjado de ser pseudoinstrutivo é uma tolice sem tamanho e não tem sentido. Se querem voltar aos tempos dos bacanais e curtir sua libertinagem livremente, sem problemas; mas encobri-la com um véu finíssimo de candura e intelectualidade é certamente uma estratégia que beira o ridículo. A culpa é em grande parte da TV, afinal, transmitir pornografia em horário nobre é imoral, enquanto mulheres nuas abraçando uma bandeira, jurando ser puras e que seu trabalho repousa sobre os braços da arte – como se esta permitisse tudo –, é belo. Para mim, é feio, ou melhor – ou seria pior? –, horrível.

Assim, o último fator e possivelmente o mais importante, aquele que provoca náuseas e em muitas vezes explosões de completa fúria é a superexposição de mulheres sem roupa. De fato comentar se as donas dos tais “corpos esculturais” são gênios ou vegetais quando se trata de pensar, não é certo, ao menos não politicamente correto, afinal, o assunto abrange política e a péssima educação que o povo recebe. Do que posso falar é do quanto as mulheres, em sua ilusão de endeusamento, na verdade não passam de objetos nessa semana de “festa”.

Mentira deslavada essa sobre nossas passistas serem o que nos representa e o que representa o país como um todo. Dessa forma, o que nos define são alguns dias e nádegas? Talvez por isso ouve-se com grande freqüência como o país é uma bosta (com o perdão do trocadilho).

Irrita-me como através de fotos e filmagens em loop de figuras femininas desnudas, a imagem que o mundo inteiro tem sobre todas as demais mulheres brasileiras serem “fáceis”, como seres de intelecto inferior cuja vontade e cujo raciocínio não são relevantes.

Seria a culpa dos estrangeiros preconceituosos? Não! A culpa é de todos os que permitem e divulgam abertamente, tomando-o como verdade, o conceito de uma população sem pudores e animalizada (no estilo Tarzan). Não seria demais dizer: sem roupa, sem cérebro...

Odeio, odeio mesmo como os americanos e europeus nos vêem. Odeio como não temos moral alguma para exigir mais respeito. Odeio como desvalorizamos fatores realmente importantes como educação e saúde enquanto empurram goela abaixo uma cultura dita puramente brasileira. Odeio perceber que não lemos, que não produzimos e quando o fazemos são em proporções mínimas. Odeio o posicionamento que tomamos ao largar direitos e assumir esse jeitinho brasileiro que exige pouco porque é facilmente manipulado ao satisfazer-se com uma mulher pelada na TV e uma lata de cerveja por uma semana. Afinal de contas, o carioca é malandro e sua “esposa” ou “amante” vive sua vida rebolando e sambando.

Odeio ver os propósitos feministas — não que eu seja uma, apenas defendo a inteligência e perspicácia feminina. Na verdade, acredito mesmo que mulheres são mesmo mais inteligentes, mas isso não vem ao caso. — sendo varridos junto com a purpurina que descola das microfantasias.

Odeio tanto o carnaval que poderia extingui-lo. Mas não tenho o poder nem o direito de fazê-lo. Pelo menos posso escrever o quanto adoraria concretizar um sonho há anos guardado.

PS.: Eu deveria ter sido um pouco menos enfática. Eu sei. Desculpas pelo entusiasmo. É... Espero que gostem do blog. Já disse como a Elisa é legal? Porque ela é. E...Ah! Eu não a odeio.

7 comentários:

  1. Na minha cidade, em época de carnaval, fica TUDO abandonado! E eu AMO isso! Carnaval é uma droga que não serve pra nada, e concordo com praticamente tudo que disse aí!

    Bjs.

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  2. O que dizer? Simplesmente perfeito. Deu até vergonha dos meus humildes posts. Eu falei pra vocês que a escritora da família era minha irmã...

    Sobre o post, duas coisas:
    1) Não tenho vergonha de largar o livro pela metade. Pra que continuar com uma leitura torturante se você pode deixar o livro ruim pra lá e fazer outra coisa? Sem contar que quando o livro é chato, a gente fica procurando um monte de argumentos pra justificar sua ruindade, e isso não faz nenhum bem, porque aí aquilo que era pra ser prazeroso e subjetivo fica metódico e a aborrecido. Há outros livros bons pelo mundo para perdermos tempo com os ruins.

    2) Sabe que eu nem acho o carnaval grande coisa hoje em dia? Qual o sentido de uma época especial para as mulheres ficarem sem roupa, e as pessoas beberem até cair e praticarem libertinagem, se as famosas já aparecem sem calcinha em qualquer fim de semana e as micaretas (com tudo que elas arrastam) acontecem o ano todo? O Carnaval só se diferencia por ser feriado mesmo, aí as pessoas que não gostam de fazer essas coisas, pelo menos podem aproveitar o tempo livre de outra forma.

    Valeu por não me odiar. Hehe! Quero só ver qual vai ser o tema da próxima coluna... Mas vê se não capricha tanto, senão o povo só vai querer vc aqui rs. Brincadeira.

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  3. Ai, temos isso em comum! Eu tbm odeio carnaval...

    É uma festa totalmente desnecessária, e q dura qs 1 semana! :O
    As musiquinhas de carnaval na TV torram a minha paciência!
    Carnaval é a única época do ano em q as mulheres podem andar peladas o quanto quiserem e ngm pode reclamar! Beber até cair tbm tá valendo! ¬¬

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  4. Outra coisa que eu estava pensando e vc não escreveu: Como as pessoas aguentam esses sambas-enredo tocando por mais de 1h em looping na avenida? Tortura chinesa isso.

    Mas eu pensei que não tivesse nada pior que isso. Tem sim! Olhem só essa: http://olhometro.com/2010/02/12/so-um-motivo-para-odiar-carnaval-um-so/

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  5. Eu também odeio o carnaval e e a pouca vergonha que dá nas pessoas. Elas saem pelas ruas bêbadas, criando confusões (no ponto de ônibus lá em cabo frio tinha gente brigando pra ver quem entrava primeiro no ônibus -.-'), as mulheres icam semi-nuas (se não nuas) e tem gente que acha que no carnaval pode fazer tudo, como eu até msm já vi nas estradas as pessoas pegando a contra mão num carro mega veloz! Chega a ser uma idiotice as pessoas acharem que isso é diversão. Acho legal um feriado longo pq dá pra viajar, ficar sem nada pra fazer, mas no carnaval dá mto tumulto. Agora, se tem algo que me irrita mais do que os sambistas que ficam repetindo a letra nas musicas, é o funk que toca SEM PARAR nas ruas. Chega a ser insuportável!! E o que eu acho pior é que eu acho q essas letras devem ter alguma coisa ao contrário, pq akilo gruda na cabeça.Arrgg irritante...

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  6. Ahh essa musica do neguinho da beija flor é triste.... e pior que nesse carnaval eu tava ouvindo isso tocar em todo canto.

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  7. Concordo com o texto. Eu tbm não gosto de carnaval, e a maioria das coisas da 'festa' me irrita... ;)

    Bjs!

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