quinta-feira, 11 de junho de 2009

Como escrever seu texto

Uma vez na aula de português do Ensino Médio, a professora Talita mostrou-nos um conto chamado “A moça tecelã”. O texto servia de base para a ela introduzir o estudo das narrativas, mas trouxe uma noção interessante. Naquele dia, tia Tatá também com o apoio da história, contou que a raiz etimológica da palavra texto vem de “tecido” (a-há! Texto, têxtil...), pois o texto, assim como o tecido, se faz do entrelaçamento dos fios (ou das palavras) de forma que eles no final sejam uma só peça homogênea. Também daí devem vir expressões ligadas a narrativas do tipo "história bem amarradinha" ou "que não tem ponto sem nó".

Eu não sei costurar. Por isso, apesar de gostar muito dessa analogia texto-tecido, eu prefiro dizer que "escrever é brincar com as palavras". Porque de agulha e linha eu não saco nada, agora falou em brincadeira, é comigo mesmo.

Também no Ensino Médio, a principal atividade das aulas de Ed. Física com o Ch Lobo eram Grandes Jogos. Grandes Jogos nada mais eram do que aquelas brincadeiras de rua tipo pique-cola, queimado, pique-bandeira, e tal. Só que o mais legal dos Grandes Jogos era que o Ch falava que o jogo não tinha regras. A gente ia inventando ao longo da partida. Quer dizer, até tinham algumas regras, mas não era algo do tipo você tem que seguir à risca, senão morre. E a gente realmente ia acrescentando aquelas que a gente achava importantes. A gente brincava de uns jogos muito loucos: queimado com duas bolas, queimado com cemitério dos lados, um jogo que a gente acertava uma bola com um cabo de vassoura e depois saía correndo... A diversão era certa.

Escrever é mais ou menos a mesma coisa que brincar de Grandes Jogos. Você tem que seguir algumas regras de pontuação, de ortografia, de gramática, mas se errar, também o mundo não acaba. O mais importante é o entendimento da idéia que você quer passar. Agora, o que você quer passar?

Eu não sou escritora, não faço Letras e não gosto desses caras que prometem fórmulas mágicas para fazer um texto, mas vou dar umas dicas bobas, mas que eu acho que são tiro e queda. Existem (não fui eu que inventei) 3 regras básicas que você deve seguir quando quer escrever alguma coisa. Qualquer coisa.

1) Escreva o que você gosta de ler.

Se você escreve algo que nem você gosta, quem mais vai gostar? É também uma regra muito parecida com aquela máxima “Seja você mesmo” ou “Trate os outros da forma que você gostaria de ser tratado”. Um conselho para a vida - Ser sincero sempre ajuda.

2) Escreva sobre o que você conhece.

E se você quiser escrever sobre algo que não conhece, pesquise. Pesquise muito. Assim você vai ficar por dentro do assunto que você quer abordar e tornar a coisa muito mais verdadeira e menos propensa a erros. Mesmo que você queira fazer algo totalmente fora do comum, é bom pesquisar. Porque para quebrar as regras é preciso conhecê-las.

3) Planeje o seu texto.

Não precisa planejar cada vírgula, mas uma breve linha de pensamento é importante para que você não se perca durante o processo e amadureça suas idéias antes de sair escrevendo um monte de bobagens sem nenhum sentido. A qualidade do seu texto será proporcional ao tempo que você gasta nele.

Entretanto, ainda assim, esses três passos não adiantam muita coisa. Para aperfeiçoar a técnica, só praticando muito. De nada adianta só decorar as regras dos Grandes Jogos, se a gente não tentar jogar também. E antes de jogar, é bom dar uma olhada nas pessoas jogando. E aí vem a coisa mais importante em escrever.

Não tem nada a ver com pegar o papel e a caneta ou abrir o editor de textos e sair digitando. O mais importante de tudo é ler. Ler muito. O conselho aqui também vale na hora de aprender uma língua estrangeira.

E não precisa ler necessariamente livros. Leia tudo o que aparecer na sua frente. Jornal, revistas, gibis, notícias na Internet, blogs interessantes (esse aqui por exemplo rs)... E também não precisa ir direto para as notícias de política. Leia coisas legais, tipo fofocas do seu ídolo favorito. Porque o principal objetivo dos Grandes Jogos não é formar atletas e competir nas Olimpíadas, é se divertir. Então, leia algo que te faça feliz.

Sem perceber, depois de um tempo você já estará sabendo um monte de palavras novas, como as frases são pontuadas, onde ficam os acentos, a estrutura do texto... Fora o conteúdo da leitura escolhida. E também vai descobrir o que você gosta de ler, para, aí sim, partir para os 3 passos bobocas e ao mesmo tempo fundamentais ali de cima. Outro dia eu começo a contar o que acontece quando você os ignora.

Ah, mais uma dica legal. Uma vez eu peguei Artemis Fowl pra ler. O livro não fazia o meu gênero, e nem o terminei, mas a frase dos agradecimentos marcou a minha vida. "Para fulana de tal, PORQUE A CANETA É MAIS PODEROSA QUE O EDITOR DE TEXTOS". Esse cara é sábio. Realmente, escrever no papel é outra coisa. Parece que seu contato com a palavra é muito mais palpável, sei lá. Então, se o Word não estiver colaborando, apele para o método tradicional. Mas não precisa ser tão tradicional ao ponto de usar pena ou caneta tinteiro. Caneta esferográfica serve.

No mais, é pegar as palavras como se fossem bolas e brincar com elas com o prazer de uma criança que joga queimado com os vizinhos (eu estou supondo aqui que os vizinhos são legais). Mãos à obra e divirta-se.

Música da Semana: Amanhã é dia dos namorados e se você não tem namorado, está de saco cheio de todo mundo ficar no seu pé porque está sozinho na data, mas acredita no amor e na pessoa certa, ouça It’s About Time.

1 comentário:

  1. Nossa, Li , vc escreve muito bem!
    Essas regras funcionam mesmo, principalmente a primeira... e definitivamente "a caneta é mais poderosa que o editor de textos"!
    Ler bastante ajuda tbm \o/

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