quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

FMF3 e as 3 regras dos romances adolescentes

Fazendo Meu Filme 3 é o terceiro (dããã!) e penúltimo volume da quadrilogia – trilogia é para os fracos! - que conta a saga da mineirinha fissurada em cinema Fani Belluz e a paixão por seu melhor amigo Leo.

Quem gosta de livros/seriados adolescentes sabe, mesmo que inconscientemente, que existem alguns temas/regrinhas que devem ser considerados(as) à medida em que os personagens se aproximam da passagem para a vida adulta. Fazem parte do roteiro:

Regra nº1 - A Palavra com S (Sequiço!)
Estão lá as dúvidas, o desejo, as inseguranças, a espera, a dificuldade em lidar com o assunto e um pouquinho da aula de Educação Sexual também, porque tem gente que não tem mãe em casa e aí o livro tem que “ensinar” essas coisas.
Se FMF3 fosse realmente um filme, a classificação etária seria de uns 12 a 14 anos por Insinuação de Sexo. Mas se bobeasse, ganhava até uma censura livre, porque o assunto é tratado com a sutileza esperada de um livro juvenil.
Eu particularmente não gosto muito da Regra nº 1, porque quase sempre o assunto vem à tona de forma gratuita e dificilmente acrescenta algo à trama, sendo abordado na maioria das vezes apenas para cumprir tabela e fazer o papel dos pais ausentes  – Não é o caso de FMF3 - Mas continuemos.

Regra nº 2: Vestibular/Faculdade
Na terra do Tio Sam o problema é em qual universidade serão aceitos e se o amor do colegial sobreviverá à distância das faculdades, cada uma em um canto do país. Por aqui a crise mesmo é com a escolha do curso. Sempre o filho quer ser artista e o pai quer que seja administrador/advogado/farmacêutico... Nunca vi um conflito em que fosse o contrário. Quando o Seu Francisco mandava filho comer ovo cru, você não via o Zezé reclamando: "Não, pai! Eu não quero ser cantor! Eu quero ser ENGENHEIRO! Quero me matar de estudar física e matemática! Quero aprender limite, derivada e integral!!!!". Nunca é assim.

E nessas horas, me desculpa, eu meio que fico do lado dos pais. Porque muitas vezes as pessoas que seguem esse tipo de carreira NEM estudam e são as que se dão melhor na vida (simplesmente porque tem um rostinho bonito...). Na minha opinião, não é errado ter sonhos, mas não custa nada ter um plano B. Porque tudo bem que o filho tenha talento, mas nem sempre isso coloca o leite na mesa. De verdade. Por exemplo, a própria Paula escreve porque gosta. Porque se ela dependesse do que ganha com FMF, não pagava nem a viagem aqui pro Rio. Por isso a gente lançou a campanha: 
NÃO PEÇA LIVROS DE GRAÇA! COMPRE! 
AJUDE A PAULA A PAGAR A PASSAGEM PELO MENOS ATÉ A RODOVIÁRIA. 
Ela podia estar matando, ela podia estar roubando...

Regra nº 3 – O conflito
AVISO: Olha, eu pensei muito se devia escrever sobre a regra nº 3, com medo de dar algum Spoiler, mas o que eu vou falar não é nada do que aquela cartomante descarada já não tenha adiantado em plena metade do livro. Se você quiser, pode pular essa parte, mas eu acho que não tem nada demais.
A Regra nº3 diz que “Se você quer um final que seja relevante, deve criar um conflito de difícil resolução”. E por “difícil resolução”, leia-se: Tem de ser sofrido, tem de ser doído e tem de ser... complicado. De preferência deve ser uma situação em que quanto mais se pergunta “E se...?”, na tentativa de arranjar um culpado para tudo, mais se percebe que ambos na realidade são vítimas e o grande responsável não é um “quem” e sim um “quando”. O tempo é que na verdade acaba sendo o maior vilão no final das contas, por ter criado uma armadilha da qual não havia escapatória. E por mais dolorido que seja admitir, fez seu trabalho da melhor forma. E exatamente por isso, só o próprio tempo é que pode curar as feridas que ele fez questão de abrir.

Fazendo meu Filme 3 consegue numa tacada só arrebanhar os dramas de um vestibulando tanto à falta de tempo, quanto à escolha de curso e supreendentemente até quanto ao lugar onde estudar – coisa que não se vê muito aqui na nossa terrinha (Regra nº2). Mistura tudo com a Regra nº1 e, no final, ainda amarra toda a série com a Regra nº3 (e olha que isso não é um trabalho NADA fácil!).

E assim como em qualquer comédia romântica (ou “filmes de amorzinho”, como a Fani gosta de chamar), seguir a receita de bolo não é nenhum defeito. O que difere as boas histórias das ruins não é aquilo que acontece em si, mas o jeito de contá-las e a maneira como as coisas serão conduzidas até o final. Por mais esperado que seja o roteiro, as boas histórias são aquelas que nos "enganam" na medida certa, conseguindo assim nos surpreender e atender nossas expectativas ao mesmo tempo.

