quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Nostalgia Pura 2

Tenho saudade de quando eu ainda tinha tamanho pra entrar nos parquinhos sem as pessoas ficarem me olhando torto. Saudades de deixar as outras pessoas de castigo na gangorra (mas nenhuma saudade de ficar presa lá em cima). Tenho saudades de empurrar as outras crianças bem forte no balanço e de ir bem alto quando os outros empurravam também.

Tenho saudade de pular no pula-pula, me jogar na piscina de bolinhas e de todos aqueles brinquedos infláveis de festa e shopping. Tenho saudade de ir no Buena Park e entrar naquela cadeia de faroeste. E saudades de sentar naquele cadeirão dos restaurantes também.

Tenho saudade de jogar jogo do mico e fazer sombra de bichinho na parede com o retroprojetor (e com a lanterna quando faltava luz em casa também). Saudades de ouvir meu pai contando histórias da Vaca Vitória e repetindo as frases mais escatológicas de outros filmes infantis. Tenho saudades de correr pra abraçá-lo quando voltava do trabalho e brincar de cavalinho e subir pelos vãos das portas como se fosse homem-aranha.

Tenho saudades de fazer golzinho com a bola rosa com um guiso dentro apelidada carinhosamente de Bola de Kimberly (porque ela era a Power Ranger Rosa) tudo isso de cima da cama (por isso que ela quebrou depois). Tenho saudades de quando qualquer par de chinelos era trave e de quando Power Rangers era novidade e daquele bonequinho que girava a cabeça e a alternava entre o Power Ranger e a identidade secreta deles também. Tenho saudades de quando só tinham 100 Pokémons.

Tenho saudades do Passaraio, Passa-anel e do Passa-negão, passa loirinha, quero ver você passar por debaixo da cordinha. Mentira, disso eu não tenho saudade, não. Era o momento mais baixaria de todas as festas infantis.

Tenho saudades sim da Dança da Cadeira, do Morto Vivo, da Corrida do Saco, do Cabo de Guerra, de equilibrar ovo na colher, de encher bola até estourar e de se matar pra conseguir doce embaixo do bolão no final da festa. E tenho saudades de roubar brigadeiro, bomba de chocolate e de enfiar o dedo no bolo antes do final também.

Tenho saudades de brincar de Galinha-choca (galinha-choca, chocou um ovo, saiu minhoca, da perna choca...) e de Meus pintinhos venham cá (tenho medo da raposa...) e de sair correndo quando a raposa perguntava se a gente queria milho. Saudades do Pique-alto, pique-parede, pique-bandeira, pique-cola, pique-cola-americano e dos piques de parabéns porque nessa época pique era sinônimo de brincadeira e não de hora extra e noites sem dormir. Tenho saudades da época em que não tinha ficava a noite em claro por causa da quantidade de preocupações na cabeça também.

Tenho saudade do Nós somos 4, do Coca-cola-Pepsi-Cola-Quantos-anos-Você-tem e do Trem maluco que quando saía de Pernambuco ia fazendo chique-chique até chegar no Ceará. Saudades de quando o Pararará virou febre (Pararará-Parati-Parará...), de brincar de adedonha, adoleta e de quando a combinação baygon, barata e sabão era bom.

Tenho saudades da época em que nossos destinos eram decididos pela quantidade de dedos que saíssem na brincadeira do “Com Quem a Fulaninha vai se Ca-sar?”. Da época em que nossos maridos só podiam ser louros, morenos, carecas, cabeludos, reis, ladrões, “polícias” ou capitães; em que nossos lares seriam tirados igualmente na sorte podendo nos fazer morar em casas, apartamentos, chiqueiros, galinheiros e até mansões! E ainda mais saudade de quando o local do casório tinha que ser decidido entre capela, igreja, galinheiro ou, MURO (acho que era isso).

Tenho saudade de zoar as pessoas que iam casar com um ladrão, no galinheiro e morar no chiqueiro. E de fazer bullying com os carecas e com quem casava no muro (sempre me perguntei como a pessoa ia casa no muro, mas tudo bem) também. Mas, principalmente, tenho saudade da época em que a palavra bullying não existia.

Tenho saudades de tentar derrotar o Robotinic no jogo embutido do MasterSystem, de jogar e zoar as partidas de Tênis da fita que ainda tinha Vôlei e Futebol e de todas as outras fitas do Atari. Saudades de quando o Dynavison era o videogame de prêmio dos programas de TV, do programa do Hugo e de quando UPA era o bebê do Gugu.

Tenho saudades do Zuzubalândia, dos Bananas de Pijamas, de acordar cedo pra assistir ao Daniel Azulay, de entrar no site do Iguinho com Intenet Discada (tá legal, da Internet Discada eu não tenho saudade nenhuma. Talvez só do barulhinho do modem ligando...) e de quando todo mundo da sala tinha uma mochila de carrinho da Turma do Arrepio. 

