sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

O Dia em que eu vi Um Dia

Aviso: Este post NÃO comentará o filme, nem o livro, nem qualquer coisa da trama Um Dia. Os comentários sobre o filme você confere nesse outro post e os sobre o livro estão naquele outro publicado dia 15/07.

No último dia 10/12, eu finalmente assisti o filme mais aguardado do ano (pelo menos por mim), Um Dia. E foi emocionante porque nesse dia, eu fui assaltada.

O filme, que era pra ter saído dia 04/11, acabou tendo sua estréia adiada para o mês seguinte, no dia 02/12, o que foi uma atitude de total boicote da distribuidora pra com a película. Estreando agora em Dezembro, Um Dia enfrentaria a concorrência de todos os hits da temporada como Amanhecer (que sozinho já ocupou METADE de todas as salas do país), Muppets e Noite de Ano Novo. Isso sem contar as animações Operação Presente, Happy Feet 2 e Gato de Botas.

Não que esses blockbusters sejam ruins, com exceção de Amanhecer (não entendo como as pessoas se contentam com parte de um Amanhecer quando elas podem ter Um Dia inteiro, numa boa), grande parte deles disputa inclusive a minha atenção nesse fim de ano! O problema é que Um Dia não se encaixa na categoria de filme de férias. Tinha que ter estreado lá pra Outubro, início de Novembro, que era uma época em que não tinha quase nada em cartaz, se quisesse ter algum suspiro de destaque.

Eu, contando os dias pra 04/11, já tinha me programado pra ir no cinema na estréia, ou no mesmo fim de semana que saísse. Porque é claro que, mesmo em Novembro, esse filme não ia passar aqui perto de casa. É uma tradição. Filmes da Anne nunca passam. Só porque eu quero ver. E quem não tem carro, mora longe, e às vezes trabalha no fim de semana tem que fazer todo um esquema antes de ir ao cinema. Por isso eu fiquei revoltadíssima quando vi que os desgraçados da distribuidora adiaram a data do filme para 02/12.

E quando chegou na semana do dia 02/12, surpresa, adivinha quem foi escalada pra trabalhar no fim de semana???? Aí eu fiquei com mais raiva ainda dos desgraçados da distribuidora que adiaram a data do filme para 02/12. Além do mais, irmã e amigas em provas, o filme ficou para a semana seguinte, dia 10/12.

Nessa semana, Um Dia, que já tinha estreado em pouquíssimas salas do Rio, teve seu espaço ainda mais diminuído. 11 salas somente, pra ser mais exata. Praticamente Barra e Zona Sul, com uma sala na Zona Norte, esta última num horário pra lá de ingrato. Optamos pelo UCI New York City Center, que era o que tinha mais horários, era dentro de shopping, a gente já conhecia e era pra onde já estávamos planejando ir mesmo.

Esse cinema fica na Barra da Tijuca e pra quem não mora no Rio, acho que vale um resumo sócio-geográfico do lugar. A Barra da Tijuca é um bairro de difícil acesso pra quase todo o resto da população carioca. Possui praticamente só uma via de entrada e outra de saída, que é por onde passam todos os carros e ônibus de lá. Ah, sim, na Barra não tem trem, nem metrô (pelo menos até 2015). Além disso, a Barra é um lugar de gente “diferenciada” e que gosta de se sentir assim. Moram em condomínios fechados, adoram incorporar vocábulos derivados do inglês no seu dia-a-dia, brigam quando alguma linha de ônibus que liga o bairro a outras áreas menos afortunadas é criada, mas fazem questão de criar serviços os quais a única serventia é ostentar “Sou rico e eu POSSO!!!!”.

Pois então, pensamos em pegar a sessão das 18:00, e chegando ao shopping 17:50 (lembra que eu falei do trânsito da Barra?), demos sorte de conseguir uma vaga improvisada no estacionamento, e tivemos que correr e desviar das pessoas (nessa época do ano, já é Natal em todos os lugares, e não só na Leader) para chegar à fila do ingresso.

Ao chegar naquela maquininha, uma surpresa: os ingressos estavam esgotados! Que coisa esquisita! Como assim Um Dia está com os ingressos esgotados? Eu pensei que ninguém mais queria ver esse filme! Tentamos a sessão das 20:30 e mais dificuldade para comprar o ingresso. Não é possível! Aliás, por que tinham tão poucos lugares na tela? E aí a Jami levou um susto quando reparou que o preço do ingresso era 25 reais a meia! Isso mesmo que você acabou de ler. Um ingresso inteiro custava 50 REAIS!!!!!!