Felizmente, FMF3 faz parte do time das histórias boas. Em algumas horas você pode até ter a sensação de que "já viu esse filme”, mas em nenhum momento se sente desapontado com isso, porque mesmo assim parece um filme diferente, honesto, com suas próprias reviravoltas e sem a intenção de copiar as ideias alheias.

Os personagens continuam mineiros como sempre (e comendo todos os pronomes reflexivos) e a Internet continua a se fazer presente em seu cotidiano, assim como faz parte do nosso – adorei o blog da Fani, e me senti dentro da história com ele – e o melhor de tudo, trazendo conseqüências narrativas para o enredo. Estão de volta também os CDs, os filmes e inclusive aquelas coisas que me fazem pensar “Ai, Deus, só a Paula mesmo!”*. Agora o resto de "como" a história se desenrola, isso você vai ter que ler pra descobrir.

Extras:
Como todo DVD tem que ter comentários bônus, então lá vai:
- Pela madrugada que a Fani teve coragem de ver A incrível Jornada. Pior mesmo só pegasse pra ver aquele filme que passa na Sessão da Tarde do Cachorro Radiotivo (o cachorro, abandonado pela família, sofre um acidente nuclear e depois volta para se VINGAR!!!). Dica de filmes de cachorro legais: Bethoven (clássico!) e Perdido pra Cachorro (parece bobinho, mas tem umas boas tiradas, tipo a do Coiote que ajuda a ultrapassar a fronteira dos EUA).
- Falando em cachorro, Fani ganhando cachorro me lembra Chispita/Luz Clarita (seu remake), fato! Pensei que ela fosse ter que esconder o totó igual na novela...

- Aliás, achei muita injustiça ela levar o cachorro e deixa a tartaruga. Senti falta da Josefina no livro. Prontofalei.
- Adorei a parte que o Christian fala do Garry Marshall*. Adoro o jeito como o Garry dirige. Ele consegue transformar aquilo que podia ser vulgar em algo... doce! E adoro também como ele sempre coloca os próprios amigos/familiares nos filmes (nepotismo, haha!!!! Eu e minhas amigas apelidamos esse pessoal de “Amigos do Garry”, rs!), como ele faz um monte de piadinhas internas nos filmes, como ele fica fazendo festa nos sets de filmagem, como TODOS os atores gostam de ficar imitando ele (não à toa chamaram ele pra dublar O Galinho de Chicken Little)... Fala sério, ele tem a maior cara de vô legal! Assistir aos filmes do Garry é sempre um negócio engraçado. Primeiro porque a gente fica reconhecendo os Amigos do Garry, e depois porque dá pra ficar brincando de "Onde está Wally?", porque, anota aí, filme do Garry sempre tem Freiras, Beisebol e Malabares. Ah, e Hector Elizondo também. Pode procurar, de verdade. SEMPRE tem! Ele já falou que coloca de propósito! (Esse pessoal que fica lendo IMDb e assiste os filmes comentados não tem mais o que fazer mesmo... Hahaha!)
- Sr. e Sra. Smith é um filme maldito. Fato! Primeiro separou a Jen do Brad, e no FMF3, bom, aí você tem que ler.
- Ai, o Leo é tããão legal! Mandou flores pra Fani no Dia do Aniversário... Fani, ingrata, ficou reclamando, dizendo que ficou com vergonha. Da próxima vez o Leo devia mandar um carro de tele-mensagem pra ela ver o que é mico!
- O que foi a revista Rostos? Ri à beça. Christian amigo do Brad Pitt, encontrando com a Anne Hathaway.*.. Adooooro essas coisas!

- O livro não fala, mas o Leo queria vir pro Rio de verdade é porque o sonho de infância dele era trabalhar no Meia Hora, o jornal com as manchetes mais legais do país. Sério, trabalhar no Meia Hora deve ser diversão total! Vai nessa, Leo! (Brincadeira isso, viu gente! Só umas piadinhas pra descontrair).

E, mais uma vez, só pra não perder o hábito, um FAQzinho básico:
- Não, continuo não sendo a Elisa da página de agradecimentos.
- Sim, é óbvio que vai ter um FMF4.
- Sim, ele vai ser o último da série.
- Não, eu não tenho nem idéia do que a Paula preparou pro volume final, mas fica um aviso pra você que já leu o 3, e pra você que não leu também: Quando tiver uma parte que parece enrolação, mas na verdade é preparação, e um conflito dolorido assim, pode ter certeza de que o final está de arrebentar, porque quanto maior a dor, maior a redenção. Que venha o FMF4!

