segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Overexposed (ou Songs About Nothing)

Em 2002, chegava às lojas o aclamado álbum de estréia dos californianos do Maroon 5, Songs about Jane. A tal Jane era uma ex-namorada que disse "goodbye” pro Adam e inspirou todas as 12 canções do CD, o qual levou a banda ao estrelato com hits como This Love, She Will Be Loved, Sunday Morning e Harder to Breathe.

O curioso dessa história toda é que, embora Jane (como é chamado pelos fãs) seja sucesso absoluto de público e crítica, o CD demorou para estourar. This Love só arrebentou mesmo em 2004, dois anos depois do lançamento do álbum! No Brasil, o hit chegou ao topo das paradas com a ajuda da trilha de Senhora do Destino e lá ficou por muito tempo. Antes disso, a banda até já tinha dado uma passada por aqui, mas, na época, nem eu e nem ninguém sabia quem eram aqueles magrelos bonitinhos liderados por um vocalista de voz fina.

Em 2012, Jane volta às lojas em uma edição especial de seu 10º aniversário (com direito a versões demo de todas as 12 Canções sobre Jane - gamei na demo de Sunday Morning que tem um solo de sax de enlouquecer! -, outras músicas que já haviam sido lançadas com o Jane original em outros países, e, se não me engano, uma inédita) quase ao mesmo tempo em que a banda lança seu mais novo trabalho, Overexposed.


10 anos depois Songs About Jane não envelheceu nada e suas canções ainda soam ótimas! Mesmo os sucessos mais grudentos não parecem anacrônicos depois de tanto tempo! É um dos álbuns mais importantes da década passada e me arrisco a dizer que se torne um clássico do pop-rock! Coisa que com certeza não vai acontecer com esse novo CD.

De Jane para cá, a banda azeitou o som com o também ótimo It Won’t Be Soon Before Long e aguou um bocadinho com Hands All Over (ainda mantendo seu padrão M5 qualidade). Mas o sucesso experimentado com This Love nunca mais foi o mesmo. Isso até o Adam entrar no The Voice, aparecer na TV toda semana, fazer uma parceria com Christina Aguilera (também jurada do programa), e lançar a dançante Moves Like Jagger. O Maroon 5 estava sob todos os holofotes novamente. (E o Adam adorou!)

Na fome de conseguir alimentar o novo público atingido com Moves Like Jagger, o M5 abriu mão do sabor, da qualidade e da consistência que havia conquistado há 10 anos e tacou água no feijão.

Manhê, bota água no feijão que vem mais gente pra almoçar!

E o mais irônico disso tudo é que por incrível que pareça, a nova fase da banda vem calcada em uma boa dose de nostalgia. A chicletuda canção que os trouxe de volta ao topo faz homenagem ao maior pé frio de todas as Copas e dinossauro do rock, Mick Jagger, e a grudenta Payphone (que sem o rapzinho maldito fica bem melhor) seria apenas uma canção comum na época do lançamento de Jane, mas, agora, 10 anos depois, num mundo onde todos têm celular, se você está no telefone público, tentando voltar pra casa, e gastou todo troco naquela ligação, é porque tem alguma coisa muito errada e provavelmente você está preso*!!!!!!
* Daí vem o conceito do clipe com todas aquelas explosões gratuitas que lembram Wake Up Call. E ao escrever isso, percebo como eles perderam uma ótima oportunidade de ter feito o clipe com o Adam telefonando da cadeia mesmo, depois de ter matado o amante da mulher, como se fosse uma continuação do hit do IWBSBL!

Achei uma paródia bem legal da música em que o iPhone mais atrapalha do que ajuda. 
Repare no status do sinal do telefone no topo da tela. (Aposto que o celular era da TIM...) Sensacional!

Ao escutar Overexposed pela primeira vez me surpreendi positivamente. Mas só porque, depois de ouvir as prévias de 30 segundos e sabendo do processo de criação mais safado de todos, eu esperava algo bem pior. Por trás de todos os efeitos eletrônicos, o disco ainda tem um pouco do Maroon 5 de IWBSBL e HAO, em Daylight, LuckyStrike e The Man Who Never Lied, e alguma coisa de SAJ em One More Night e Beautiful Goodbye. Com exceção de Tickets (que é intragável), o CD é até agradável aos ouvidos.

As melhores músicas parecem versões pioradas de canções que não eram as melhores de outros álbuns ou só eram lançadas como faixas-bônus. E é preciso uma boa dose de paciência com a segunda metade do álbum. Mas ainda assim não era algo tão ruim quanto eu esperava.
* Aliás, é nas faixas-bônus que se escondeu uma despretensiosa jam session de Kiss, a melhor música do CD, e olha que ela é um cover! Também estão lá Wipe Your Eyes (a introdução é meio esquisita, mas a música é bem boa!), uma versão versão reciclada - eles sempre foram uma banda "verde" - de Wasted Years (ainda estou decidindo se gosto dela) e Moves Like Jagger (adoro a música, mas lançar DE NOVO???? Sério, vocês deviam ter vergonha, sabiam?).

