sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Encontros e Desencontros

Eu não sei você, mas adoro encontrar com gente legal que não vejo há muito tempo. Sempre que dá, arrumo uma desculpa para marcar um almoço, um lanche, um cinema, qualquer coisa em que a gente possa apreciar a companhia do amigo e lembrar de histórias antigas e compartilhar histórias novas e inventar outras coisas das quais vale a pena lembrar nos encontros vindouros.

A alegria toma conta do seu corpo com pela simples presença de alguém especial e da possibilidade de falar de tudo e rir de si mesmo e não precisar fingir ou esconder nada. É uma sensação ótima aquela de esperar inquietamente e sorrir ao ver o rosto conhecido (também sorrindo) aproximar-se do outro lado da rua.

Acontece que infelizmente a vida, seja pela falta de tempo, seja pela distância, seja por qualquer outra coisa, não deixa que esses eventos de confraternização ocorram na freqüência em que a gente gostaria. E mais infelizmente ainda, muitas vezes, mesmo com a gente marcando as coisas com a maior antecedência possível, sempre surge algum imprevisto ou alguém que fura e que coloca tudo por água abaixo. Aí, a gente fica sem encontrar as pessoas de que gosta, mesmo morrendo de saudades.

Ultimamente, a vida tem feito isso comigo. Ao mesmo tempo em que o trabalho (agora sempre itinerante) não permite que os encontros sejam marcados com muita certeza e às vezes faz com que eu os desmarque também, essa vida nômade me dá ainda mais vontade de me encontrar mais vezes com mais gente que eu sei que está por perto.

E se não dá pra marcar, bom, a vida também tem dado uns empurrõezinhos na hora de matar as saudades e nos últimos tempos tenho ficado muito com a impressão de que o mundo realmente é bem pequeno. Porque o que eu tenho esbarrado com gente em trens e metrôs e restaurantes não está no gibi. Teve uma semana que eu encontrei com umas 5 pessoas assim, sem combinar nada.

E aí você vai dizer que é a coisa mais normal do mundo se a outra pessoa sempre pega a condução naquela hora, e sempre está por aquelas redondezas, mas tem vezes que parece que o destino faz essas coisas só para que você se alegre por passar alguns minutinhos na companhia de alguém que você há muito não via.

Teve um dia em que eu ia pegar o Japeri (esse eu pego sempre) pra ir pra casa, mas estava cheio, minha mochila estava pesada, eu estava cansada e então resolvi pegar o parador pra ir sentadinha e acabar o livro que eu estava lendo. Eu me aproximava do trem quando anunciaram que o parador só ia sair os 4 carros da frente. Droga! Tenho que correr se quiser ir sentada agora. Aí apertei o passo, entrei no primeiro vagão com lugares vazios que vi e sentei com pressa sem olhar pros lados. Respirava aliviada por ter conseguido um lugarzinho quando escuto uma voz do meu lado:

- Não sabia que você pegava esse trem.

Olhei para o lado e aí sim reconheci a irmã de uma amiga minha dos tempos de colégio da qual sinto a maior falta.

- Oi! – ainda ofegante e sorrindo espantada – Na verdade não pego. Só que hoje eu estava com preguiça de encarar o Japeri lotado. Mas você também não pega esse trem!

- É, mas é que hoje teve um congresso lá na UFF e aí eu resolvi em cima da hora que ia dormir na casa de uma amiga no Méier.

E aí a gente foi conversando até que ela chegasse ao seu destino.

Só que tem vezes que esses encontros assim não programados não são o bastante, porque é sempre tudo muito corrido, com hora pra acabar (ou pra desembarcar), oi-oi-beijo-tchau. Ontem foi uma dessas vezes. Com a tarde ligeiramente de folga (coisa que eu não tinha há muito, muito tempo), me deu uma vontade danada de ver a minha patota.

Liguei pra Jami de manhã perguntando se ela tinha alguma coisa pra fazer, ela disse que não, a Fe (aniversariante do mês de agosto e que troca de celular a cada ano só pra eu não conseguir ligar pra ela, rs) incrivelmente também concordou em ir e estávamos combinadas para 17h na minha casa. Eu, que tinha ganhado a tarde livre (só ia rolar um almoço de comemoração do fim do projeto), sairia de lá umas 15h e chegava em casa mais ou menos nessa hora pra rever minhas amigas. Oba!

