domingo, 11 de julho de 2010

Restartando o colorido

O seu namorado termina com você. Você se debulha em lágrimas. E como não vê mais sentido em viver sem ele, pensa em se matar. Mas muda de idéia quando ouve aquela banda falar dos sentimentos que estão machucando o seu sensível coração partido. Só que depois de chorar, entrar em depressão, ameaçar cortar os pulsos e pintar o olho e o cabelo de preto, você enfim supera a separação e segue em frente. O mundo não está mais em xadrez preto e branco. É hora de recomeçar, de curtir e colocar cor na sua vida!

É mais ou menos isso o que aconteceu com os emos. Eles cansaram de serem tristes. Cansaram de fazer chapinha na franja e daquele guarda-roupa depressivo. Agora eles são felizes e só querem saber de curtição. Uhuuulll! Tal qual Mario Bros, os emos passaram de fase. E assim como o Pikachu evoluía para o Raichu, os emos também evoluíram para o tal do Happy Rock.

 O pior que é que os caras tem até nome relacionado a videogame

Mas engana-se quem pensa que todo esse pessoal apresenta alguma novidade estilística. Se os emos foram buscar inspiração no estilo sertanejo para compor e se vestir, os coloridos foram ainda mais longe. Abriram o baú dos pais, cataram as roupas que eles usavam quando foram ao primeiro Rock In Rio (naquela época ainda no Rio) e resolveram avacalhar logo de uma vez com os cabelos. Se o Fresno pode usar as calças do Zezé, eles também podem usar o corte do Chitãozinho!

Ó o cabelo como é igualzinho!

A grande ironia da coisa é que ano passado, eu fiz um post que falava pro Junior, que na época passava por uma fase de rebeldia tardia, apostar num estilo que tivesse mais a ver com o passado dele, e então ele não precisaria ter mais vergonha do seu passado e, principalmente, do cabelo que ele usava. Agora aparecem esses trastes com uns cortes obviamente inspirados no visual dos pais do Ju (sim, porque todo mundo sabe que Chitãozinho e Xororó são os pais de SandyJunior, que aliás é uma pessoa só, rs).

De certa forma, os coloridos são até um certo alívio para tanta chorumela dos emos. Pelo menos, eles são felizes, né! Não que eu goste deles nem nada, mas os caras que usam aquelas roupas em pleno 2010 não fazem a menor questão de serem levados a sério. E se um dia você se encontrar com uma dessas criaturas e mandar um “Você é ridículo!”, está arriscado a escutar um “Helloooo, disso eu sei, agora conta uma novidade, vai!”.

Tô nem aí, tô nem aí...

E a bizarrice dessas coisas dá até vontade de rir, embora letras, de tão sofríveis, façam chorar. É ainda mais engraçado ver que os adolescentes em pelo 2010 agora saem pela rua amarradões com aquele vestuário que só seria adequado numa festa brega, quando até alguns dias atrás eles mesmos tiravam o maior sarro das roupas chamativas dos anos 80. Fora a cegueira das meninas, que parecem ter algum problemas nos óculos da moda para acharem esses doidos com cabelo do Chitão bonitos.

Ah, sim! Quase esqueci dos nomes! Toda dupla sertaneja que se preze tem que ter nome artístico e os nomes dos garotos coloridos são muito bons! Fiuk, Pe Lanza, Pe Lu... Não parecem saídos de um gibi da Mônica? Eu super ia comprar um gibi que tivesse o título de “As aventuras de Pe Lu e Pe Lanza” ou “Turma do Fiuk”, de verdade. Parece ser uma revistinha legal!

Não vou chorar, nem vou me arrepender...

O que não é o poder da indústria da moda, né? Aqui em casa a gente tem uns óculos desses coloridos que os meninos do Restart usam (originalmente das antigas, claro) e só o colocávamos em alguma peça da escola, ou para tirar uma foto engraçada. Agora você anda na rua e vê todo mundo com um desses na cara. E apesar disso, eu não tenho essa coragem de sair com isso em público, mas sabe que eu acho os óclinhos até simpáticos?

A única coisa que entristece mesmo é que o Restart dos anos 80 proposto pelos coloridos fica só no visual. A descontração, a alegria e o senso de humor resgatados da década mais sem noção da cultura pop (e por isso mesmo, tão inspiradora) infelizmente ficam devendo quando você vai olhar as letras, que de tão pobres parecem pedir uma esmola de rimas diferentes dos sufixos do infinitivo. Isso quando tem alguma rima. Tristemente, eles são só a geração do miguxês com um guarda-roupa novo velho. 

Pô, até o nome da revistinha ia ser igual!
Mentira, ia ser nada. 
A nova versão ia vir com tudo ixcrito axim...

Como disse também em outro post do ano passado, o pop do Brasil anda numa decadência só. Tá difícil de aparecer alguma coisa original que se sustente pelos méritos da música e para tocar em português (ou algo parecido com a língua materna) nas nossas próprias bandas, só apelando para a avacalhação. Ao que tudo indica, parece que tomamos um Game Over no Jogo do Conteúdo e agora temos que conviver com um restart piorado daquilo que um dia foi símbolo de “nova onda”.

 De caretas os caras são bons, agora de música mesmo...

3 comentários:

  1. Minha irmã e minha prima quase choraram de emoção quando esses carinhas da Restart apareceram na TV ontem. O pior: meu pai teve a capacidade de dizer que a música era até legal. Eu nunca esperaria isso de alguém que viveu o melhor da música nacional, sério.
    Juro que eu me perguntei se eu devia viver nesse planeta mesmo. Não sei onde o mundo vai parar. oO'

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  2. Pra ser sincera, quando começaram a falar dessa banda no Twitter eu tive que perguntar pra minha irmã o que era, porque nunca tinha visto ou ouvido nada deles. Ela disse que eu não precisava conhecer e eu acreditei. Ando bem alheia às músicas atuais, prefiro não ouvir do que ficar irritada depois com tanta falta de criatividade.

    Beijos

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  3. O pior é que eu tb não ouço, prefiro ficar alheia aos sucessos das rádios tb. Mas é que tem coisas que, por mais que a gente tente, são tão extravagantemente bizarras que não dá pra ignorar.

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