Na semana passada, uns dias antes da Cidade do Samba pegar fogo, a Blogosfera Literária entrou em polvorosa quando um de seus integrantes postou um protesto bombástico de que uma editora havia enviado um email intimando que ele tirasse do ar uma resenha negativa de um de seus livros.
Não sei direito o que aconteceu, porque quando vi o tal blog já tinha até sido deletado. Mas sendo verdade ou não (acho até que desmentiram a tal história – seria o tal blogueiro um troll?), a polêmica em torno dos blogs literários e as parcerias com as editoras já estava causada.
Para você que está totalmente por fora do esquema, o que acontece é o seguinte: as editoras dão livros de graça para os tais blogs, e estes se comprometem em resenhá-los, como forma de divulgação. Isso fora os exemplares extras para os malditos sorteios.
Se a editora realmente faz questão de só falem bem do livro, eu não sei, porque nunca fui contatada e nem vou contatar nenhuma delas para qualquer tipo de parceria. Porque assim como os sorteios, eu também acho que essas parcerias não são de Deus.
Não sei direito o que aconteceu, porque quando vi o tal blog já tinha até sido deletado. Mas sendo verdade ou não (acho até que desmentiram a tal história – seria o tal blogueiro um troll?), a polêmica em torno dos blogs literários e as parcerias com as editoras já estava causada.
Para você que está totalmente por fora do esquema, o que acontece é o seguinte: as editoras dão livros de graça para os tais blogs, e estes se comprometem em resenhá-los, como forma de divulgação. Isso fora os exemplares extras para os malditos sorteios.
Se a editora realmente faz questão de só falem bem do livro, eu não sei, porque nunca fui contatada e nem vou contatar nenhuma delas para qualquer tipo de parceria. Porque assim como os sorteios, eu também acho que essas parcerias não são de Deus.
A blogosfera amanheceu pegando fogo, fogo, fogo!
O início
Há alguns anos, algumas pessoas que gostavam de ler começaram a criar blogs para fazer amizades com aqueles que também tinham a leitura como prazer em suas vidas. Era basicamente um grande Clube do Livro On Line em que se trocavam ideias, expressavam-se opiniões e tinham os livros como tema das discussões.
Não me recordo/Não sei se as tais parcerias começaram por iniciativa dos blogueiros, ou das editoras. Mas com elas o que se viu foi uma explosão de blogs criados da noite para o dia, com os objetivos únicos de ganhar livros de graça e angariar seguidores que vendem a alma nos sorteios.
Os jornalistas
Não sei se você sabe, mas é prática comum distribuir livros e CDs para que críticos renomados de jornais de grande circulação façam sua análise da obra. Antes de um filme entrar em cartaz, as distribuidoras fazem sessões destinadas à imprensa para que os jornalistas escrevam sua crítica e coloquem-na no jornal. E também por isso, muita gente da imprensa entra de graça em show.
O crítico ou jornalista sério o faz com a maior naturalidade, mas deixa claro que não pode haver nenhum tipo de censura. Porque aquilo ali é o TRABALHO dele. Seu compromisso maior é fornecer uma opinião isenta sobre a obra para o leitor. E assim como ele vai ver muita coisa legal, também vai ser obrigado a avaliar muita porcaria. E se não derem o negócio de graça pra ele, a empresa vai pagar, então, ele ganhar um ingresso de cinema é algo meio tanto faz.
Também não é nada incomum que os departamentos de marketing enviem brindes para tais veículos realizarem promoções com o intuito de divulgar o filme. No Omelete, por exemplo, os estúdios até convidam seus autores para visitarem os sets de filmagem antes do lançamento. Entretanto, quando isto é feito, o jornalista não pode (ou pelo menos não poderia) aceitar o convite, se o acordo exigir uma crítica positiva, ou mais leve do tal filme mais tarde. (O pessoal do Omelete mesmo diz que não aceita nessas condições). Porque, repito, esse é o seu TRABALHO, e reza a ética que o jornalista deve ter compromisso com a verdade, com a comunidade, etc.
E digo mais: qualquer caso de SUSPEITA de compra de opinião, num ambiente sério, é absolutamente abominado por seus colegas de classe. Vou contar outra história para você:
Uma vez, ao invés da gravadora enviar CDs da Maria Rita para os críticos, decidiram mandar as músicas num iPod. A comunidade ficou estarrecida, achou que a gravadora estava querendo comprar críticas positivas e jogou no ventilador. O caso ficou conhecido como O mensalinho da Maria Rita. Ficou feio para a gravadora que mandou os iPods, e ficou feio para os jornalistas que avaliaram o álbum de forma positiva e não devolveram o negócio.
Resumo da história:
Quando o jornalista recebe qualquer agrado, deve deixar claro que continuará imparcial. Ou simplesmente não aceitar. É o que manda a ética. Seu trabalho é avaliar a obra. A divulgação acontece por tabela.
Jabá em troca de crítica positiva? i-Não-Pod!
Os pseudojornalistas
O trabalho do blogueiro literário é muito simples. Ele lê o livro e diz o que pensa sem se preocupar muito com o que vão pensar. É bem semelhante ao de um jornalista ou crítico literário, mas sem o peso na consciência de ter de seguir um grande padrão ou atender às necessidades do veículo de comunicação ao qual está atrelado, uma vez que o blogueiro é o próprio dono do tal veículo (o blog). Seu compromisso é somente partilhar suas sinceras opiniões com a comunidade cibernética.
Só que a partir do momento que a editora entra na jogada, o blogueiro é elevado ao STATUS (palavrinha importante essa, que também explica a sede por parcerias) de jornalista. É como se a parceria fosse uma espécie de selo que “profissionaliza” o blog e diz para o leitor que aquele espaço é mantido com seriedade. Sendo assim, os endereços virtuais sem a certificação das editoras são considerados “amadores”.
