sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Babás e babacas


- Fulano, não pega esse telefone. A atendente não vai resolver o seu problema. Ela também não sabe a resposta.
- Não levanta a mão pra pedir a folha do professor! Se ele te der a dele, como é que você acha que ele vai dar aula? As pessoas vão rir de você.
- Mas você vai tomar energético? Você não tem problema de pressão alta? Você quer morrer?
- Você não tinha gastrite? Como é que fica tomando refrigerante, se entupindo de doce, comendo besteira no Mc Donalds?
- Vai tomar café na hora de dormir, depois reclama que fica com insônia!

- Como assim você não tomou o seu remédio? Sério, Fulano, você precisa se cuidar!

Outro dia comentava aqui sobre as vantagens e desvantagens de ser “de maior”. Como em certos momentos sentia como se nada disso tivesse efeito e a independência fosse apenas um falso status conquistado pelo simples fato de o tempo passar. Eu até posso ter minha dose de comportamento infantil (como assistir desenho, adorar os filmes da Disney, cantarolar as músicas no dia-a-dia como se fosse o hit número 1 das rádios), mas acho que já tem um tempinho que não me considero mais criança. Não preciso que segurem mais a minha mão para atravessar a rua e acho que resolvo meus próprios problemas sozinha na medida do possível. Até porque já aprendi que resolver sozinho dá menos trabalho e menos estresse do que envolver outras pessoas.

Mas, de vez em quando, encontro gente mais velha que eu que parece que não amadureceu nada e ainda se comporta como criança. E me obriga a ser chata, ficar bancando a responsável, fazendo papel de babá. Essas pessoas não entendem que elas também já entraram no mundo dos adultos e que ele é cruel, muito cruel. E se você não ficar ligado, o mundo vai te engolir, te bater, te pisotear, te ridicularizar, sem dó nem piedade. Elas não entendem que se elas não cuidarem de si mesmas, ninguém mais vai cuidar! Abusam da boa vontade alheia até se estreparem feio. E por mais que sejam elas que passem vergonha, quem se sente uma babaca sou eu.

Detesto ser a pessoa mais responsável do recinto. E acho que não tenho a menor vocação para ser babá. Principalmente de quem já está bem grandinho pra tomar conta do próprio nariz. Mas também detesto ver pessoas com as quais me importo sofrerem nas mãos do mundo. Aí fico sendo chata por me importar demais. E aí tenho que ouvir aquela mesma resposta de criança mimada: "Você não manda em mim!".

Dá vontade de você mesmo dar uns tabefes e impedir que ela faça besteira. Mas esse é um direito que só é reservado às mães, não às babás. Então só me resta falar. Falar inutilmente, já que a pessoa só aprende a lição da pior forma possível.

E quando isso acontece, tudo o que eu posso dizer é o famoso: “Eu te disse”. A frase é a síntese do orgulho contido por todos os conselhos não escutados. Mas a verdade é que eu preferia não ter de dizer nada disso. Queria pedir demissão desse cargo ingrato e arrumar uma babá pra mim.

3 comentários:

  1. A vida seria mais simples se pudessemos enfiar uma dose de juízo goela a baixo em alguns de nossos amigos.

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  2. Eu não tenho paciência nem pra gente que fica dando palpite demais na minha vida (porque tem gente que, por mais responsável que você seja, faz isso porque gosta de ser intrometida) e menos ainda pra gente que precisa de babá. Sou adepta do "cada um no seu quadrado". Acho que cada um tem direito a cometer os seus próprios erros e levar os seus próprios tapas da vida. É triste ver alguém que a gente gosta sofrendo por conta de uma burrada, mas é exatamente disso que a gente precisa, às vezes.

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  3. É... infelizmente a melhor forma de aprender uma lição é quebrando a cara. Pode vir alguém mais experiente ou mais sensato das conselhos, mas dificilmente as pessoas ouvem. fazer o queê, nÉ/ Acho que dá pra bancar a babá até um cero ponto... depois, paciência. Hora de lavar as mão e deixar a pessoa se virar com as conseuqnecias das suas atitudes. E, se der, estar ali pra ajudar no que for possível - pq ngm gosta de ver alguém querido se dando mal, né?

    Bjs

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