terça-feira, 18 de setembro de 2012

Happy Go Lucky |:)

Happy-Go-Lucky: Uma pessoa incrivelmente otimista, pra ela não tem tempo ruim. Despreocupado, alegre, numa boa, feliz da vida.

Além de ser nome de um filme nomeado ao Oscar em 2009 (e eu nem sei se foi justo ou não porque não assisti. Pra falar a verdade já até tentei, mas os 15 minutos que vi estavam mais para Happy Go Zzzz, e aí eu larguei), Happy Go Lucky também dá nome de uma canção de um ex-falecido grupo pop do mágico período do final dos anos 90/início dos anos 2000 chamado Steps. Eu tenho certeza quase absoluta que você nunca ouviu falar deles, mas, sabendo que a canção foi tirada da trilha de um filme de grande sucesso na década passada, fica fácil adivinhar de que buraco eu tirei essa pérola da música pop (é tão óbvio que não vou nem oferecer uma bala Juquinha pra quem completar o desafio).
* Ex-falecido porque acabei de descobrir que eles se reuniram novamente no ano passado. E como o Wikipedia é uma dádiva da internet, com um passar de olhos, descobri também que o tal grupo também cantava essa outra canção que você com certeza conhece, porém na voz de uma figurinha fácil do ClipeMania

É claro que o arranjo e a produção são altamente datados e causam uma mistura de nostalgia com vergonha (porém, observando o atual mercado musical, eu me arrisco a dizer que está quase contemporânea, uma vez que parecem ressurgir elementos como boys band e músicas pop por pop, sem falar de alguns nomes que parecem ser conservados no formol ou renascem das cinzas depois de anos), mas, a verdade é que, apesar disso tudo, a música, assim como o filme e o resto da trilha sonora, é Pura Sabedoria e vem traduzindo um pouco do meu sentimento nos últimos tempos.

Com certeza você já passou por uma situação parecida em as pessoas perguntam:
- E aí, como vão as coisas? 
E após um 1 segundo e meio de avaliação, você responde:
-Ah, sim, tudo bem! 
Quando na verdade as coisas não vão bem, nada vem, e o mundo parece estar desmoronando.

Problemas, problemas, problemas. E eles se multiplicam. E eles se acumulam. E eles ficam cada vez mais pesados.

Porém, ainda mais pesados que eles é o orgulho. Orgulho esse que não suporta a ideia de receber um olhar condescendente principalmente quando nem verdadeiro ele é. A vergonha de chorar na frente de quem não deve, de não deixar que os outros vejam que às vezes nem tudo está perfeito e que se é mais frágil do que aparenta ser.

E a preguiça de contar a história desde o início. Porque tem coisas não dizem respeito a mais ninguém. E explicar o problema todo só significa tomar o tempo e a paciência do interlocutor que, coitado, só perguntou por educação e também tem suas próprias chateações e não tem a mínima obrigação de aguentar mais as dos outros nas costas. Responder: “Está tudo bem!”, quando está tudo mal é poupá-lo de ficar sem graça, e de não saber o que dizer, até porque o problema é meu e ele não poderá fazer nada para ajudar.

Tem gente que adora um dramalhão. Adora se fazer de vítima. Prefere ficar meia hora enchendo os ouvidos dos outros ao invés de tomar uma atitude. Quer terceirizar aquilo que só ela pode resolver. Como se mais ninguém no mundo tivesse problemas também!!!! Gente que reclama de tudo e repetidas vezes. Gente que depois da 3ª ou 4ª ladainha fica bem claro que inventa os problemas ou coloca a culpa deles sobre os outros e não consegue assumir a responsabilidade sobre os seus atos. Gente que acha que o mundo tem que se adaptar a elas e não o contrário. Gente que não consegue enxergar que a solução é simples e está bem na frente do espelho.

Não suporto esse tipo de gente. Sabe por quê? Por que eu também tenho os meus problemas! E eles também são complicados! Muito complicados! E não fico alugando ninguém, nem me fazendo de coitada!