Entretanto, apesar de firmada a parceria que deu status de profissional da crítica especializada (afinal, o que a editora fez foi simplesmente enviar o livro para ele, como faria com qualquer outro crítico de renome), o blogueiro comporta-se (por razões pré-definidas ou simplesmente indefinidas) apenas como um simples blogueiro ou ainda pior, como um divulgador. Eu explico:
Eu, como leitora, gosto de ler uma crítica de qualidade. (E isso não significa “opiniões semelhantes às minhas”. Posso muito bem adorar a crítica e discordar de tudo o que o autor falou.) Gosto de resenhas diferentes, bem escritas, estruturadas, com análises mais aprofundadas, com curiosidades e, se possível, divertidas. Mas na falta de todos esses adjetivos, me contento em ler uma com uma opinião sincera.
E, me desculpe você que tem um blog literário com ou sem parceria, as resenhas que eu encontro por aí estão bem longe do que eu considero uma boa crítica. Tem gente aí que não se preocupa nem com a simples ortografia! E tudo bem, de vez em quando eu também escrevo sobre livros por aqui, e apesar de me esforçar para fazê-las ficarem parecidas com as que eu gosto de ler, não acho que sejam profissionais também. Tenho plena consciência de que não sou crítica de nada. Apenas tenho acesso a Internet.
E tudo bem que você também não se ache nada disso, e nem tenha a pretensão de fazer nada muito elaborado. Você é blogueiro, não tem a obrigação de ser profundo, nem nada. Agora, mesmo sendo blogueiro, você tem de ter compromisso de emitir sua opinião sincera sobre a obra como um jornalista. Aliás, deveria emitir com ainda mais sinceridade que o jornalista, já que você só o faz porque gosta.
Só que, mesmo alçado ao status de jornalista, você ainda é blogueiro, e ao realizar uma parceria dessas, sua opinião deixa de ser imparcial.
As parcerias
Porque, querendo ou não, a parceria tira a espontaneidade do blogueiro. A questão é que ele não recebe um salário como jornalista e, ALÉM DISSO, o livro para resenhar (E nesse caso o jornalista tem que prestar contas principalmente àquele que paga o seu salário todo mês – o que infelizmente tira também a imparcialidade do seu trabalho).
Mas o blogueiro não tem ninguém depositando nada na sua conta. Ele recebe só o livro e, de um certo ângulo, a editora ganha ares de patrão. O blogueiro agora não posta mais pelo simples prazer, mas porque tem de cumprir um acordo com outra parte interessada que não seus leitores. Sua opinião, por mais que não sofra intervenção, já não está mais tão isenta quanto antes.
Por isso não faço parcerias. Quero postar só QUANDO eu quiser, SE eu quiser, e COMO eu quiser. Gosto dessa liberdade proporcionada pelo blog, que muito escritor profissional não tem.
Se eu tivesse lido Crepúsculo através de uma parceria, a resenha não poderia ter ficado do jeito que ficou. Eu mesma não ia querer fazer desse jeito. Entretanto, não foi assim e eu a fiz. Acho até que peguei pesado em alguns pontos sim, e tenho medo das crepusculetes por causa disso também. Mas aquela lá é a minha opinião. E muita gente gostou e concordou com ela. Acho que em nenhum momento denegri a autora e a obra. Pelo menos, não gratuitamente e sem argumentos.
Não sei como é o tratamento que as editoras dão aos blogueiros, mas digamos que elas os tratem muito bem, sempre com muito carinho e atenção e estes não recebam nenhum tipo de “comando de cima” na hora de escrever. Quer dizer, a relação dos dois não é nem de patrão-empregado. É de amizade mesmo.
Pois bem, quando o blogueiro recebe o livro, por mais que ele tenha achado o livro MUITO ruim, vai aliviar na resenha, porque, afinal de contas, o pessoal da editora é muito gente boa. Quer dizer, ninguém está agindo de má fé. Só que há um constrangimento por parte do blogueiro, por causa dessa amizade. Espinafrar o livro, de um certo modo, é criticar o trabalho de uma pessoa que você gosta muito. E isso é absolutamente natural.
Digamos que você tenha uma avozinha muito querida e que no Natal ela te dê um suéter feio de dar dó que ela mesma tricotou. Ela pergunta se você gostou. Você não vai dizer na cara dela que aquilo ali não serve nem pra pano de chão. No máximo, vai dizer que a estampa não é bem do seu gosto.
E a gente faz isso inconscientemente o tempo todo. Outro exemplo: o seu artista favorito faz um show na sua cidade. O cara está rouco e canta só metade das músicas do show. Como você gosta muito do cara, não vai nem ligar pra isso. Vai até achar que foi um dos melhores shows da sua vida!
Agora, partamos para outra situação em que a editora talvez queira meter o bedelho e exija resenhas “imparciais”, como eu já vi uma falando abertamente aí (essa daí eu vi mesmo).
Para começar, uma resenha imparcial é absolutamente sem sentido. Se ela quer que você escreva uma resenha, deveria estar interessada na SUA opinião. Se a editora quer imparcialidade, é mais fácil pedir que saiam por aí reproduzindo sinopses. (Mas acho que nesse caso, ela só se expressou mal e quis dizer apenas que era para não falar mal dos livros, ou pegarem leve nas críticas).
Em segundo lugar, não existe texto imparcial. Até as notícias que a gente vê no jornal deixam escapar a opinião do jornalista (e da empresa onde ele trabalha às vezes também). Não tem jeito. Somos escravos de nossas opiniões. Vide o caso do artista que só cantou metade do show. Acontece que o blogueiro, livre como ele é, deveria ser escravo apenas das suas próprias opiniões e não de algum outro acordo comercial envolvido.
E por último, esse tipo de intromissão é CENSURA!