E o motivo para o roubo (sim, é praticamente um assalto, convenhamos!) era porque Um Dia estava sendo exibido SOMENTE na nova e especial sala DE LUX. A Jami ficou muito revoltada. Como assim 50 reais num ingresso??????? Fomos comprar na bilheteria com atendimento humano, pra ver: 1) Se não tinha ingresso mesmo nem pra sessão de 20:30, e 2) Qual era a dessa sala DE LUX.

Quando pedimos os ingressos (tinha lugar), a vendedora perguntou: “É sala De Lux, vocês vão querer mesmo assim?”, como quem alertava, “Depois não diga que eu não avisei, hein!” Aí a Jami quis saber a razão de a sala De Lux ser tão especial a ponto de custar O DOBRO do preço de um ingresso normal. Uma inteira e duas meias saiam a 100 reais! 100 reais para ir no CINEMA!!!!!!

Pra você não dizer que eu estou inventando

Jami: E o que é que tem de diferente na sala De Lux?
Vendedora: É mais confortável.
Jami: SÓ ISSO?????
Vendedora: E a poltrona é reclinável também...

Dias antes eu tinha visto Os Muppets pelo preço normal e a poltrona até balançava!!!!!!!

E pra ficar ainda mais comprovado que isso é frescura do público da Barra da Tijuca, depois ainda descobrimos que esse é o único cinema DO BRASIL que tem essa palhaçada.

Mas, não tínhamos escolha. Com o filme saindo de cartaz na semana seguinte, era a única chance de ver a Anne no cinema. É, Anne, o que mais eu não faço por você, hein? Só tu pra fazer a gente encarar a sala De Lux mesmo!!!

Começamos a fazer uma listinha do que essa sala tinha que ter pra valer o preço do ingresso:

  • Pipoca de graça
  • Champagne, vinho, água Perrier
  • Canapés
  • Caviar
  • Tapete vermelho na entrada
  • Mantinha para se cobrir
  • Massagem
  • Banheiros com torneiras e assentos de ouro, com telas passando o filme dentro de cada reservado para que o espectador não perdesse nenhum minuto de filme
  • Um escravo que abanasse os clientes e servisse uvas na nossa boca
  • Um bate-papo no fim da sessão com o David Nicholls e outros envolvidos no filme como a diretora e a própria Anne Hathaway

E pensamos em mandar uma carta pra Anne, pedindo reembolso do ingresso também: 
Oi, Anne, lembra de mim? Então, estou mandando pra você o comprovante do ingresso de Um Dia para que você reembolse. Se você acha que isso é extorsão, foi exatamente isso o que a gente sentiu quando teve que pagar esse ingresso. É um absurdo! Com 100 REAIS deve dar pra alimentar uma família subsaariana inteira por um mês! Tudo bem, não precisa reembolsar, basta entrar na campanha contra os cinemas “diferenciados” no Brasil. Você viu aquelas criancinhas lá do Alemão que nunca foram ao cinema na vida. Se isso continuar, mais gente vai ficar nessa situação, sem possibilidade de acesso à cultura. Eu sei que você adora um protesto, vai! Não precisa fazer nada. É só dizer exige que seus filmes não passem nessas salas ‘elitizadas’. Sabemos que isso pode não ser o suficiente, mas é preciso que alguém dê o primeiro passo.

E então, chegada a hora do filme, nos encaminhamos para o cinema, subimos o primeiro lance de escadas e, apertadas, entramos no primeiro banheiro feminino que vimos do cinema, na parte onde ficavam as outras salas normais. Ao adentrarmos o banheiro, eis que nos deparamos com UM HOMEM (!!!!) reclamando que ali era o banheiro masculino. A gente teve que dizer que na verdade ele é que estava no banheiro errado e o cara saiu correndo esbravejando alguma coisa do tipo: “É por isso que não tinha mictório aqui!”. Ai, Deus, esses clientes que não são De Lux! Tsc, tsc, tsc...

Depois disso, subimos o segundo lance de escadas, que dava para tão falada sala De Lux. Ao avistarmos uma salinha de espera com sofás e uma TV de plasma, quase acreditamos que era ali mesmo que a gente ia ver o filme e fazer o tal debate no final, só que sem David Nicholls e cia. Fomos recebidos por um rapazinho que avisou que caso a gente quisesse pipoca era só pedir que eles levavam até o nosso lugar e entramos na verdadeira sala de cinema.