(Antes que você me chame de insensível, eu sou bastante capaz de sentir compaixão pelas outras pessoas. Desde que elas não sintam pena de si mesmas e estejam dispostas a buscar a felicidade. E principalmente por aquelas que assim como eu, fazem o máximo de esforço para não transparecer que alguma coisa está errada. Porque embora eu não goste de despejar as minhas lamúrias nos outros, sei que às vezes é bom saber que existe um ombro amigo com o qual se pode contar)

Visto meu disfarce sorridente para me proteger dos olhares de pena, mas também para proteger as pessoas de quem gosto. Porque às vezes não dá para jogar o telefone fora e se esconder do mundo e nem eu estou me suportando de tanta amargura. E porque acho o CÚMULO gente que desconta a raiva de problemas particulares nas outras pessoas que não tem nada a ver.

"A máscara não é para você. É para proteger as pessoas que você ama."

Por isso eu coloco um sorriso na cara e respondo na maior cara dura: "Tudo certo", e as pessoas ficam despreocupadas com a minha pseudo-despreocupação. Melhor esconder a dor debaixo do travesseiro no fim do dia.

Vestir o disfarce do "happy go lucky" é mais do que enganar aos outros. Mais do que esconder a dor, o sorriso forçado engana a nós mesmos e distrai um pouco. Faz bem, caso contrário, logo se está acreditando que nada daquilo tem solução e que não existem outras coisas boas acontecendo. 

E quando nem o sorriso amarelo está dando conta, o melhor a se fazer é inventar truques para enganar a dor e perseguir o lema de Timão e Pumba (aliás, O Rei Leão é outro desses filmes cheios de lição de sabedoria). Não demora muito para um sorriso de verdade tomar o lugar daquele outro forçado numa feição cheia de preocupação. E é fácil desse jeito porque se você para pensar um sorriso não passa de uma carranca de cabeça para baixo |:)

Hakuna Matata é Happy Go Lucky em suali :D

5 comentários:

  1. Eu, claro, pensando no "Jogo do contente" da Pollyanna.

    Eu tenho os (poucos) amigos na frente de quem eu desmorono porque eles permitem ou porque eles vão além da mera pergunta "Tudo bem?" e daí é meio complicado fingir. E claro que são eles que desmoronam comigo quando precisam.
    Mas eu sei fingir MUITO bem, na verdade, é até assustador quando eu vivo dizendo que "tá tudo na paz" e "tudo certinho". Super fácil.

    Uma coisa que sempre me perguntei é por que temos que perguntar se tá tudo bem com as pessoas, quer dizer, se eu só disser oi, olá já serviria, não?

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    1. Aline, "Oi" é muito curto. O "Tudo bem?" complementa um pouco. É questão de educação. Mas não esquento com esse "Tudo bem" automático não. O duro é dizer "Tudo bem" para aquelas pessoas que vc sabe que querem saber a resposta de verdade e talvez até entenderiam, mas que você, por alguma razão, não quer contar. Pode até funcionar de primeira, mas se ela continuar perguntando, não tem jeito, e a gente tem que contar.

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  2. Esse post veio num momento muito adequado. Porque em qualquer momento que ele viesse seria adequado. Eu sempre, sempre, sempre tento sorrir pro resto do mundo quando estou incomodada com outra pessoa, ou comigo mesma, ou com ninguém em particular, mas com uma situação ruim. Mas às vezes eu falho terrivelmente nisso, e desconto minha irritação em quem não tem nada a ver com aquilo (não dura cinco minutos pra vir o pedido de desculpas, mas mesmo assim o estrago já foi feito). Mas também não gosto de ficar alugando os outros pra chorar meus problemas - eu sei que todo mundo tem os seus, fora que ninguém vai resolver eles pra mim, né? (Ainda bem, porque ter sempre alguém resolvendo as coisas pra você dá no mesmo que elas não serem resolvidas - em termos de aprendizado, crescimento, experiência de vida, etc).

    De qualquer jeito: de happy go lucky não tenho nada e Hakuna Matata nunca serviria pro tema da minha vida, mas eu sinceramente acredito que se a coisa tá ruim, ficar de cara feia não vai ajudar em nada. Sorrir se não ajudar pelo menos não piora, né?

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  3. Lisa, esse deve ser o post do Inútil em que eu mais discordei de você! (Talvez seja o único em que eu discordei de alguma coisa porque seus argumentos são sempre bons).