Concordo quando você diz que a editora não pode deixar o blogueiro usar palavras de baixo calão, nem ofender ninguém, até porque ela não está lidando com profissionais e não pode “dar mole” pra os trolls da vida, que só sabem falar mal de tudo e do jeito mais idiota possível.
Mas se todo crítico tivesse que “pegar leve” com as obras que avalia, estaria sem emprego. Aliás, essa é a manha do crítico. Escrever resenhas extremamente negativas, de um jeito interessante e sem apelar para a baixaria (xingar por xingar é coisa de adolescente revoltado, vamos combinar). Ele sabe que, se passar do limite, vai levar um processo nas costas.
E aí, acaba que esse tipo de “cláusula” no contrato da parceria – “proibido resenhas negativas” ou “se não gostar, alivia aê!” - (fora a questão psicológica e natural que eu já comentei) causa o que eu chamo de “pasteurização das resenhas”. Você não encontra mais pessoas que não gostam dos livros que lêem. Quando não gostam, quase não criticam. Não existe mais livro ruim. A experiência quase sempre é ótima. E conseqüentemente, as resenhas ficam todas iguais. Os mesmos livros lidos e com as mesmas opiniões.
Os divulgadores
Ok, agora você está pensando: “Mas se o acordo foi firmado com o consentimento de ambas as partes, não há nada de errado na parceria. Os blogueiros serão divulgadores da editora, qual o problema nisso?”.
Tecnicamente e comercialmente falando, nenhum. Afinal, blogueiro não é profissão regulamentada mesmo. Ele pode usar o blog como bem entender.
Mas, eticamente falando, é uma situação no mínimo complicada.
Porque quando tudo isso começou, era só pra ser um Clube do Livro OnLine, lembra? E quem lê o blog, o lê como uma espécie de jornalista, crítico especializado, ou simplesmente um amigo compartilhando as leituras e espera um pouco mais do que uma simples divulgação.
Não é como a propaganda de Monange em que ninguém acha realmente que a Xuxa USA Monange. Ela está ali como garota-propaganda. Todo mundo entende isso. Agora o blogueiro não. Ele tem uma relação de confiança com o leitor e este espera sinceridade e pouco envolvimento com o fornecedor na sua avaliação. Sem contar que o próprio blogueiro não admite que está só fazendo propaganda, né?
Concluindo
A editora tem que entender que a tarefa do blogueiro, tal qual a do jornalista é AVALIAR a obra. A divulgação acontece por tabela. E o blogueiro, por sua vez, tem que ter o mínimo de credibilidade e resenhar o livro do mesmo jeito que faria se tivesse comprado. (Eu sei que essa última parte é praticamente impossível, mas não custa nada sonhar)
Mas, mesmo que não haja nada de errado no acordo, penso que O SISTEMA de parcerias está todo errado.
Porque os blogs deveriam ser veículos LIVRES para compartilhar IDEIAS (essa é a grande vantagem do amadorismo dos blogs!) e não plataformas para pseudocríticos se lançarem como celebridades virtuais (não estou falando de ninguém em específico. Por favor, não ache que foi uma indireta para você ou para qualquer um, porque não foi mesmo).
As pessoas deveriam criá-los não para ganhar status, ou brindes, ou qualquer coisa do gênero, mas porque elas têm algo de novo para trazer para a blogosfera.
E se no fundo, estamos todos no mesmo barco dos amadores, o selo da parceria, ao invés de funcionar como um indicador de qualidade, ao menos para mim, infelizmente é um alerta de desconfiança.
Ah, sim, fechando o caixão de verdade agora
Não acho que as editoras sejam seres malignos que querem controlar os blogs. Na verdade, acho que o pessoal que trabalha nelas deve ser muito gente boa, pois já tive a chance de encontrar com alguns. Acho que provavelmente a maioria das exigências que eles fazem é só para controlar os blogueiros aproveitadores e os trolls. E também não acho que todo blogueiro que tem parceria é porque quer livro de graça.
Não sou dona da verdade e provavelmente meus argumentos têm milhões de falhas, porque o assunto é polêmico mesmo e esbarra em outras questões ainda mais abstratas. Também não sei como funciona o esquema das parcerias e no post mostrei apenas casos hipoteticamente éticos e absurdos. Então se você tiver algo a acrescentar ao debate, por favor, a caixa de comentários está aí para isso mesmo.
[Edit 03/09/2012: Acho que vale a indicação da leitura adicional de um texto bacanudo do Zeca Camargo (você já deve ter reparado que eu adoro o blog do moço) sobre o "comércio de resenhas positivas", recentemente denunciado pelo New York Times. E você aí achando que os brasileiros é que estavam na vanguarda do negócio... Além dos pontos aqui citados no texto, Zeca ainda acrescente outro problema criado pelas resenhas compradas: o da coerção social. Só para atiçar a sua curiosidade, nos EUA, uma resenha positiva está custando 99 dólares. Agora vai lá ler o texto!]
Por isso não faço parcerias. Quero postar só QUANDO eu quiser, SE eu quiser, e COMO eu quiser. Gosto dessa liberdade proporcionada pelo blog, que muito escritor profissional não tem.
Se eu tivesse lido Crepúsculo através de uma parceria, a resenha não poderia ter ficado do jeito que ficou. Eu mesma não ia querer fazer desse jeito. Entretanto, não foi assim e eu a fiz. Acho até que peguei pesado em alguns pontos sim, e tenho medo das crepusculetes por causa disso também. Mas aquela lá é a minha opinião. E muita gente gostou e concordou com ela. Acho que em nenhum momento denegri a autora e a obra. Pelo menos, não gratuitamente e sem argumentos.
Não sei como é o tratamento que as editoras dão aos blogueiros, mas digamos que elas os tratem muito bem, sempre com muito carinho e atenção e estes não recebam nenhum tipo de “comando de cima” na hora de escrever. Quer dizer, a relação dos dois não é nem de patrão-empregado. É de amizade mesmo.
