terça-feira, 12 de outubro de 2010

Allie Finkle, a levada da Breca

Livro lido tem mais de um ano, mas, como é dia das crianças, estou publicando a resenha. E mesmo que você não se interesse pelo livro, vale a pena ler até o final, porque ela está numa nostalgia tremenda. Enfim, Feliz Dia das Crianças pra todas as crianças e pra todos aqueles que já não são mais criança tem um tempinho, mas de vez em quando sentem a maior vontade de agir como uma. Agora, a resenha...

Agora é oficial. Meus filhos lerão Meg Cabot. Eu sei que eu já dizia isso de brincadeira, mas dessa vez é sério. Meus filhos lerão Meg Cabot... Da mesma forma que também se deliciarão com as histórias do Ziraldo, da Turma da Mônica e do Castelo Rá-tim-bum (se ainda passar até lá).

Por que eu estou falando isso? Porque a nova série da Tia Meg (e chamá-la desse jeito nunca foi tão apropriado) não fica devendo em nada para os ótimos exemplares destinados ao público infantil, os quais eu lia quando tinha a idade de Allie Finkle, a protagonista da vez.

Allie é uma menina de 9 anos que resolve escrever regras para amizade, a fim de se lembrar como se comportar. No 1º volume, o mote principal fica por conta do anúncio dos pais de que a família vai se mudar em breve.

Com essa sinopse fuleira, nem eu levava fé no livro. Achei que ia ser bobo demais. Mas acabou que lá pra mais da metade do livro, eu já estava tão entretida com a história do gato da vizinha que quase passei da minha estação.

Cabot, que já havia publicado livros tanto para adolescentes quanto para adultos, se aventura pela primeira vez a escrever para crianças e não faz feio. Segundo ela, havia uma certa cobrança das irmãs mais novas das leitoras do Diário da Princesa para que ela fizesse um livro que elas pudessem ler (Não se engane pelo filme. DP é para maiores de 12 anos. Não que tenha alguma coisa censurável como nas novelas, porém não seria interessante entregar a série para uma criancinha). Então, Meg teve a idéia de começar a série da Allie, que tem 9 anos e escreve as regras da amizade, porque, de acordo com Cabot, essa é a idade em que as meninas começam a ficar más.

Uma pequena retrospectiva pela minha infância para checar se o que a escritora disse fazia sentido mesmo e... BANG! Na mosca! 9 anos. Essa foi a época em que as meninas REALMENTE começaram a ficar más. Fiz uma pequena enquete com as minhas amigas e não deu outra. Meg acertou em cheio. A sensibilidade certeira de Tia Meg para perceber e tratar assuntos tão banais e ao mesmo tempo universais ainda me impressiona a cada dia que passa.

Assim como o início do fim da inocência, também estão nos livros outros elementos próprios da infância como a tal da mudança (Você já reparou quantos colegas do jardim/primário saíram da escola porque se mudaram nessa faixa etária? O número é muito maior do que a quantidade de colegas que se desligaram por esse motivo no ginásio, por exemplo. Aliás, EU me mudei aos 6 anos. Só que pra bem perto da minha antiga casa, então não tive que trocar de colégio.) e o desejo de Allie em ter seu próprio bichinho de estimação (Quando eu era pequena, eu cansei de pedir pra minha mãe pra me deixar ter um cachorrinho. Ou uma tartaruga. Ela nunca concordou porque dizia que no fim das contas ela que ia acabar cuidando do bicho, apesar das nossas promessas de limpar todas as sujeiras dele. Hoje eu vejo que não limpar mesmo. Eu sequer arrumo o meu quarto. Que dirá cuidar de um cachorro. Fico feliz pelo bichinho não ter vindo aqui pra casa).

Aliás, acho que de todas as heroínas de Cabot, essa é aquela com a qual eu mais me identifiquei. Não é o meu livro preferido, mas tem a protagonista que mais parecia/parece comigo. E olha que eu já li um monte delas, e essa daí tem só 9 anos. Isso que dá ter mentalidade de criança... hehe!

Mas sabe o que eu mais gostei nesse livro? É que nele as crianças querem ser... CRIANÇAS! Elas não salvam o mundo, nem são metidas adolescentes. Fazem besteiras típicas da idade, ficam de castigo por conta delas e só querem saber é de brincar. E elas de brincam de Barbie, de gritar pelos sistemas de ventilação, de princesas raptadas... E soam absolutamente verdadeiras.

Porque por mais que a mídia queria forçar a barra e dizer que as crianças de hoje são muito mais espertas que as de antigamente por causa do avanço da tecnologia, eu acho que a realidade é que as crianças, no fundo, são as mesmas de sempre. Porque, apesar de tudo, elas sempre vão gostar de correr e desenhar na escola e terão medo de monstro se virem filme de terror.

Isso não quer dizer que elas sejam burras. Elas só têm um jeito próprio de ver a vida. Como toda criança DEVE ter. (Isso é uma regra) E é aí que está o grande trunfo de Cabot (e do Ziraldo, e da Turma da Mônica e do Castelo Rá-tim-bum também). É que eles tratam com simplicidade dos temas da infância, sem a intenção de parecer descolado e ao mesmo tempo, sem subestimar a inteligência de seu público.

Meg já fazia isso quando passou a escrever para adolescentes e agora só estendeu ainda mais o seu público. É claro que há algumas diferenças para com os livros da Tia Meg com que estamos acostumados – não tem romance e deu pra ver que ela se policiou para não soltar algum comentário sobre as últimas das celebridades ou a série do momento. Mas isso tudo isso se justifica, afinal, crianças de 9 anos não namoram (ou não deveriam. Essa é outra regra) nem têm muita noção do que acontece fora do mundo delas - eu, pelo menos, não sabia o nome de ninguém nessa idade. A não ser o nome dos atores de Chiquititas. Ou coisas do gênero.

No mais, é mais um livro com o selo MC de qualidade. Só que dessa vez recomendado para quem tem 9 anos. Ou 19, ou 29, ou 39... Basta você se lembrar o quanto era bom ser criança e se divertir com Allie, a Levada da Breca. E essa daí é mais uma regra.

Obs. A série da Allie vai ter 5 livros. E, sem brincadeira, eu quero mesmo saber o que vai acontecer com ela nos outros volumes.
Obs2. Foi impossível não imaginar o pai da Allie como o pai “mafioso” da Meg. Engraçado que eu isso só aconteceu nesse livro. Nos outros, os pais da minha imaginação não tem aquele bigode horrendo. Ainda bem. Hehe!

4 comentários:

  1. Menina... Eu nunca reparei nesse negócio dos 9 anos.
    E, sim, eu me mudei nessa idade, mas também foi perto e não precisei mudar de escola. A diferença é que eu nunca quis ter bichinho nenhum, rsrsrs.

    Eu não tinha muita vontade de ler essa série, mas acho que vou colocar na lista, quem sabe algum dia, se achar em promoção, né?

    Bjos

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  2. Gostei da iniciativa da série, parece bem legalzinha. O título do livro me chamou a atenção...

    Também gosto das crianças normais, essas que não salvam o mundo (aff) e nem fazem coisas de gente grande.

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  3. Cara, as meninas REALMENTE começam a ficar más aos 9 anos! =O

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