E aí eu ouvi uma segunda vez. E percebi que o problema não era nem a sonoridade, que parece estar sempre de olho em alguma pista de dança falida. Mesmo com aquela batida de balada que irrita um pouco, fazendo algum esforço, na maior parte das músicas ainda dá pra reconhecer o velho Maroon 5 de algumas outras canções antigas. O negócio é que as letras que são SOFRÍVEIS!

Elas são sem alma, sem história e sem sentido. Chega a dar vergonha de cantar. Os refrões não têm força e as melodias não grudam no ouvido como deveriam, mesmo com versos vazios e repletos de repetição, como se fosse um gravador quebrado (Saudades de quando o gravador quebrado deles era aquele de The Sun). Em alguns momentos as músicas parecem saídas de um CD da Selena Gómez. Tickets tem até LALALALA no meio!!!!!!! Os “ooooohs” do Adam, que antes davam charme às canções, agora funcionam como tapa-buraco para falta de criatividade e de esmero na hora de produzir letras decentes. A impressão que dá é a de que fizeram o disco "nas coxas". O sentimento das canções parece ter ido para o ralo assim como a identidade e dignidade da banda.

O Maroon 5 subestimou a inteligência de seu público, tal como diversos programas que investem na "nova classe C"! E na ânsia de ficar na boca do povo, eles falharam justamente por não conseguir fazer músicas que grudem na cabeça e não dão vontade de escutar de novo. Com exceção de Payphone, todo o resto do disco tem cara de lado B de um CD qualquer. Talvez ele faça muito sucesso porque o resto da mídia parece gostar desse novo M5 e vai tocá-los à exaustão nem que seja por jabá até que o resto do povo simplesmente sofra lavagem cerebral e ache que essas músicas são boas.

Overexposed na Supervia

Antes de partir para a 3ª audição, coloquei pra escutar algumas músicas antigas como Infatuation, Back at your Door (essas dizem alguns, é uma continuação de She Will Be Loved), The Sun e Must Get Out e aí eu fiquei ainda mais decepcionada! Fiquei foi com raiva, na verdade!

Se antes até as canções mais bobas do grupo eram regadas à ironia e sensualidade, agora tudo parece arrogante, estúpido e pré-fabricado, como aquele nerd que tenta parecer descolado, se finge de burro para chegar na menina mais bonita da festa e passa uma cantada de mal-gosto.

VOLTA JESSEEEEE!

Não me sentia tão ultrajada assim desde Sandy e Junior (cada um tem o seu guilty pleasure, o meu é SeJ, me julguem), com aquele CD dos bonequinhos, às vésperas do anúncio da separação. Eu ainda via ali a dupla de outros tempos, mas ao mesmo tempo também não via (ou ouvia). Por melhores que fossem as canções (e analisando friamente, elas realmente não são ruins!), esse era um CD triste em que tudo parecia premeditado demais, sempre com alguma mensagem subliminar de que algo estava por vir por trás dos versos (e estava mesmo!), e que implorava pelo reconhecimento da crítica e de sei-lá-quem-mais, ao invés de simplesmente tocar sua música e se divertir com isso.

A diferença é que ao contrário da ex-dupla, que na época buscava mostrar amadurecimento, independência e até uma sonoridade menos comercial, os californianos fizeram o caminho inverso. Começaram com som maduro e depois de ficarem independentes (Overexposed é o primeiro disco com o selo próprio 222 Records) é que apelaram para o pop farofa. Apelaram porque gostaram de ficar “superexpostos”. E nem precisava porque eles são bons!
*E a gente sempre soube que eles sempre eram vendidos, mas mantinham um mínimo de dignidade!
** Eu ainda tenho uma teoria de que a banda está com os dias contados e que Beautiful Goodbye tem mensagem subliminar de profecia para seu fim. Mas duvido que se o disco mantiver a banda na crista da onda isso aconteça. O triste é ter que torcer para que ele não atenda às expectativas, porque parece que só assim eles vão entender estão indo na direção errada.


Mesmo depois de 10 anos, Jane é tão especial porque tem músicas que marcaram a vida das pessoas. Dá vontade de ouvir de novo para lembrar de uma época ou de uma versão alternativa e menos acabada de você mesmo.

Ironicamente, Overexposed será lembrado porque tem músicas esquecíveis. E não dará vontade de ouvir de novo porque ele implicará numa lembrança amarga de uma banda que não sabia que ser você mesmo é o suficiente.

