domingo, 31 de julho de 2011

CEO #05: Sem-conceito

Assim como em todas as colunas do CEO já postadas, vou iniciar esta com uma breve explicação do porquê da escolha do tema que será aqui explanado. Não acredito que fará uma grande diferença, mas alguns hábitos e tradições tornam-se interessantes pelo simples prazer da repetição. O mesmo pode ser confirmado pelas pancadas que leva o Sr.Barriga cada vez que chega à famigerada vila ou pelos golpes da Dona Florinda no pobre Seu Madruga.
  
O momento de epifania surgiu em uma noite na qual deveria estar dormindo e em seu lugar decidi passear pelos canais da televisão, procurando qualquer coisa que atraísse minha atenção, levando então um susto (um bom susto) quando me deparei com a Sandy, apesar de não concordar com seus corte e cor de cabelo. Ela falava e eu escutava, como qualquer entrevista televisiva deve acontecer, até que um alerta ressoou quando a mais nova devassa do Brasil disse não ter gostar de drogas - o que, como já explicado na última coluna, é uma ótima resolução para a vida de qualquer indivíduo vivente (vampiros provavelmente não apresentam tal problema) – mas que tampouco tinha preconceito para com os usuários destas.
  
Obviamente Sandoca só buscava que não a considerassem algum tipo de nazista puritana contra narcóticos. Entretanto, não seria de forma alguma “preconceito” o que se encontra nesta situação, mas sim um conceito formado e cientificamente comprovado. Não preciso nem mesmo dizer os males que os tais entorpecentes provocam e a ausência de quaisquer conseqüências benéficas para os próprios os consumidores e aqueles que os cercam. Então, por que diabos preconceito?
Tudo isso se resume a um pavor gigantesco de ser contra, de odiar e até de adorar até que suas forças se acabem. Não se pode detestar drogas ou até mesmo um estilo de música que não lhe diz nada por medo de ser rechaçado por aqueles que pensam diferente. Sutilmente, enxergamos uma censura renovada e mais bonita, agora pintada de tolerância.
  
Certamente exageros e demonstrações violentas de fervor, as quais acarretam feridas externas ou não a outros, não podem ser permitidas, contudo, negar o direito de se pensar como se deseja é um destino inviável e letal.
  
Parece-me ainda patético esse caminho de pedras de mentira em que acobertamos desgostar e detestar em lençóis límpidos de aceitação. O ridículo é ainda mais fomentado por esse novo ideal de sociedade que fala, esperando sempre ser ouvida, sem nem mesmo pensar a respeito. Calar-se não é mais uma opção, porém todos são silenciados indiretamente ao amenizarem e enganarem-se em discursos cheios de ‘sem preconceito’.

As conseqüências dessa belíssima onda de tolerância é uma avalanche de estupidez e de estúpidos que alegam revoltar-se contra esse novo politicamente correto. Eles riem de tragédias e machucam quem já não encontra forças para respirar, justificando seu péssimo comportamento com o colorido desejo de fazer uma humanidade mais irônica, a qual é capaz de gargalhar de si mesma. Declaração tão infundada quanto sua sede de piadas sem-graça.

Apenas acredito que a intensidade deve existir, que os opostos, odiando ou amando, podem conviver sem que haja feridos. Para isso, é preciso permitir que esta seja contida não por meios termos falsificados de pseudoaceitação, e sim pelas barreiras de uma reflexão pacífica semipermeável a mudanças de ideias. Assim essa proposta tola de uniformização de pensamentos pode ser facilmente esquecida. Sendo então calados aqueles que urravam em prol da liberdade para unicamente vomitar asneiras.

3 comentários:

  1. Esses dias eu estava conversando com meu cunhado sobre isso. Nossas opiniões estão padronizadas, ninguém pode ser diferente. O que for diferente e interessante para a mídia, vira padrão também. E o que não for interessante, é preconceito, discriminação. Já "reclamei" disso algumas vezes no meu blog. Discriminação é não aceitar o outro com base nas suas opiniões, opções ou características. O "não concordar" é opinião, e o direito de ter opinião está sendo tirado aos poucos :-(

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  2. Isso é verdade. Hoje em dia não se pode falar mais nada que é preconceito! Temos que seguir a multidão, pensar igual, concordar com tudo, chego até a me sentir como aqueles ets de Toy Story, "Nós somos uuuummmmmm". Todos pensavam igual.

    As vezes, até quando não beneficiamos uma pessoa por qualquer motivo, podemos ser taxados de preconceituosos, quando, na maioria das vezes, não há nada disso, foi uma decisão tomada com base em outros critérios.

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  3. Aí, concordo. É isso mesmo.

    Hoje em dia pode tudo, tudo é liberado e todos somos livres... só não temos a liberdade de pensar diferente, ou de discordar de algo. Quem discorda é um intolerante - e "intolerantes" não são tolerados por essa sociedade "liberal" de forma alguma...

    Enfim, né? É o mundo em que vivemos. ¬¬

    Bjs

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