Eu não sou muito chegada a livros de fantasia. Não que haja nada errado com eles. Eu é que não consigo levar o livro até o final. Acho meio maçante aquelas narrativas detalhistas ao extremo e com uma história quase sempre pretensiosa que envolve alguma profecia, aquele papo de “escolhido”, uma grande batalha por trás, etc. Assisto os filmes e quase sempre não gosto. Sei lá, eles parecem sempre ter o objetivo de se tornar o próximo fenômeno literário que vai dominar o mundo...
Harry Potter é a exceção. Gostei desde a primeira vez por causa do Quadribol, principalmente. Na época, me identifiquei à beça com o Harry ser o caçula do time da escola e disputar os campeonatos e tal, porque eu também era uma das mais novas do time de handebol do colégio – só que ao contrário do time do Harry, o nosso era ruim e quase sempre perdia. De goleada ainda por cima. (Haha! Bons tempos!) Chegava até a fazer um pomo de ouro com saco de supermercado e subir em cima de uma vassoura pra imitar a cena do jogo.* (Nossa! Bons tempos mesmo!). Ainda assim, nunca tomei vergonha na cara e li os livros.
* E pra quem não sabe, existe campeonato de quadribol de verdade. Maneiríssimo! O pomo é um cara! Hahahaha! Depois dizem que os universitários do Brasil que não estudam...
Um belo dia (e isso já foi há dois anos), lá estava eu numa feira de livros usados e vi esse Feitiços e Sutiãs. Não sei o que me deu, mas fiquei com vontade de levá-lo pra casa. Geralmente eu pesquiso bastante, leio o primeiro capítulo, vejo umas resenhas pra ver se vale a pena... Mas nesse dia, eu li só a sinopse, que nem falava quase nada, e comprei o livro. Talvez tenha sido a capa, que lembrava um pouco A Feiticeira. Ou talvez tenha sido mágica mesmo, vai saber? Mas acho que o diferencial mesmo foi o preço. SÓ 10 REAIS!!! Por um livro de quase 400 páginas! Eu não resisti. Nem que fosse ruim, eu tinha que levar! Custava só 10 pratas!
E foram alguns dos 10 reais mais bem gastos da minha vida. Entrou fácil pra minha lista dos favoritos. Apesar de o tema principal ser a magia, e eu não curtir muito o assunto, é de um jeito leve, despretensioso e engraçado. Não é uma versão feminina de Potter. Na verdade, está mais para Sabrina, a bruxa adolescente – dos filmes e seriado. A Rachel tem até um gato! (Não que isso faça qualquer diferença, porque o gato aqui é só um felino de estimação mesmo e não fala igual o Salém).
Sinopse só por desencargo de consciência (e essa é das boas, não é aquela miséria da contra-capa do livro, não)
E se todos os seus desejos pudessem se tornar realidade? Pisque os olhos, beba uma poção rosa efervecente, e... puf! A vida é perfeita. É isso o que acontece com Rachel. Só que não é ela que de uma hora para outra tem poderes mágicos. É sua irmã mais nova. E, como Rachel diz, isso é o maior desperdício!
Sim, sim, claro que a paz mundial e a cura para doenças horríveis são importantes. Mas dançar sem parecer que está sendo eletrocutado, reconquistar a sua melhor amiga, parar o casamento de seu pai, e encontrar um par para o baile de primavera também.
Foi bacana encontrar um livro que fugisse daquele padrão “mundo fantástico+ profecia+ grande batalha” que vem vinha dominando as prateleiras nos últimos tempos (agora o romance sobrenatural é que está mandando). A narrativa é ágil, gostosa, os comentários são sem noção demais e as situações ainda mais absurdas de rachar de rir, os personagens fofos que só... Enfim, exatamente a receita de feitiço destinado a me conquistar. E Feitiços e Sutiãs ainda tem o bônus de apresentar uma protagonista normal que é boa em matemática. E isso é raríssimo de acontecer. Que eu me lembre, só a Tina Fey* mesmo pra colocar a Lilo em Meninas Malvadas falando no final que o limite não existe – o que por si só já criou uma certa expectativa para as aulas de cálculo da faculdade. Deu vontade de aprender limite só pra poder dizer: “O limite não existe" também, rs. Mas se você não gosta de matemática, pode ficar tranqüilo, ela não ocupa nenhum lugar de muito destaque na trama.
*Para os desavisados, além de atuar, ela também assina o roteiro do filme, assim como faz em sua série 30 Rock.
Não por acaso, na contra-capa do segundo volume da série, Sapos e Beijos (adquirido em outra feira de livros usados, só que dessa vez pelo dobro do preço do primeiro), há uma citação que diz que, com essa seqüência, Sarah Mlynowski (daqui pra frente vamos chamá-la só de Sarinha. Não que eu seja íntima nem nada, mas é que esse sobrenome é tão difícil de escrever quanto o do Governator da Califórnia) deixa claro que “é uma séria competidora pela coroa de Meg Cabot” (outra ‘comediante’ igual à Tina Fey, só que ruim demais de conta, rs). Eu não costumo concordar com essas comparações, mas essa daí até que faz sentido. Feitiços e Sutiãs realmente me lembrou os irresistíveis romances ‘cabotianos’.
Entretanto, a escrita da Sarinha tem estilo próprio com uma narrativa mais frenética, em tempo real, e se diferenciando da Tia Meg principalmente pelo assunto “família”. Se nos livros de Cabot, a família é quase sempre coadjuvante, aqui ela é protagonista em todos os volumes e rendem as melhores cenas.
