Mês de abril começando, e com a formatura do curso técnico ontem, vislumbro a minha trajetória no Cefet terminando. E já que o nome do Blog é Inútil Nostalgia, acho que não tem problema se esse mês eu postar uns textos antigos da época do fim do terceiro ano. O de hoje é foi escrito naquele dia do café da manhã da Dib, quando a gente fez uma verdadeira micareta pela escola, no finzinho de 2007.
A TV engana a gente - parte 2
Chama parte 2, porque um dia eu escrevi a parte 1, mas essa daí é do início de 2007, e está muito distante. Quem quiser ler a parte 1, depois deixa um comentário que disponibilizo particularmente.
Crescemos assistindo a seriados e novelas adolescentes como Smallville, The O.C., e a infinita Malhação. Geralmente os personagens desses programas aparentam uma maturidade e “adultidão” incomuns para alunos do Ensino Médio. Não só porque os atores já têm lá seus 25 anos, mas também porque suas tramas sempre envolvem acidentes de carro, mega-festas, lutas contra algum déspota, armações ilimitadas e aventuras incríveis.
No início desse ano, eu me toquei que EU estou no terceiro ano do Ensino Médio e comecei a comparar a minha vida com a desses caras da Tv. Um certo sentimento de frustração me surgiu. Talvez por ter sacado que a vida não é igual à Tv, ou porque eu pensava que eram simplesmente ridículas essas histórias que eles criam, porque Alô! Isso não acontece na vida real! Mas o que me frustrava mesmo era a sensação de que aos 17 anos, eu não estava preparada para terminar a escola. Eu sentia que a responsabilidade me esperava, mas eu ainda não era responsável ou madura o bastante para encará-la porque parecia que eu ainda não tinha passado por tudo o que a escola tinha que me obrigar a passar, simplesmente porque achava que a minha vida tinha que ser pelo menos parecida com aquelas coisas que acontecem nos seriados. Não era possível eu encerrar esse ciclo da minha vida assim! Eu não queria que acabasse! Não desse jeito!
2007 passou voando e aqui estou eu num dos últimos dias de aula. E eu ainda não quero que isso tudo acabe, mas agora são por outros motivos. Durante esse ano, eu vi a tal transformação de meninos em homens e das meninas em mulheres que é tão importante para vida pós-escola.
Eu vi a minha turma reclamar dos professores que a gente achava que não estavam fazendo a gente render tudo quanto poderíamos. Eu vi a minha turma querendo aprender mais e mais a cada aula. Eu vi a minha turma passar a tarde na escola tentando resolver uma lista de física. Eu vi a minha turma se preocupar com o vestibular. Eu vi a minha turma pedir por aulas extras. Eu vi a minha turma discutir sobre faculdade. Eu vi a minha turma marcar um passeio maravilhoso. E depois eu vi a minha turma se unir para não levar a culpa pelo fogo dos outros. Eu até vi a minha turma reclamar que as provas estavam muito fáceis(essa daí nem na Malhação aparece!)!
E aí eu comecei a lembrar de todos os momentos que eu passei nessa escola e por causa dessa escola. Greve, aula em janeiro, gerador explodindo, ventilador caindo, almoços inesquecíveis, trabalhos mais inesquecíveis ainda, corridas atrás de ônibus, horas no sol esperando por um, horas na chuva esperando por um, revoltas contra professores déspotas, assassinatos de galinhas, preás assustando os então futuros calouros, cabras invadindo o colégio, plantação de árvores, campeonatos de futebol, piadas a cada 5 min, piadas contadas mais de mil vezes e não entendidas, grandes jogos, jogos de papel, jogos de cartas, adedonhas sem fim, pessoas cantando a música do roubo de pão do João à pé no meio da rua... Ufa! E então eu percebi que a TV não engana a gente tanto assim. Realmente, quando a gente está no Ensino Médio acontecem coisas inesquecíveis, que contribuem para o nosso crescimento. E agora que eu lembrei de tudo isso, também percebi que o meu Ensino Médio não está devendo nada pro daqueles caras de The O.C., ou mesmo da Malhação. Eu diria até que foi MUITO melhor.