Pois bem, quando o blogueiro recebe o livro, por mais que ele tenha achado o livro MUITO ruim, vai aliviar na resenha, porque, afinal de contas, o pessoal da editora é muito gente boa. Quer dizer, ninguém está agindo de má fé. Só que há um constrangimento por parte do blogueiro, por causa dessa amizade. Espinafrar o livro, de um certo modo, é criticar o trabalho de uma pessoa que você gosta muito. E isso é absolutamente natural.
Digamos que você tenha uma avozinha muito querida e que no Natal ela te dê um suéter feio de dar dó que ela mesma tricotou. Ela pergunta se você gostou. Você não vai dizer na cara dela que aquilo ali não serve nem pra pano de chão. No máximo, vai dizer que a estampa não é bem do seu gosto.
Pois é, né, vó, é que eu não uso muito esse tipo de roupa...
E a gente faz isso inconscientemente o tempo todo. Outro exemplo: o seu artista favorito faz um show na sua cidade. O cara está rouco e canta só metade das músicas do show. Como você gosta muito do cara, não vai nem ligar pra isso. Vai até achar que foi um dos melhores shows da sua vida!
Agora, partamos para outra situação em que a editora talvez queira meter o bedelho e exija resenhas “imparciais”, como eu já vi uma falando abertamente aí (essa daí eu vi mesmo).
Para começar, uma resenha imparcial é absolutamente sem sentido. Se ela quer que você escreva uma resenha, deveria estar interessada na SUA opinião. Se a editora quer imparcialidade, é mais fácil pedir que saiam por aí reproduzindo sinopses. (Mas acho que nesse caso, ela só se expressou mal e quis dizer apenas que era para não falar mal dos livros, ou pegarem leve nas críticas).
Em segundo lugar, não existe texto imparcial. Até as notícias que a gente vê no jornal deixam escapar a opinião do jornalista (e da empresa onde ele trabalha às vezes também). Não tem jeito. Somos escravos de nossas opiniões. Vide o caso do artista que só cantou metade do show. Acontece que o blogueiro, livre como ele é, deveria ser escravo apenas das suas próprias opiniões e não de algum outro acordo comercial envolvido.
E por último, esse tipo de intromissão é CENSURA!
Concordo quando você diz que a editora não pode deixar o blogueiro usar palavras de baixo calão, nem ofender ninguém, até porque ela não está lidando com profissionais e não pode “dar mole” pra os trolls da vida, que só sabem falar mal de tudo e do jeito mais idiota possível.
Mas se todo crítico tivesse que “pegar leve” com as obras que avalia, estaria sem emprego. Aliás, essa é a manha do crítico. Escrever resenhas extremamente negativas, de um jeito interessante e sem apelar para a baixaria (xingar por xingar é coisa de adolescente revoltado, vamos combinar). Ele sabe que, se passar do limite, vai levar um processo nas costas.
E aí, acaba que esse tipo de “cláusula” no contrato da parceria – “proibido resenhas negativas” ou “se não gostar, alivia aê!” - (fora a questão psicológica e natural que eu já comentei) causa o que eu chamo de “pasteurização das resenhas”. Você não encontra mais pessoas que não gostam dos livros que lêem. Quando não gostam, quase não criticam. Não existe mais livro ruim. A experiência quase sempre é ótima. E conseqüentemente, as resenhas ficam todas iguais. Os mesmos livros lidos e com as mesmas opiniões.
Os divulgadores
Ok, agora você está pensando: “Mas se o acordo foi firmado com o consentimento de ambas as partes, não há nada de errado na parceria. Os blogueiros serão divulgadores da editora, qual o problema nisso?”.
Tecnicamente e comercialmente falando, nenhum. Afinal, blogueiro não é profissão regulamentada mesmo. Ele pode usar o blog como bem entender.
Mas, eticamente falando, é uma situação no mínimo complicada.
Porque quando tudo isso começou, era só pra ser um Clube do Livro OnLine, lembra? E quem lê o blog, o lê como uma espécie de jornalista, crítico especializado, ou simplesmente um amigo compartilhando as leituras e espera um pouco mais do que uma simples divulgação.
Não é como a propaganda de Monange em que ninguém acha realmente que a Xuxa USA Monange. Ela está ali como garota-propaganda. Todo mundo entende isso. Agora o blogueiro não. Ele tem uma relação de confiança com o leitor e este espera sinceridade e pouco envolvimento com o fornecedor na sua avaliação. Sem contar que o próprio blogueiro não admite que está só fazendo propaganda, né?
Tem gente que diz que nem é a Xuxa de verdade que aparece na propaganda
E aí, blogueiro, quer fazer igual?
Concluindo
A editora tem que entender que a tarefa do blogueiro, tal qual a do jornalista é AVALIAR a obra. A divulgação acontece por tabela. E o blogueiro, por sua vez, tem que ter o mínimo de credibilidade e resenhar o livro do mesmo jeito que faria se tivesse comprado. (Eu sei que essa última parte é praticamente impossível, mas não custa nada sonhar)
Mas, mesmo que não haja nada de errado no acordo, penso que O SISTEMA de parcerias está todo errado.
Porque os blogs deveriam ser veículos LIVRES para compartilhar IDEIAS (essa é a grande vantagem do amadorismo dos blogs!) e não plataformas para pseudocríticos se lançarem como celebridades virtuais (não estou falando de ninguém em específico. Por favor, não ache que foi uma indireta para você ou para qualquer um, porque não foi mesmo).
Penso, logo blogo
As pessoas deveriam criá-los não para ganhar status, ou brindes, ou qualquer coisa do gênero, mas porque elas têm algo de novo para trazer para a blogosfera.