Só que o negócio lá no almoço estava animado, e eu fiquei sem graça de sair às 15h, e fui adiando a despedida, e mandei uma mensagem avisando para chegarem às 18h ao invés do horário anteriormente combinado. Acabou que eu só consegui escapar 17h30 e já estava desesperada com as garotas que, depois que eu lembrei que minha mãe ia pra igreja e não ia estar em casa para atender a porta, deviam estar mofando lá na calçada na minha casa. Isso se não tivessem desistido e metido o pé. Eu já estava pensando: “Que droga! Tanta animação pra marcar e eu, que dei a idéia, não vou conseguir chegar!”.

Pensei em ir de trem/metrô a fim de evitar o trânsito, mas já que um táxi tinha parado bem na minha frente, achei melhor pegar, rezando pra não ter engarrafamento. Dali a pouco, umas 18h e tal, toca o meu celular. Era a Jami. E pelo falatório atrás, a Fe estava junto. Bom, tranqüilo, elas chegaram, minha mãe abriu a porta pra elas (provavelmente surpresa, porque eu não tinha falado nada que elas iam. Desculpa, eu pensei que ia conseguir chegar cedo), e agora elas estavam lá me esperando. Ou isso, ou estavam na rua ao relento, tocando a campainha juntas.

- Oi, Li! Onde você tá?
- Eu tô passando na Ilha agora. Só consegui sair de lá 17h30.
- É, agora é que eu fui as 3 mensagens que você mandou. Meu celular fica ligando e desligando feito doido.
- E onde é que vocês estão?
- A gente está aqui na sua casa. (rindo)
- Ah, a minha mãe abriu a porta pra vocês. Ufa!
- É, ela abriu e foi embora! Estamos sozinhas. Já abrimos a geladeira, vimos televisão... (rindo)
Eu ria descontroladamente também.
- Ai, gente, desculpa, eu pensei que ia conseguir chegar cedo. Mas aí a gerente tava empolgada lá, eu fiquei sem graça de sair.
- Não tem problema. Pelo menos a gente tem história pra contar. Se você quiser, quando você chegar a gente abre a porta pra você.
- Ai meu Deus! Só a gente mesmo! Deixa eu falar com a Fe.

- Oi, Li!
- Oi, Fe! E aí já exploraram a minha casa?
- Ah, já! A gente estava era procurando alguma coisa pra comer aqui, estamos com fome. Pensamos em comprar um hamburger ali na esquina e depois, quando você chegasse, a gente comia.
- Ah, faz isso, sim!
- Hahahaha! Ela falou pra ela fazer isso mesmo, hahahaha! Li, escuta, cadê a Té?
- Ah, ela foi pra faculdade. Já deve estar indo pra casa agora.
- Ela sabe que a gente vem?
- Não!
- Hahahahaha!
- Quando ela chegar, vocês dão um susto nela.
- A gente apaga a luz, finge que a casa está vazia... hahahahaha!

E assim eu fui pra casa mais tranqüila já, porque pelo menos minhas amigas não estavam dormindo no meio da rua e ia dar pra vê-las ainda.

Quando eu estava pagando o táxi (isso eram umas 19h), vejo que minha irmã estava chegando e falo pra ela tocar a campainha. Ela obviamente não entende nada. Acabou que eu mesma abri a porta e aí a Esther deu de cara com as meninas dentro da nossa casa, ainda sem entender nada. E a gente rindo toda vida.

Jami: Quando eu escutei a campainha, eu pensei: “Tá de sacanagem que ela não tem chave também?”
Eu: Era pra vocês abrirem a porta pra Esther!
Jami: Abrir como se a gente não tem chave? Era pra ela ter chegado antes e aberto sozinha!
Eu: Ih, é! Mas podia abrir ali no portão da garagem.

A Esther queria que explicassem pra ela o que estava acontecendo, e aí foi aquele falatório de sempre quando junta todo mundo, até que a Jami falou:

- Mas você não quer explicar isso no caminho, não? A gente está morrendo de fome!
- Ué, mas vocês não iam comprar o hamburger?
- É, mas aí a gente pensou: “Ok, a gente até sai pelo portão da garagem, mas depois como é que a gente vai entrar de novo?”

Tinha esquecido desse pequeno detalhe de que elas não tinham chave. A parte engraçada é que eu estava o tempo todo preocupada de elas irem embora antes de eu chegar, mas nessas circunstâncias, elas não podiam ir a LUGAR NENHUM! O que as tornava meio que prisioneiras na minha própria casa, mais ou menos igual ao dia em que minha mãe trancou a porta da cozinha e eu fiquei presa do lado de fora, no quintal, e quase que não fui pra escola. Elas ainda estavam melhores porque tinham TV, banheiro e comida.

