sábado, 23 de outubro de 2010

Infância Imprópria

Ok, Dia das Crianças já passou, todo mundo já ficou com saudade desse tempo bom e aproveitou pra cantar aquelas músicas que adorava quando era pequerrucho, mas morre de vergonha agora que está crescido. Aí nessa hora, com certeza, você ficou nostálgico pra caramba, soltou um suspiro e falou: “Ai, no meu tempo é que era bom! As crianças de hoje não tem mais músicas assim, apropriadas para sua idade...”, não foi?

O que você não lembrou foi das músicas totalmente impróprias que a gente cantava e ainda diziam que era de criança. A começar por, obviamente....

Atirei o pau no gato

Atirei o páu no gato tô tô
Mas o gato tô tô
Não morreu reu reu
Dona Chica cá
Admirou-se se
Do berro, do berro que o gato deu
Miau !!!!!!


Um claro caso de violência contra os animais. Perceba que a intenção ao atirar o pau no gato era MATAR o bichano e o espanto de Dona Chica (provavelmente a mandante do crime) quando o gato dá um berro de dor e não morre.

Samba Lelê
Samba Lelê está doente
Está com a cabeça quebrada
Samba Lelê precisava
É de umas boas palmadas


Mas coitada da Samba Lelê! A criança DOENTE, com a cabeça QUEBRADA e o que fazem com ela? Dão amor, carinho e canja de galinha? Não! Descem o sarrafo na bichinha. Cadê o Estatuto da Criança e do Adolescente e o Juizado de Menores que não vêem isso?

Nana neném
Nana neném
que a Cuca vem pegar
Papai foi pra roça
Mamãe foi trabalhar

Desce gatinho
De cima do telhado
Pra ver se a criança
Dorme um sono sossegado


Ih, criança, se ferrou! Papai foi pra roça, a mãe foi trabalhar... Ninguém vai te salvar da Cuca. Confesso que não conhecia a segunda parte da música, mas vale a pena salientar também como a música retrata com exatidão o problema dos pais que trabalham demais e não têm tempo para ficar com os filhos, tendo de pedir ajuda ao gato para que tome conta da criança, uma vez que é difícil achar uma babá de confiança. A única coisa que eu não entendo é como esse povo vai pedir ajuda logo ao gato, que tanto tentaram assassinar lá na primeira música... Se eu fosse esse gato, eu ia querer me vingar...

Mini-saia
(Dane-se a reforma ortográfica!)
Mini, mini, mini, tô de mini-saia
Mini, mini, mini, e de chapéu de praia
Mini, mini, mini, encontrei um garoto
Mini, mini, mini, ele nem me olhou
Mini, mini, mini, eu tirei o maiô :-O
Mini, mini, mini, ele desmaiou


Sério, sempre achei essa um absurdo. Tenho pra mim que essa é a música que a Copélia mais gostava quando pequena. Prefiro nem comentar.

Das adoletas da vida 

Cento e cinquenta
Com muito carinho
Vai ter que me dar
Um pedacinho
De Baygon, Baygon
Barata com sabão
É bom!
1,2,3,4,5,6,7,8,9,10
Puxa o rabo do tatu
Quem saiu foi tu!
Puxa o rabo da cadela
Quem saiu foi ela!
A, E, I, O, U!
A baleia do Sul!


Tirando o fato de ser completamente sem nexo, onde já se viu Baygon, Barata e Sabão ser bom? E mais uma vez a violência contra os animais se manifesta. Depois de atirar o pau no gato, dá-lhe puxar o rabo do tatu, da cadela...

Mamãe na cozinha
Papai no corredor
Vovô de cueca
Dançando Rock’n’roll


Uma família visivelmente desestruturada. A mãe num cômodo, o pai no outro, e o ancião da casa dançando seminu numa clara demonstração de que não está mais em pleno domínio das suas faculdades mentais.

Lá em cima do piano
Tem um copo de veneno
Quem bebeu, morreu
O azar foi seu


Olha isso! VENENO! Ao alcance de qualquer um! E a falta de solidariedade com quem toma o negócio é que é a pior parte.

Professora muito burra
Me ensinou a namorar
Namorei um garotinho
Da Escola Militar
O safado do garoto
Só queria me beijar
Na bo-ca!


Eu não sei nem o que é pior. A falta de respeito com a professora, a atitude da mulher em ensinar uma coisa dessas ou o assédio do menino.

A resposta da Mariquinha 
Abre a porta Mariquinha
Eu não abro não
Você vem da pagodeira
Vai curar sua canseira
Bem longe do meu colchão
(...)