E dá pra entender totalmente porque geralmente esses seriados duram anos e anos, ou nunca acabam. Porque simplesmente essa fase da nossa vida é a mais legal de todas quando você tem amigos de verdade! E é por isso que eu não quero que o meu Ensino Médio acabe agora. Porque a escola não é só o lugar que eu venho para aprender coisas. A escola é o lugar que eu venho para me divertir ao lado da turma mais legal de toda a história!
Eu costumo dizer que o concurso de CEFET, no qual nós passamos, conseguiu selecionar tão bem as pessoas que transformou as salas onde a gente estudou na maior concentração de gente legal por metro quadrado.
E também costumo dizer o CEFET não é só um simples colégio. É um lugar mágico. É um lugar onde habitam seres fantásticos, como cabras, corujas e vaquinhas, e onde acontecem coisas tão inacreditáveis que só quem viveu lá sabe. Mas acima disso tudo isso, o CEFET é o meu segundo lar. Eu sempre ouvi isso quando pequena, mas só agora, no CEFET, essa expressão faz sentido pra mim. Sabe por quê? Por que o CEFET pra mim é onde está a minha segunda família. Sim, família. Com direito a todos os parentes. Têm aqueles avós que estragam os netos, como o Luizão. Têm aquelas mães que brincam, mas não temem na hora de dar bronca, como a Talita. Têm aqueles pais rigorosos, mas que querem o nosso bem, como o Paulo. Têm aquelas primas com quem você pode conversar sobre tudo, como a Aline Dib. E têm até aqueles tios que contam piadas sem-graça, como o Wagner! E tudo isso, sem contar, claro, as dezenas de irmãos da minha própria turma. Não dá nem pra acreditar que um dia a gente nem sonhou em se conhecer! E que agora a gente vai ter que reaprender a viver separado.
Agora diz pra mim. Como é que eu posso abandonar a minha família? Isso não se faz! Como é que eu posso deixar pra trás toda essa galera que mora no meu coração?
Isso é crueldade! Agora que a gente estava vivendo o auge de nossas vidas, eles vêm e nos arrancam das pessoas que a gente aprendeu a amar, apesar de todas as diferenças. Nos expulsam do nosso segundo lar, assim, sem perguntar se a gente quer ir. Nos jogam na rua, no relento, no mercado de trabalho, na faculdade!
Por que eles fazem isso? Por que, Senhor, eles têm que acabar com a felicidade das pessoas? Talvez não seja por pura maldade. Talvez seja porque a gente precise passar para um próximo nível. Como se fosse um videogame mesmo, só que sem as vidas extras. Agora que a gente já superou essa fase do Jogo da Vida, já aprendeu e já passou por tudo o que a gente tinha que passar no Ensino Médio, é hora de aprendermos coisas novas e crescer mais um pouco. É hora de passar por novas experiências. É hora de encarar novos desafios. É hora de olhar novos horizontes (que não esse aqui de Santa Rita) e planar outros vôos mais altos. (Ficou poética essa parte, né ?)
É difícil, mas é necessário. Temos que seguir o nosso caminho. Ninguém sabe o que virá por aí. Porque seriado adolescente que mostra os alunos no colegial é fácil de encontrar e a gente sabe mais ou menos o que vai acontecer até o final da escola. Mas não há espaço suficiente na grade de programação para cobrir todas as carreiras, empregos e caminhos possíveis que podemos seguir. Mas, independentemente do que virá nesse nosso futuro, pelo menos, quando a gente olhar pra trás e se lembrar dessa longa jornada, vai poder estufar o peito e dizer cheio de orgulho: “EU VIVI!”
A TV engana a gente - parte 2
Chama parte 2, porque um dia eu escrevi a parte 1, mas essa daí é do início de 2007, e está muito distante. Quem quiser ler a parte 1, depois deixa um comentário que disponibilizo particularmente.
