quinta-feira, 19 de agosto de 2010

CEO #03: Faixas etárias

Depois de tanto tempo(...), olha eu aqui de novo!

Não! De forma alguma pense que por esse título eu sou contra qualquer barreira etária de público/consumidor; bebidas alcoólicas e certos filmes do Almodóvar, por exemplo, devem definitivamente passar longe dos olhos e gargantas de crianças. Aliás, essa definição “criança” parece de fato bastante subjetiva, mas, por enquanto, quando o digo, refiro-me a pessoas menores de dezoito anos.

Esse “por enquanto”, na verdade, acaba durando pouquíssimo nesse texto, pois ele discute quase que exatamente sobre a complexidade que é definir crianças, adultos, adolescentes e os infelizes pré-adolescentes (termo tal que soa, ao menos um pouco, pretensioso e apressado).

A parte científica sobre o desenvolvimento cerebral e comportamental dos seres humanos não é minha especialidade, então, o que será odiado, como já seria esperado, são as conseqüências que envolvem esse processo bastante chato chamado, por mais triste que o seja, envelhecer.

“Crescer” talvez fosse mais eufêmico, entretanto falamos não de etapas prazerosas (ao menos de início. Depois tudo vai melhorando), mas de cansaço, raiva e arbitrariedades.
Existe um padrão estabelecido tão fortemente sobre etapas demarcadas que devem ser inquestionavelmente seguidas ao longo da vida, entre elas, ser um adolescente que assiste, lê e ouve o que um adolescente deve assistir, ler e ouvir. O mesmo esquema persiste para jovens e adultos.

Padrão esse que é maravilhoso para representantes comerciais que pretendem atingir públicos específicos e ganhar dinheiro a partir disso enquanto que absurdo para aqueles que fogem ao dito público específico. Estes então são vítimas de uma regra sem motivos a qual força a qualquer pessoa acima ou abaixo de uma faixa etária invisível de agir da forma que lhe convém. E assim impedindo um adulto ou um adolescente de assistir a desenhos animados da Hannah-Barbera porque são considerados velhos demais.

Todavia, é importante que eu esclareça que qualquer comportamento doentio no qual se escapa não de padrões, mas de suas respectivas responsabilidades, é errado; o mesmo vale para posturas que beiram a insanidade ao vestir-se e agir como se fosse mais jovem ou mais velho para pura e simplesmente ser notado. Se existe algo que eu detesto tanto quanto as faixas etárias é o ridículo do exagero. Essa vontade tão forte de ser notado, de ser diferente, que denigre o que se é sem esforço.

Seguir através do tempo sempre dinâmico é no fundo mais importante do que se preocupar em definir-se e aprisionar-se dentro de uma faixa etária. Pois o que figura como imaturidade ou velhice, às vezes tida como pretensão, é relativo demais e incerto, já que gritar que se é adulto ou criança não faz de ninguém mais frívolo ou ponderado.

Existir. Assim, bem simples. De forma bastante natural e imperceptível aos olhos, ressalta características muito maiores quando comparadas a obedecer-se ou não aos rótulos etários e otários que tanto detesto.

O que quero dizer é: odeio essa linha reta e segmentada que divide a vida em partes separadas, isoladas umas das outras, pois, na verdade, essa linha é mais como uma elipse, como um símbolo do infinito (aquele 8 deitado) no qual cada pedacinho mínimo, seja ele gritar histérica e descontroladamente por um irmão Jonas ou por descobrir que em cada aniversário você vai sim ficando mais velho e em parte empoeirado junto com tudo o que você já disse e foi, vai formando uma parte importante de um disco rígido que se deteriora mas pode ser acessado a qualquer instante.

No fundo, não somos adultos que foram adolescentes, os quais foram crianças, e sim adultos por definição, por convenção, pois nunca deixamos de ser crianças ou adolescentes. Eles são o que somos e seremos. Eis a explicação do porquê de um pré-adolescente ser assim tão bobo: em uma linha etária que acaba por segregar, qualquer desejo para alcançar esse título frágil e infundado de adolescente não é por mim respeitado. Pois esse ideal de partes não existe, o todo de fato é mais coerente e mais bonito; ele não perde, ele apenas guarda infinitamente, como aquele 8 deitado.

3 comentários:

  1. Belo texto té.
    Estava falando disso agora com a li. Na verdade eu falava e não sabia se ela entendia o que eu queria dizer. Tenho mais de 18, teoricamente já alcançei a maioridade e sou adulta, mas não me sinto como adulta. Ainda sou sonhadora e boba (e desajeitada) como sempre fui.
    Bjs

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  2. Pois é... Quem foi que definiu que a infância vai até os 12, adolescência até os 18 e etc? Cada um tem seu ritmo, né?

    Bjs

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  3. Olá!
    Estou passando pra retribuir a visita lá no meu e pra agradecer pelo comentário!
    Adorei ver que você também é super fã da Meg, e morri de rir com o gatinho que você adotou, "slimlouie". Brilhante!
    Também amei o layout, super simples e elegante. Está de parabéns!
    Beijinhos, flor.

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