E se no fundo, estamos todos no mesmo barco dos amadores, o selo da parceria, ao invés de funcionar como um indicador de qualidade, ao menos para mim, infelizmente é um alerta de desconfiança.
Ah, sim, fechando o caixão de verdade agora
Não acho que as editoras sejam seres malignos que querem controlar os blogs. Na verdade, acho que o pessoal que trabalha nelas deve ser muito gente boa, pois já tive a chance de encontrar com alguns. Acho que provavelmente a maioria das exigências que eles fazem é só para controlar os blogueiros aproveitadores e os trolls. E também não acho que todo blogueiro que tem parceria é porque quer livro de graça.
Não sou dona da verdade e provavelmente meus argumentos têm milhões de falhas, porque o assunto é polêmico mesmo e esbarra em outras questões ainda mais abstratas. Também não sei como funciona o esquema das parcerias e no post mostrei apenas casos hipoteticamente éticos e absurdos. Então se você tiver algo a acrescentar ao debate, por favor, a caixa de comentários está aí para isso mesmo.
[Edit 03/09/2012: Acho que vale a indicação da leitura adicional de um texto bacanudo do Zeca Camargo (você já deve ter reparado que eu adoro o blog do moço) sobre o "comércio de resenhas positivas", recentemente denunciado pelo New York Times. E você aí achando que os brasileiros é que estavam na vanguarda do negócio... Além dos pontos aqui citados no texto, Zeca ainda acrescente outro problema criado pelas resenhas compradas: o da coerção social. Só para atiçar a sua curiosidade, nos EUA, uma resenha positiva está custando 99 dólares. Agora vai lá ler o texto!]
***Preparando-me para fazer um comentário gigante que ninguém vai ter paciência de ler***
ResponderExcluirEu acompanhei o tal barraco e até deixei um comentário lá no blog do menino, manifestando minha revolta diante de tal e-mail. Só depois fui perceber que ele estava gostando demais daquilo tudo e que tinha alguma coisa mal contada - embora não ache de todo impossível que aconteçam coisas parecidas. Quer dizer... Não acho que as editoras vão cair matando em quem criticar, mas sei que tem blogs que vendem suas opiniões em troca de um ou outro livros.
Não sou contra as parcerias, até tenho algumas pontuais. Pelo contrário, acho que são ações de marketing interessantes se bem aplicadas. Nos EUA, Canadá e em alguns países da Europa é prática comum, já há bastante tempo, que alguns leitores recebam os livros antes da publicação para ler e avaliar. Isso serve para aproximar produtor e consumidor. O problema é que brasileiro é fominha e não perde a oportunidade de levar vantagem. Não todos, claro, mas como separar o joio do trigo?
Acho que o simples fato de um blog ter parceria não significa muito pra mim. O que importa é o conjunto, os argumentos colocados para elogiar ou criticar um livro, por exemplo, contam muito. E resenhas negativas às vezes me fazem ter mais vontade ainda de ler o livro.
Realmente, o assunto é polêmico e acho que ainda vai render. Eu só vou observar os barracos...
Falou TUDO.
ResponderExcluirPor isso não faço parcerias. Quero postar só QUANDO eu quiser, SE eu quiser, e COMO eu quiser.
Penso igual. Não condeno quem tem parceria, claro, tem mta gente séria nisso. Mas, pra mim, não rola: smp digo que o blog é pra minha alegria e diversão, um hobbie. Não quero transformá-lo em uma obrigação.
Uma coisa q tbm concordo, é essa questão q vc falou da opinião ser influenciada por uma amizade com a editora...
Eu, naturalmente, já tento medir um pouco minhas palavras ao criticar uma obra, pq penso smp que aquilo é o trabalho de alguém: do autor, da editora, de um monte de gente.
Eu me conheço: sei que com uma parceria, ainda que a editora ou o autor me deixasse totalmente à vontade pra dizer q não gostei do livro, eu ficaria mal em fazer isso. O sentimento é exatamente o msm q vc falou, da vovozinha... enfim, assino em baixo.
O resto tbm é um caso a se pensar... a imparcialidade, a censura. O exemplo q vc deu citando o Monange, hehe... é verdade: antigamente, qd criei meu blog, eu confiava mais nas resenhas q lia por aí. O que me fascinou foi justamente esse clima de 'clube do livro'; pra mim, que conheço poucas pessoas q curtem ler como eu, era uma maravilha ter com qm compartilhar minhas impressões (inclusive falo sobre isso na apresentação do meu blog, hehe)
Hj em dia, a coisa mudou. É tanto rolo com parcerias e livros de graça e promos, que, na boa, acabo ficando insegura às vezes.
Você não encontra mais pessoas que não gostam dos livros que lêem. Quando não gostam, quase não criticam. Não existe mais livro ruim. A experiência quase sempre é ótima. E conseqüentemente, as resenhas ficam todas iguais. Os mesmos livros lidos e com as mesmas opiniões.
Mtas vezes, isso acontece mesmo. :/
Lembro de uma época ano passado onde reparei que eu smp ressaltava tds os pontos que me chamaram a atenção no livro, os positivos e negativos. Mas via pouca gente falando pontos negativos de livros, e comecei a pensar 'ei, eu devo ser mesmo mto chata e coloco deifeito em td'. Tentei dar uma maneirada, e, por uns tempos, engoli algumas críticas. Mas agora, parei. Ao fazer aquilo, só para não ficar diferente dos outros blogs e não levar fama de chata, estava perdendo minha essência. A graça pra mim smp foi falar td o que eu sentia lendo um livro, e se eu estava começando a medir as palavras, então qual o sentido?
Enfim, escrevi demais, pra variar! Mas a culpa é sua, por fazer posts assim, que colocam a gente pra pensar e onde, mtas vezes, eu concordo qse totalmente, hahaha...