Crescemos assistindo a seriados e novelas adolescentes como Smallville, The O.C., e a infinita Malhação. Geralmente os personagens desses programas aparentam uma maturidade e “adultidão” incomuns para alunos do Ensino Médio. Não só porque os atores já têm lá seus 25 anos, mas também porque suas tramas sempre envolvem acidentes de carro, mega-festas, lutas contra algum déspota, armações ilimitadas e aventuras incríveis.
No início desse ano, eu me toquei que EU estou no terceiro ano do Ensino Médio e comecei a comparar a minha vida com a desses caras da Tv. Um certo sentimento de frustração me surgiu. Talvez por ter sacado que a vida não é igual à Tv, ou porque eu pensava que eram simplesmente ridículas essas histórias que eles criam, porque Alô! Isso não acontece na vida real! Mas o que me frustrava mesmo era a sensação de que aos 17 anos, eu não estava preparada para terminar a escola. Eu sentia que a responsabilidade me esperava, mas eu ainda não era responsável ou madura o bastante para encará-la porque parecia que eu ainda não tinha passado por tudo o que a escola tinha que me obrigar a passar, simplesmente porque achava que a minha vida tinha que ser pelo menos parecida com aquelas coisas que acontecem nos seriados. Não era possível eu encerrar esse ciclo da minha vida assim! Eu não queria que acabasse! Não desse jeito!
2007 passou voando e aqui estou eu num dos últimos dias de aula. E eu ainda não quero que isso tudo acabe, mas agora são por outros motivos. Durante esse ano, eu vi a tal transformação de meninos em homens e das meninas em mulheres que é tão importante para vida pós-escola.
Eu vi a minha turma reclamar dos professores que a gente achava que não estavam fazendo a gente render tudo quanto poderíamos. Eu vi a minha turma querendo aprender mais e mais a cada aula. Eu vi a minha turma passar a tarde na escola tentando resolver uma lista de física. Eu vi a minha turma se preocupar com o vestibular. Eu vi a minha turma pedir por aulas extras. Eu vi a minha turma discutir sobre faculdade. Eu vi a minha turma marcar um passeio maravilhoso. E depois eu vi a minha turma se unir para não levar a culpa pelo fogo dos outros. Eu até vi a minha turma reclamar que as provas estavam muito fáceis(essa daí nem na Malhação aparece!)!
E aí eu comecei a lembrar de todos os momentos que eu passei nessa escola e por causa dessa escola. Greve, aula em janeiro, gerador explodindo, ventilador caindo, almoços inesquecíveis, trabalhos mais inesquecíveis ainda, corridas atrás de ônibus, horas no sol esperando por um, horas na chuva esperando por um, revoltas contra professores déspotas, assassinatos de galinhas, preás assustando os então futuros calouros, cabras invadindo o colégio, plantação de árvores, campeonatos de futebol, piadas a cada 5 min, piadas contadas mais de mil vezes e não entendidas, grandes jogos, jogos de papel, jogos de cartas, adedonhas sem fim, pessoas cantando a música do roubo de pão do João à pé no meio da rua... Ufa! E então eu percebi que a TV não engana a gente tanto assim. Realmente, quando a gente está no Ensino Médio acontecem coisas inesquecíveis, que contribuem para o nosso crescimento. E agora que eu lembrei de tudo isso, também percebi que o meu Ensino Médio não está devendo nada pro daqueles caras de The O.C., ou mesmo da Malhação. Eu diria até que foi MUITO melhor.
E dá pra entender totalmente porque geralmente esses seriados duram anos e anos, ou nunca acabam. Porque simplesmente essa fase da nossa vida é a mais legal de todas quando você tem amigos de verdade! E é por isso que eu não quero que o meu Ensino Médio acabe agora. Porque a escola não é só o lugar que eu venho para aprender coisas. A escola é o lugar que eu venho para me divertir ao lado da turma mais legal de toda a história!