6 comentários:

  1. Não consigo gostar de Maroon 5. Já tentei, mas... A voz do Adam é mais fina que a minha. Não dá. Sou egoísta e quero monopolizar os agudos. Gostava só de She will be loved, até ver o clipe em que ele larga a menina pra ficar com uma mulher trocentos anos mais velha. Aí desisti de tentar gostar.

    Nem sabia que a banda estava na trilha de Senhora do Destino. Eu adorava essa novela! A última que eu assisti do início ao fim.

    Lembrei do episódio de GG que o Zack pede a mão da Lane pra Mrs Kim, e ela diz que ele precisa de um hit...

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    1. Hahaha! A voz do Adam é fininha mesmo, mas eu não ligo. Não entendo pq ele larga a menina novinha pra ficar com a velha em She Will Be Loved. A música diz claramente: "Beauty queen of only eighteen, she had some trouble with herself"... Também gosto dele ficando com a velha.

      Ah, Mrs. Kim! Quem diria que ela ia ajudar a banda depois, né? A Lane precisava de um hit. A Jane tem um CD inteiro pra ela! Mas se você perceber pelos links, acho que a Jane é muito mais Juliet, do Juliet Nua e Crua.

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  2. Ahhh!!
    Se eu te contar que eu vou para o show deles aki no Brasil só para escutar as músicas antigas vc acredita?

    Enfim, ai dpois que eu comprei o ingresso eu resolvi ouvir o novo cd com calma e tal.... escutei 2 ou 3 vezes e não me lembro de nenhuma música (exceto moves like jagger, mas essa todo mundo conhece).

    Ai vendo seu post... e tal. Será que é ruim msm? Vou ir lá ouvir de novo o album para ter certeza.

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    1. Inveja de você que vai no show deles. Eu ia comprar o ingresso pro daqui do Rio, mas aí estava meio chateada com esse CD, quando eu vi, depois de apenas 3 DIAS (!!!!!) já tinha esgotado! Loucura esse povo. Vai ter gente do Brasil todo. Em 2008 eu fui qd eles vieram aqui. Eles já tinham lançado o IWBSBL, mas cantaram praticamente todo o Songs About Jane. O show foi bom pra caramba. Só acho que eles são muito preguiçosos pq nunca cantam mais do que 13 músicas nos shows. E os caras colecionam hits! Dava pra fazer 2h30 de show mole!

      Geralmente eu gosto mais dos CDs depois de mais "audições". Esse daqui, a cada vez que eu ouço gosto menos. Moves Like Jagger nem conta como sendo desse disco. Eles foram muito descarado de colocar na lista. Na época que a música saiu, eles fizeram uma edição especial do HAO com Moves Like Jagger já. Muito abusados!

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  3. FALOU TUDO o que eu penso, acho e sinto. Eu sou fã, fã mesmo, desesperada, desde que Adam nem tinha tatuagem (se tinha alguma, ficava bem escondidinha). "Moves like Jagger" chegou com tudo e me matou por dentro, por fora, fiquei arrasada mesmo. Se antes, o som do M5 tinha aquele gosto de exclusividade (a gente tinha que corrigir o povo, que insistia em falar "Marron" ao invés de "Maroon"), agora tem o gosto acre da modinha. Chorei dias. Comprei o Overexposed porque sou fã - e fã é um troço que não tem jeito mesmo - mas só reconheci minha banda favorita em duas ou três canções. Eu senti que eles se despediram em "Runway" do HAO. Eu estava até esperando por isso. Mas não posso dizer que não esteja sendo duro. Tô magoada mesmo. Puta da vida.

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    1. Oi Eliana. Eu ADORO Moves Like Jagger. Não ligo pro fato de ser modinha. A modinha também tem seus prós, tipo, os caras vieram no Brasil dois anos seguidos!!!! Acho mais importante a música ser boa. E Moves Like Jagger não deixa de ser ótima só porque todo mundo gosta. Acho a cara deles a música também. Eles sempre tiveram essa pegada dançante com refrões grudentos. O negócio todo é que não tinham exposição na mídia. A própria This Love tem uma levadinha muito gostosa mas demorou anos pra emplacar!

      Não compro mais CD tem uns anos, mas sei como você se sente. É duro ver um artista que a gente gosta tomar rumos que a gente sabe que são errados. A gente não sabe se torce pra eles fazerem sucesso, porque a gente gosta deles e quer que eles apareçam mais e nos façam felizes e aí eles continuam "nas trevas" ou não, porque aí eles percebem que estão fazendo besteira e voltam pro caminho da luz, mas aí corre o risco de a banda acabar a qualquer momento. O que dá mais raiva é saber que eles são bons!!!!! Não precisam apelar! O Jesse precisa muito voltar pra colocar ordem na casa.

      Não sou das MAIORES fãs (tipo você, rs), mas estou preparando um especial sobre eles pra semana que vem (ou pra esse mês, pelo menos), se o trabalho me permitir.

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