Bjss!
Realmente falou TUDO.
ResponderExcluirEu acho as parcerias legais porque divulgam certos livros, e a internet é um super meio de propaganda. Mas daí a coagir alguém a falar bem de tal livro só porque saiu de graça...
Será que vale mesmo a pena realizar tais parcerias, ter compromisso em elogiar, só pra poder "escravizar" seguidores em sorteios?
Pra mim isso não passa de uma competição ridícula que existe entre os blogs, de qualquer assunto: cada um quer ter mais acessos/seguidores que o outro, e faz de tudo pra isso.
Pois eu prefiro vir a um blog como o seu (e o do Felipe), ler posts inteligentes e bem escritos, podendo comentar com a certeza de que vou ser lida.
Pena que a maioria das pessoas só pensa, mesmo, em status.
E concordo plenamente com o que você disse: não somos críticos, especialistas, escritores profissionais. Apenas temos acesso à internet e damos nossa opinião. Quem gostar, ótimo; quem não gostar, é só ignorar =)
Pressinto um comentário GIGANTESCO...
ResponderExcluirPra mim, essa confusão toda é só uma questão de deixar as coisas claras.
Se no momento de iniciar a parceria, a editora deixou claro que era somente para falar bem dos livros (sem criticar em hipótese alguma) e o blogueiro aceitou essa condição, então a editora está certa em reclamar quando vê uma resenha denegrindo o livro. Ela basicamente "contratou" um divulgador pagando-o com livros e kits.
Mas, se em nenhum momento, a editora deixou claro que só queria resenhas positivas e o blogueiro fazer uma resenha sincera e cheia de críticas, de nada a editora pode reclamar. Ela é que tem que melhorar a qualidade dos livros que vende.
Acho que você é muito radical se tratando de sorteios e parcerias. Não acho nada de errado nas parcerias, aliás acho uma excelente ligação entre as editoras e os leitores. Não é o caso aqui do Inútil, mas há os blogs 100% literários (principais alvos de parcerias) que vivem de resenhas, vivem de ler livros. E geralmente esses blogs são os mais indicados para conhecer sobre um livro, ver as opiniões e etc. Com a parceria, a editora divulga com mais rapidez seu livro, todos na blogosfera estarão comentando, e o blogueiro ainda faz uma coisa que já fazia (ler) só que de graça e ainda sente que sua opinião tem real importância. É unir o útil ao agradável.
Agora, sobre as resenhas imparciais. Também acho que isso pode influenciar mas não necessariamente, não consigo imaginar a editora como a vovózinha. A editora é só a editora, esquisito seria se o autor te desse o livro pra resenhar, aí a resenha ficaria totalmente comprometida. Como eu disse no começo é uma questão de deixar as coisas claras: "Vou postar essa resenha negativa mas a editora já tem que estar esperando isso de mim". Como a Cíntia disse, algumas resenhas negativas tbm me fazem querer mais o livro só pra conferir e ver se é isso mesmo.
Outra coisa (é a última, prometo): Também considero você crítica demais com as resenhas pela internet. Olha, suas resenhas (e posts em geral) são ótimas, bom seria se todas fossem assim, engraçadas, inteligentes, abordando um assunto como tema e tal. Porém, o Inútil não é um blog 100% literário e sua média de postagem de resenhas de livros é uma ou duas por mês. Esse pessoal de blogs literários come, devora, dorme e acorda com livros, é livro o tempo todo, já que os blogs deles vivem essencialmente disso, eles lêem livros em 2 dias, uma loucura só. Quase todo dia tem uma resenha nova. É de se esperar que as resenhas deles não sejam super elaboradas como as suas, que tem quase um mês para ficarem prontas. Eu sei que essas resenhas dão um trabalho e ainda tem que vim "aquela luz". Não tem como cobrar isso desse pessoal devorador de livros. Eu me contento com as resenhas que vejo ou vou construindo o que penso de um livro com base em fragmentos de várias resenhas que já li.
O que eu já acho um absurdo (e obviamente você também) são aquelas resenhas que são menores que a sinopse do livro. Aí já é demais!
Nossa, acho que nunca fiz um comentário tão grande!
É isso ;)
Ai, eu vi esse post e nem lembro onde foi. Só lembro que achei muita sem-vergonhice do blogueiro fazer aquele espetáculo todo e depois não contar quem foi. Afinal, se é pra fazer uma denúncia, faça direito! De que adianta ele dizer que certa editora mandou um email dizendo assim, assim, assim... se ele não fala que editora é essa? Fazer espetáculo chovendo no molhado. Eu já me envolvi em belas encrencas fazendo umas denúncias (a diretora da universidade onde eu estudava me chamou na sala dela e falou pra eu apagar um post onde eu falava mal da gestão dela, e eu respondi com outro post dizendo que se ela fizesse alguma coisa que prestasse eu falaria bem), mas não me arrependo de forma alguma!
ResponderExcluirJá participei de parceria através do BlogTour e confesso que fiquei meio constrangida ao fazer a resenha de um livro que não gostei. Foi uma experiência da qual eu não gostei e por isso prefiro pegar um livro emprestado ou gastar meus reais para poder escangalhar com a obra com a consequencia tranquila, se preciso for.
Mas isso não acontece só no nosso mundo literário. Já vi muita gente em outros blogs reclamando de agências que pedem absurdos nas parcerias. Os blogs são considerados publicidade, e ninguém quer uma publicidade ruim, né? Já soube de agências de publicidade que mandam o texto que eles querem que apareça, ou que mandam uma amostra grátis minúscula de um produto pra blogueira fazer uma resenha maravilhosa. Mas sabe porque esses absurdos acontecem? Porqeu tem gente que se vende. Porque está cheio de blogueiro por aí implorando por uma parceria. Então, e daí se vc não aceita as condições? Vou procurar outro que é bem mais flexível e interesseiro!