Eu costumo dizer que o concurso de CEFET, no qual nós passamos, conseguiu selecionar tão bem as pessoas que transformou as salas onde a gente estudou na maior concentração de gente legal por metro quadrado.
E também costumo dizer o CEFET não é só um simples colégio. É um lugar mágico. É um lugar onde habitam seres fantásticos, como cabras, corujas e vaquinhas, e onde acontecem coisas tão inacreditáveis que só quem viveu lá sabe. Mas acima disso tudo isso, o CEFET é o meu segundo lar. Eu sempre ouvi isso quando pequena, mas só agora, no CEFET, essa expressão faz sentido pra mim. Sabe por quê? Por que o CEFET pra mim é onde está a minha segunda família. Sim, família. Com direito a todos os parentes. Têm aqueles avós que estragam os netos, como o Luizão. Têm aquelas mães que brincam, mas não temem na hora de dar bronca, como a Talita. Têm aqueles pais rigorosos, mas que querem o nosso bem, como o Paulo. Têm aquelas primas com quem você pode conversar sobre tudo, como a Aline Dib. E têm até aqueles tios que contam piadas sem-graça, como o Wagner! E tudo isso, sem contar, claro, as dezenas de irmãos da minha própria turma. Não dá nem pra acreditar que um dia a gente nem sonhou em se conhecer! E que agora a gente vai ter que reaprender a viver separado.
Agora diz pra mim. Como é que eu posso abandonar a minha família? Isso não se faz! Como é que eu posso deixar pra trás toda essa galera que mora no meu coração?
Isso é crueldade! Agora que a gente estava vivendo o auge de nossas vidas, eles vêm e nos arrancam das pessoas que a gente aprendeu a amar, apesar de todas as diferenças. Nos expulsam do nosso segundo lar, assim, sem perguntar se a gente quer ir. Nos jogam na rua, no relento, no mercado de trabalho, na faculdade!
Por que eles fazem isso? Por que, Senhor, eles têm que acabar com a felicidade das pessoas? Talvez não seja por pura maldade. Talvez seja porque a gente precise passar para um próximo nível. Como se fosse um videogame mesmo, só que sem as vidas extras. Agora que a gente já superou essa fase do Jogo da Vida, já aprendeu e já passou por tudo o que a gente tinha que passar no Ensino Médio, é hora de aprendermos coisas novas e crescer mais um pouco. É hora de passar por novas experiências. É hora de encarar novos desafios. É hora de olhar novos horizontes (que não esse aqui de Santa Rita) e planar outros vôos mais altos. (Ficou poética essa parte, né ?)
É difícil, mas é necessário. Temos que seguir o nosso caminho. Ninguém sabe o que virá por aí. Porque seriado adolescente que mostra os alunos no colegial é fácil de encontrar e a gente sabe mais ou menos o que vai acontecer até o final da escola. Mas não há espaço suficiente na grade de programação para cobrir todas as carreiras, empregos e caminhos possíveis que podemos seguir. Mas, independentemente do que virá nesse nosso futuro, pelo menos, quando a gente olhar pra trás e se lembrar dessa longa jornada, vai poder estufar o peito e dizer cheio de orgulho: “EU VIVI!”
Nossa!
ResponderExcluirVc escreve bem assim desde sempre?
Muito bom post , me fez mergulhar numa nostalgia sem tamanho e a parte de abandonar a família me fez pensar em tudo q aconteceu e td o q teremos pela frente.
Lisa (posso te chamar assim?) ,
Nunca esqueceremos de vc ( ok , esqueci seu aniversário , foi mal) , msm longe ainda podemos manter nossos contatos... assim como numa família , nem todo mundo mora junto , tem aqueles q moram BEM longe mas sempre damos um jeito de ver :)
E nossa vida no Ensino médio foi bem melhor q malhação!
O CEFET-MG tá fazendo 100 anos esse mês. Saudades... O tempo voou desde que eu saí de lá, em 2004.
ResponderExcluirPS: "Fuçando" posts antigos.