    Você não vê o absurdo nessas situações? Porque mentir que está bem quando não está? (Eu sei, você respondeu essa pergunta durante todo o texto) Mas porque as pessoas perguntam se está tudo bem se elas não querem mesmo saber? Foi como a Aline disse, diz só "oi" ué!
    E, tipo, eu tenho o direito de ficar triste por dentro e por fora. Você não se sente meio refém das pessoas tendo que sorrir pra poupá-las de sei lá o quê? Poxa, acho que esse é um bom momento para ser egoísta. A menos que você queira mesma ficar sorrindo, se isso te faz algum bem...

    Você sabe da minha relação com a verdade e com a praticidade nas relações pessoais então... TINHA que haver uma terceira opção. Quando estou triste, não finjo nada, não precisa. Mas também não preciso contar nada. E a pessoa nem fica chateada nem nada, porque ela não quer saber de verdade.

    - Oi, Felipe, tudo bem?
    - Mais ou menos?
    - Que foi?
    - Problemas pessoais. Deixa pra lá.

    E às vezes a gente acha que a pessoa não pode ajudar mas ela REALMENTE pode. Quer dizer, ela não pode acabar com a causa do problema mas pode te dar uma sugestão pra resolver ou só te consolar. Ou não falar nada e te abraçar. ISSO sim faz bem.

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    1. Felipe, antes de tudo, o post foi absolutamente pessoal e não quis convencer ninguém a fazer o que não acha certo. Talvez a única parte que eu tenha chegado próximo disso foi na parte que confesso achar um absurdo os outros descontarem a raiva de seus problemas nos outros quando eles não têm culpa de nada. A história do "Tudo bem?" casual também foi mais para ilustrar e só surgiu no texto na hora de escrevê-lo. Queria mais desabafar sobre o assunto num todo do que qualquer outra coisa. Agora vou tentar justificar meu ponto de vista e pq eu disse as coisas que disse, ok?

      Não me sinto refém das pessoas tendo que poupá-las. Mas me sinto refém quando as pessoas não me poupam. Você como uma pessoa "sem jeito" sabe mais do que ninguém como funciona. A gente fica sem ação. Não me incomodo de servir de ombro amigo para quem precisar de vez em quando. Escuto com a maior boa vontade. Mas o pior é quando você começa a perceber que a pessoa está se fazendo de vítima, se acha mais especial que as outras, que tem uma energia negativa e começa A TE BOTAR PRA BAIXO! Quer dizer, ela não TÊM problemas, ela É o problema. (É claro que aí vc vai dizer pra eu me afastar, e eu não sou boba, das pessoas que eu consigo me afastar eu me afasto. De outras às vezes não dá) E poxa vida, eu também tenho os meus! E se eles fossem fáceis eu falaria sobre eles. Mas não são. Não são e eu sei exatamente onde é que a conversa vai descambar e que não vai levar a lugar nenhum. E só vou falar deles com pessoas muito íntimas. E sim, algumas vezes a pessoa diz que não quer saber. Mas às vezes ela insiste que conte. E tem outras que depois ficam te olhando como se fosse leproso. E tem outras que insistem em se meter, e aí é mais uma pessoa pra se preocupar... Enfim, são inúmeras as situações.

      Como disse no texto, mais do que esconder a dor, essa história da "carranca de cabeça pra baixo" faz um pouco de bem, porque em pouco tempo, você terá enganado a tristeza dentro de você mesmo e o sorriso logo estará lá de verdade, sem a necessidade de fingir. Para mim funciona porque eu me sinto bem passando uma energia boa para os outros, e me sinto mal quando acontece o contrário. Se você quiser mostrar para o mundo que está triste, sinta-se à vontade. Contanto que não comece a tratar mal os outros por causa disso.

      Também pergunto "Tudo bem?" pra todo mundo no automático e não me sinto culpada por isso. Às vezes não espero resposta. E às vezes também nem dou porque sei que foi retórica a pergunta. E às vezes dou a resposta no automático também, antes de raciocinar se está tudo bem mesmo. Mas sabe aquela história do "Bom dia" do livro Sincero? Acho que responder "Bom dia, por quê?" ou não dar "Bom dia" é falta de educação. Muitas vezes o "Tudo bem?" é como um "Bom dia", só uma questão de educação. E tudo bem (tudo bem mesmo!), não ligo pra isso, não.

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