(Parece que os comentários aqui são proporcionais ao tamanho dos posts hahaha Mas sendo só um por semana, qual o problema? =P)
Adendo: Quando eu procuro a avaliação de um produto (livro, filme, cosmético, whatever) sempre procuro pelas críticas mais negativas. Se elas não forem tão ruins, é porque o negócio é bom! hahahaha
ResponderExcluirOpa, 6 comentários já! O bicho está pegando e até agora ninguém me xingou. Hora da réplica. Vou ter que fazer como Jack Estripador, e ir por partes.
ResponderExcluirParte I
Cíntia,
Pois é. Eu sei que lá fora isso é prática comum também. Mas além da publicidade, os ARCs ainda tem a função de "alertar" para algum possível erro, já que são cópias inacabadas, né? Não sei como é feita a escolha por lá, mas pelo que vejo não é essa banalização daqui mesmo. Tem gente que fala mal mesmo e pronto. Tb acho que o simples fato de o blog ter parceria não signifique que ele seja desonesto. O que me atrai mesmo é o grau de sinceridade e inteligência do texto. Mas que o tal selinho me deixa desconfiada, ah, isso me deixa, sim!
Fernanda,
Vc falou TUDO tb. Assino embaixo. E não precisa ficar com vergonha do tamanho do comentário, porque o post foi grande e eu sou mestre em fazer essas coisas até em posts pequenos, rs!
Roberta,
Vc falou na cara duas coisas que eu deixei implícitas no texto. "Será que vale a pena vender a sua opinião por um livro de graça?" e "Será que vale a pena se vender por mais seguidores?".
Parte II
ResponderExcluirFelipe,
O maior comentário tem a maior réplica.
É como eu disse no texto. Não é uma questão puramente comercial. O problema é ÉTICO. Porque o blogueiro não se apresenta como garoto-propaganda. Se mostra como analista-amador/amigo da vizinhança. A propaganda se daria quase como um "boca-a-boca". O leitor espera sinceridade. A partir do momento que ele falar na minha cara que só posta por propaganda, aí sim, a situação fica justa. Tanto para ele, quanto para a editora.
A editora pode muito bem ser a vovózinha, a partir do momento em que ela tem PESSOAS trabalhando nela. É só vc pegar depoimentos de pessoas com parceria pra ver como todo mundo acha as pessoas da editora fofas. Porque elas são mesmo! Eu já encontrei com elas na Bienal. O trabalho delas é justamente fazer essa ligação entre o leitor e a empresa. É criar um envolvimento afetivo com a marca. E ia ser ótimo se todas as empresas tratassem a gente bem igual ao povo que trabalha nas editoras. Mas concordo com vc que nesse caso o melhor a se fazer é conversar antes.
E por último, tb acho que eu critico demais as resenhas por aí. Sou chata mesmo. Às vezes eu acho que as pessoas que se dispõe a falar de livros deveriam se esforçar um pouquinho mais em analisar a obra e tal, porque afinal de contas, a opinão delas está sendo considerada "mais importante" que as demais. Às vezes acho até que elas deveriam ler menos para saborear mais as páginas e tentar absorver alguma coisa do texto, ao invés de simplesmente devorá-las. Mas tb acho que seria muito injusto da minha parte exigir que TODO MUNDO tivesse uma visão aprofundada sobre os livros que lê. Poxa vida, só porque a pessoa não reparou naquele detalhezinho ínfimo, ela não pode ter uma opinião sobre o livro? Eu seria muito prepotente se pensasse assim. Em suma: Gostaria que todas as resenhas fossem inteligentes e divertidas? Sim. Posso exigir isso de todo mundo? Não. Por isso me conformo com as sinceras, como as da Cíntia e da Fernanda. Não são inventivas, mas são verdadeiras. E às vezes isso basta.
Annie,
Ouvi dizer que o menino tinha inventado a história toda, queria só IBOPE pro blog dele. Mas até que esse barraco foi bom porque pelo menos gerou uma polêmica e a gente pôde discutir a coisa com base prática. E pelo que se viu, ninguém achou bonito a atitude da suposta editora. Mas, caso a história fosse verdade, vc que faz Direito ("Adendo" é muito coisa de advogado mesmo, rs), poderia esclarecer as consequências legais desse caso pra gente?
Eu estou sabendo que outros blogs tb estão "sujos". E aí, é aquela coisa que eu falei lá no texto: Blogueiro não é profissão regulamentada, pode fazer o que quiser. Aí as agências de publicidade fazem o que querem. E o blogueiro TAMBÉM faz o que quer, tal qual participante de BBB que só quer aparecer. É claro que rola essas sujeiras no jornalismo também, mas é mais por baixo dos panos.
Tb já percebi que os comentários aqui são proporcionais ao tamanho do texto, rs! Na verdade eu gosto qd o povo comenta assim. É sinal de que leu, refletiu... Me sinto com o dever cumprido!
Eita que o Felipe tá empolgado. Concordo com muito do que ele disse. Tirando esses contratos de "você não pode falar mal do livro". Ok, se o blogueiro aceitou isso tem que cumprir. O problema é justamente aceitar. Como assim alguém tem um blog de resenhas e aceita uma restrição pra não falar mal de um livro que não gostou?
ResponderExcluirTambém não concordo com isso de "se eu tenho um blog literário eu sou obrigada a ler milhares de livros pra mantê-lo atualizado". Acho que é inverter as coisas. Primeiro eu leio porque eu quero, depois eu faço uma resenha e posto no blog. Pra mim (ou seja, no meu mundo perfeito), isso independe de ter parceria e influencia muito na qualidade das resenhas. A pessoa acaba se forçando a ler rápido, não faz mais nada da vida e acaba não prestando atenção em detalhes.
