segunda-feira, 5 de agosto de 2019

Aquela dos (quase) 30

Eu sei que você não aguenta mais me ouvir falar de Sandy e Junior. Mas o nome do blog é Inútil Nostalgia, e, ultimamente, graças ao retorno da dupla tenho me sentido com 15 anos de novo, tanto é que tá dando MUITA vontade de escrever. Então, é isso ou nada. Aceitem.

Antes de tudo, uma pequena recapitulação. Sandy e Junior começaram a carreira ainda bem pequenininhos, mas foi na adolescência que os dois realmente estouraram como fenômenos da música pop. Eles estavam em todos os lugares e ocupavam todos os “cargos” de importância deste cenário da época. Gravaram a versão brasileira pra música do Titanic, tinham um seriado na Globo, carreira internacional, 1os artistas brasileiros a lotarem sozinhos o Maracanã.... A lista de conquistas era infinita. E é de se admirar que com tanto sucesso, eles não tenham pirado na batatinha, como tantas estrelas mirins. 

Mas, depois dos 18 anos, Sandy e Junior não queriam mais ser um fenômeno pop. Eles queriam respeito, e sentiam a necessidade de se provar que eram mais do que ídolos adolescentes. Eles queriam ser valorizados como músicos talentosos que são. Daí em Identidade, assinaram a autoria das próprias músicas e tiraram o balé dos shows. No disco seguinte, o mais disruptivo talvez, tentaram se afastar ainda mais da imagem que haviam construído, com um CD sem nome, sem a logo oficial, sem nenhuma fonte que remetesse à dupla. Sandy e Junior pareciam ter vergonha de seu passado. Os fãs sentiram o baque. Acostumados a superproduções e uma campanha sempre milimetricamente calculada, os novos caminhos pareciam sinalizar que eles não eram mais a prioridade. Sandy e Junior tinham seus próprios sonhos. E esses sonhos talvez estivessem em descompasso com os anseios de seu público.

Durante muito tempo foi difícil entender o porquê da separação. Afinal, por que acabar algo tão legal que ainda dava um bom caldo? O fã egoísta não queria que acabasse. Mas a experiência própria me mostrou que ninguém merece ser infeliz, ou viver em função daquilo que os outros esperam de você, e durante uma fase difícil, Super-Herói passou a fazer pra mim todo o sentido que sempre teve pra eles. Eu, que sou pobre, tinha vontade de jogar tudo pro alto, mas aguentei até traçar outro caminho. Eles que são RYCOS não tinham a menor necessidade de aguentar tudo isso. E ninguém aguenta trabalhar naquele ritmo frenético pra sempre. Tinha um planejamento, não só de carreira, ali em 2007, mas de vida também. E, sinceramente, eles têm todo o direito.

E aí é que só 3 décadas nas costas fazem a diferença. É claro que o peso do tempo faz as costas doerem (como bem cantou a própria Sandy), mas também traz uma leveza em relação a muitas coisas que antes eram um problema. É bom rir dos problemas e não ter mais a necessidade de se provar. É bom não sentir mais a necessidade de ser aquilo que você não é.

Outro dia saí com um grupo de novinhos, alguns meio escrotinhos, e pensei: "Como é bom ter quase 30 e poder dizer o que você pensa pra esses pirralhos que se acham". Ao mesmo tempo, em meio a essa comoção adolescente que tomou conta do país, também me peguei pensando: "Como é bom ter quase 30 e dizer sem a menor culpa que você está louca pra ir ao show de Sandy e Junior, né?".

Acho que é essa leveza que o Junior tanto fala. A de não ter vergonha de quem você é. E de rir de si mesmo. E se orgulhar do seu passado sim (a ponto de abraçar a causa e fazer o passinho do Dig Dig Joy na coletiva!). Fico feliz de ver Juninho, que sempre foi noiado com essas coisas, nesse nível de deboísmo.

Especialmente porque essa atitude faz os dois abraçarem a causa, e fazerem um show projetado especialmente para os fãs, com balé, e efeitos, e músicas que todo mundo quer escutar, tal qual os primeiros anos do século XXI.

Que venha a Nossa História!

0 comentários:

Postar um comentário

Não seja covarde e dê a cara a tapa.
Anônimos não são bem-vindos.
O mesmo vale para os spammers malditos. Se você fizer spam nesse blog, eu vou perseguir você e acabar com a sua vida.
Estamos entendidos?