Saudades de sair às 16h da tarde porque não tinha ficado de recuperação, de comprar Stickers e colar no caderno e de enfeitá-lo com canetas de várias cores (e com vários aromas!) na hora de copiar a matéria. Tenho saudades da época em que eu tinha caderno, aliás. Mas, principalmente, tenho saudades de quando os alunos perguntavam: “Professor, é pra copiar?” e o professor (ou melhor, a tia!) podia ironizar respondendo: “Não, é pra tirar foto!”. (Hoje em dia, os alunos tiram a foto mesmo!).

Saudade da Piada do não nem eu, do Grapete-Repete e do Tem gente no banheiro. De brincar de detetive (aquele do papelzinho com as piscadelas), de tentar pegar (e às vezes jogar também) bala avanço na kombi ou na sala de aula e de quando o melhor relógio era aquele com o compartimento pra guardar chichete também.

Tenho saudade de biscoiteira da Eliana (que transformava biscoito em biscoito), do PenseBem (que a gente tinha que comprar os livros pra conseguir jogar), do meu mini-teclado e de montar a minha casinha da Mônica (e achar que ela era muito grande) ou fazer casinha com os lençóis e edredons da cama mesmo. Tenho saudades do bate-begue e de como todo mundo começou a ficar com os pulsos roxos de tanto bater com aquele negócio super-rápido. Saudades daquele chapéu do Chaves que dava pra beber refrigerante, de quando o MilkBar era Lolla, do pirocóptero e daquele outro pirulito que a gente assoprava e subia uma bolinha.

Tenho saudades de perguntar por presentes toda vez que alguém ia na rua e me levava junto e de perguntar “Quer Bolo?” só pra responder “Vai comprar na Sobel!” depois. Saudades de fazer estoque de picolé (da Sobel) em época de verão, de tomar Cremogema e de pegar mel com o Ursinho Puff no desfile de 7 de Setembro também.

Tenho saudade de fazer “piscina” se jogando no chão quando a gente lavava o quintal e de ficar fazendo nada na piscina 3000 litros no calor. Saudades de jogar PepsiGol e de mergulhar na piscina (de verdade) bradando aquela frase indígena de Free Willy.

Tenho saudade da época em que fazer compras era muito mais divertido. De ficar dentro do carrinho grande e de quando tinha aquele carrinho de criança e eu fazia as minhas próprias compras (só biscoito recheado, obviamente) quando ia no mercado com meu avô também. Mas, principalmente, tenho saudades da ala infantil do Paes Mendonça (Paes Mendonça!!!!) e da minha carteira de sócia do clubinho.

Tenho saudades de andar de velocípede e de poder andar naqueles mini-carrinhos elétricos que sempre tinham nas festas de Dia da Criança da empresa do meu pai. Tenho saudades dessas festas mega-bombantes, aliás. E das menorzinhas da escola em que tinha aquele trenzinho dos lanches também. Tenho saudades das festas de fim de ano em que os meninos do DDD eram atração principal e de quando tinha show da Angélica e eu nem ligava, pois preferia a Eliana.

Tenho saudade de esperar Papai Noel trazer minha bicicleta e me deparar com ela na manhã seguinte no meio da minha sala. E tenho saudades de andar de bicicleta no estacionamento das Sendas  nos domingos e descer aquela rampa à toda velocidade também. Tenho saudade de quando as Sendas não eram Assaí, aliás.

Nossa, eu tenho mais saudades do que eu pensava! Pra terminar, faço a mesma pergunta do ano passado: E você, do que tem saudades?

2 comentários:

  1. Ai. Genial esse post, genial!
    Tenho saudades da minha infância. Não adianta dizer "ai, essas crianças de hoje em dia não têm infância blá blá blá". Têm sim, poxa. Do jeito deles. E também irão sentir saudade, como sentimos da nossa!
    Tenho saudade de ganhar gibis da Mônica sempre, de não conseguir dormir tarde nunca, de tirar só 9 e 10 na escola...
    Tanta coisa!
    Com certeza bateu uma mega nostalgia lendo esse post!

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  2. Nossa, é tanta nostalgia que eu nem sei o que comentar, rs.

    Eu também tinha uma casa da Mônica! E ficava com os pulsos roxos por causa do bat-beg. Brincava de Parará (depois o pereré, piriri, pororó, pururu e uma mistura dos cinco).

    Minha bicicleta foi um acontecimento. Saímos (acho que pra fazer compras no Carrefour) e, quando voltamos, ela estava em cima da cama, com dezenas de bombons pregados com durex, mais três caixas de bombom e uma sandália da Xuxa. As caixas eram, teoricamente, uma pra mim, uma pra minha mãe, e outra pro meu pai, mas eu descobri onde eles escondiam e comi tudo sozinha. Tenho saudades de ter tempo pra andar de bicicleta e ter coragem de descer o morro à toda.

    Saudades de ir no buteco comprar Baré e não ter tamanho pra nenhum safado mexer comigo. E da minha mãe fazendo chup-chup. Tinha uma sorveteria ao lado da nossa casa, mas o sorvete de lá era muito ruim. Aí minha mãe começou a vender chup-chup. Meus favoritos eram os de Quik de Morango e Amendoim.

    Amei o post! E concordo com a Roberta. As crianças de hoje têm a infância delas, que é diferente da nossa, mas elas estão curtindo.

    Bjos

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