(OBS: Eu escrevi esse comentário antes de ler suas respostas, então acabou que repeti umas coisas que você disse)
Eu desconfio de algumas resenhas que vejo por aí, mas sou muito menos radical. Como eu disse, meu critério vai mais pro lado do COMO a pessoa escreve e apresenta seus argumentos.
Eu não li todos os comentários ainda (estou no serviço e seria inviável) mas vou correr o risco de repetir o que a galera já falou, de qualquer maneira.
ResponderExcluirEu sou nova nesse negócio de blog literário. Quando criei um achei que estava fazendo a coisa mais inovadora da face da terra.. Quanta inocência!
Aos poucos que fui notando que eu não era a única a ter essa "grande idéia" e que os livros que a galera resenhava eram SEMPRE os mesmos.
Eu não vejo exatamente tantos problemas assim em ser parceiro ou não de alguma editora. Claro que há o lado moral da coisa, todos aqueles argumentos explicitados no texto e tal. O problema, na minha opinião, é que essa parceria é, muitas vezes, implícita. Ou seja, eu vou lá e leio toda empolgada a resenha de um livro no "Blog tal" e depois descubro que a pessoa está "ganhando", ou pelo menos sendo ligeiramente influenciada, a falar bem do tal livro.
E nessas, o tal livro nem é tão bom assim. E eu que de vez em quando visito alguns desses blogs (é, agora eu sei quais são)não me lembro de uma vez, nenhumazinha sequer, ter lido uma resenha desfavorável. Ou seja, ninguém quer mesmo cuspir no prato que comeu, mesmo que isso represente omitir um pouco seus sentimentos acerca do tal livro.
Fora que os livros são sempre os mesmos, das mesmas editoras, dos mesmos autores... não há variação. Ah e até mesmo a formatação de determinados blogs é semelhante, e as estrelinhas e os selinhos... Tudo parece padronizado e isso leva a gente a pensar também.
Enfim, eu me atrevo a resenhar livros no meu blog e me decepciono com essa máfia que existe por aí.. E, sei lá, às vezes quando vejo um dos livros que li nesses blogs meio que desanimo de resenha-los. Afinal, que graça tem eu resenhar um livro que 80% dos blogs literários já resenhou, né?
E acabou meu horário de almoço! Me estendi demais. Ótimo post, como sempre, Lisa! o/
Oi Karol,
ResponderExcluirDesculpe ter comido seu horário de almoço, mas vc não repetiu nada do que o pessoal disse. É uma pena mesmo que os blogs literários (não todos, claro) tenham se transformado nessa máfia. Eu te entendo qd vc diz que não quer resenhar um livro que todo mundo já comentou e tb não resenho todos os livros que leio aqui. Só o faço quando percebo que a minha visão do livro vai realmente acrescentar alguma coisa para quem já leu essas milhões de resenhas "clones" e sem alma por aí. Acho que esse é o caminho. Se vc tem alguma coisa de diferente para dizer, não se acanhe e diga. Agora se for só repetir o que todo mundo está falando, não faz o menor sentido escrever a resenha.
Nem preciso dizer que vc esta 100% certa neste post, isto vindo de uma pessoa qe vive postando resenhas na internet.
ResponderExcluirAcho que hj tudo virou um marketing excessivo, modinha e tal. Muitos blogs se especializaram em resenhas, mas no fundo nem fazem resenhas, colocam a sinopse do livro la e ponto. Nâo tem graça ler e não te acrescenta nada.
O blog deve ser um lugar para se expressar da maneira que vc quiser, sem se sentir na obrigação de falar bem de algo que vc leu. Conheço blogueiras que hj nem leem mais o que realmente gostam, pq tem prazo para ler o que as editoras mandam, isso é um absurdo, pois vc acaba lendo sem vontade e fazendo uma resenha que não merece nem a leitura.
Quando eu fiz meu blog, muitas pessoas falaram para eu fazer parceria para conseguir livros, já que eu gasto uma fortuna comprando meus preciosos. Mas jamais pensei em ir atras disso, eu gosto de ler por prazer, quero ler no meu tempo e escrever o que eu bem entender e quiser no meu blog, afinal de contas eu sou a dona dele mesmo...Não tenho medo de criticar, e se o texto não sai bom, sou eu quem decide se ele deve ou não ser publicado.
O blog é um lugar para se expressar, colocar aquilo q vc acha e sente, sem se sentir oprimida por qlq um que esteja na rede. Eu faço resenhas, textos, criticas e qualquer outra coisa do meu jeito e no meu tempo, não importa se eu escrevo mais séria ou mais relaxada... este é o meu jeito de escrever, e os blogs deveriam ser assim. Ninguem aqui é especialista, e eu pelo menos não tento ser, eu deixo isso para os profissionais que estudaram para isso e tem o conhecimento necessário para criticar com embasamento lógico e objetivo. Se eu quiser ver uma critica profissional irei ao jornal, mas se quiser saber a opinião de alguem sobre algo tentarei procurar por isso nos blogs.
Se você escreve mal então eu to "na roça" como diria minha amiga. Você escreve muito bem, e os argumentos são ótimos e as tiradas engraçadas também. Sempre digo isso quando comento aqui, kkk.
ResponderExcluirFalando do post, o assunto é bem polêmico mesmo, e você está mais do que certa em postar quando tiver vontade e como você quiser, isso é o melhor de ter um blog, senão vira trabalho não é?
A mesma coisa com as resenhas, porque não adianta não colocar sua opinão se é isso que o leitor procura na resenha.
E concordo, de novo, enxurrada de blogs que aconteceu agora que não dá nem pra acreditar! Mas acredito,- e sei - que manter um blog não é tarefa fácil, então muitos desses blogs que surgiram apenas para ganhar livros, acabem rápidinho.
beijos! ta demais!
Carol ~ Open Page