A relação da Rachel com a Miri é hilária e se parece muito a que eu tenho com a minha irmã. (Eu falo uma besteira, aí a gente fica horas discutindo porque eu estou errada, e aí acabamos inventando alguma teoria bizarra. Ou então, eu tenho que sair, aí ela fica fazendo drama, dizendo que eu não gosto dela...) Parecia que a autora tinha passado uns dias aqui em casa pra se inspirar. Não duvido nada que ela tenha tido irmã mais nova.
E não só a relação das irmãs é destaque, mas também entre pais, filhos, tios, enteados... Tudo sem muito drama e tratado com a leveza de um girar de varinha. (apesar de que, aqui elas não usam varinhas. A graça fica por conta dos feitiços sempre rimados e da dificuldade em achar os ingredientes corretos para colocar no caldeirão)... Ah, sim, esqueci de falar que os irmãos do Raf, quando se juntam, também roubam a cena. Aquelas brincadeiras típicas de irmãos, sabe? Adoro!
Acho até que o tema principal da série nem é a história com a magia e sim as relações com a família. Dá pra ver que a autora se sente muito à vontade quando trata do assunto. É impossível não se identificar, mesmo que você não tenha irmã mais nova, porque todo mundo tem algum problema familiar mal resolvido. Acho que é por isso que eu gostei tanto da série. Porque a magia é só um pano de fundo para as histórias das pessoas. Não tem grande e novo universo. Só uma família muito unida, e também muito ouriçada, que briga por qualquer razão, mas acaba pedindo perdão...
Feitiços e Sutiãs (#1), apesar do enredo batido, é divertidíssimo e traz aquela lição já clássica de ‘não abandone seus verdadeiros amigos’, além de um gancho já nas últimas linhas para o segundo. Sua continuação, Sapos e Beijos (#2), é o meu preferido: o mais absurdo, com os comentários mais sem noção e com as cenas mais hilárias (eu me acabei de rir com as partes da Noviça Rebelde e da Rachel falando pra ‘seguir aquele táxi’, quando na verdade era um ônibus), muito amarradinho e ainda conta com o fator baile (eu adoro essas histórias de baile, rs). E em Férias e Encantos (#3), que era pra ser o último da série, temos um desenrolar de mais uma trama introduzida no finalzinho do 2º volume e de histórias até então pouco importantes no decorrer da mesma.
A GR lança o 4º ano que vem (esse sim é o último), mas eu estou louca mesmo é por um outro da Sarinha que saiu esses meses lá na terra do tio Sam, Gimme a Call. Já criei a maior expectativa em cima desse desde a primeira vez que vi um comentário sobre o mesmo numa entrevista da autora há muito tempo, porque um livro sobre uma menina que consegue se comunicar com ela mesma alguns anos antes através de um celular promete (tenho uma queda por essas histórias de viagem no tempo, e me identifico muito com esse mote de ‘encontrar com você mesmo’). Conhecendo o estilo da Sarinha, promete mais ainda. Promete tanto que antes mesmo de lançado, o livro já teve seus direitos adquiridos por Hollywood.
Ah se eu pudesse fazer um zapt pra aparecer todos os livros que quero aqui em casa! Não custa nada tentar:
Asa de morcego
Tromba de elefante
Que todos os livros que eu quero
Apareçam na minha estante
Droga, não funcionou! Vou ter que esperar mesmo... ¬¬
Obs. Pra não perder o hábito, um comentário sobre a tradução: como sempre, as traduções do Alves Calado são muito bem feitas. Nem parecem traduções, na verdade. Ele adapta aquilo que tem que adaptar (como os poeminhas) e não inventa onde não tem o que inventar. Pode ler sem medo ;)
Histórias de fantasia são as minhas preferidas! Nunca tinha dado moral pra essa série, agora eu PRECISO ler! :D
ResponderExcluir:*
Eu já tinha ouvido falar bem desse livro, e agora, depois do seu texto, acho que deve ser mesmo interessante, tanto o primeiro como suas continuações! ;)
ResponderExcluirBjoos!
Oi, Lisa!
ResponderExcluirEstou te devendo uma visita há dias, mas corri demais nas últimas semanas.
Também não gosto de livros de fantasia. Não li a maioria dessas que fazem sucesso por aí. A única que eu gosto mesmo é As Crônicas de Nárnia. Nunca tinha ouvido falar nessa série, mas se topar com um desses livros por aí, vou me lembrar da sua resenha ;) Eu tenho duas irmãs mais novas, com certeza vou me identificar muito, rsrs.
Beijos
Terminei Férias & Encantos ontem.
ResponderExcluirSPOILER
Acredita que eu fiquei tensa, com medo de dar tudo errado, e a história terminar com ela indo pro internato? Quando a
Rachel se pergunta se as habilidades de bruxa da Liana passaram pra ela e descobre que não, eu nem me toquei que as
habilidades matemáticas dela também não passariam e que isso, mais cedo ou mais tarde, traria à tona a verdade. E que
ódio que eu fiquei daquela menina!!! Pensa, o primeiro beijo da Rachel no Raf não foi a Rachel quem deu! Muita raiva mesmo, haha. Pelo menos agora vamos ver se a Rachel deixa de ser tão reclamona, né?
Será que lançam o último este ano mesmo?
Bjos
^ Nem me liguei com a matemática tb. Fui surpreendida no final. Mas tô achando que não sai esse ano o livro, não. Record fica lançando esses livros de vampiro e esqueceu da bruxinha :( Mas tb nem tô esperando, sabe? Esse 4º foi escrito mais pq a editora pediu, não faz muita falta. O final do 3 pra mim é suficiente. Mas preferia o 4º Mágica em Manhattan do q esses lançamentos safados que estão por aí.
ResponderExcluirAh, com certeza, eu também prefiro a bruxinha aos vampiros/anjos/etc. Fazer o que, né? Eu gostei do final, mas acho que essa história ainda poderia render um pouco.
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