A sala já estava semi-escura, iluminada apenas com uma luzinha azul tipo Tron, e as pessoas pediam champgne, pipoca e água (tudo isso servido em taças de vidro).

Ficamos em dúvida se perguntávamos ou não o preço da pipoca, ou se era de graça mesmo, afinal, ficar perguntando preço é coisa de pobre. Depois da sessão é que tivemos a ideia de perguntar quais eram os sabores de pipoca disponíveis (diz que tinha vários azeites especiais), mas ficamos em dúvida do que dizer caso ele mencionasse o preço de alguma delas.

- Então, quais os sabores de pipoca você tem?
- Nós temos pipoca com azeite de oliva grego, ervas finas e sal mediterrâneo...
- Ah, obrigada. Eu queria doce, com leite condensado, brigadeiro e coco ralado em cima... Pena aqui não ter.

As poltronas realmente eram grandes e bastante confortáveis e vinham com uma mesinha para colocar a pipoca e as taças de vinho. Eram parecidas com aquela que o Chandler comprou quando achou que tinha quebrado a cadeira do Joey, em Friends (ou o contrário, o Joey que comprou pro Chandler, sei lá), e tinham um dispositivo para reclinar as costas e levantar os pés.

A Jamille demorou um pouquinho a se entender com a poltrona e levou um susto quando seus pés foram elevados enquanto ela apertava um dos botões e fazia força para que recostasse as costas para trás. Hahahahaha!

Além disso, as tais poltronas possuíam um dos braços levantáveis para que os casais de namorados pudessem se pegar desfrutar melhor da companhia um do outro. A julgar pelo tamanho das duas poltronas juntas, fiquei com medo que algum casal tentasse conceber alguma criança ali mesmo. E cheguei a me perguntar se era por isso que as pessoas pagavam um preço desses, mas cheguei à conclusão que existem motéis mais baratos do que o ingresso de apenas uma pessoa ali.

Depois de acabado o filme, deu muita pena de ir embora e deixar a tal poltrona, porque ela estava confortável mesmo e pelo preço que a gente tinha pagado, devia ficar lá a noite toda, afinal, era o equivalente a uma diária de hotel.

Mas, levantamos e fomos embora, mas não antes de vistoriar o banheiro De Lux, que se provou uma enorme decepção não apenas por não ter as telinhas com o filme nem as torneiras e vasos de ouro, mas porque nem tinha uma camareira para ajudar na limpeza e segundo o meu pai, o masculino estava faltando até papel para secar a mão. Tsc, tsc, tsc!

Além disso, a Jami, coitada, que quase não tem tecido adiposo, ficou lá batendo os dentes durante o filme, porque realmente não tinha mantinha para se cobrir e aquele comercial do Guaraná Antártica ali também não era nada De Lux (a gente acha que tinha que passar uma propaganda mais chique, tipo Guaraná Dolly, haha. Sacanagem, De Lux mesmo seria qualquer comercial de perfume desses da Tv a cabo, tipo Channel, Carolina Herrera...).

Entretanto, ao final da experiência decidimos implantar uma nova tradição. Agora todo dia 10/12, a gente vai assistir um filme no De Lux, não importa qual esteja passando lá. Afinal, a gente não sabe como conseguiu VIVER sem isso até hoje.

Mas, sério, se a moda pega, estamos ferradas. Anne, faça o favor de fazer filmes com mais apelo comercial porque se continuar desse jeito, eu vou ter que ficar estudando a vida inteira, e não porque é importante, mas porque só assim vai ser possível bancar a entrada do De Lux. Ainda bem que o filme do ano que vem é o Batman, que passa em qualquer bat-canto.

7 comentários:

  1. CINQUENTA REAIS??? Eu gasto isso com cinema durante um ano. Às vezes menos, porque o presente de aniversário que a empresa dá pra gente é um par

    de igressos e um vale pipoca, então como eu não tenho "par" vou duas vezes de graça e só pago a terceira, isso quando tem terceira.

    Olha, tem que ser muito fã, mesmo. Se bem que ir até a Barra e não conseguir ver o filme seria bem frustrante em qualquer caso. Ô lugar longe! Eu só

    gosto de ir lá porque pego ônibus que passa na orla e dá pra tirar umas fotos legais. Coisa de turista, haha.

    Adorei a cartinha pra Annie, haha. E o homem no banheiro? Ainda reclama...

    ResponderExcluir
  2. GENTE, CINQUENTA REAIIIIIIIS?