Depois a gente foi conversando e rindo alto como sempre e eu fui descobrindo que não era pra elas terem entrado MESMO.

Eu: Vocês deram sorte que minha mãe estava em casa pra atender a porta. Um pouquinho mais tarde ela estaria na igreja.
Fe: Mas ela não estava em casa quando eu cheguei.
Eu: Ai meu Deus! Vocês ficaram tocando a campainha eternamente então?
Fe: Eu fiquei um pouco, ninguém atendeu, estava indo embora, aí na esquina encontrei com a Jamille. Aí logo depois sua mãe chegou em casa, voltando da igreja, porque tinha esquecido não sei o quê, abriu a porta pra gente e FOI EMBORA!

Eu pedi desculpas novamente pela confusão e mais uma vez elas falaram para eu relaxar, riram e se divertiram com situação. E aí a Fe contou de que ela também ia chegar às 17h, mas acabou chegando às 18h porque tinha chegado atrasada no curso de japonês e pegou o trem lotado na volta e ele ainda ficou parado um tempão em Deodoro, e aí as pessoas começaram a sair do trem pra pegar outro que tinha estacionado, e ela tinha ficado do lado de dentro e como dali a alguns minutinhos o trem em que ela estava trancou a porta e saiu enquanto que o outro trem é que começou a ser vistoriado e as pessoas ficaram a ver navios (ou melhor, a ver trens) e as outras ficaram dando tchauzinhos de lá de dentro zoando o povo do lado de fora.

A gente deu o DP1 (aquele pseudoraridade) pra Fe e descobriu que ela JÁ TINHA, e contamos a história da compra do livro. Discutimos se daríamos o livro para qualquer pessoa a fim de viciá-la na série também ou para outra menina no grupo. Decidimos por dar para outra amiga nossa que já gosta de DP e a Fe queria entregar pra ela logo na segunda, na faculdade. Mas resolvemos que ela ia ter que aguardar até o aniversário dela (só no ano que vem) pra ganhar o livro, porque aí a gente ia contar a história de como ele foi comprado e de como a gente achou que a Fe não tinha o livro, mas já tinha, sim.

Conversamos mais um monte de coisas, e a Fe deu aulinha de japonês, e rimos mais um monte também. Fiquei feliz como sempre fico quando encontro com gente bacana. Mais feliz ainda quando essa gente não é só bacana, mas minhas melhores amigas. Parecia até que a gente tinha 15 anos de novo e não tínhamos nem problemas, nem responsabilidades, nem mais nada pra fazer.

Com a vida que todo mundo leva, momentos como esses são raros. Mas às vezes o destino dá uma forcinha e acaba que a gente se encontra no meio dos desencontros.

PS. Ah, sim! Amanhã eu vou à Bienal! E espero ficar feliz de novo ao encontrar uma galera bacana que acabei conhecendo aqui por meio do Inútil. Essa será A Bienal dos Encontros.
PS2. Aliás, Setembro inteiro, eu espero, vai ser o mês dos encontros. Semana que vem tem um do povo do Cefet (ansiosa pra ver aquele pessoal todo de novo por um pouco mais que uns minutinhos no trem!) e na outra estou indo pra Sampa (quem quiser me encontrar, dá um alô que eu vou ficar super feliz!) Bjs, Lisa.

4 comentários:

  1. Muito bom encontrar gente querida de surpresa assim, né? Alegra o dia. Aliás, encontrar amigos em geral.

    Ainda bem que, apesar da confusão, vc conseguiu encontrar suas amigas, hehe... deu td errado, mas deu td certo! ;)

    Bjs

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  2. É muito bom, mesmo, encontrar os amigos e pessoas legais. E sempre tem alguma história divertida, pra gente se lembrar nos encontros seguintes e rir novamente :)

    Falando nisso, o melhor de ter vindo à Bienal foram esses encontros, apesar de nem ter dado pra conversar muito. (Ok, comprar 10 livros por R$84 foi tão bom quanto os encontros)

    Bjos

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  3. TenhO inveja dessa sua patota! Esse negócio de encontrar com as pessoas não é muito comigo, você sabe, mas com essa galera aí parece realmente valer a pena ;)

    PS: Amei a Bienal

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  4. já sei qual vai ser meu presente de aniversário HAHAHAHA
    nem me chamaram pra esse dia aí mas tudo bem u.u

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