Outra família desestruturada. O marido saiu de casa pro forró SEM a mulher (safado!) e ainda se acha no direito de entrar em casa a hora que quer (machista!). E aí a esposa também se vinga e ameaça agredir o homem com pau-de-macarrão. Alguém duvida de que esse casamento não vai durar?

E pra fechar:

Maria Chiquinha
Que cocê foi fazer no mato, Maria Chiquinha?
Que cocê foi fazer no mato?

Eu precisava cortar lenha, Genaro, meu bem
Eu precisava cortar lenha
(...)


O que é que a Maria Chiquinha realmente foi fazer no mato? E o que o Genaro ia fazer com o resto depois que CORTASSE A CABEÇA da esposa? Alguém chama a polícia, por favor! Tem um assassinato acontecendo! Sério, é bonitinha, mas essa música é muito imprópria!

Alguém me fala como é que nossos pais deixavam a gente cantar isso? É só mau exemplo! Vai ver é por isso que desistiram de fazer música pra criança, porque pra fazer assim, melhor não fazer!*

Obs. É tudo brincadeira, viu! Ninguém vira assassino de gatos ou de mulheres por causa disso. E tinha muita música legal (e apropriada) também. Acho um absurdo não ter mais música direcionada ao público infantil.

6 comentários:

  1. Infância totalmente imprópria!
    Nunca fui com a cara dessa "Atirei o pau no gato", totalmente violenta... ainda bem que depois inventaram aquela nova versão amiga dos animais e cristã "O bichinho-ho é nosso amigo-go, não devemos maltratar os animais"

    Morri de rir com sua análise de "Mamãe na cozinha, Papai no corredor"! Hahahah
    O vovô realmente era muito sem noção

    Aquela musiquinha do "Fui no cemitério-tério-tério-tério, era meia noite, noite-noite-noite" também fez parte da nossa infância? Essa é totalmente IMPRÓPRIA!

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  2. Adorei! kkkk Exatamente é cada música... eu também sempre pensei "coitado do gato" quando ouvia a musiquinha... Aliás por que que a Dona Chica queria acabar com ele? kkk

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  3. Hahaha, tem razão. Algumas dessas eu nem conhecia, o que é isso de tirar o maiô????

    Confesso que a do gato eu gostava! Porque nunca gostei de bichos e sou muuuuito alérgica a pêlo. É tipo: ou ele ou eu, rsrs.

    Bjos

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  4. Concordo totalmente, antes msm de ler esse post, eu tava um dia pensando nas musiquinhas que a gente cantava quando criança. Aí lembrei do gato e da samba lelê. É triste né, prefiro a reforma da musica do gato:

    Não atire o pau no gatototo
    Pq issososos não se faz faz faz
    o gatinhonho é nosso amigogogo
    Não podemos maltratar os animais!


    Essa é mais bonitinha ^^

    Mais tenso do que criança cantando musiquinha infantis impróprias são as crianças de hj em dia cantando e dançando funk -.-'

    PS: Quando eu era criança eu cantava mamonas assassinas. Não sabia direito o significado das musicas mas cantava. Hoje em dia eu penso: COMO É QUE EU CANTAVA AQUILO!!!!
    Ai ai
    >.<

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  5. /rilitros shaushaushaushua
    cara, essa da mini-saia eu nunca tinha ouvido =O que coisa absurda

    PS: Fer, eu penso a mesma coisa quando eu lembro q já tive 2 CDs do É o tchan D=

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  6. Oiê!

    Mega atrasada pra responder aos comentários. Como não tenho seu e-mail, vai ser por aqui mesmo.

    Sobre Gilmore Girls:

    * O Kirk é chato, tô na metade da segunda temporada e ainda não melhorou não, hahaha.
    * Quanto ao Max, o problema não é com ele, é comigo. Não consigo gostar de um cara certinho quando tem o durão do Luke e o irresponsável do Christopher por perto, kkk.
    * Eu tb me lembrei da Mia com o negócio da mãe namorando o professor.
    * O show é na primeira temporada mesmo. Nem comento sobre os gatos da série, hehe.

    Sobre o CD da Sandy: Concordo com tudo que você disse. Também não gosto de Duras Pedras, me vem à cabeça a imagem de alguém que quer acabar com a própria vida, melancólica DEMAIS pro meu gosto. Ele/Ela é fofa. E sobre os meus conflitos, em breve eles vão ser resolvidos e eu conto tudo no blog =)

    Acho que tem mais comentário seu pra responder, depois eu volto.

    Bjo

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