4 comentários:

  1. Estava curiosa pela sua resenha. Vamos lá, fazer um comentário quase maior que o post.

    * Eu devo ser uma das poucas sortudas na face da terra que não teve conflito nenhum à época do vestibular. Cheguei a considerar outros cursos além da Computação (Direito, Física, Engenharia Mecânica, Jornalismo, Matemática Computacional) mas na hora de preencher a inscrição foi automático. E meus pais nunca deram palpite nenhum.

    * Acho que eu nunca comentei isso com ninguém, mas aqui eu sei que posso falar. Acho um absurdo esse povo que diz que apóia a literatura nacional, mas só sabe pedir livro de graça pros autores. #prontofalei

    * Sobre o "conflito" e o "como a história se desenrola" eu adorei a forma como a Paula conduziu tudo (ainda que tenha sido sofrido).

    * Detesto filmes de cachorro/gato/rato/etc.

    * Eu estou totalmente com a Fani na questão das flores. Aliás, adorei ela falando que os aniversariantes deveriam se unir pelo fim do "parabéns pra você". Se ela quiser, eu até começo o abaixo-assinado, kkkkkk.

    * Também ri muito quando li sobre a Rostos.

    E, oh, se algum dia você vier a BH, vá ao Diamond Mall e releia aqueeela parte num sofá em frente ao cinema ;)

    Bjos

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  2. A Cíntia deve achar o mesmo que eu sobre os posts aqui do Inútil, é algo para se comentar por tópicos, aqui vão os meus:

    Acho que discordo um pouco quanto a eficiência de seguir "a receita do bolo" ao pé da letra. Fica muito clichê e nem sempre queremos o final que esperamos, por mais óbvio que seja. Mas como você disse as boas histórias são mesmo aquelas que nos enganam de uma forma coerente, claro.

    Eu tô meio velho e já deveria estar acostumado com esse tipo de coisa mas eu nunca curto quando um livro qualquer embarca nesse assunto que começa com S. Eu sempre acho que poderiam ter pulado esta parte.

    Filmes de cachorro (e qq outro bicho) são mesmo o fim dos tempos, em especial os do Bud.

    Eu acho flores uma coisa muito sem-graça para se dar e ganhar de presente. Não serve pra nada depois, só para murcharem num vaso de plantas improvisado. Prefiro dar uma caixa de bombons ou algo do tipo.

    Eu imagino que a série seja meio água com açúcar (ainda mais com esse lance de amigo apaixonado!) e que fica no feijão com arroz de sempre. Aí já depende de quem ler, gosto de histórias imprevisíveis que não caem muito nos clichês da vida.

    Ih, esse livro deve ser cheio de referências também, será que eu iria pescar as coisas?

    Pra terminar, a Paula está de Parabéns por conseguir alcançar uma quadrilogia e arrebanhar um grande número de fãs.

    Gente, que idéia genial essa do blog da Fani...

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  3. Caramba! sao tantas coisas pra comentar!!
    definitivamente, eu Amo livro / filmes de amorzinho!
    As 3 regras foram todas muito importantes pra historia, sem que uma disputasse atenção com a outra.
    Por mais que eu 'saiba' o que vai acontecer, eu sempre me surpreendo com o desenrolar da historia, com 'o que levou uma coisa a outra'.
    Adoooro essa coisa de e-mails nas historias, sao bem divertidos (por sinal, eu me divirto com os emails do Alberto!)
    Sobre as flores, aaah eu goosto! por mais que elas murchem huahaua o que vale é a beleza de quando elas estao todas bonitas! e o romantismo da coisa!! claro que eu teria a mesma reaçao da Fani se me fizessem a mesma coisa, na frente de todo muundo!! hauhauuah
    Mas concordo que mico MOR é a coisa do carro de tele-mensagem! acho muito que fazer isso pra Sacanear e nao pra agradar huahua.
    Os filmes do garry sao os melhooores! Talvez o mais divertido seja procurar os tais 'amigos do garry!' e fato que o Hector Helizondo é figura certa!!
    Aaah pensei em tanta cooisa, mas semre esqueço!
    Sei que a Paula esta de parabens, e que a Fani ja esta entre minhas personagens de 'amorzinho' preferidas! Por sinal, adorei esse nome 'filme/livro de Amorzinho'!

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  4. Eu . Amo . Seu . Blog . Com . Todas . As . Minhas . Forças .
    E não queria falar besteira , então estou comentando só agora . Mas quem não ama FMF ? Eu vou comprar o quatro hoje e , vou avisando , vai tomar banho de sal grosso,porque eu te invejo ! Você conheceu a Paula ! Você conheceu a Meg!
    AAAAHHHH!
    Eu amei demais FMF 3 , minha parte favorita foi ela escondendo o cachorrinho !
    Saudades da Josefina , rejeitada pelo nome estranho ( Aposto ) .

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