    Já tinha ouvido falar desse cinema, mas nunca ninguém que eu conheço tinha ido... rs

    "afinal, ficar perguntando preço é coisa de pobre." sempre falo isso! Hahaha

    Quando eu comecei a ler o post, pensei que você tinha sido mesmo assaltada e pensei "Poxa, como será que a Lisa tá? Vou mandar uma DM pra ela, graças a Deus não foi nada demais"... Mas depois me tranquilizei! haha E realmente, é um assalto! Coisa absurda, esse povo da Barra é MUITO fresco... Os ricos mesmo, da Zona Sul, andam de havaianas, porque é chique ser simples rs.

    E eu gostaria que as poltronas dos cinemas que eu frequento tivessem braços levantáveis, mas é só porque machuca ficar abraçado assim :(

    A pergunta que não quer calar: na saída vocês receberam um sabonete exclusivo das mãos da Paola Oliveira? Patrocínio Lux? (piada nada engraçada rs)

    ps: vou assistir o filme pra poder comentar no outro post rs.

    ResponderExcluir
  3. 50 reais!!! que absurdo!!!

    aqui em sampa tem umas frescuras dessas... no shops cidade jardim... caro pra caramba, mas tbm nunca perdi meu tempo e dinheiro indo lá.

    mas cada dia eles inventam uma coisa para ganhar mais dinheiro.

    ResponderExcluir
  4. Ri MUITO!

    Imagina, um banheiro com TV kkkkkk

    Eu meio que simpatizo com essas coisas caras, que estão totalmente fora da minha realidade. Adoro o ônibus executivo de 11 reais que pego para sair da Barra, mesmo sabendo que ele não vale isso tudo.

    ResponderExcluir
  5. Sem comentarios sobre o De Lux... depois descobri que varios amigos meus ja tinham ouvido falar nisso... me senti uma desinformada, mas enfiiim! Alguns queriam ir mas nao conseguiram, outros foram! Um casal de amigos meus chegaram no De Lux (pra ver Um dia tambem) com lanche do Mc Donald´s e se sentiram humilhados com o 'povo' tomando champanhe! hauhauhuaa!
    Serio, anne devia muito nos reembolsar!! onde ja se viu... 100 reais num cinema...
    Acho muito que devia ter banheiros dentro da sala de cinema, porque com lincença, mas eu sou De Lux! hauhauahu
    Fora as mantas, pessoas De Lux nao podem sentir frio!!! :P
    Cinema mais metido a besta ¬¬'
    Anne anne, o que nao faço por voce... E eu que achava que o meu apice de loucura pela anne tinha sido ficar umas 5 horas parada na porta do Fasano... Meu encontro com a Anne Hathaway nao me custou nem METADE do preço do De Lux... Gastei Gastei uns R$8,00 de passagem (ida e volta, deixando claro) mais uns R$12,00 de almoço... total 20,00 reais...(se contar que tenho bilhete único, entao ignoremos as passagens e gastei entao só RS12,00 mesmo... MAIS BARATO do que um ingresso de cinema... que situação hein!!! hauhauauh
    Enfim... De Lux, ame-o ou deixe-o...
    Eu com certeza Deixo!

    ResponderExcluir
  6. Hahahahahaha!

    Po, vou te dizer que, por tudo isso (e com "tudo isso" eu tou assumindo que pelo menos a pipoca seja de graça), eu nem achei tão caro assim, rs. Quer dizer, cinema É caro, mas pelo diferencial, nem achei que eles meteram tanto a mão, sabe?

    Mas que é um frescura sem limites, isso é!

    Embora eu deva admitir que fiquei tentada a assistir um filme numa sala De Lux, hihi.

    Beijo

    ResponderExcluir
  7. Esbarrei com sua resenha do filme e esse post agora. 01:34 da madruga, meu filho de quase dois anos dormindo, coisa que eu deveria estar fazendo também, mas me peguei rindo do seu texto. Maravilhoso bom humor e capacidade de escrita. Espero que você esteja bem e não tenha sido pega por alguma fatalidade estilo "Um dia"
    Não tô conseguindo colocar meu nome. Então, vai aqui mesmo. Bruna Melina.

    ResponderExcluir

Não seja covarde e dê a cara a tapa.
Anônimos não são bem-vindos.
O mesmo vale para os spammers malditos. Se você fizer spam nesse blog, eu vou perseguir você e acabar com a sua vida.
Estamos entendidos?